} Crítica Retrô: Almas Rebeldes (1940) / Strange Cargo (1940)

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Saturday, February 3, 2018

Almas Rebeldes (1940) / Strange Cargo (1940)

Clark Gable e Joan Crawford fizeram oito filmes juntos. O primeiro deles foi em 1931, e o último em 1940. “Almas Rebeldes” é este último filme da parceria, um filme que veio logo depois de muito sucesso para ambos: em 1939 Gable fez um pequeno filme chamado “E o Vento Levou...” e Crawford foi uma das estrelas de “As Mulheres”. “Almas Rebeldes” foi, para as duas estrelas, uma grande mudança em relação à pompa de seus trabalhos pregressos.

Clark Gable and Joan Crawford made eight films together. Their first pairing was in 1931, and their last in 1940. “Strange Cargo” is this last film they made together, and it came following successes from both: in 1939, Gable was in a little film called “Gone with the Wind” and Crawford was one of the many stars in “The Women”. “Strange Cargo” was a complete change from the glamour and pomp for the two stars.
Apenas pessoas esquecidas vivem na Guiana – um local que, no mundo do cinema, se parece muito com a África de “O Diabo Riu por Último” (1953). Há uma grande prisão lá, para 'homens que perderam as esperanças'. E as mulheres que trabalham no bar local são imigrantes que fariam qualquer coisa para sobreviver. Mas há uma regra: mulheres e prisioneiros não podem ser vistos juntos. É por isso que o prisioneiro Verne (Clark Gable) representa encrenca para Julie (Joan Crawford). O primeiro contato dele é mias para violento que para romântico, e ele só pensa em uma coisa: em fugir.

Only forgotten people live in Guiana – a place that, in the film world, looks a lot like the Africa we see in 1953's “Beat the Devil”. There is a big prison there, for 'men who have lost hope'. And the women who work in the local bar are immigrants who would do anything to survive. But there is a rule: women and inmates can't be seen together. That is why prisoner Verne (Clark Gable) represents trouble to Julie (Joan Crawford). His first approach is more violent than romantic, and he only thinks of one thing: escaping.
Verne tenta fugir pela primeira vez no filme depois de ir trabalhar no porto carregando e descarregando navios. Ele entra no bar de Renard, onde Julie, que ele havia visto mais cedo naquele mesmo dia, trabalha. Enquanto ele se esconde no quarto dela, Julie conta para os guardas o paradeiro de Verne. Ele é recapturado, mas Julie foi encontrada com ele, e por isso deve sair da colônia em até 12 horas.

Verne makes his first attempt to escape in the movie by running away after he goes to the harbor to load ships. He ends up in Renard's bar, where Julie, who he has seen earlier that day, works. While he is hiding in her room, Julie tells the guards where he is. Verne is recaptured, but Julie was found with him, and thus she must leave the colony within 12 hours.
De volta à prisão, Verne se envolve em um plano de fuga com outros oito homens. Seu inimigo, Moll (Albert Dekker), tenta impedir que ele vá com o grupo, mas Verne consegue escapar e segue um mapa à procura da liberdade prometida. Ao mesmo tempo, Julie recusa a oferta do Monsieur Pig (Peter Lorre), que quer sair da colônia com ela, mas aceita a oferta de Marfeau (Bernard Nedell) para ir embora com ele. Obviamente, Marfeau não quer ajudar – ela apenas quer o corpo de Julie só para si.

Back to the prison, Verne gets involved in a nine-men plan to escape. His nemesis, Moll (Albert Dekker), tries to prevent him from going with the group, but Verne manages to escape anyway, and follows a map in search for the promised freedom. At the same time, Julie has refused Monsieur Pig's (Peter Lorre) offer to leave the colony with him, but accepted Marfeau's (Bernard Nedell) offer to leave with him. Of course, Marfeau doesn't want to help – he only wants to have Julie's body for himself.
O agora reduzido grupo de fuga se divide em dois, e dois trios enfrentam os obstáculos da selva. É óbvio que com o tempo surjam brigas dentro dos grupos e alguns fugitivos pereçam. Neste sentido, o filme me fez lembrar o pouco conhecido filme brasileiro de aventura “Arara Vermelha” (1957), sobre um grupo que rouba um diamante e precisa atravessar a selva para escapar com a pedra.

The now reduced escape group is divided by two, and two trios face the hardships of the jungle. Of course, with time there are fights inside the group, and some of the runaways perish. In this sense, the movie reminded me of little-known Brazilian adventure film “Arara Vermelha” (1957), about a group that steals a diamond and has to cross the jungle to escape with the stone.
Os coadjuvantes são ótimos. Peter Lorre fala com uma voz suave, porém aterrorizante. Ian Hunter interpreta o misterioso e espiritualizado Crambeau. Em um espaço pequeno e apertado, a câmera foca de baixo para cima em Hessler (Paul Lukas), embora a mesma câmera focalize outros prisioneiros de frente. Com este recurso, Hessler parece mais sombrio e perigoso. É um ótimo efeito que diz muito sobre seu caráter. Aliás, nós só ficamos sabendo qual crime levou Hessler à prisão. Para os outros prisioneiros, a razão para estar lá não importa.

The supporting characters are amazing. Peter Lorre speaks with a suave yet terrifying voice. Ian Hunter plays the mysterious and spiritualized Crambeau. In a tiny, tight space, the camera looks from down to up to Hessler (Paul Lukas), even though the other inmates are shot with a more conventional camera angle. This way, Hessler looks more somber, more dangerous. It's a great effect that says a lot about his character. By the way, we only get to know Hessler's crime. For all the other inmates, the reason for being there doesn't matter.
Nenhuma palavra precisa ser dita para que saibamos que Julie é uma prostituta – aliás, a outra garota que vemos acompanhando Julie quando Joan Crawford aparece na tela pela primeira vez é interpretada pela ex-atriz de cinema mudo Betty Compson. Assim como em “Rain” (1932), Crawford é visceral e simples na interpretação de Julie, e tem alguns belos momentos nos quais seu rosto sem maquiagem é focado pela câmera. Dá para imaginar como é ter apenas o mar e o rosto de Joan Crawford na sua frente?

No word has to be said so we know that Julie is a prostitute – by the way, the other girl who is seen accompanying Julie when Crawford first appears on screen is played by former silent sweetheart Betty Compson. Like in “Rain” (1932), Crawford is raw and simple when she plays Julie, and has some beautiful moments in which her make-up free face is focused by the camera. Can you imagine having only the sea and Joan Crawford's face in front of you?
O diretor Frank Borzage tratou de espiritualidade em muitos de seus filmes. Aqui, o tema mostrou ser um problema: a Legião Católica de Decência condenou o filme, causando boicotes em muitas cidades e a completa proibição da exibição de “Almas Rebeldes” em alguns lugares. Eu não acho que o filme 'zombe da Bíblia', como a Legião alegou, pelo contrário: a maneira como o filme lida com redenção é linda e inspiradora.

Director Frank Borzage dealt with spirituality in many of his films. Here, the theme proved to be a problem: the Catholic Legion of Decendy condemned the film, causing boycotts in many cities and the complete censorship of “Strange Cargo” in some places. I don't see the film 'making fun of the Scriptures' as the Legion alleged, on the contrary: the way the film deals with redemption is beautiful and inspiring.
Crambeau (Ian Hunter)
Com uma grande direção de arte – três palavras: selva no estúdio – e muitos personagens interessantes, “Almas Rebeldes” é um filme muito bom. É uma pena que a Legião da Decência tenha impactado negativamente sua performance nas bilheteria. “Almas Rebeldes” pode não ser uma obra-prima, mas é uma mistura curiosa de aventura e espiritualidade, e um filme que merece ser conhecido por mais gente.

With a great art direction – two words: studio jungle – and so many interesting characters, “Strange Cargo” is a very good film. Too bad the Legion of Decency impacted its box office negatively. “Strange Cargo” may not be a masterpiece, but it is a curious blend of adventure and spitituality, and deserves to be better known.


This is my contribution to the Clark Gable blogathon, hosted by Michaela at Love Letter to Old Hollywood.

6 comments:

Michaela said...

Unfortunately, I've only seen two of Gable and Crawford's films, but if this blogathon has taught me anything, it's that I need to change that. This movie sounds very interesting and the cinematography looks wonderful. Thanks for contributing this great post!

Caftan Woman said...

I find this movie continually fascinating on many levels. Great choice for this blogathon and a fine, insightful review.

Silver Screenings said...

Based on the images you posted, this film looks to be drenched in atmosphere, e.g. a desperate situation and a desperate love. What a terrific cast! I can't wait to see this.

Brittaney said...

I found this movie rather strange and didn't quite know what to make of it. It's definitely the oddball in the Crawford/Gable pairings. After reading your review, I need to go back and re-watch it with a different perspective. I suspect my prejudice of this movie needs to be challenged.

Gabriela Lira said...

Eu tô pra ver esse filme faz um tempo, preciso tomar logo vergonha na cara! Acho o Gable um amorzinho <3 me derreto toda nos filmes com ele hahahah.

http://www.blondevenus.com.br

philmarie said...

Excelente essa resenha! Dá mesmo vontade de ver (ou rever) esse filme!

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