} Crítica Retrô: Os últimos filmes de Harold Lloyd

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Friday, December 5, 2014

Os últimos filmes de Harold Lloyd

Dos grandes comediantes do cinema mudo, Harold Lloyd pode ser aquele que passa mais despercebido pelo público leigo – mas ele nunca, jamais é subestimado pelos cinéfilos. Ele estreou no cinema em 1913 (sim, ANTES de Chaplin. ANTES de Keaton. ANTES de Laurel & Hardy) e a maioria de seus 200 filmes foram curtas-metragens. Sem dúvida suas melhores obras foram realizadas nos anos 20 e, como a maioria dos ídolos da tela silenciosa, Harold foi perdendo espaço com a chegada do som, e trabalhou como ator até 1938.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, Preston Sturges tinha uma missão: tirar Harold Lloyd da aposentadoria. Por isso ele escreveu e dirigiu “As Trapalhadas do Haroldo / The Sin of Harold Diddlebock” como uma continuação da ação de “O Calouro / The Freshman” (1925).
Os primeiros nove minutos repetem o clímax de “O Calouro / The Freshman”. Logo após seu grande jogo, Harold recebe uma oferta de emprego e trabalha durante 22 anos em uma agência de publicidade (a passagem do tempo é magistralmente mostrada pela mudança das fotos dos presidentes na parede). Finalmente, em 1945, ele é demitido por “ter apenas ideias obsoletas”. Seu último ato antes de sair do emprego é entregar um anel a Miss Otis (Frances Ramsden), a jovem funcionária que faz parte de uma família muito, muito atraente (Harold foi apaixonado por todas as mulheres da família Otis, mas nunca chegou a pedir nenhuma delas em casamento).
Um velhinho pede dinheiro para Harold na rua, e leva nosso mais novo desempregado para esquecer os problemas através do álcool. Harold nunca havia tomado uma bebida alcoólica, e para comemorar o primeiro drink, o barman cria um coquetel especial e fortíssimo, o “Diddlebock” (quero a receita!). Completamente bêbado, ele faz sons estranhos, compra roupas extravagantes, um chapéu muito louco e aposta em corridas de cavalos.
Há bons momentos de comédia física, todos na última meia hora do filme, e inclusive uma sequência logicamente inspirada em “O Homem-Mosca / Safety Last!” (1923). Harold tem um bom texto (preste atenção em suas máximas filosóficas e motivacionais), mas com certeza essas frases deliciosas ficariam mais divertidas nos intertítulos decorados de “O Calouro”. Sturges fez um bom filme dentro de suas capacidades, mas a fraca bilheteria inicial fez com que o produtor, Howard Hughes, editasse algumas cenas e relançasse o filme com 10 minutos a menos, e desta vez com o título “Mad Wednesday”. Nem preciso dizer que esta foi a única parceria Sturges-Hughes, e acabou em desacordo.
Não é uma comédia extraordinária, mas conta com um roteiro inspirado, e feito sob medida para homenagear a carreira de Harold Lloyd. A atriz que faz par romântico com Harold (e que teria aqui seu único trabalho creditado no cinema), por exemplo, poderia ter sido melhor escolhida (e eu daria tudo por uma participação da parceira da época muda, Jobyna Ralston). Há, entretanto, o gosto agridoce de muitos momentos: as vezes diversas em que Harold se assemelha à persona cinematográfica de Jerry Lewis e no fato de Harold Lloyd ter sido indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia ou Musical em 1951, quando do relançamento como “Mad Wednesday”.
Este foi o último filme de Lloyd como ator. Nos anos 50, ele se apaixonou pela fotografia e nos anos 60 produziu dois filmes-antologia, “Harold Lloyd's World of Comedy” (1962) e “O Lado Alegre da Vida / Funny Side of Life” (1963), ambos compostos por pedacinhos de seus filmes anteriores. Ao invés de acabar a carreira de um jeito vergonhoso, Harold deixou em seus últimos filmes um incentivo para vê-lo jovem e redescobrir suas áureas comédias.
"TheSin of Harold Diddlebock" está disponível no YouTube e no Internet Archive.
This is my contribution to the annual The Late Show blogathon, hosted by Shadowplay.

9 comments:

D Cairns said...

Lovely!

The leading lady was Sturges' girlfriend, which explains how she got the part.

I didn't care for the skyscraper window ledge stuff because it's inferior to the classic scenes in earlier Lloyd films, but I liked the fact that poor Harold wakes up screaming in the next scene.

Pedrita said...

vi bem pouco. beijos, pedrita

Unknown said...

Realmente sou totalmente leiga nesse assunto, não conhecia Harold Lloyd, mas adorei conhece-lo, amei o post ;)
bjuxx

www.casacherry.blogspot.com.br

Iza said...

Nunca assisti um filme dele, mas já o conhecia.
Gostei muito do seu post, sempre informativo!
Beijos <3

Suzane Weck said...

Ola Le,muito bom lembrar deste antigo ator que deixou suas marcas.Adoro vir aqui e encontrar relatos e informações cinéfilas do passado,vejo assim que também gostas como eu de remexer em baús salpicados de poeira.Mil abraços.SU

Carol Caniato said...

Gente, acho que não conheço nada dele! Deve ter no youtube algum vídeo pra assistir, né? Vou procurar!
:*

Iza said...

Ficou feliz que você tenha gostado do post! Demorei uma vida para escrevê-lo hehehehe.
Beijos e bom final de semana <3 <3

surly hack said...

I haven't seen this in many years, but your review sounds about right. I'm a fan of both Sturges and Lloyd, but this is far from their finest hour.

Claudio Oliveira said...

Bons tempos em que a Globo passa a sessão comédia e exibia filmes mudos, na maioria curtas. Foi aí que descobri Harold Lloyd, que se tornou o meu ator de cinema mudo preferido. Ninguém construia uma gag física como ele. A TVE também exibiu um mini festival Harold Lloyd, assisti The Fresman e The Fly, que tem aquela famosa cena do relógio que foi homenageada em De volta para o futuro.

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