O ano é 1947. Desde 1944 Bing Crosby detinha o
título de ator com maior sucesso de bilheteria. Em uma situação muito confortável,
ele fez com seus parceiros Bob Hope e Dorothy Lamour o quinto dos sete filmes
da série “Road to...”, que misturavam comédia, romance e musical em
cenários exóticos. Desta vez os três astros iriam para o Rio de Janeiro, e o
resultado, além de um filme divertidíssimo, é a imagem mais fiel do Brasil
pintada pela era de ouro dei Hollywood.
É como Crosby, junto com as Andrews Sisters,
canta sobre o Brasil: não é preciso entender a língua para compreender o que
acontece aqui. Bastam a lua, o céu e uma garota nos seus braços. Aí é só olhar
fundo nos olhos dela e as palavras serão supérfluas. Mas o riso é garantido.
Scat Sweeney (Bing Crosby) e ‘Hot Lips’ Barton
(Bob Hope) estão atrás de mulheres. A busca da dupla já terminou com tiros e
homens irados em diversos estados dos Estados Unidos, e a nova empreitada deles
também é um fracasso: eles fazem, literalmente, um circo pegar fogo. Na fuga
desesperada, eles entram como clandestinos no navio “Queen of Brazil”.
No navio viajam Lucia Maria de Andrade (Dorothy
Lamour), sua tia / guardiã / hipnotizadora Catherine Vail (Gale Sondergaard) e
mais uma galeria de personagens com alto potencial cômico, incluindo uma banda.
Metade do filme se passa neste trajeto que por vezes fica lento, mas nunca
cansativo.
Eles são recebidos no Brasil com a mesma música
que recebeu o pato Donald cinco anos antes: “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. A música, só instrumental, sem letra, também acompanha os créditos
iniciais, quando os nomes do trio protagonista aparecem dançando sobre a
paisagem de Copacabana.
Felizmente, não há os absurdos costumeiros que
vemos quando o Brasil é mostrado no cinema de Hollywood. Não há macacos nem
papagaios nas ruas e as pessoas não falam espanhol. Bing Crosby, para surpresa
geral, pronuncia até muito bem algumas frases em português. É incrível pensar
que cenários tão realistas, como a roda de samba, o hotel e a mansão que
aparece no final do filme, foram todos construídos nos estúdios Paramount, mas,
obviamente, com boa pesquisa prévia. Observe as roupas dos músicos, os
instrumentos e até os cartazes em português!
E são os Wiere Brothers, também falando um
pouco de português, que roubam a cena. Os três irmãos Wiere nasceram na Europa,
durante as muitas viagens teatrais dos pais, e foram para os Estados Unidos na
década de 1930, mas fizeram poucos filmes. Os palcos continuaram sendo sua
morada.
A maioria das piadas vem de diálogos
espirituosos, mas há duas longas sequências mudas: na primeira, Hope e Crosby
se passam pelo barbeiro e pelo engraxate do navio, e destroem o bigode de um
passageiro; e na segunda há uma confusa troca de chapéus, no melhor estilo
comédia pastelão / slapstick comedy.
Talvez “Road to Rio” não seja um filme
realmente especial. Mesmo assim, foi o sexto maior sucesso de bilheteria de
1947, arrecadando o equivalente a 4,5 milhões de dólares. É uma comédia
excelente, do tipo que não é mais feito na atualidade, e que consegue ser ao
mesmo tempo um pouquinho apimentada e inteligentemente inocente. Porque é essa
mágica que o Rio de Janeiro fez com Crosby, Hope e Lamour.
This
is my contribution to the 1947 blogathon, hosted by Karen at Shadows and Satin and Kristina at Speakeasy.
acho q vi trechos. não sei se nesses filmes que falavam de hollywood. eu tb falei essa semana de um filme antigo no meu blog. beijos, pedrita
ReplyDeleteOi Lê!
ReplyDeleteNão conhecia esse filme, fiquei curioso para assistir! Será que temos disponível no mercado brasileiro? Não me lembro de tê-lo visto em parte alguma. Uma Pena!
Grande Abraço!
Thank you for picking this movie -- I've never seen it, but recently heard a podcast on Crosby and Hope that made me interested in checking it out. It sounds like it's a lot fun -- and Hope, Crosby, and Lamour make a great team! Thanks so much for contributing to the blogathon!
ReplyDeleteI enjoyed the focus on Brazil - it's a country that has long been a symbol of escape for American film and music. I'm not a fan of Hope-Crosby pictures, but I like your perspective and reason for choosing the film.
ReplyDeleteI love Bing Crosby but still haven't seen any of the Road movies - will hope to do so soon and catch up with this one. I enjoyed your piece, Le!
ReplyDeleteI remember the part with the circus and Bob Hope's antics, so funny. I want to watch this movie again soon! Thanks for writing about it!
ReplyDeleteLove the Road movies and glad you included this one for the blogathon :) Thanks!
ReplyDeleteHow wonderful of you to choose "Road to Rio". It is such fun to watch. Gale Sondergaard is a hoot with her patented villain role. The songs are terrific, especially "But Beautiful". Very entertaining movie and article.
ReplyDeleteMore proof that whatever Hope touched in those days turn to gold--whether the material was good or not. I liked how you added your perspective about the authenticity (or lack thereof) of the setting, especially considering your location. Nice touch! =)
ReplyDeleteThis IS a great film- but you know I though it was older than 1947, perhaps that's because it's such a classic comedy it's hard to date. Well, you learn something every day!
ReplyDeleteThis is one of the "Road" movies I haven't seen, and you've made me anxious to see it. (I think I have this copy in my collection, for pete sake!)
ReplyDeleteI was pleased to read that filmmakers attempted to make the film authentic by the use of the sets and actors speaking Portuguese. :)
I've nominated you for a Liebster Award! Congrats! For the details, click on this link : https://thewonderfulworldofcinema.wordpress.com/2015/07/17/2nd-liebster-award-for-the-wonderful-world-of-cinema/
ReplyDeleteLee, I love Hope and Crosby, and this was one of my favorite of the Road pictures
ReplyDelete"é a imagem mais fiel do Brasil pintada pela era de ouro de Hollywood." Me ganhou aqui, Lê! hahaha Sério, é tão triste ver o Brasil todo deturpado nos filmes, né? Mas enfim, encontrei ele completo no youtube, vou guardar o link pra assistir qualquer hora dessas!
ReplyDeleteBeijos!
<3
Procurando por blogs de cinema, encontrei, dentre vários, o seu. Que descoberta! Está sendo um prazer viajar junto contigo por entre o cinema clássico. Essa postagem em questão, sobre "A Caminho do Rio" é muito boa em ressaltar que abordagem do filme passa longe da ofensa ao Brasil, algo que sempre acontece, até mesmo sem querer.
ReplyDeleteNão tenho muito a acrescentar pois ainda não vi, mas você me deixou curioso ^^
Eu tenho um blog modesto de cinema alternativo chamado "Cronologia do Acaso", caso se interesse. Aliás, procurando por trabalhos feitos com o coração, como o seu, para recomendar.
Grande abraço!
http://cronologiadoacaso.com.br/
Não conhecia o filme, obrigada pela dica.
ReplyDeleteDorothy sempre linda né?
Procurarei o filme.
Beijos <3