} Crítica Retrô: E as Chuvas Chegaram / The Rains Came (1939)

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Saturday, November 15, 2014

E as Chuvas Chegaram / The Rains Came (1939)

O que alguns astros e estrelas estavam fazendo em 1939, considerado o melhor ano do cinema? Bem, Vivien Leigh, Clark Gable, Olivia de Havilland e Leslie Howard filmavam “E o Vento Levou / Gone with the Wind”, Garbo ria em “Ninotchka”, Judy Garland percorria uma estrada de tijolos amarelos e Joan Crawford, Norma Shearer e grande elenco feminino lutava com garras vermelhas em “As Mulheres”. E o que fazia, por exemplo, Myrna Loy? Além de protagonizar mais um filme da série The Thin Man, Myrna ainda teve tempo de ir à Índia (cenográfica, isto é) se envolver com Tyrone Power em “As Chuvas Chegaram”. 
Tyrone Power é o Major Rama Safti, um médico indiano de turbante e bigode. A época das monções se aproxima em Ranchipur e, ao contrário dos aristocratas ingleses, Rama e seu amigo pintor Tom Ransone (George Brent) não pretendem abandonar o local quando a população mais precisa de ajuda. Quem também vai contra a família aristocrata é Fern Simon (Brenda Joyce), uma jovem que pede ajuda a Tom para fugir de casa.
Em uma festa, Tom Ransome encontra uma velha amiga, Edwina Esketh (Myrna Loy), agora casada com um homem velho, gordo, manco e preconceituoso (Nigel Bruce). Há um pouco de romance (não um triângulo amoroso, mas algo muito mais complexo) e muita, muita destruição.
Quem disse que “E o Vento Levou” foi o único épico lançado em 1939? A Fox não poupou despesas para “E as Chuvas Chegaram”, gastando meio milhão de dólares na construção dos cenários (75 mil só para o palácio) e outro meio milhão para as cenas de desastre que são, de fato, impressionantes. Graças a esse esforço, este filme ganhou o primeiro Oscar de Efeitos Especiais da história.
Muitos devem ter lamentado por o filme ser em preto e branco. Não seria maravilhoso ver a exótica Índia em cores? Sim, seria, mas aqui o espetáculo fica por conta da luz e sombra. Perceba como os relâmpagos imprimem o desenho das paredes na parte oposta da sala. Três anos antes de Bette Davis, Myrna protagoniza uma cena sexy com George Brent e um cigarro. A luz se apaga, e o acontece fica por conta de nossa imaginação.
Muito do visual esplêndido pode ser explicado por seu diretor, Clarence Brown, responsável por dois dos mais belos filmes de Greta Garbo: “A Carne e o Diabo / Flesh and the Devil” (1926) e “Anna Karenina” (1935). Clarence, que foi muito influenciado por Maurice Tourneur, consegue fazer de Myrna uma heroína tão bela e sedutora quanto Garbo. Obviamente, o talento da própria Myrna tem grande importância: atriz que começou no cinema mudo, ela não precisa de palavras para nos emocionar, e é em uma cena sem diálogos que ela de fato tem seu melhor momento.
A Índia ainda era possessão inglesa nos anos 30 (o bom e velho Gandhi só viria salvar a pátria em 1948). Muito do colonialismo está presente nas ações dos personagens: por exemplo, não é muito educado ou politicamente correto dizer que vai jogar um empregado para os crocodilos se ele desobedecer. Mas em 1939 isso até era aceitável! E aceitável também era encher atores brancos de maquiagem para que ficassem parecidos com indianos (Tyrone Power e Maria Ouspenskaya foram as vítimas da vez). E repare que o roteiro é construído em cima de um romance entre pessoas de “raças” diferentes!
Vemos um pouco de vários filmes neste: o amor em um lugar exótico de “Terra de Paixão / Red Dust” (1932), a tragédia de “San Francisco” (1936), o sacrifício de uma aristocrata como em “Jezebel” (1938). Apesar dessas semelhanças, é a soma dos fatores que torna “E as Chuvas Chegaram” um filme único. Veja uma, duas, três, quatro vezes. E nunca pare de se maravilhar com a magia que o cinema é capaz de criar.
This is my contribution to the British Empire Blogathon, hosted by Phantom Empires and The Stalking Moon. Tea, anyone?

13 comments:

  1. Não conhecia este filme, mas pela questão da chuva, lembrei de outro clássico, provavelmente você já tenha assistido "As Chuvas de Ranchipur".

    Abraço e um ótimo domingo.

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  2. To sabendo desse filme agora. Valeu pela dica amigo.

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  3. ah, esse filme eu vi. bem interessante. beijos, pedrita

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  4. Não conhecia o filme.
    Myrna Loy como sempre divando!
    Beijos <3

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  5. Não conhecia mas vou procurar,e obrigado pela dica amei.
    Beijos

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  6. I say, what a nice post! Google Translate is my friend, wot?

    Thanks for contributing; this was a wonderful choice of film for our blogathon!

    Clayton @ Phantom Empires

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  7. I enjoyed your post very much, Le! As a longtime fan of both Tyrone Power and the lovely Myrna Loy, I've been wanting to see THE RAINS CAME for a long time. I like how you discussed the qualities of the black and white cinematography, plus how the studio spent lots of money to realize the epic special effects.

    Thanks again for joining the blogathon!

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  8. Oi Lê! Sem dúvidas, 1939 foi "o ano" pro cinema clássico americano e nós que amamos essas produções ganhamos esses presentes eternos. Gosto demais da Myrna Loy e adoraria ver esse filme, mas tá raro a TV paga exibir os clássicos, uma vez que o TCM perdeu de vez a identidade.
    O que acontece é que ....E o vento levou usurpou todas as outras produções porque foi a grande
    produção, como de fato ficou comprovado, mas claro outras produções são dignas de destaque. Quem sabe eu ache o DVD e compre.

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  9. Excellent choice! I have never seen this version and it sounds yummy. Excellent post, as always, my friend.

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  10. The character of Edwina is fascinating. Surely one of Myrna Loy's greatest roles. You chose a wonderful movie and wrote lovingly about the emotional response the movie brings to audiences. Spectacular effects and heartbreaking redemption.

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  11. This is a movie I'm longing to see – and it appears a person can watch it on Youtube! (Yay!)

    Great review, Le. You always pick such interesting movies for these blogathons. :)

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  12. You are right, It's a great looking film and not just for the gorgeous leading couple. Great post!

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  13. VERY happy to see this is available on YouTube as I've actually never got around to watching this (too busy watching all the other 1939 releases obviously!) Nice analysis of the cinematography too, I wasn't sure it was possible for Loy to look any more beautiful, clearly I was mistaken!

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