Um amor nerd na vida é tudo que
queremos? Talvez hoje, para algumas pessoas, sim. Mas ver um amor nerd em um
filme de 1945 é meio estranho, não acham? Mas é uma comédia, e o jeito nerd e
peculiar do casal é perdoado quando descobrimos que as estrelas deste filme
delicioso são Spencer Tracy e Katharine Hepburn, talentosos, apaixonantes e
apaixonados.
O
cientista Pat Jamieson (Tracy) chega à casa de Jamie Rowan (Hepburn) por acaso.
Ele é levado até lá pelo
primo bêbado da moça, Quentin (Keenan Wynn) e no dia seguinte se apresenta a
Jamie como candidato a novo caseiro. Ela logo descobre a farsa, mas aceita que
Pat cuide da casa porque ele é filho de um velho amigo do pai dela, já
falecido. Pat usa o porão para uma experiência do exército, e em pouco tempo
ele recebe ajuda de Jamie, uma entusiasta da ciência.
A ajuda, entretanto, é muito
mais do que se esperava. Pat não ganha uma assistente, mas sim uma esposa. O
jeito de Jamie propor casamento é dos mais originais da história. É algo
simples, é uma parceria, e há uma única condição: será um casamento sem amor.
Pat foi iludido pela única mulher por quem se apaixonou, Lila, e Jamie foi
muito feliz com o marido, mas uma tragédia a deixou viúva. O casamento de Pat e
Jamie é um negócio, é pelo bem da ciência, é fundamental para a criação de uma
máscara de oxigênio para o exército!
Talvez este próximo parágrafo
pareça um sacrilégio para os fãs de cinema clássico, mas vou arriscar. O
relacionamento sem amor entre dois cientistas me lembrou instantaneamente do
relacionamento peculiar entre Sheldon e Amy na série The Big Bang Theory. O
humor, o contrato de relacionamento, os passos lentos até o primeiro beijo, a
colaboração científica: são muitas as coisas em comum com os casais “Shamy” e
“Patie”!
Talvez o nome do roteirista lhe
seja familiar. Donald Ogden Stewart foi o responsável pela volta triunfal de
Katharine Hepburn ao cinema, três anos após ela ser chamada de “veneno de
bilheteria”. Donald adaptou a peça “Núpcias de Escândalo / The Philadelphia
Story”, e o roteiro deu origem ao filme protagonizado por Hepburn, James
Stewart e Cary Grant em 1941. Philip Barry, autor da peça “The Philadelphia
Story”, também escreveu a peça “Without Love”, e Hepburn também a representou
nos palcos em 1942.
Esta é uma comédia com bons
momentos. E, quando se fala em comédia americana, não se pode esquecer Lucille
Ball, que tem aqui um papel de coadjuvante: a irônica corretora de Jamie, Kitty
Tremble. Linda, chique e muito bem-sucedida, Kitty tem frases de efeito,
bom-humor, independência e um jogo de gato e rato com Quentin.
Aos 38 anos, Katharine Hepburn
apresenta um brilho no olhar nunca visto em toda sua carreira. Repare em quando
ela fala do marido morto e nos momentos de testar a invenção genial. Repare no
instante em que ela fica com lágrimas nos olhos, usando um vestido maravilhoso
com listras brilhantes. Pense no contexto do filme: tudo ali agradava Hepburn.
O fato de interpretar uma mulher forte, porém com sentimentos, uma cientista
inteligente e determinada, o fato de trabalhar com Donald Ogden Stewart e,
claro, seu amado Spencer Tracy. Tudo apontava para um filme inesquecível,
embora este não seja o mais memorável dos nove protagonizados pela dupla
Hepburn-Tracy.
Arte de Jacques Kapralik para o filme |
Em 1942 Spencer Tracy e
Katharine Hepburn fizeram seu primeiro filmes juntos, “A Mulher do Dia / Woman
of the Year”, e se apaixonaram. Em 1967, pouco antes de Tracy falecer, eles
estrelaram no último filme juntos, “Adivinhe quem vem para jantar? / Guess who’s
coming to dinner”. Foram 25 anos de um relacionamento bonito, difícil e
inspirador. Kate e Spence passaram um quarto de século em uma relação que pode
ser definida com muitos adjetivos – mas nunca com “sem amor”.
This is my contribution to the Second Annual Great Katharine Hepburn Blogathon, hosted by Kate expert Margaret Perry.
And everybody won a prize in the end!
deve ser legal. beijos, pedrita
ReplyDeleteBeautiful tribute to Kate and her her delicious partnership with Mr. Tracy. Loved it.
ReplyDeleteThe analogy you used re: Sheldon and Amy from Big Bang Theory is perfect!! I'm not sure I would have thought of that.
ReplyDeleteLe, it's been a long time since I've seen this film. Time to see it again!
I remember loving this film, though it is a long time since I saw it. Tracy and Hepburn are a great combination! Enjoyed your piece a lot.
ReplyDeleteGreat review, especially that beautifully expressed final line. Love the idea of the two of them in a nerd film--I can totally see that. I'll have to check it out.
ReplyDeleteBoa nostalgia
ReplyDeleteWonderful review, and I loved your comparison of Tracy and Hepburn's relationship to that of the "Big Bang Theory" couple. Lots of fun to read!
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ReplyDeletethank you
سعودي اوتو
Ola querida Lê,adoráveis astros,dupla que jamais esqueceremos por seus filmes românticos e encantadores.Foi coincidência a postagem do filme e a data de aniversário de FRED.Vejo que teu grau de pesquisa e informaçâo esta bem além do que eu possa imaginar.Parabéns pela ótima postagem,gostei demais.Meu maior abraço.SU.
ReplyDeleteWonderfull post! Kate was amazing, wasn't she? Nice details here. Seemed like an odd premise of a plot when I first saw it. But it's grown on me me since- mostly due to that Spencer & Kate chemistry.
ReplyDeleteAiii adorei o post! Assisti Núpcias de um Escândalo a um tempão. Lembro que escolhi pois tinha James Stewart (bem novinho) e me surpreendi positivamente com Katharine. E pela tua descrição, vi bastante coisas em comum com Sheldon e Amy, não achei nenhum sacrilégio a comparação, hehehehe. Fiquei bem curiosa pra assistir, uma mulher nerd na década de 40, é no mínimo transgressor. E isso é fascinante! Beijoca!
ReplyDeleteOi!
ReplyDeleteAmei seu blog! Esse filme é ótimo - graças a Kate & Spence, e à Lucy, é claro!
E adorei a comparação com Shamy :)