O que alguns astros e estrelas estavam fazendo em 1939, considerado o
melhor ano do cinema? Bem, Vivien Leigh, Clark Gable, Olivia de Havilland e
Leslie Howard filmavam “E o Vento Levou / Gone with the Wind”, Garbo ria em
“Ninotchka”, Judy Garland percorria uma estrada de tijolos amarelos e Joan
Crawford, Norma Shearer e grande elenco feminino lutava com garras vermelhas em
“As Mulheres”. E o que fazia, por exemplo, Myrna Loy? Além de protagonizar mais
um filme da série The Thin Man, Myrna ainda teve tempo de ir à Índia (cenográfica,
isto é) se envolver com Tyrone Power em “As Chuvas Chegaram”.
Tyrone Power é o Major Rama Safti, um médico indiano de turbante e
bigode. A época das monções se aproxima em Ranchipur e, ao contrário dos
aristocratas ingleses, Rama e seu amigo pintor Tom Ransone (George Brent) não
pretendem abandonar o local quando a população mais precisa de ajuda. Quem
também vai contra a família aristocrata é Fern Simon (Brenda Joyce), uma jovem
que pede ajuda a Tom para fugir de casa.
Em uma festa, Tom Ransome encontra uma velha amiga, Edwina Esketh (Myrna
Loy), agora casada com um homem velho, gordo, manco e preconceituoso (Nigel
Bruce). Há um pouco de romance (não um triângulo amoroso, mas algo muito mais
complexo) e muita, muita destruição.
Quem disse que “E o Vento Levou” foi o único épico lançado em 1939? A Fox
não poupou despesas para “E as Chuvas Chegaram”, gastando meio milhão de
dólares na construção dos cenários (75 mil só para o palácio) e outro meio
milhão para as cenas de desastre que são, de fato, impressionantes. Graças a
esse esforço, este filme ganhou o primeiro Oscar de Efeitos Especiais da
história.
Muitos devem ter lamentado por o filme ser em preto e branco. Não seria
maravilhoso ver a exótica Índia em cores? Sim, seria, mas aqui o espetáculo
fica por conta da luz e sombra. Perceba como os relâmpagos imprimem o desenho
das paredes na parte oposta da sala. Três anos antes de Bette Davis, Myrna
protagoniza uma cena sexy com George Brent e um cigarro. A luz se apaga, e o
acontece fica por conta de nossa imaginação.
Muito do visual esplêndido pode ser explicado por seu diretor, Clarence
Brown, responsável por dois dos mais belos filmes de Greta Garbo: “A Carne e o
Diabo / Flesh and the Devil” (1926) e “Anna Karenina” (1935). Clarence, que foi
muito influenciado por Maurice Tourneur, consegue fazer de Myrna uma heroína
tão bela e sedutora quanto Garbo. Obviamente, o talento da própria Myrna tem
grande importância: atriz que começou no cinema mudo, ela não precisa de
palavras para nos emocionar, e é em uma cena sem diálogos que ela de fato tem
seu melhor momento.
A Índia ainda era possessão inglesa nos anos 30 (o bom e velho Gandhi só
viria salvar a pátria em 1948). Muito do colonialismo está presente nas ações
dos personagens: por exemplo, não é muito educado ou politicamente correto
dizer que vai jogar um empregado para os crocodilos se ele desobedecer. Mas em
1939 isso até era aceitável! E aceitável também era encher atores brancos de
maquiagem para que ficassem parecidos com indianos (Tyrone Power e Maria
Ouspenskaya foram as vítimas da vez). E repare que o roteiro é construído em
cima de um romance entre pessoas de “raças” diferentes!
Vemos um pouco de vários filmes neste: o amor em um lugar exótico de “Terra
de Paixão / Red Dust” (1932), a tragédia de “San Francisco” (1936), o
sacrifício de uma aristocrata como em “Jezebel” (1938). Apesar dessas
semelhanças, é a soma dos fatores que torna “E as Chuvas Chegaram” um filme
único. Veja uma, duas, três, quatro vezes. E nunca pare de se maravilhar com a
magia que o cinema é capaz de criar.
This
is my contribution to the British Empire Blogathon, hosted by Phantom Empires and The Stalking Moon. Tea, anyone?
Não conhecia este filme, mas pela questão da chuva, lembrei de outro clássico, provavelmente você já tenha assistido "As Chuvas de Ranchipur".
ReplyDeleteAbraço e um ótimo domingo.
To sabendo desse filme agora. Valeu pela dica amigo.
ReplyDeleteah, esse filme eu vi. bem interessante. beijos, pedrita
ReplyDeleteNão conhecia o filme.
ReplyDeleteMyrna Loy como sempre divando!
Beijos <3
Não conhecia mas vou procurar,e obrigado pela dica amei.
ReplyDeleteBeijos
I say, what a nice post! Google Translate is my friend, wot?
ReplyDeleteThanks for contributing; this was a wonderful choice of film for our blogathon!
Clayton @ Phantom Empires
I enjoyed your post very much, Le! As a longtime fan of both Tyrone Power and the lovely Myrna Loy, I've been wanting to see THE RAINS CAME for a long time. I like how you discussed the qualities of the black and white cinematography, plus how the studio spent lots of money to realize the epic special effects.
ReplyDeleteThanks again for joining the blogathon!
Oi Lê! Sem dúvidas, 1939 foi "o ano" pro cinema clássico americano e nós que amamos essas produções ganhamos esses presentes eternos. Gosto demais da Myrna Loy e adoraria ver esse filme, mas tá raro a TV paga exibir os clássicos, uma vez que o TCM perdeu de vez a identidade.
ReplyDeleteO que acontece é que ....E o vento levou usurpou todas as outras produções porque foi a grande
produção, como de fato ficou comprovado, mas claro outras produções são dignas de destaque. Quem sabe eu ache o DVD e compre.
Excellent choice! I have never seen this version and it sounds yummy. Excellent post, as always, my friend.
ReplyDeleteThe character of Edwina is fascinating. Surely one of Myrna Loy's greatest roles. You chose a wonderful movie and wrote lovingly about the emotional response the movie brings to audiences. Spectacular effects and heartbreaking redemption.
ReplyDeleteThis is a movie I'm longing to see – and it appears a person can watch it on Youtube! (Yay!)
ReplyDeleteGreat review, Le. You always pick such interesting movies for these blogathons. :)
You are right, It's a great looking film and not just for the gorgeous leading couple. Great post!
ReplyDeleteVERY happy to see this is available on YouTube as I've actually never got around to watching this (too busy watching all the other 1939 releases obviously!) Nice analysis of the cinematography too, I wasn't sure it was possible for Loy to look any more beautiful, clearly I was mistaken!
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