Eles nunca viram seus nomes em destaque nos créditos iniciais, mas isso não impede que suas atuações sejam tão brilhantes quanto a dos mais elogiados protagonistas. Vários são os eternos coadjuvantes que roubam a cena e a nossa admiração.
Thelma Ritter: Pobre Thelma! Foi seis vezes indicada ao Oscar como Melhor Atriz Coadjuvante e nunca ganhou (Deborah Kerr tem esse mesmo recorde na categoria de Melhor Atriz). Quatro dessas indicações foram consecutivas (1950 – 1954). Mesmo assim, esteve em vários filmes importantes, como “A Malvada”, “Janela Indiscreta” e “Os Desajustados”. Sem grandes atrativos físicos, desempenhava com maestria os papéis de enfermeira ou governanta. Ganhou um Tony em 1958, empatada com Gwen Verdon.
Em Confidências à Meia-Noite, Thelma Ritter está a cara da Giulietta Masina! |
Walter Brennan: Ao contrário de Thelma, Walter teve seu talento reconhecido: foi três vezes vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, por “Meu filho é meu rival” (1936, ano em que a categoria foi criada), “Romance do Sul” (1938) e “O galante aventureiro” (1940). Foi animador das tropas da Primeira Guerra e amigo de Gary Cooper. Fazia todos os tipos de papéis, mas ficou famoso por seus velhos personagens caipiras e peculiares (um acidente que deixou-o quase sem dentes criou marcas que o faziam parecer bem mais velho do que era). Começou no cinema mudo, mas não era creditado. Fez também várias participações em séries de TV.
Mary Astor: Filha de mãe portuguesa e pai alemão, jovem atriz do cinema mudo, Mary passou para o cinema falado em papéis secundários. Entre seus trabalhos estão “O Falcão Maltês”(1941) e “Agora seremos felizes”(1944). Ganhou um Oscar em 1942 por “A Grande Mentira” . Lutou com o alcoolismo, tentou suicídio e viveu alguns escândalos conjugais. Escreveu várias memórias que se transformaram em best-sellers.
Peter Lorre: Austro-húngaro, protagonista da obra-prima de Fritz Lang “M – O vampiro de Dusseldorf”(1930) e da primeira versão de “O homem que sabia demais”(1934), Peter Lorre foi aos EUA e conseguiu bons papéis secundários em “O Falcão Maltês”(191), “Casablanca”(1942) e “Passagem para Marselha” (1944). Duas curiosidades: Lorre foi aluno de Freud em Viena e convenceu Humphrey Bogart e Lauren Bacall a se casarem apesar da diferença de idade.
Mercedes McCambridge: Ganhadora do Oscar em sua estréia cinematográfica (“A Grande Ilusão”, 1949), Mercedes fazia, em geral, mulheres amarguradas e antagonistas. Trabalhou também no teatro, fazendo, por exemplo, a protagonista de “Quem tem medo de Virginia Woolf?”, e no rádio. Fez parte do Mercury Theater, grupo de teatro de Orson Welles. Alguns de seus trabalhos mais importantes foram em “Johnny Guitar” (1954), “Assim Caminha a Humanidade” (1956) e como a voz demoníaca de “O Exorcista” (1973).
Claude Rains: O grande Capitão Renault de Casablanca era quase cego de um olho (devido a ferimento na Primeira Guerra Mundial), deu aulas de teatro numa universidade, foi casado seis vezes, era nervosinho, sovina e desenhou a lápide do próprio túmulo. Mas era um grande profissional: memorizava as falas de todos os atores, mesmo não sendo protagonista. Entre seus trabalhos destacam-se: “Lawrence da Arábia”(1963), “Interlúdio”(1946), “Vaidosa”(1944) e “A estranha passageira”(1942).
Celeste Holm: A bela loira nunca passou dos papéis secundários, embora já tenha passado dos 90 anos. Mas isso não impediu que ela deixasse sua marca em filmes como “A Malvada” e “Alta Sociedade”, onde, inclusive, faz um dueto com Frank Sinatra. Outros grandes feitos da coadjuvante foram: estrear no teatro em “Hamlet”, ao lado de Leslie Howard; fazer cinco peças com o lendário George M. Cohan; ganhar um Oscar por “A Luz é para todos”(1948) ; ser porta-voz da UNICEF e ter um título de cavaleira dado pelo rei da Noruega. Desde os anos 50 participa de diversas séries de TV e agora está de volta à tela grande.
Donald Crisp: O ganhador do Oscar por “Como era verde meu vale” tem um currículo invejável. Estreou em 1908, aos 26 anos, esteve em 170 filmes, atuou no cinema mudo e no sonoro com o mesmo sucesso, dirigiu 72 produções (a maioria no cinema mudo)... tudo isso sem ser o protagonista. Além disso, foi membro dos exércitos inglês e americano e conheceu Winston Churchill ainda jovem. Ele teve a honra de estar no primeiro filme de Griffith (The Muskeeters of Pig Alley), em “O Nascimento de uma Nação” (como o general Grant), como um extra em “Intolerância”, vivendo o pai autoritário de Lillian Gish em “Lírio Partido”(1919),
na primeira versão de “O Grande Motim” (1935) e muito mais!
Lê, todos excelentes. Sou apaixonado pelo Brennan e a Ritter, o Lorre e a Astor.
ReplyDeleteVocê se esqueceu de Jane Darwell, Hattie McDaniell, George Sanders e Thomas Mitchell.
Tudo de bom.
O Falcão Maltês
Olá, Antonio! Que bom que você gostou. De fato alguns foram omitidos, talvez para serem abordados no futuro. O fato é que há dezenas de coadjuvantes maravilhosos.
ReplyDeleteFoi interessante que muitos dos astros aqui nesta postagem contracenaram com Humphrey Bogart, muita coincidência!
Thelma Ritter é incrível. Achei curioso que na foto ela parece bastante com Giulietta Masina, não?
Abraços aos leitores, Lê
Parabéns, sempre, pelo excepcional trabalho feito aqui. Hoje revi um filme com Bogart, por sinal, "Sabrina" é belo e tem a Audrey com ele.
ReplyDeletebeijos
"Who wants to be a millionaire?
ReplyDeleteLê, você lembrou de Celeste Holm que fez aquele alegre dueto com Sinatra em "Alta Sociedade". E a Mary Astor que era muito bonita.Você viu "Confidências `Meia-Noite"? Thelma Ritter foi indicada ao Oscar por esse filme. Nunca ela esteve mais engraçada. Parabéns pelo magnífico blog.
Sei que estou atrasado mas tenho que comentar.
ReplyDeletePara grandes atores não há papel pequeno. Peter Lorre foi um dos maiores, pena que não teve o reconhecimento que merecia. Aliás você bem que podia fazer um post sobre atores pouco valorizados, como Edward G. Robinson. Thema Ritter sempre roubava a cena seja de quem for, até da grande Bette Davis.
Adorei o post, devia fazer mais desses sobre grandes coadjuvantes. Adoro o Bolg!