} Crítica Retrô: Tudo Começou no Trópico / Swing High, Swing Low (1937)

Tradutor / Translator / Traductor / Übersetzer / Traduttore / Traducteur / 翻訳者 / переводчик

Páginas

Sunday, March 13, 2016

Tudo Começou no Trópico / Swing High, Swing Low (1937)

Você gosta de ver duas pessoas se apaixonando, e depois enfrentando os desafios do relacionamento? Eu não gosto, mas mesmo assim dei uma chance a “Tudo Começou no Trópico / Swing High, Swing Low”, de 1937. E sabe por quê? Porque eu adoro analisar representações de países tropicais e seus habitantes em filmes antigos. Normalmente esta representação não é muito lisonjeira, e aqui não foge à regra.
Maggie (Carole Lombard) trabalha como cabeleireira em um navio que está cruzando o canal do Panamá rumo ao Hemisfério Sul. É observando o funcionamento do canal que ela conhece o soldado Skid (Fred MacMurray), que está prestes a pedir dispensa do exército. Quando Maggie e sua amiga chegam na Cidade do Panamá e vão fazer um passeio, o guia turístico que elas encontram é justamente Skid.
A barraca em que Skid as leva para comer lagosta tem ares de cais orientais, como vemos em “O Véu Pintado / The Painted Veil” (1934) e “Mares da China / China Seas” (1935). Quando os panamenhos falam espanhol e Maggie não entende, é o diálogo de reclamação dela que se sobrepõe à fala dos nativos. É mais importante ouvir a incompreensão dos norte-americanos do que a língua falada pelos habitantes locais.
Em seguida, Skid e Maggie vão a um bar com música ao vivo, onde ela é importunada por um Anthony Quinn muito jovem, com quem Skid briga. A confusão leva o casal a passar uma noite na cadeia (nas comédias românticas dos anos 30 todo mundo é preso pelo menos uma vez) e, quando são soltos, veem que o navio de Maggie já zarpou.
Morando na cabana tropical rústica de um amigo de Skid, ele e Maggie vão procurar trabalho, e ela logo consegue ocupação para ambos em um clube. Para isto, entretanto, ela precisa mentir que eles são recém-casados.
Skid toca trompete na banda, e Maggie é dançarina no clube. Outra dançarina e cantora é Anita Alvarez (Dorothy Lamour), a estrela do show e antiga namorada de Skid. Logo Maggie e Skid terão uma chance de chegar ao centro do palco quando começarem a compor suas próprias músicas.
Dorothy Lamour sofreu da maldição que todas as mulheres exóticas sofrem em Hollywood: mesmo se nascidas nos Estados Unidos, elas são sempre associadas a pequenos papéis de sedutoras estrangeiras. A própria associação com sedução e pecado começa na escolha do nome artístico de Mary Leta Dorothy Slaton, Miss New Orleans 1931. Sim, a primeira associação é com a palavra francesa “l'amour”, embora outras fontes garantam que Dorothy teria se inspirado no sobrenome de seu padrasto, Lambour, para escolher seu nome artístico.
A carreira de Dorothy foi marcada por um sarongue que ela usou em seu primeiro sucesso como protagonista: “A Princesa da Selva”, de 1936. Papel semelhante de nativa ela teve em “O Furacão” (1937), uma obra subestimada de John Ford, com ótimos efeitos especiais e excelentes atuações. Dorothy também ficou conhecida por atuar ao lado de Bob Hope e Bing Crosby na série de filmes “Road to...”, e até interpretou uma brasileira em “A Caminho do Rio / Road to Rio” (1947).
Apesar de o filme ser previsível, há uma reviravolta perto do final que surpreende positivamente: tendo muito sucesso como trompetista, Skid precisa enfrentar seus velhos vícios no jogo e na bebida. Sua decadência está ligada à figura de Anita, a dançarina femme fatale, e garante bons momentos dramáticos para Fred MacMurray. Quem perdeu com a reviravolta foi Dorothy Lamour e todas as mulheres latinas, desde sempre e talvez para sempre associadas ao pecado e à tentação.
This is my contribution to the Dorothy Lamour Blogathon, hosted by Ruth at Silver Screenings and Maedez at Font and Frock.

3 comments:

  1. I had to laugh when you said everyone in 1930s screwball comedies spends at least one night in jail. So true!

    It's always good to get your perspective on films, Le, and it's not just because of where you live. You seem to always get to the heart of the film and look at things I've never thought of. I've not seen this film, but I will keep your points in mind when I find it.

    Thanks for joining the Dorothy Lamour blogathon! :)

    ReplyDelete
  2. It's been a while since I saw this movie but even though I like the actors, I didn't really like the movie. To be honest, I didn't remember that Lamour was IN the movie! That's interesting about her last name!

    ReplyDelete
  3. Hi again, Le! I remember this post from the Dorothy Lamour Blogathon, and you make excellent points about the stereotypical foreign woman luring the good American male into a wayward life. Very well said.

    ReplyDelete