} Crítica Retrô: Um perfil de Emil Jannings

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Tuesday, February 3, 2015

Um perfil de Emil Jannings

Hoje Emil Jannings é mais lembrado por ter sido o primeiro ganhador do Oscar de Melhor Ator, em 1929. Mas Jannings foi um homem de muitas honras: contracenou com Pola Negri, Marlene Dietrich, Conrad Veidt e Lya De Putti. Foi dirigido por Josef von Sternberg, Ernst Lubitsch, Paul Leni, King Vidor e F. W. Murnau. Chegou a ser considerado o melhor intérprete do mundo. Sua queda foi vertiginosa e muito triste por ter se ligado à pior política do século XX. Mas os verdadeiros fãs do bom cinema saberão apreciar o talento deste homem inconfundível.  
Começamos destruindo um mito: Jannings não era alemão. Theodor Friedrich Emil Janenz nasceu na Suíça em 1884. Pouco encontrei sobre sua infância e juventude, a não ser a informação de que seu pai era americano. Aos 30 anos, em 1914, estreou no cinema e em 1918 já estava com Pola Negri e Ernst Lubitsch trabalhando em “Olhos da Múmia”, em que interpreta um árabe vingativo. Sua carreira oscilou entre papéis de vítima e de vilão.
Com “A Última Gargalhada” (1924), F. W. Murnau provou que o bom cinema não dispensava apenas diálogos, mas toda e qualquer palavra. Porque os únicos escritos em quase 90 minutos de projeção são o título do filme, o nome do diretor e do ator principal. É um filme psicodélico e cheio de significado, que parte da simples figura de um porteiro de hotel cuja profissão, única glória e alegria, lhe é tirada.
Fausto, 1926
A biógrafa de Rin Tin Tin (porque, sim, o astro canino tinha uma biógrafa) afirma que foi Rin Tin Tin o ganhador do primeiro Oscar de Melhor Ator, em 1929. A maioria dos votos era do cachorro mais popular das telas. Entretanto, receando que, se o prêmio recém-criado fosse entregue a um astro de quatro patas, o Oscar nunca seria levado a sério, a Academia entregou o troféu ao segundo colocado, este humano: Emil Jannings. Para Rin Tin Tin sobrou a honra de morrer no colo de Jean Harlow (quem não iria querer morrer naquele colo?).
Mas Jannings mereceu o Oscar. Posso ser parcial ao falar isso, porque “A Última Ordem / The Last Command” (1928) é um dos meus filmes mudos favoritos, mas a atuação de Jannings é ESPETACULAR. Uma imagem vale mais que mil palavras, e nem três trilhões de artigos como este seriam suficientes para descrever o real valor deste filme e da atuação de seu protagonista. Um ex-guarda do czar, agora radicado em Hollywood, tem a oportunidade de reviver seu passado ao trabalhar como extra em um filme sobre a Rússia.
Entretanto, Jannings não ganhou o Oscar apenas por sua atuação primorosa em “A Última Ordem”. No primeiro ano do prêmio, a Academia permitiu que a indicação fosse feita considerando o trabalho do ator / atriz em múltiplos filmes do ano anterior. E aqui entra uma curiosidade triste: Jannings é o único ator já indicado ao Oscar cujo filme que lhe valeu a indicação (e a vitória) está perdido. “Tortura da Carne / The Way of All Flesh” (1927). Mas há quem dê esperanças de existir uma cópia dele por aí.
Falando em filmes perdidos, Jannings também foi a estrela de “O Patriota” (1928) foi dirigido por King Vidor e só pelo trailer que sobrou dá para perceber que era maravilhoso. Tomara que seja encontrada alguma cópia dele nos porões de algum lugar do mundo!
A era do cinema mudo acabava e Jannings já colecionava glórias e elogios. Ainda viria seu filme mais famoso, e sua ainda mais famosa derrocada. Com a chegada do som em Hollywood, ele voltou para a Alemanha. Ele e Von Sternberg, diretor de “A Última Ordem”, se reuniram para mais uma obra-prima: “O Anjo Azul”, de 1930, em que Jannings interpreta o professor Rath, que se apaixona pela cantora Lola Lola (Marlene Dietrich), uma femme fatale primitiva.
“O Anjo Azul” foi proibido quando os nazistas chegaram ao poderem 1933. Marlene Dietrich sairia definitivamente da Alemanha. Josef von Sternberg, nascido na Áustria, também não mais pisaria em solo alemão. E aqui Jannings cometeu seu grande erro: seguiu trabalhando para o cinema de propaganda nazista, tendo a seu lado, por exemplo, a ex-esposa de Fritz Lang, Thea von Harbou.
Emil Jannings morreu em 2 de janeiro de 1950. Nunca conseguiu se livrar da mácula que foi ter trabalhado para o Terceiro Reich. Entretanto, seus filmes estão aí para provar que o talento de Emil Jannings foi muito maior que seu maior erro.

This is my first contribution to the 31 Days of Oscar Blogathon, hosted by mighty trio Aurora, Kellee and Paula at Once Upon a Screen, Outspoken & Freckled and Paula’s Cinema Club.

7 comments:

  1. I honestly had no prior knowledge of Emil Jannings before reading your post. Very interesting. And to imagine 'winning' your Oscar because of 'losing' to a dog? Seems almost bittersweet. Fun, informative post. Thanks again for joining our blogathon, Le!!

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  2. Olá! Olha eu aqui novamente te convidando para nossa tradicional blogagem coletiva cinéfila, o Bolão do Oscar do "DVD, Sofá e Pipoca". Não deixe de dar seus palpites, as regras estão aqui!

    Boa sorte!
    Fabiane Bastos, em nome das Blogueiras do Sofá!

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  3. A very fine actor who always impresses me, even if I don't particularly enjoy the film (Faust). "The Last Command" is magnificent. Thank you for the interesting background on this controversial figure.

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  4. muito bacana este post... curiosidades bem interessantes sobre esse importante ator e sobre o Oscar.

    o único filme que assisti dele foi 'a última gargalhada', uma experiência inesquecível.

    e essa história de filmes perdidos? tomara que sejam encontrados! é praticamente uma caça ao tesouro.

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  5. Menina, seu blogue está muito bom. Cheio de informações valiosas. Bjs

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  6. Magnífica postagem! Vai me ajudar na que escreverei sobre Jannings. Sou fã dele. Tenho 10 filmes seus e são todos incríveis. Magnífico sempre em qualquer papel, destaco seu vigor em Anna Bolena (1920), Quo Vadis (1925), Varieté – A Tragédia de um Artista (1925) e Fausto (1926). Como você, amo A Última Ordem (1928). Obra-prima!

    Obrigado por algumas informações que desconhecia: o Oscar para Rin Tin Tin (será real? Que doideira!), o mesmo morrendo no colo da divina Jean Harlow e o desaparecimento de Tortura da Carne (1927) e “O Patriota” (1928).

    Embora tenha manchado sua biografia com o envolvimento nazista, Jannings até 1945 não parou de filmar na Alemanha, em grandes produções. Sou louco para vê-las! Li também que o ingles de Jannings era ruim, além do carregado sotaque germânico, dificultando a possibilidade de uma carreira em Hollywood no cinema falado.

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