Existem alguns filmes
que mudam a história do cinema para sempre. “It” não introduziu uma estética,
mas levou uma jovem atriz ao topo de Hollywood. Existem filmes que nos ensinam
algo. “It” não ensina a flertar, mas mostra como a conquista pode ser um jogo
divertido – e como a vida pode ser encarada com leveza e uma dose de coragem. “It”
não foi um filme revolucionário, mas conseguiu definir perfeitamente uma era.
Se você quiser saber como viviam as flappers
e como começou a independência feminina nos loucos anos 20, este é o filme!
Betty (Clara Bow) é uma
funcionária de uma grande loja que sabe bem o que quer. Seu objetivo é
conquistar seu novo patrão, Cyrus Waltham (Antonio Moreno). Muito decidida e
bastante esperta, ela convida Monty (William Austin), grande amigo de Cyrus,
para um jantar chique no Ritz. Basta usar um vestido customizado e muito charme
e pronto: Betty atrai a atenção de Cyrus.
Monty estava à procura
de uma mulher com “IT”, com sex appeal, e encontrou isto em Betty. Ela
usou o pobre Monty (que, coitado, pensava ter também “IT”) para fazer charme
para o patrão, e a estratégia funcionou. Na noite seguinte, Betty e Cyrus se
divertem na praia, em um parque de diversões com brinquedos estranhíssimos
(“social mixer”????).
Além de sedutora, Betty
tem um bom coração. Sua companheira de quarto, Molly (Priscilla Bonner) está
doente, sem poder trabalhar, e precisa sustentar o filho pequeno. Quando duas
senhoras aparecem querendo levar o bebê para o orfanato, Betty não pensa duas
vezes: “O filho é meu e eu tenho emprego para sustentá-lo!”. Ela inventa uma
mentira e salva a amiga, mas Monty ouve a confissão – e não apenas ele: um
jornalista (o jovem e esquálido Gary Cooper) anota tudo e publica a história. A
seguir temos confusões, lágrimas, corações partidos e um clímax em um iate.
Gary Cooper |
O filme deve todo seu
valor a Clara Bow. Ela é simplesmente adorável, e ainda demonstra talento
quando precisa derramar algumas lágrimas. Linda, risonha e charmosa, ela parece
uma garota moderna, e é impossível não se apaixonar ou não se inspirar por seu
jeito. Decidida, corajosa, inteligente, Betty não mede esforços para conseguir
o que quer, mas sem abandonar a doçura e o tom de brincadeira. Há momentos em
que eu gostaria de ser mais como Betty, e levar a vida com um misto de leveza e
ambição, determinação e feminilidade. Betty tem “IT”. Clara Bow tinha “IT”.
Será que nem todos nascem com “IT”? Ou será que houve um momento em que a
humanidade deixou o “IT” escapar?
Uma frase em particular
mostra como Betty é uma personagem moderna. Enquanto defende a amiga Molly,
Betty é questionada sobre onde está o pai de seu suposto filho. A resposta?
“Não te interessa!”. Não há heroína de comédia romântica mais incrível que
Betty!
Clara Bow pode ser a “It
Girl”, mas quem lucrou realmente com o filme foi a mulher que inventou o “IT”
(ou pelo menos que popularizou o termo, já usado por Rudyard Kipling): Elinor
Glyn, autora de best-sellers escandalosos. É através de um artigo de Glyn na
revista Cosmopolitan (propriedade do amigo íntimo de Elinor, William Randolph
Hearst) que Monty descobre o significado de “IT” no filme, e a própria autora
aproveita para fazer uma breve aparição no jantar no Ritz explicar o que é
“IT”. E “IT” tem um preço: Elinor recebeu 50 mil dólares para que o filme fosse
feito ao redor do seu conceito de “IT”.
Todos os olhares
deveriam ir para Clara Bow, mas William Austin também atrai a atenção e é a
fonte de muitas risadas. Nascido na Guiana em 1884, William Austin estudou na
Inglaterra, fez negócios em Shanghai e estreou no cinema em 1920. Seu irmão,
Albert Austin, trabalhava como coadjuvante nos filmes de Charles Chaplin. “It”,
entretanto, não foi o filme mais famoso de William Austin. Em 1943, ao
interpretar o mordomo Alfred em um seriado do Batman, William reformulou
totalmente a aparência do personagem, e o Alfred dos quadrinhos foi remodelado
com base em William Austin.
William Austin tinha "IT" |
Perdido durante várias
décadas, “It” (o filme, e não o charme) foi reencontrado em Praga, atual
República Tcheca, nos anos 60. Carl Davis apreendeu perfeitamente o tom de
brincadeira da película, compondo uma trilha sonora adorável nos anos 80. “It”
é precursor das screwball comedies e
melhor que qualquer comédia romântica atual – mas, acima de tudo, uma prova de
que o passado é muito mais próximo de nós do que imaginamos – e de que devemos
sempre perseguir nosso “IT”.
This is my contribution
to The Silent Cinema blogathon, hosted by Crystal at In the Good Old Days of Classic Hollywood and Lauren Champkin!
9 comments:
"iT" é maravilhoso!
Um dos meus filmes favoritos, e também o meu favorito com a Clara Bow!
Beijos, Pri
vintage.blogspot.com
não vi. beijos, pedrita
You're right. Clara Bow is absolutely adorable in this film. If someone is wondering why she was such a big star – and such a big deal – they should see this film.
Wonderful post, Le. I think you really captured the film's appeal and the reason for its success.
I loved your article on "It". Indeed, Clara Bow has great appeal and, in her own way, is quite an inspiration. Well done!
I just watched this the other day! "It" is just so charming, it's a lovely film. Clara Bow lights up the screen. Thanks for the nice writeup :)
Oh my goodness, you hit the nail on the head with "There are times when i wish I was more like Betty and take life with a mixture of lightness and ambition, determination and femininity" I feel the exact same way! I love this film and your post is excellent, keep up the great work!
-Summer
Hi Lê: That was fun. You are right, we all need to use our "It" and be more like Clara Bow. You were also right to say she was adorable. She sure had a lot of energy.
I've always thought of the Twenties as the start of the modern era and this is one of those films that shows why. If Clara Bow could be transported to 2015 I don't think she would look at all out of place!
Acabei de assistir o filme e acabei de encontrar seu blog. Pegando boas dicas aqui. ^^
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