} Crítica Retrô: Estudando cinema... sem sair de casa!

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Friday, November 29, 2013

Estudando cinema... sem sair de casa!

Três anos atrás, em 2010, na roda-viva do fim do ensino médio, tive de fazer uma redação sobre educação em casa (homeschooling) e educação a distância. Eu fui a única da classe a defender ambas, dissertando com entusiasmo sobre os cursos que podemos acessar sem sair de casa. Logo em seguida eu entrei nesse mundo de cursos online. Hoje estou cada vez mais apaixonada pelos MOOCs (Massive Open Online Courses, ou Cursos Online Abertos em Massa), aquelas pérolas oferecidas por grandes universidades, totalmente grátis. Um dos melhores MOOCs que eu fiz foi sobre, adivinha o quê? Cinema. 
O curso “The Language of Hollywood: Storytelling, Sound and Color” chamou minha atenção por sua proposta de analisar as mudanças causadas pela chegada do som e da cor através de filmes-chave, e nem sempre as películas escolhidas eram as mais óbvias. O curso, oferecido pela Wesleyan University de Connecticut, teve duração de seis semanas que passaram rápido demais para um assunto tão interessante.
Com o curso pude ver filmes que há muito estavam na minha lista, como “Scarface”(1932), e também assisti a outros que não conhecia, mas que se tornaram favoritos logo nos primeiros minutos, a exemplo de “Aplauso / Applause” (1929) e “A Filha do Bosque Maldito / The Trail of the Lonesome Pine” (1936), que também é conhecido como "Amor e Ódio na Floresta". Pude prestar atenção a detalhes que em geral passariam despercebidos, graças às lições longas mas proveitosas do professor Scott Higgins, sempre divertido e claro em suas explicações. No escritório do professor, aliás, é possível uma imagem de Judy Garland em “O Mágico de Oz” enfeitando uma estante.
As análises dos filmes, durando geralmente mais de meia hora, me deram uma nova percepção deles. Como gosto de escrever e criar histórias, é geralmente no roteiro que presto atenção. Pergunto-me se a história é convincente, bem elaborada e se é desenvolvida com maestria. Raramente outros detalhes chamam a minha atenção, a não ser nos raros casos em que eles são demasiado exóticos (ex.: roupas de Carmem Miranda). Observando cenas congeladas, foi possível ver muito além do roteiro, e percebi como tudo é milimetricamente pensado no cinema: às vezes um assobio ou um risco em um mapa dão dicas valiosas para o andamento e desfecho do filme. Cada segundo do rolo de filme é precioso, por isso cada imagem deve ser escolhida com uma finalidade. E foi assim que também passei a dar mais importância às pessoas que ganham o Oscar de Melhor Direção de Arte (categoria que até 1946 era chamada de Melhor Decoração de Interiores).
George Raft e Ann Dvorak em Scarface
Os grandes temas do curso eram o som e a cor, e como a chegada dessas novas tecnologias sacudiu o mundo do cinema. Assim foram analisados alguns dos últimos e melhores filmes mudos (“Anjo das Ruas / Street Angel” e “Docas de Nova York”, ambos de 1928) e os primeiros filmes falados de qualidade. Aliás, algo que eu já sabia, o silêncio é excelente recurso para criar os mais diversos efeitos. E se há alguém que entende de silêncio, é Harpo Marx. Por isso um dos filmes analisados foi “Os Quatro Batutas / Monkey Businnes” (1931), sobre o qual eu aprendi muito.
Muitas anotações... e Groucho Marx
E quem disse que todos os cenários eram construídos em estúdio? Eles podiam ser reaproveitados (como em “O Navio Fantasma / The Ghost Ship”, 1941) ou mesmo pintados em vidro e fotografados pelas câmeras (como em “Tudo que o céu permite / All that heaven allows”, 1957). E as filmagens em locação também podem criar maravilhas, como em “Trail of the Lonesome Pine”, em que vemos Sylvia Sidney, Henry Fonda e Fred MacMurray jovens e lindos, no início de suas carreiras e sempre usando roupas que condizem com suas mudanças de humor.
Com o curso descobri o que é “motif” (para quem não sabe, é um elemento simbólico que se repete ao longo do filme, como uma música, um gesto ou objeto), o que é o “Borzagian shot” (veja a pose de Janet Gaynor e Charles Farrell abaixo) e percebi alguns temas recorrentes nas filmografias de Henry Hathaway e Val Lewton. A avaliação foi muito fácil, com algumas perguntas para recapitular o conteúdo no final de cada vídeo e um teste final com 20 perguntas que podia ser refeito até 100 vezes. Assim como eu, outros estudantes ficaram animados e sugeriram outros cursos online sobre cinema, incluindo temas como noir, cinema mudo, musicais, Hitchcock e Truffaut. Uma coisa é certa: se houver outro MOOC sobre cinema, eu estarei lá!  

A Victoria do blog Girls Do Film está fazendo uma resenha de cada filme analisado no curso, destacando os pontos importantes de cada um. Veja no blog!

6 comments:

Pedrita said...

eu acho muito bacana poder fazer cursos em casa. precisa de disciplina, é para um perfil de aluno, mas é muito bacana. fico pensando como deve ser bom para pessoas com dificuldades diversas, principalmente de mobilidade, poder hj ter acesso a informação sem sair de casa. é fantástico. beijos, pedrita

Ana said...

Genial! Adorei o tema. Acredito bastante em aprender em casa. Com tantos recursos, é só querer. Fiz algumas cadeiras a distância e gostei mais. Li mais textos, fiz as tarefas na hora que queria e ainda tive a oportunidade de interagir muito mais com os colegas.
Vou pesquisar mais sobre esses cursos - realmente me interessam.

Mario Salazar said...

Suena muy bien lo de los cursos online. Agregar conocimiento siempre es bueno, y si es algo agradable a nuestro gusto mejor. Vi Scarface de Hawks pero creo que el de De Palma es mejor. Un abrazo.

Mario Salazar said...

Te comento que estoy viendo más cine clásico americano, lo hago casi todos los días, y me lo paso genial, gran cine, fácil se hace vicio. Con tu blog espero conjugarlo y comentar más a menudo. Se ve que eres una apasionada de este cine, y siempre estas aprendiendo más y más.Besos.

Carol Caniato said...

Ai, tenho uma lista de cursos online que eu queria fazer, mas não tive tempo ainda. Sou até suspeita pra falar, mas super acredito em estudar e aprender coisas sozinhos. Eu fiz faculdade de jornalismo, mas tudo que sei de cinema aprendi sozinha, por interesse, comprando livros e tal... Inclusive, estou planejando alguns post com indicações de livros sobre cinema, mas to na dúvida ainda se faço em video ou não, haha! Acho que até semana que vem me desembolo com isso. Beijinhos!

Suzane Weck said...

Ola,que beleza teres feito estes cursos querida LÊ.Vejo-te como uma bela garota,extraordinariamente competente, inteligente,e determinada.Não é atoa que tuas postagens são sempre impregnadas de conhecimento e atualizações de assuntos cinéfilos.Meus efusivos parabéns e meu muito grande abraço.SU

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