} Crítica Retrô: A morte neste jardim (1956)

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Thursday, April 19, 2012

A morte neste jardim (1956)

Todo diretor tem marcas que o definem e o tornam facilmente identificável por seu público. Mas isso não impede que filmes peculiares surjam dentro de filmografias ricas e sejam quase esquecidos exatamente por sua peculiaridade. Neste filme de 1956, Buñuel passeia por diversos gêneros e produz algo único, mas que ainda apresenta alguns detalhes para o que chame de seu.  
Tudo começa com um clima de faroeste, quando um forasteiro chega a uma cidadezinha poeirenta. Este é o aventureiro Chark (Georges Marchal), que está sendo perseguido pela polícia devido a um assalto a banco. Depois de um grande incêndio e de uma revolta dos mineradores locais, ele se vê obrigado a fugir novamente, desta vez de barco, junto com o minerador empobrecido Castin (Charles Vanel) e sua filha surda-muda, Maria (Michèle Girardon), o padre Lizzardi (Michel Piccoli) e a prostituta Djin (Simone Signoret), que está dividida entre o amor de Chastin e o de Chark.
A partir daí, tem-se início uma odisseia, saindo da Guiana Francesa com destino à Amazônia brasileira. Enquanto zarpam, eles são perseguidos por policiais e, em terra firme, discutem em relação a uma caixa de joias e ao caminho que devem seguir. Eles tentam sobreviver neste ambiente, sem qualquer traço de heroísmo, entregando-se à cobiça e à loucura.
Não poderiam faltar insetos numa obra de Buñuel. Tendo a floresta como cenário, há a possibilidade de inserir formigas na cena em que elas cobrem uma cobra morta que serviria de refeição ao grupo. Outra marca registrada do diretor é o ataque à religião, pois o padre não ajuda muito na sobrevivência do grupo. Um dos momentos-chave é quando Lizzardi arranca algumas folhas de sua Bíblia para alimentar a fogueira, mas não chega a colocá-las para queimar. Assim como em “Viridiana” (1960), vemos um membro do clero cheio de boas intenções, tentando ajudar um grupo perdido (aqui, literalmente), mas falhando em seu objetivo.
Este foi um dos filmes feitos durante a fase mexicana de Buñuel, ainda que tenha elenco francês. Após a Guerra Civil Espanhola e com o início da Segunda Guerra Mundial, Buñuel saiu da Espanha e passou três anos trabalhando no museu de Arte Moderna de Nova York. Neste período, ele escreveu o argumento que foi adaptado para o filme “The beast with five fingers” (1946), com Peter Lorre. No mesmo ano ele foi para o México, onde realizou 19 filmes e se preparou para o auge de sua carreira, que viria com os filmes “A bela da tarde / Belle de jour” (1967) e “O discreto charme da burguesia” (1972).  
Com um misto de faroeste e aventura (do estilo “Por um punhado de dólares” encontra “Uma aventura na África”), este é um filme atípico dentro da filmografia de Buñuel. Sem deixar nada inexplicado ou abusar dos simbolismos, o diretor produz um de seus filmes mais acessíveis, mas não por isso menos belo. Inteligente e profundo, é um filme imperdível. 
Maria, Lizzardi e Chark

13 comments:

Iza said...

Não conhecia o filme :) gostei da dica!! Acho que deve ser bem legal... Na hora em que li sobre a amazônia, me lembrei daquele filme Turistas que foi filmado aqui e falou mal do Brasil...
Beijos :)

Gilberto Carlos said...

Adoro os filmes de Buñuel, mas este eu ainda não conheço. www.gilbertocarlos-cinema.blogspot.com

World Girl-Oficial said...

Vish deve ser sinistro, gostei kk



BEIJÃO AMORE! ianapaulinhaaaa.blogspot.com.br

World Girl-Oficial said...

Vish deve ser sinistro, gostei kk



BEIJÃO AMORE! ianapaulinhaaaa.blogspot.com.br

Rosemeire said...

oi flor.
recebi seu e-mail e fiquei muito feliz com o elogio!
não tem como não gostar do seu cantinho. você parece ser uma pessoa extremamente gentil e doce.
amei mesmo tudo, tudo, tudo... voltarei sempre.
já estou te seguindo. sinceramente eu amo filme (em suas línguas originais é claro)mas não tanto quanto vc. vejo a literatura na sua alma e isso é lindo.
bjs lindos e carinhosos.

Rubi said...

Lê!
Ainda não conhecia este filme, acredita? Ando tão focada nos anos 20 e 30 que acabo deixando obras importantes de lado (e olha que eu sou super fã do Buñuel). Ainda bem que tenho o seu blog (e de tantos outros amigos) que me deixam um pouco mais informada.

Mary said...

amoro pão de queijo com recheio de queijo, fica bem mais interessante que o normal, vc não é a única, hehehe.. ainda não assisti o filme, nem conhecia, mas vai pra lista de filmes para assistir.. adorei teus comentários.. prevejo que irei conhecer vários filmes aqui em seu blog.. beijos mil e ótimo findi..

Leonardo said...

Ainda não vi este filme, alias preciso ver mais filmes do Buñuel, vi poucos mas os que vi são excelentes.

ANTONIO NAHUD said...

Sou fã de Buñuel, Rê, e Simone Signoret é uma das minhas atrizes favoritos. Mas confesso que esse filme não me comoveu. Ele é muito estranho.

O Falcão Maltês

Simplesmente claudia said...

Oi Lê adorei seu blog. tb sou louca por filmes clássicos... parabéns bjs

Rubi said...

Lê!
Voltei porque assisti este filme e adorei. E agora, posso comentar à respeito, certo?
Fiquei extremamente impressionada com o filme, eu sinceramente não esperava esse tipo de produção de Buñuel. Fiquei surpresa e gostei muito.

Obrigada pela indicação, afinal de contas foi graças ao seu texto que assisti este filme.

*Quanto a sua pergunta, tenho intenção de aprender alemão. Sei o básico (do básico), mas aos poucos vou aprendendo. E realmente, é uma pena que os filmes alemães sejam tão difíceis de encontrar; e convenhamos, tem muita coisa boa.

Beijos, até breve!

Anonymous said...

http://scriptuminfinitum.wordpress.com/ - dê uma olhadela...

Muito fofo, o seu blog!

Galex said...

Assistindo, pela primeira vez, no Telecine Cult.

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