} Crítica Retrô: Variações sobre um mesmo tema: 12 Homens e uma Sentença (1957 e 1997)

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Thursday, March 30, 2017

Variações sobre um mesmo tema: 12 Homens e uma Sentença (1957 e 1997)

Variations on the same theme: 12 Angry Men (1957 & 1997)

Quando os remakes são necessários? Eu costumava achar que remakes nunca eram necessários – até ver o filme feito para a TV “12 Homens e uma Sentença”, de 1997. Sim, é exatamente igual ao filme de 1957, e Jack Lemmon era basicamente minha única razaão para vê-lo. Mas ver este filme me deu a reposta para minha questão inicial: remakes são necessários para contar grandes histórias para as novas gerações.

When are remakes necessary? I used to think that remakes are never necessary – until I saw the 1997 TV movie “12 Angry Men”. Sure, it is exactly like the 1957 movie, and Jack Lemmon was basically my only reason to see it. But it made gave me an answer for my initial quesiton: remakes are necessary to tell great stories to younger generations.
O próprio filme de 1957 é um remake de um filme para a TV feito  em 1954. Isto significa que a versão de 1997 significou apenas que a história voltou às origens – mas, desde vez, a cores. E as cores são, de fato, o elemento principal aqui.

The 1957 film is itself a remake of a 1954 TV attraction. It means that the 1997 version is only the story coming back to its origins – but, this time, in color. And color is, indeed, the main element here.
A trama se desenrola em um único ambiente – a sala em que os jurados estão reunidos para decidir o veredicto – e a exigência principal é que nós, enquanto espectadores, sintamos como o lugar é claustrofóbico. Neste sentido, a versão de 1957 funciona melhor: o suor em preto e branco fica mais evidente, e todo o ambiente parece mais opressivo que em 1997.

The story unfolds in only one environment – the room in which the jury is left to decide the verdict – and a main exigence is that we, as viewers, must feel how claustrophobic the place is. In this sense, the 1957 version works better: sweat in black and white appears better, and the whole environment seems more oppressive than it did in 1997.
E então chegamos à cor da pele. Na versão de 1997 temos quatro jurados negros, entre jovens e velhos. Na de 1957, você pode adivinhar: não há nenhum. E tem mais: em 1997  o próprio acusado é negro. Em 1957 ele apenas vem de um bairro pobre, e é de origem filipina.

And then we come to skin color. In the 1997 version, there are four black jurors, old and young. In the 1957 version, you guessed: not even one. And there is more: in the 1997 version the accused is himself black. In the 1957 one he only comes from the slums and is Filipino.
Ainda mais interessante que o componente racial é a idade, especificamente na versão de 1997. Nesta, a idade dos jurados varia muito, enquanto na de 1957 eles parecem regular em idade. Na versão mais recente, temos Hume cronyn como o jurado mais velho, Jurado nº 9, e ele é abertamente desrespeitado. Ele é quase careca e usa uma bengala – e também é sempre interrompido quando tenta dar sua opinião na primeira meia hora do filme. É preciso que Jack Lemmon, como o Jurado nº 8, o defenda e exija que os outros o deixem falar. E aí é formada uma conexão instantânea entre eles.

Even more interesting than the race component is the age, especifically in the 1997 version. In it, the jurors' age vary a lot, while in the 1957 version they looked basically the same age. In the most recent version, we have Hume Cronyn as the oldest juror, Juror #9, and he is by far the most disrespected. He is nearly bald and walks with a cane – and is also interrupted whenever he tries to give his opinion in the first half an hour or so. It takes Jack Lemmon, as Juror #8, to stand for him and ask the others to let him talk. A connection is then instantly formed between the two.
O jurado que aparenta menos idade é o que mais desrespeita os outros, incluindo o nº 8: ele desconsidera as ideias de Jack Lemmon e tenta confrontá-lo no banheiro. Era de se esperar que os jurados mais jovens tivessem a mente mais aberta, e é o oposto que ocorre. É mais fácil para os jurados mais velhos serem empáticos com o acusado, com uma exceção: George C. Scott como o Jurado nº 3 será difícil de convencer porque ele está julgando o caso de maneira emocional.

The juror who looks the youngest is the most disrespectful towards the others, including #8: he takes Jack Lemmon's ideas for granted and tries to confront him in the bathroom. We were expecting the youngest jurors to be more open-minded, and the opposite happens. It's easy for the older jurors to feel empathy for the accused, withone exception: George C. Scott as Juror #3 will be difficult to convince because he's using his emotions to judge the case.
Com remakes focados só em mulheres, como o remake de “Ghostbusters” de 2016 e o futuro remake de “11 Homens e um Segredo”, eu não pude parar de pensar em uma nova versão da história: o filme “12 Mulheres e uma Sentença”. Bem, o próprio título não é muito bacana, porque soa como uma comédia misógina. Mas o sexismo vai mais fundo aqui: eu acho que nunca haverá uma versão toda feminina do filme porque nem na vida real as pessoas aceitariam bem um júri só de mulheres – exceto em casos em que isto é uma estratégia da defesa ou da acusação. Em outros casos haveria protestos, e pessoas dizendo algo estúpido como “mulheres sozinhas não podem julgar um caso porque elas serão guiadas pela emoção e não pela razão”.

With the many women-focused remakes, like the “Ghostbusters” one in 2016 and the upcoming “Ocean’s Eleven”, I couldn’t stop thinking about a new version of the story: a “12 Angry Women” film. Well, the title itself is not encouraging, because it sounds like a stupid misogynistic comedy. But the sexism is even deeper here: I think there will never be an all-female version of the movie because not even in real life people would accept an all-female jury – except when it's part of the defense's or the prosecution's strategy. In other cases there would be protest, with people saying something stupid like “women alone can’t judge a case because they’d be driven by emotion and not reason”. 
Jack Lemmon foi, sem dúvida, a alma do filme – assim como Fonda foi da versão de 1957. Ele não é um herói perfeito: ele vota em “inocente” não porque ele acredita na inocência do réu, mas sim porque não está convencido de sua culpa. Ele acredita que o caso deve ser analisado com cuidado, afinal, eles estão decidindo se um jovem vai ou não receber a pena de morte! Ele é apenas justo, ele é apenas humano – e o faro de que um personagem assim seja considerado um herói e uma inspiração nos diz muito sobre a corrupção já enraizada na sociedade.

Jack Lemmon was, without a doubt, the heart and soul of this movie – just like Fonda was in the 1957 version. He is not a flawless hero: he votes “not guilty” not because he is sure of the  innocence of the accused, but because he is not either sure of his guilt. He thinks the case must be thought over, after all, they could be sending a young man to the death row! He is only fair, he is only human – and yet the fact that such a character is considered a hero and an inspiration tells a lot about how corrupt society is becoming in its roots.
No ano seguinte à estreia do telefilme, este esteve no centro de um momento inesquecível na história do Globo de Ouro. Na categoria de Melhor Ator em Minissérie Filme para TV, Ving Rhames ganhou o prêmio. Chocado, durante seu discurso ele disse que não merecia o prêmio e chamou Jack Lemmon para o palco – e simplesmente deu a estatueta a Lemmon. Houve muito burburinho e mal-estar ao redor do evento. Ambos os atores foram aplaudidos de pé, e Rhames não quis receber a estatueta de volta. Mais tarde, a Hollywood Foreign Press Association, entidade responsável pelo prêmio, deu uma cópia da estatueta a Rhames.

The year after the TV movie was released, it was in the center of an unforgettable moment in Golden Globes history. In the Best Actor in a TV Movie or Miniseries category, Ving Rhames won the award. In awe, during his speech, he said he didn't deserve the award and called Jack Lemmon to the stage – and simply gave the trophy to Lemmon. There was a lot of buzz and a good deal of awkwardness surrounding the event. Both actors received an standing ovation, and Rhames didn't accept the trophy back. Later, the Hollywood Foreign Press Association, the entity responsible for the Golden Globes, gave Rhames a duplicate of the trophy.
Jack Lemmon fez tudo ser melhor – comédias, dramas, remakes e até premiações!

Jack Lemmon made everything better – comedies, dramas, remakes and even award shows!


This is my contribution to the Jack Lemmon blogathon, hosted by my friend Rich at Wide Screen World and moi right here at Critica Retro.

5 comments:

  1. Rhames won that GG for a TV movie about boxing promoter Don King. He was really good in it and totally deserved the win, so when he suddenly gave it to Lemmon, I remember how shocking it was!

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  2. A good, solidly written play (originally teleplay) like 12 Angry Men deserves to be revived or remade often. Like Shakespeare or Shaw, or any classic piece of work, it will continue to speak to people and new voices do not negate the old.

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  3. I enjoyed both versions, though I prefer the Lumet one. But who could fault Lemmon, who is perfect in the role! I enjoyed your analysis. I hadn't thought about the differences in the treatment of age--very interesting. I never knew about Rhames; that's so fascinating. I love Rhames--not at all surprised he'd be classy in giving tribute to an actor he admired (and with good reason).

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  4. I didn't know about this version. Will definitely want to watch it now. I just posted about the 1956 THE MAN WHO KNEW TOO MUCH which is also a remake. Thanks again for hosting!

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  5. I didn't realize they had re-made this, and I do agree that some remakes are necessary to tell these stories to new generations. This new version of "12 Angry Men" sounds like an excellent example.

    Also, thanks for co-hosting this blogathon. I've gained a whole new appreciation for Jack Lemmon. :)

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