} Crítica Retrô: Variações sobre um mesmo tema: “Snow White” (1916) e “Blancanieves” (2012)

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Tuesday, November 11, 2014

Variações sobre um mesmo tema: “Snow White” (1916) e “Blancanieves” (2012)

Branca de Neve foi um dos contos de fada catalogados e publicados pelos irmãos Grimm em 1812. Felizmente, nenhuma versão do cinema foi fiel ao conto original, em que Branca de Neve, com apenas sete anos (!), acaba na floresta com um caçador que deveria matá-la e retirar seus pulmões e o fígado para a madrasta comer (!!). E a madrasta nunca teve um fim tão triste: no conto dos irmãos Grimm, ela é obrigada a calçar sapatos de ferro quente e dançar até a morte (!!!). A Branca de Neve como a conhecemos deve muito à peça da Broadway de 1912, e sua estrela viria a protagonizar uma adorável adaptação para o cinema quatro anos depois.

A Branca de Neve de 1916 conta a história que todos nós conhecemos: a princesa de pele branca, cabelos negros e lábios vermelhos (Marguerite Clark) sofre nas mãos da madrasta (Dorothy Cumming), que possui um espelho mágico. A madrasta manda Branca de Neve para a floresta com um caçador, que deveria matá-la, mas ele se acovarda e liberta a princesa. Branca de Neve, então, encontra a pequena moradia dos sete anões, onde é acolhida com alegria. Mas a madrasta, ao saber que a princesa está viva, tenta envenená-la com um pente (você não leu errado) e depois com uma maçã, entregue aqui por ninguém mais ninguém menos que Richard Barthelmess.


A história é muito familiar porque serviu de base para a animação de 1937. Walter Elias Disney, então com 15 anos, viu o filme nos cinemas (o filme era exibido ao mesmo tempo em quatro telas não-sincronizadas) e ficou muito impressionado. E vemos que muitas coisas foram copiadas do filme mudo, começando pelo espelho mágico que se comunica com rimas. A atriz Marguerite Clark serviu de inspiração para a versão animada de Branca de Neve (a personagem também tem alguns traços de Hedy Lamarr), e preparem-se para uma revelação surpreendente: Marguerite tinha 33 anos em 1916! Sim, como Mary Pickford, ela era uma moça baixinha que pôde interpretar crianças no cinema mesmo depois dos 30.


Blancanieves” é uma releitura espanhola e, posso dizer, feminista do conto de fadas. Carmen é filha de um toureiro, e vai morar com o pai, paralisado depois de um acidente na arena, e com a madrasta Encarna (Maribel Verdú). Encarna manda seu motorista matar a jovem Carmen (Macarena García), mas ela sobrevive, embora perca a memória. Andando pela floresta, Carmen encontra seis anões que têm um ato itinerante como toureiros. Tendo perdido a memória, ela se junta a eles e se torna a grande toureira Blancanieves... até que a rainha descobre que ela está viva, e vocês sabem o que acontece. 

Apontado e aplaudido como herdeiro direto de “O Artista” (2011), “Blancanieves” é um filme belíssimo que, como disseram os críticos, bem poderia ter sido feito pelos grandes cineastas dos anos 20 (F. W. Murnau, Frank Borzage ou Josef Von Sternberg certamente poderiam tê-lo dirigido). E uma curiosidade: apesar de ter sido concebido como um filme mudo à moda antiga, Blancanieves foi filmado em cores e a película foi descolorida digitalmente!


O diretor Pablo Berger aponta como principal influência, surpreendentemente, o diretor Tod Browning. Ele diz que o primeiro filme que viu em um cineclube foi “Monstros / Freaks” (1932), e ficou muito feliz ao descobrir que Browning concebeu a película como um filme mudo, mas teve de fazê-lo com diálogos – o oposto do que Pablo estava prestes a fazer. Ele também revelou que o que o fez continuar com o projeto, que demorou oito anos para ser completado, foi a certeza de que o filme encontraria um público disposto a vê-lo.


Ambas as películas são muito, muito belas. Quem encontra uma cópia bem preservada da Branca de Neve de 1916 não se decepciona, e fica difícil acreditar que aquelas imagens têm quase cem anos. As letras dos intertítulos são um pouco rebuscadas, mas isso não impede a leitura. Quem dá uma chance para Blancanieves não se arrepende, e se surpreende a cada minuto. As duas versões provam que Norma Desmond estava certa: Eles não precisavam de palavras em 1916. Eles tinham rostos! E, felizmente, ainda têm rostos capazes de criar obras-primas silenciosas.


O Veredicto: Tem uma tarde livre? Veja as duas Brancas de Neve!

This is my contribution to the Fairy Tale Blogathon, hosted by enchanted Fritzi at Movies, Silently. Bibidi-bobidi-boo! 

11 comments:

  1. A great post! And it ties in quite nicely with mine from the Blogathon. It was the 1916 Snow White that inspired Disney's Snow White and the Seven Dwarfs!

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  2. Adoro a branca de Neve e as novas versões estão ficando fantástica.
    Beijos
    http://pinagirlscris.blogspot.com

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  3. Thank you so much for joining in! I loved that you chose these two films. You're right, it's a powerful testament to the artistry of the silent screen.

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  4. You've sold me! I will definitely seek out both versions!

    The original Grimm's fairy tales are rather gruesome, aren't they? Cannibalism? Wearing hot iron shoes? Yikes!

    Thanks for recommending these two films. :)

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  5. You are one of a growing number of people I know who love that 2012 film. I will definitely make an effort to catch it.

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  6. I've heard a lot of good things about the 2012 Pablo Berger version (the poster is great too!) but I haven't got round to seeing it. I like the idea that it comes a bit closer to capturing the original 'dark' spirit of the Grimm tales. As much as I love a fairytale I think I'll always be drawn to the darkness as (for me) that's what is most interesting.

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  7. Le, I must admit I only saw the Disney animated version, but your version of it was fascinating to watch! Thanks for giving me more information about this version! :-D

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  8. Hi Lê. That was a good idea to talk about the two versions. I enjoyed the Marguerite Clark. I haven't seen Blanca Nieves yet. You make me want to see it even more. Thank you for sharing with all of us.

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  9. Snow White as a bullfighter? I love this idea. I have to see this movie:) Leah

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  10. I like that you compared both versions, too. I've seen both, and each stands on its own as a fun film to be enjoyed.

    You're right that Marguerite Clark conveyed a sweet girlish at her age. Your Pickford comparison is very apt!

    Thanks for the enjoyable post!

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  11. E eu que achei que tinha visto quase todas as versões de branca de neve existentes, rsrs. Ótimo post, como sempre <3

    Beijos, Pri
    vintagepri.blogspot.com

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