} Crítica Retrô: Modas de 1934 / Fashions of 1934

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Thursday, March 28, 2013

Modas de 1934 / Fashions of 1934

A relação do cinema com a moda começou na década de 1920, quando pela primeira vez as moças da plateia se inspiraram nas atrizes para criarem sua forma de vestir. Desde então, foi sempre o cinema que inspirou a moda de diversas maneiras. Ou quase sempre. Numa situação inédita, em 1934, um filme retratou o mundo da moda e, apesar de não estar entre os mais memoráveis filmes da época, ainda impressiona pela modernidade do tema.
Sherwood Nash (William Powell) é um empresário falido que decide entrar no mundo da moda associando-se à estilista Lynn Mason (Bette Davis). As técnicas de Nash não são muito honestas, e incluem copiar modelos franceses ou mesmo velhas roupas que já não são mais usadas. Logo ele fica sabendo que essas práticas são comuns no mundo da moda e muitos dos empresários que o haviam acusado de falsificação acabam virando seus clientes.
Assuntos como falsificação, cópia de modelos e lançamento de tendências com materiais diferentes são assuntos fashion até hoje. Se antes as falsificações eram abomináveis, dependendo do lugar, muitas são aceitáveis por tornarem acessíveis produtos com design semelhante aos que são mostrados na passarela. Outras adaptações semelhantes trazem tendências para as mãos do povo, que dificilmente poderia comprar um original de grife. Claro, isso ainda não era pensado ou discutido na década de 1930, mas a personagem de Bette Davis já tem a semente dessa ideia em seu travesso cérebro.
Um pouco de chantagem também faz parte do show, pois Nash reconhece uma velha amiga de infância que se faz passar por duquesa (Verree Teasdale) e está de casamento marcado com um homem rico. Ameaçando contar o passado da amiga, Nash consegue que ela patrocine o desfile deles.
Uma câmera na bengala: brilhante ideia!
Em Paris, onde se passa a maior parte da ação do filme, um criador de avestruzes incentiva Nash a comprar as penas de suas aves para usá-las nas confecções. Ele hesita, mas logo imagina que pode lançar algo completamente diferente. E você imaginava que inspirações da natureza no mundo da moda são coisa recente?
O próprio lançamento da coleção de Nash e Lynn é um espetáculo à parte, o clímax do filme que, como uma boa produção da Warner em meados da década de 1930, contou com um número elaborado pelo sempre criativo Busby Berkeley, conhecido por suas sequências de dança filmadas do alto, criando formas geométricas na tela em preto e branco nos filmes “Rua 42 / 42th Street” (1933), “Cavadoras de Ouro / Gold diggers of 1933” e “Damas” (1934). Ao som da canção “Spin a little web of dreams”, o desfile apresenta as roupas brancas enfeitadas com penas através de um charmoso balé, com a formação de diversas flores e depois de um barco, todos esses efeitos conseguidos com a bela coreografia das modelos. Bem que os desfiles de moda atuais podiam se inspirar neste filme, não?  
Bette Davis, antes ainda do início de sua glória no cinema, tem pouco espaço no filme, que é quase todo do já veterano William Powell, responsável pelos momentos cômicos. Bette, aliás, ainda nem impõe a própria imagem, uma ez que, no primeiro desfile em Paris, ela aparece como um clone de Greta Garbo para Warner Brothers. No documentário biográfico “Bette Davis: um magnânimo vulcão”, de 1983, ela lembra como foi ridículo vestir-se de Garbo. Disposta a ficar feia para um bom papel, Bette só aceitou essa pitada falsa de glamour para convencer os executivos da Warner a deixarem-na fazer um filme na RKO: “Escravos do desejo / Of human bondage”, que foi seu primeiro passo para figurar entre as grandes intérpretes do cinema.

Não um dos melhores filmes de seus intérpretes, mas um espetáculo adorável, que talvez pecasse pelo excesso se tivesse sido filmado em cores. Mais que isso, um pedaço de história do cinema que estava prestes a acabar: um dos últimos filmes a serem lançados antes do Código Hays de conduta, “Modas de 1934” apresenta trocadilhos, frases de duplo sentido e muitas moças com roupas diminutas.  Os figurinos foram feitos por Orry-Kelly, que, com quase 300 filmes no currículo, incluindo "Casablanca" e "Quanto mais quente melhor / Some like it hot", pelo qual ganhou o Oscar, hoje é pouco lembrado, embora seja parte importante do glamour e da magia de Hollywood.
This is my contribution to the second Fashion in Film blogathon, hosted by Angela at The Hollywood Revue.

22 comments:

Marcelo Castro Moraes said...

Sempre terá um filme ou um astro para se criar uma tendencia.

Pedrita said...

roupas em filmes, novelas, sempre inspiram. ou nem sempre. e eu adoro ver. lembro de um vestido verde do filme reparação q acho inesquecível, embora pouca gente possa usar pq tem q ter um perfil muito específico. adorei o post. beijos, pedrita

JavaBeanRush said...

What wonderful insights into this film! I did not know that Bette Davis submitted to the glamor of this film into order to go "ugly" on another film.

Thanks for the information.

You can check out my contribution to Fashion in Film. It's The Tender Trap (1955) with Debbie Reynolds.

As Tertulías said...

Mas que maravilha!!!!!!!!

Anonymous said...

Great post!

Like you said, this isn't one of the best movies from either Davis or Powell, but it is fascinating in its own way. It's the best example of how Warner Brothers had no idea what to do with Bette when she was new there. And the whole theme of copying other designers' ideas is really interesting and is still pretty relevant today. Every now and then I hear about a designer suing another brand because they feel like their ideas are being copied. When I read those stories, I always think of this movie. And, of course, the clothes are lots of fun to look at.

Thank you so much for joining in my blogathon!

FlickChick said...

I am sure Bette hated to submit to this, but she looked wonderful in this very fun and fluffy Warner Brothers delight. A very nice and informative post, Le! Loved it!

Joicy Sorcière said...

Lê, a verdade é que esta foi uma época muito, muito, muito glamourosa! Não dá pra negar...

bjks :*

JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...

Jessica P. said...

This is such a fun film and, most likely, one Bette Davis fans forget about (I'm sure she later wanted to forget it too).
I love how they copy the fashions, so much fun. Excellent post on a film that revolves around fashion!

Silver Screenings said...

A fascinating look at costumes - and film - before the Production Code became strictly enforced. I have never seen this film, and I'm really looking forward to it!

Anonymous said...

Oi Lê!
Então..eu fiquei muito surpresa e empolgada com essa volta do Bowie..espero que ele possa iniciar uma turnê...adoraria vê-lo e ouvi-lo ao vivo. Eu lembro que assisti Fome de Viver há muitos anos na tv aberta mas só revi ele decentemente anos depois, baixando pela net =) E fiquei fissurada pela canção do Bauhaus. De tempos em tempos uma boa produção traz á tona uma renovação no tema vampiros. Tudo bem que hoje ficou lastimável com Crepúsculo e variantes, mas no meio de tantas porcarias atuais, encontrei duas obras sensacionais: Sede de Sangue, um filme coreano...e o incomparável sueco Deixa Ela entrar.
bjs

Tsu said...

Oi Lê!
Então..eu fiquei muito surpresa e empolgada com essa volta do Bowie..espero que ele possa iniciar uma turnê...adoraria vê-lo e ouvi-lo ao vivo. Eu lembro que assisti Fome de Viver há muitos anos na tv aberta mas só revi ele decentemente anos depois, baixando pela net =) E fiquei fissurada pela canção do Bauhaus. De tempos em tempos uma boa produção traz á tona uma renovação no tema vampiros. Tudo bem que hoje ficou lastimável com Crepúsculo e variantes, mas no meio de tantas porcarias atuais, encontrei duas obras sensacionais: Sede de Sangue, um filme coreano...e o incomparável sueco Deixa Ela entrar.
bjs

iluvcinema said...

Wowsa I did not know about this film at all. Great catch! I submit that I do not often associate Ms. Davis with the world of fashion so this early piece is something to look forward to!

The Lady Eve said...

I haven't seen this one beyond clips I've seen online but will look for it now. Interesting that Bette made a deal for another film when she agreed to make this one. It's always a bit of a shock to see her with platinum blonde hair and loads of makeup. Not her style at all - but she did look glamorous.

Jefferson C. Vendrame said...

Ola Lê. Tudo bem?! Me desculpe pelo sumiço inopino, a universidade e as atividades relacionadas ao meu trabalho estão cada dia mais ocupando meu tempo. Mas enfim, estou de volta. Gosto muito de acessar sua página, na certeza que sempre encontrarei por aqui ótimos posts relacionados ao mundo do cinema clássico.
Esse filme em destaque, confesso, nunca tinha ouvido falar. Adoro Bette Davis e confesso que fiquei curioso para conhecer a pelicula, que apesar de trazer uma temática que em nada me interessa, só pelo fato da presença de Davis, já vale o ingresso.

Parabéns pelo ótimo texto!Grande Abraço Lê!

Michelle Borges said...

Lê,

Já tô louca de vontade de assistir a esse filme! Adoro esse tipo de enredo e sabendo que foi feito na década de 1930, fiquei com mais vontade ainda! Obrigada pela sugestão! Vou procurar e, quando assistir, te falo o que achei, ok?

Beijos,

Michas
http://michasborges.blogspot.com

Christian Esquevin said...

Le -A beautiful remembrance of this entertaining Warner Brothers film. I've seen it a couple of time and it's always fun, although I know Bette did't like the glamour treatment. And yes, fashion designers used to be always on the look-out for photographers and artists copying their styles at the fashion shows. Nowadays the photographers mob the runways and photos can be seen on the internet within hours of a runway show.

Andina said...

Another reason to love 1920s fashion. I'm not familiar with this film, but lovely choice!

Rubi said...

Vi esse filme já faz um tempo (e recentemente vi outra vez). Sou fã do William Powell e me diverti demais com a atuação dele nessa produção. E o que dizer de Bette Davis no início da carreira? São poucos os filmes que gosto de rever, esse é um deles.

Criativo, divertido e diferente!
Excelente escolha Lê.

Beijos

Suzane Weck said...

Ola,adorei esta postagem.Muito bem escrita,com informações muito bem relatadas e com vídeo imperdível.Ainda não vi o filme mas com certeza o farei pois a mim,agradou em cheio.Parabéns por teus textos tão informativos e por manter um blog tão excelente.Beijusss.SU

Iza said...

Lê, eu preciso urgentemente assistir esse filme!! Sério, necessito mesmo. Tem tudo o que eu gosto num filme só: moda, vintage, anos 30, Orry-Kelly e Bette Davis <3 Ai, ai, onde eu acho esse filme?
Beijos <3

Anonymous said...

A real yoke of shoes, maybe not by means of loaded the most gorgeous, not the more expensive, neither is the industrialist reputation, even so it might necessary people to outing the well in every way, Christian Louboutin Sale
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Felipe Mizael said...

Adoro filmes antigos, neles podemos formar um olhar mais apurado pra moda. Eu Tenho um fashion blog, caso queiram ver é modacriticada.blogspot.com

Parabéns!

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