} Crítica Retrô: September 2013

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Saturday, September 21, 2013

A Montanha dos Sete Abutres (1951) / Ace in the Hole (1951)

Esqueça por um momento “Sabrina” (1954), “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), “Se meu Apartamento Falasse” (1960) e “Cupido não tem Bandeira” (1961). Billy Wilder, responsável por todas essas charmosas comédias, também fez filmes mais sérios. “A Montanha dos Sete Abutres” (1951) supera em seriedade “Farrapo Humano” (1945) e tem mais cinismo que “Crepúsculo dos Deuses” (1950). E, graças à sua crítica contumaz aos jornalistas e ao próprio público, criou um filme que fracassou, mas ressurgiu como uma profecia: dificilmente uma produção de 1950 é tão atual.

Forget for a moment “Sabrina” (1954), “Some Like It Hot” (1959), “The Apartment” (1960) and “One, Two, Three” (1961). Billy Wilder, responsible for all of those charming comedies, also made serious films. “Ace in the Hole” (1951) is more serious than “The Lost Weekend” (1945) and more cynical than “Sunset Boulevard” (1950). And, thanks to his contumacious critic to journlists and to the public, made a film that was a failure, but re-emerged as a prophecy: very few films from the 1950s feel so modern. 

Chuck Tatum (Kirk Douglas) é um repórter de um pequeno jornal que está de passagem por uma cidadezinha. Ele fica sabendo que o minerador Leo Minosa (Richard Benedict) está preso em uma caverna, e logo chama seus colegas da redação para cobrir o acontecido. Antes e depois de eles chegarem, Chuck começa seu próprio show, usando muito sensacionalismo e apelando para a curiosidade mórbida do público.

Chuck Tatum (Kirk Douglas) is a reporter from a small newspaper who is passing by a small town. He learns that miner Leo Minosa (Richard Benedict) is stuck in a cave, and soon he calls his mates from the newspaper to cover the story. Before and after they arrive, Chuck puts together his own spectacle, using a lot of sensationalism and appealing to the public’s morbid curiosity.

O título “ace in the hole” pode ser traduzido como “uma carta na manga”, o ás que vai ganhar a partida, ou seja, o furo de reportagem que Chuck encontra. Outro título pelo qual o filme ficou conhecido é “The Big Carnival”, e de fato é um grande festival que é organizado em torno do pobre homem soterrado. Em questão de dias aquele pedaço poeirento e esquecido da América está em evidência e a caverna, ou melhor, a montanha dos sete abutres, vira destino de excursões familiares. E, como é de se imaginar, para que a história continue gerando lucro, é necessário que Leo não seja resgatado tão cedo.

The title “ace in the hole”, obviously, is a reference of the ace in a deck of cards, being the card that can make someone win the game. Chuck’s ace in the role is the breaking news he can nor report. The movie is also known as “The Big Carnival”, and for sure a huge festival is put together around the poor buried man. In a matter of days, that dusty and forgotten piece of America is on the spotlight and the cave, or better, the mountain of the seven vultures (title given to the movie in Brazil), becomes the final destination of families on vacation. And, as you can imagine, in order to give profit, Leo must not be rescued so soon.

Chuck não é o jornalista exemplar, pois já foi demitido de vários jornais do estado de Nova York ao Novo México. Mesmo assim, o jovem fotógrafo Herbie Cook (Robert Arthur) tem nele um ídolo. Mas esta admiração só durará até que o jovem Herbie chegue ao palco do espetáculo e veja que Chuck convenceu as autoridades a escavarem um buraco abaixo de Leo, o que demorará muito mais que o plano inicial.

Chuck isn’t a model journalist, as he was already fired from several newspapers from New York to New Mexico. Nevertheless, young photographer Herbie Cook (Robert Arthur) idolizes Chuck. But this admiration will vanish when Herbie arrives at the big stage and sees that Chuck has convinced the authorities to dig a hole below Leo, taking longer to reach the man than originally planned.

Quem realmente lucra com o movimento gerado pela tragédia é Lorraine Minosa (Jan Sterling), a esposa de Leo, que trabalha em uma loja de beira de estrada que agora está cheia de turistas. Não é difícil perceber que ela não gostava muito de Leo, e um símbolo forte para essa relação é uma pele que Leo deu a Lorraine e que ela considera extremamente vagabunda.

Who really has a profit with the movement generated by the tragedy is Lorraine Minosa (Jan Sterling), Leo’s wife, who works in a shop down the road and now sees her workplace fill with tourists. It’s not difficult to see that she didn’t like Leo very much, and a strong symbol for this relationship is a fur that Leogave Lorraine – something she considers to be chintzy.

 

Wilder já tinha muitos sucessos na carreira e passeava, como continuaria, por dramas e comédias. Aqui ele teve seu primeiro fracasso. Nem o público nem a crítica foram generosos com este estranho filme considerado noir e que mostra uma realidade que muitos não gostariam de engolir. De fato, os jornalistas, ao lado talvez apenas dos advogados, são os profissionais que, segundo o cinema, têm nas mãos uma “faca de dois gumes”: podem fazer o bem ou o mal com suas informações, conhecimentos e muita capacidade de manipulação.

Wilder already had many successes in his career and went, as he would continue to do, from comedies to dramas with ease. Here he had his first failure. Neither the public nor the critics were generous with this strange movie that can be considered a noir and shows a truth that many don’t want to face. Indeed, the journalists, like the lawyers, are the professionals who, according to the movies, have in their hands a double-edged sword: they can do good or evil with their informations, knowledge and ability to manipulate people. 

O jornalismo sensacionalista, ao que nos conta Billy Wilder, sempre existiu, uma vez que o filme é baseado em uma história real, ocorrida em 1925 e que, apesar de ter terminado com a morte de um homem soterrado, Floyd Collins, garantiu ao jornalista que fez a cobertura da tragédia o prêmio Pulitzer. Outro caso relacionado foi de uma criança que ficou presa em um poço durante muitos dias e teve sua história explorada pela mídia. E por falar em exploração, o filme gerou uma batalha judicial quando o ator Victor Desny, que foi creditado em um único filme, acusou Wilder de plágio. Segundo Victor, ele havia ditado à secretária de Wilder uma sinopse baseada na história de Floyd Collins dois anos antes de o filme ser feito, e Wilder devia-lhe crédito. Em 1956, Wilder pagou uma indenização a Victor. (Aqui o site do TCM traz informações erradas, pois fala de Walter Newman e não de Victor Desny, prova de que nem a mais perfeita das redes de televisão é perfeita).

Sensationalist journalism, Wilder tells us, always existed, because the film is based on a real case from 1925. Even though the real story ended with the death of Floyd Collins, the buried man, the journalist who covered the story won the Pulitzer prize. Another similar case involved a child who was stuck in a well for several days and the story was explored by the media. And if we’re talking about exploring, the film generated a battle in court when when the actor Victor Desny, who worked in only one film during his career, accused Wilder of plagiarism. According to Victor, he had dictated to Wilder’s secretary a synopsis based on Floyd Collins’ case two years before the movie was made, and Wilder needed to give him credit. In 1956, Wilder paid an indemnity to Victor. (Here the TCM website brings some wrong information, because it talks about Walter Newman and not Victor Fresny, proving that not even the most perfect TV network is perfect). 

No Brasil, onde esse tipo de programa sensacionalista domina boa parte da tarde, o filme que melhor representa esse fenômeno nem um pouco saudável da prática jornalística é “O Bandido da Luz Vermelha” (1968). Para mim, a parte mais marcante do filme sobre a trajetória de um criminoso é a narração sensacionalista, ainda tão atual.

In Brazil, where this kind of sensationalist program dominates a good amount of afternoon TV, the film that best represents this unhealthy phenomenon in journalism is “The Red Light Bandit” (“O Bandido da Luz Vermelha”, 1968). For me, the most striking part of the film about a criminal is the sensationalist narration, still so modern.

Se há programas e coberturas jornalísticas baseados na desgraça alheia, é porque o público gosta de vê-los, e isso não é necessariamente culpa de um jornalista em particular, mas sim daqueles que, tendo o poder de colocar no ar um programa ou imprimir um jornal, optam pela audiência e pelas vendas. Seria mais irônico ainda se, assim como no filme, esses jornais e redes de televisão tivessem em suas redações uma placa com os dizeres: “Conte a verdade”.

If there are shows and journalistic coverages based on someone else’s disgrace, it’s because the public likes to see it, and it’s not necessarily the fault of a single journalist but of those who, having the power to produce a show or print a newspaper, choose for the sales and profits. It would be even more ironic if, like in the movie, these newspapers and TV networks had in their headquarters a plaque with the words: “Tell the truth”.

Kirk Douglas está excelente. Sua performance como homens de caráter duvidoso (como em “Assim Estava Escrito”, filmado no ano seguinte) é sempre boa. Wilder, responsável pela direção, roteiro e produção do filme, pode não ter agradado seus contemporâneos e aberto uma ferida no orgulho da imprensa, mas o tempo foi o juiz e “A Montanha dos Sete Abutres” mostrou-se mais um dos muitos filmes à frente de seu tempo.

Kirk Douglas is excellent. His performance as men of dubious character (like in “The Bad and the Beautiful”, shot in the following year) is always good. Wilder, who does the direction, screenplay and production of the movie, may not have pleased his contemporaries and opened a wound in the pride of the press, but time was the final judge and “Ace in the Hole”showed it was another movie made ahead of its time.



This is my contribution to the “Breaking News: Journalism in Classic Film Blogathon”, hosted by Jessica at Comet Over Hollywood and Lindsay at Lindsay’s MovieMusings. A real front page event!

Sunday, September 15, 2013

Oliver Stone: cinema & política

Desde o cinema mudo ficou comprovado que a sétima arte era uma forte arma de propaganda política (D. W. Griffith sabia bem disso) e todos os momentos críticos do século XX, em qualquer país, espelharam e inspiraram obras cinematográficas. Entretanto, se durante as duas guerras mundiais os filmes eram feitos sempre para a exaltação dos Estados Unidos, isso estava para mudar. Já durante o Macarthismo, a perseguição louca aos comunistas, os políticos não encontraram apoio total em Hollywood e isso se refletiu em grandes obras alegóricas sobre o assunto. Mas são casos isolados na filmografia de um ou outro diretor. Na década de 1970 chega Oliver Stone, pronto para mudar a política de seu país através de filmes inesquecíveis.
Stone é o diretor de “Platoon” (1986), “Wall Street” (1987) e “Nascido em Quatro de Julho” (1989), mas este post se concentra em “Salvador – O martírio de um povo” também de 1986. Em um enfoque pouco usual dos problemas de um país estrangeiro e tão estranho ao público quanto El Salvador, Stone mostra muito da política externa de seu país não apenas para um público às vezes distante no tempo, mas também para os próprios americanos.
O jornalista Richard Boyle (James Woods) e seu amigo DJ drogado Doctor Rock (James Belushi) têm em suas mentes a mesma imagem da América Latina que milhões de americanos na época tinham: seu quintal, sua área de lazer, local para diversão sem lei e, claro, antro de prostituição. Eles passam pela Guatemala e chegam a El Salvador, onde Richard já esteve, e descobrem que lá há uma guerra civil. Reencontrando-se com seus velhos conhecidos, entre eles voluntários que ajudam os desabrigados, Richard, que acabou de sair da prisão, resolve fotografar a guerra e vender suas fotos para a imprensa americana. Quando a situação fica grave e muito perigosa, Richard percebe que não pode deixar o país sem sua companheira, María (Elpidia Carrillo).   
Desde o começo somos avisados de que estamos diante de uma explosão de pólvora e adrenalina. Os créditos por si só são eletrizantes. Os banhos de sangue são constantes. Os jornalistas fotográficos podem ter a melhor foto em troca da própria vida. Os fracos não tinham vez em El Salvador e em nenhum outro país que os Estados Unidos invadiram no século XX com a intenção de impedir o avanço do comunismo.
Antes de seus grandes trunfos, dos quais “Salvador” é o primeiro, Oliver Stone foi roteirista de grandes filmes como “O Expresso da Meia-Noite” (1978) e “Scarface” (1983). Antes disso, ele foi aluno de Martin Scorsese na Universidade de Nova York e dirigiu dois filmes de terror no início dos anos 70. Entretanto, ele havia vivenciado o horror real entre 1967 e 1968, quando combateu na Guerra do Vietnã.
A Guerra Civil de El Salvador se iniciou em 1980, em um embate entre o governo de direita (portanto, apoiado pelos EUA) e a guerrilha de esquerda. Antes do filme de Stone, nunca o cinema tinha agido de forma tão contundente para acabar com um conflito em andamento. Sim, “O Franco-Atirador” é um dos filmes que se mostram contra a Guerra do Vietnã, mas a película estreou três anos após o fim do conflito. Aliás, há durante toda a projeção de Stone a possibilidade sinistra de que El Salvador seja para os Estados Unidos um novo Vietnã.
Além de mostrar a presença americana, o filme também faz uma análise do impacto da guerra para os personagens. Há a pertinente reflexão sobre como ambos os lados estão errados ao usarem violência extrema, mostrando que não devemos sentir pena quando a barbárie não tem lado. Por vezes o filme adquire tons de documentário, em especial no final, quando adota uma narrativa semelhante à das produções sobre pessoas reais. De fato, as experiências do jornalista Rick Boyle serviram de inspiração para o filme, e ele foi responsável pelo roteiro. Entretanto, não se deu bem com James Woods, que o interpreta no filme. 

“Salvador” foi bem recebido entre os críticos, mas não foi um sucesso de público. Após o triunfo na cerimônia do Oscar de outro filme do diretor, “Platoon”, lançado no mesmo ano, “Salvador” ganhou mais atenção e voltou aos cinemas, desta vez atraindo mais espectadores. Mesmo que muitos deles ficassem chocados com o horror na América Central, a opinião popular não pressionou o suficiente para acabar com o conflito, que durou até 1992. Mesmo assim, Oliver Stone mostrou bem que tinha chegado para mudar os rumos da história e do cinema.

This is my contribution to the Oliver Stone Blogathon, hosted by Ratnakar at Seetimar - Diary of a Movie Lover. 

Saturday, September 7, 2013

Órfãs da Tempestade / Orphans of the Storm (1921)

Dia cinco de setembro foi comemorado aqui no Brasil o Dia do Irmão. Eu não tenho irmãos, mas se tivesse gostaria que minha relação com ele / ela fosse igual a da de duas famosas irmãs do cinema mudo: Lillian e Dorothy Gish. Juntas ou separadas, elas eram imbatíveis em talento. Quando atuando num mesmo filme, Lillian e Dorothy eram normalmente irmãs também nas telas e a relação de amor e cumplicidade transparecia. Um dos exemplos mais contundentes é o último filme que as irmãs fizeram com o megalomaníaco D. W. Griffith, “Órfãs da Tempestade”,  um drama eletrizante sobre a Revolução Francesa.
Uma família nobre pode cair em desgraça quando uma moça da família tem uma filha com um homem simples. A menina, de nome Louise, é abandonada na escada da Catedral de Notre Dame. O mesmo gesto faz o pobre Girard, que se arrepende e, além de voltar para casa com a filha, leva também o outro bebê abandonado. Henriette Girard (Lillian Gish) e Louise (Dorothy Gish) crescem como irmãs de sangue que se adoram e se apoiam quando os pais morrem. Logo depois, outra tragédia: Louise fica cega e Henriette decide levá-la para Paris, onde tem esperança de que algum médico seja capaz de curá-la. As irmãs não poderiam ter escolhido época pior para a viagem: estamos em 1789, às vésperas da Revolução Francesa.
Um detestável aristocrata, o Marquês de Praille (Morgan Wallace), um homem que exagerava ao aplicar talco no rosto, se encanta por Henriette e a sequestra, levando-a até uma de suas famosas orgias, onde um bom aristocrata, Chevalier de Vaudrey (Joseph Schildkraut) se apaixona pela moça. Louise é deixada sozinha nas ruas e é resgatada por Pierre Frochard (Frank Puglia), a “ovelha branca”, o único bom elemento de uma família de mendigos. A senhora Frochard (Lucille La Verne) não demora a ameaçar Louise e a usa para pedir esmolas em Paris. E aí estoura a Revolução.   
Mais uma vez Griffith extrapola em sua megalomania, e não apenas por criar um filme de quase duas horas e meia. Ele insere muitos personagens e cria cenários suntuosos, quase à altura dos de “Intolerância” (1916), que exigem um figurino igualmente luxuoso e centenas de extras (um deles foi inclusive decapitado nas filmagens). Mas não foi nada fácil levar a história às telas. Baseando-se em uma peça francesa, Griffith escreveu o roteiro, relutando em copiar as duas versões anteriormente filmadas, em 1911 e 1915 (esta última com Theda Bara como Henriette, infelizmente, está perdida). Quem tinha os direitos sobre a peça era a atriz Kate Claxton, que se popularizou ao interpretar a protagonista no teatro, e não queria autorizar Griffith a adaptar a peça para o cinema. Depois de convencê-la, parece que Kate liberou de vez e vendeu os direitos também para o cinema alemão, que pretendia lançar sua versão no mercado junto à de Griffith. Coube ao diretor, então, comprar os direitos de distribuição da película alemã e adiar sua estreia. Ufa!
Assim como em “Intolerância”, Griffith tenta passar uma mensagem, que fica clara logo no começo: não devemos acreditar em líderes fanáticos, como os bolcheviques. Essa mensagem agradou muito ao governo, tanto é que pouco depois do lançamento o elenco foi convidado para uma visita à Casa Branca. E, tirando essa explicação do início, há relativamente poucos intertítulos, de modo que cabe ao espectador gerar a maioria dos diálogos e súplicas em sua mente.
É impossível ver esse filme sem se lembrar do livro de Charles Dickens adaptado para o cinema em 1935, “A Queda da Bastilha / A Tale of Two Cities”. De fato, Griffith pesquisou alguns detalhes nesta obra e em livros de história para dar mais veracidade ao roteiro. Ele inclusive adicionou as figuras históricas de Danton (Monte Blue, muito alto) e Robespierre (Sidney Herbert, parecido com Basil Rathbone). Muitas cenas deste e do filme de 1935 são incrivelmente parecidas e aprendemos duas coisas dessas obras: além de muitos inocentes terem sido condenados à guilhotina, as mulheres más da época sempre usavam bigode. A vilã senhora Frochard é interpretada por Lucille La Verne, ícone do teatro que emprestaria sua voz à madrasta de “A Branca de Neve e os Sete Anões / Snow White and the Seven Dwarves” (1937).   
"Órfãs da Tempestade", 1921
"A Queda da Bastilha", 1935
Embora Lillian seja a mais conhecida das irmãs (e minha atriz de cinema mudo favorita), Dorothy também sabe brilhar. Nascida Dorothy Elizabeth Gish cinco anos depois da irmã, ela cortou o cordão que a amarrava a Lillian quando Griffith começou a exagerar em seus filmes. Ambas estrearam sob as câmeras do diretor, seguindo o conselho da amiga Mary Pickford, em 1912 e, quando Lillian rodava “O Nascimento de uma Nação” (1915), Dorothy aproveitou para fazer curta-metragens, mas sua história sempre esteve ligada a Griffith. Era ele o supervisor desses filmes curtos e foi em um filme de D. W. que ela realmente se destacou: “Hearts of the World” (1918), uma propaganda de guerra da qual Griffith mais tarde se arrependeu.
Lillian sempre teve muito amor pela irmã que a acompanhou desde o início da carreira. D. W. Griffith, diz a lenda, acreditou que elas eram gêmeas na primeira película que fizeram, embora eu ache isso difícil de acreditar (Dorothy, originalmente loira, passou a usar uma peruca escura e Lillian sempre teve olhos maiores). Entretanto, com o passar do tempo ele dava menos atenção para a irmã mais nova, deixando-a chateada. Lillian tentava contornar essa frustração elogiando e mimando a irmã, e inclusive sugeriu que Griffith adaptasse “Órfãs da Tempestade” para as telas com a intenção de fazer de Dorothy a protagonista Henriette. Embora os papéis tenham sido trocados no final, a atuação de Dorothy é excelente e, sim, há quem diga que em alguns momentos ela está melhor que Lillian.    
Assisti a uma versão do YouTube sem trilha sonora e, para não ficar no completo silêncio, coloquei como trilha músicas de Ennio Morricone, o que gerou situações interessantes em momentos chave (é incrível como o tema de "Era uma vez no Oeste" combina com a Revolução Francesa). A obra-prima das irmãs Gish pode ser encontrada no YouTube ou no Internet Archive.    

This is my contribution for the Gish Sisters Blogathon, hosted by Fritzi at Movies, Silently, and Lindsey at The Motion Pictures. Silents rule!

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