Ele nunca foi
indicado ao Oscar. Seu nome não é conhecido pelo público leigo. No entanto, os
cinéfilos clássicos devem se lembrar com carinho do belo e versátil Joseph
Cotten, que teve a sorte de estar em uma série de filmes importantes, entrando
para a história da sétima arte e escrevendo seu nome num seleto grupo de atores
que teve o privilégio de trabalhar com gênios como Alfred Hitchcock e Orson
Welles.
Seu desejo de estar
em um palco e representar foi despertado na infância. Nasceu no sul, estudou
interpretação em Washington, trabalhou como vendedor de aspiradores e tintas em
Nova York e guarda-costas e crítico de teatro em Miami. Em 1936 conheceu Orson
Welles, de quem se tornaria amigo íntimo, sendo inclusive seu padrinho no
casamento com Rita Hayworth. Na ocasião do encontro, Welles ateou fogo a um
cesto de lixo e, em outra história curiosa, ele e Joseph estavam ensaiando para
um programa de rádio quando tiveram um ataque de riso incontrolável. Ele também
ajudou Welles a fundar o Mercury Theatre.
Em “Cidadão Kane /
Citizen Kane” (1941) ele é Jedediah Leland, amigo de Charles Foster Kane e
crítico de teatro. Trabalha para a cadeia de jornais e, após ficar bêbado, Kane
termina uma crítica por ele. Joseph trabalhou com Welles também em “Soberba /
The Magnificent Ambersons” (1942), “Jornada do Pavor / Journey into Fear”
(1943), no qual foi também roteirista, "O Terceiro Homem / The Third Man" (1949), “A Marca da Maldade / Touch of Evil” (1958),
no qual não foi creditado, e participou de “Verdades e Mentiras / F for Fake”
(1973), o último fime de Welles. Ele também participou do curta “Too much
Johnson”, que foi a primeira experiência de Orson com o cinema, em 1938. A
pequena produção era exibida antes das apresentações do Mercury Theatre.
Com o mestre do
suspense Cotten trabalhou nos filmes “Sob o signo de Capricórnio / Under
Capricorn” (1949) e “A sombra de uma dúvida / Shadow of a Doubt” (‘1943), este
provavelmente seu mais famoso trabalho. Ele também participou da série “Alfred
Hitchcock Presents”, aparecendo em três episódios.
Em 1939 ele foi C. K.
Dexter Haven na peça “The Philadelphia Story”, contracenando com Katharine
Hepburn. Em 1940 a peça virou filme e o papel de Cotten ficou com Cary Grant.
Em 1954, foi Linus Larabee em “Sabrina’s Fair”, peça que no mesmo ano daria
origem ao filme protagonizado por Audrey Hepburn. Desta vez, Humphrey Bogart
fez o papel de Cotten, embora a contragosto.
Joseph Cotten
casou-se duas vezes, com ambos os relacionamentos durando mais de 30 anos.
Criou a filha de sua primeira esposa, Lenore La Mont, e depois da morte dela
casou-se com a atriz Patricia Medina. Era grande amigo de David O. Selznick,
tendo trabalhado quatro vezes com a esposa de David, Jennifer Jones. Em uma
festa na casa de Selznick, aliás, Cotten e Ingrid Bergman (com quem contracenou
em “À Meia-Luz / Gaslight”), por diversão, foram garçom e garçonete. Outra
atriz com quem contracenou bastante foi Teresa Wright, com quem fez nove
filmes.
Nos anos 50 e 60 Cotten fez várias participações na televisão, ganhando seu próprio show em 1956. Também trabalhou nos filmes “O abominável Dr. Phibes / The abominable Dr. Phibes” (1971) e “Aeroporto 77”. Na velhice, além de trabalhar esporadicamente, dedicava-se à jardinagem e escreveu uma autobiografia, “Vanish will get you somewhere”, considerada uma das melhores e mais bem-escritas do gênero. Faleceu em 1994 e, apesar de ter feito parte de enormes sucessos, é um dos mais subestimados atores do cinema clássico. E um dos mais belos perfis.
Nos anos 50 e 60 Cotten fez várias participações na televisão, ganhando seu próprio show em 1956. Também trabalhou nos filmes “O abominável Dr. Phibes / The abominable Dr. Phibes” (1971) e “Aeroporto 77”. Na velhice, além de trabalhar esporadicamente, dedicava-se à jardinagem e escreveu uma autobiografia, “Vanish will get you somewhere”, considerada uma das melhores e mais bem-escritas do gênero. Faleceu em 1994 e, apesar de ter feito parte de enormes sucessos, é um dos mais subestimados atores do cinema clássico. E um dos mais belos perfis.