Eu amo a velha
Hollywood. Eu amo cinema clássico. Eu fico animada ao ler, nos créditos
iniciais, nomes como Joseph Cotten, Jennifer Jones, Gregory Peck, Lillian Gish,
Herbert Marshall, Lionel Barrymore e Butterfly McQueen. Mas graças a Deus eu
também sou uma mulher moderna, ilustrada e progressista e sou capaz de ver um
filme clássico não com viés de nostalgia e um senso de que aquela é uma obra
intocável, e assim eu posso perceber quando um filme clássico pisa na
bola.
I love old Hollywood. I
love classic film. I get goosebumps reading, in the opening credits, names like
Joseph Cotten, Jennifer Jones, Gregory Peck, Lillian Gish, Herbert Marshall,
Lionel Barrymore and Butterfly McQueen. But thanks God I'm also a modern, woke,
progressive woman and I'm able to look at classic film not with nostalgia and a
sense of flawlessness, but with criticism, and then I can see when a classic
film screws up.
Pearl Chavez (Jennifer
Jones) é uma mestiça, filha de pai branco e mãe índia. Numa noite, a mãe dela
está dançando em um bar e deixa o local com um homem após um breve jogo de
sedução. O pai de Pearl (Herbert Marshall) os segue e os mata a tiros. Ele se
declara culpado pelo assassinato, e diz que o primeiro crime que cometeu foi se
envolver com uma índia. Ele é enforcado e envia Pearl para viver com a prima de
segundo grau, Laura Belle (Lillian Gish).
Pearl Chavez (Jennifer
Jones) is a half-breed, that is, the daughter of a white father and an Indian
mother. One night, her mother is dancing at a bar and leaves the place with a
man who she had seduced. Pearl's father (Herbert Marshall) follows them and
shoots them. He pleads guilty for murder, and says that the first guilty thing
he did was getting involved with an Indian. He is hung and sends Pearl to live
with his second cousin, Laura Belle (Lillian Gish).
O marido de Laura
Belle é chamado por todos – inclusive pela própria Laura – de Senador McCanles (Lionel
Barrymore). Laura tem também dois filhos: o mais velho e sensato Jesse (Joseph
Cotten) e o mais novo e mulherengo Lewton (Gregory Peck). O mais recente
problema na imensa propriedade dos McCanles no Texas é a chegada de uma
ferrovia, que trará aquilo que o Senador considera pior que uma praga:
IMIGRANTES!
Laura Belle has a
husband, who everybody – including herself – calls senator McCanles (Lionel
Barrymore) and two sons: eldest and sensible Jesse (Joseph Cotten) and younger
and womanizer Lewton (Gregory Peck). The latest problem in the mammoth property
the McCanles family has in Texas is the arrival of a railway, that will bring
something the senator considers worse than a plague: IMMIGRANTS!
Além da questão da
ferrovia, a chegada de Pearl aumenta a rivalidade entre os irmãos. Num primeiro
momento, Pearl gosta mais de Jesse, porque ele a trata melhor, e Lewton vê esta
preferência como um desafio – Lewton tentará conquistá-la com brutalidade,
mesmo não querendo nada sério com ela.
Besides the railroad
problem, Pearl's arrival makes the rivalry between the brothers more intense.
At first, Pearl likes Jesse better, because he's a more polite man, and Lewton
sees her preference as a challenge – Lewton will try to conquer her with
brutality, even if he doesn't want anything serious with her.
Não é nenhum segredo
que Selznick queria fazer um filme ainda mais grandioso que “E o Vento Levou…”.
E este foi seu erro: ao seguir à risca a fórmula de “E o Vento Levou...”, as
comparações foram inevitáveis. Você tem um triângulo amoroso, uma história que
se passa no passado, um ótimo elenco de coadjuvantes e até mesmo a paleta de
cores é semelhante. Selznick inclusive repetiu os problemas dos bastidores e
contratou seis diretores diferentes para seu novo épico! Mas
“Duelo ao Sol” perde feito na comparação.
It's no secret that
Selznick wanted to make a film that would be bigger and better than “Gone with
the Wind”. And this was his mistake: by following the GWTW formula verbatim,
the comparisons were unavoidable. You have a love triangle, a story set in the
past, a great supporting cast and even the color palette is similar. Selznick
even mimicked his on-set troubles and hired six different directors for his new
epic! But “Duel in the Sun” pales in
comparison.
Pearl não é uma
heroína tão marcante quanto Scarlett O’Hara. O primeiro erro de Selznick com a
personagem foi escolher uma atriz branca para interpretar uma mestiça... com um
sutil Brownface. Obviamente, a velha Hollywood nunca permitiria que uma
índia autêntica fosse protagonista – e eu imagino que a Hollywood moderna
também não faria isso. Além deste fato, Pearl não é complexa como Scarlett. Ela
não é decidida, esforçada, corajosa e não algo pelo que lutar, como Scarlett
tem Tara. Pearl age por luxúria e um estranho senso de moralidade – algo que
pode ser interpretado como uma característica de sua origem mestiça.
Pearl is not as bold a
heroine as Scarlett O'Hara. The first way Selznick screwed up with her
character was by allowing a white woman to play a half-Indian… in brownface. Of
course, classic Hollywood would never have an authentic Indian as a leading
lady – and I imagine modern Hollywood wouldn't as well. Besides this, Pearl is
not as complex as Scarlett. She isn't industrious and brave and she doesn't have
something to fight for like Scarlett has with Tara. Pearl is moved by lust and
a weird sense of morality – something that can be interpreted as a
characteristic of her ‘half-breed’ origin.
Gregory Peck não é
nenhum Clark Gable. Claro, Peck ainda estava no começa da carreira, e se
pensarmos em seus papéis posteriores, é estranho vê-lo como vilão. Mas Peck
convence como Lewton – eu o odiei para valer em muitos momentos. Lillian Gish e
Lionel Barrymore estão simplesmente fantásticos, em especial na última cena
juntos. Butterfly McQueen interpreta Vashti, o mesmo tipo de criada pouco
esperta e de voz esganiçada que ela interpretou em “E o Vento Levou...”. Laura
Belle inclusive diz que Vashti não pode ser treinada – sim, treinada como um
cão.
Gregory Peck is no Clark
Gable. Sure, Peck was still in the beginning of his career, and if we think
about his later roles, it's weird to see him as a villain. But Peck is very
convincing as Lewton – I truly hated him in many moments. Lillian Gish and
Lionel Barrymore are simply outstanding, especially in their last scene
together. Butterfly McQueen plays Vashti, the usual kind of empty-headed,
high-pitched maid she played in “Gone with the Wind”. Laura Belle even says
that Vashti can't be “trained” - yes, trained like a dog.
A fotografia é sem
dúvida o melhor elemento do filme, mesmo que muitas cenas com silhuetas pareçam
copiadas de “E o Vento Levou...”. As cenas exteriores são em geral fotografadas
em tons de vermelho, o que me fez pensar em “Legião Invencível”, de 1949, de
Jon Ford – com a diferença que o filme de Selznick foi filmado no Texas, e o de
Ford no Arizona.
The cinematography is
without a doubt the best thing in the movie, even though many scenes with
silhouettes look like copies of “Gone with the Wind”. The exteriors are mostly
photographed in red tones, something that made me think of John Ford's “She
Wore a Yellow Ribbon”, from 1949 – with the difference that Selznick's movie
was filmed in Texas, and Ford's in Arizona.
Como faroeste, “Duelo
ao Sol” funciona bem. Temos dois duelos perto do fim, e o mais inesperado é o
melhor deles. O filme não é um épico como “E o Vento Levou...”, e é mais datado
que o predecessor feito em 1939, especialmente na caracterização da criada
Vashti e na visão muito, muito errada acerca da miscigenação.
As a western, “Duel in
the Sun” works well. We have actually two duels near the end, and the most
unexpected is the best one. It's no epic like “Gone with the Wind”, and it is
more dated than the Civil War era movie made in 1939, especially in the
portrayal of maid Vashti and the very, very wrong take on miscegenation.
Gregory Peck as a bad boy? Ye gods! Those pictures of Jennifer Jones entice me even more than the ide of Peck as a villain, however. Good review. Thanks for joining.
ReplyDeleteI've long thought about rewatching this movie I haven't seen in years. I even recorded its recent screening on TCM. However, I have since erased it because I just can't sit through all that mess again. Even for Miss Gish! Thank you for backing up my instincts.
ReplyDeleteGreat review of a flawed classic, you have perfectly articulated both the drawbacks and the attributes of Duel in the Sun.
ReplyDeleteEven though it is far from perfect, you have made me want to see it again! What a cast....
- Chris
Ah...this movie... Gregory Peck must be about the baddest bad boy you can get. Like you, there are times I truly hate him but at the same time, there's just something about him...
ReplyDeleteDuel in the Sun is one hot melodramatic mess. I think part of my problem with it is that I just can't get interested in Jennifer Jones.
ReplyDeleteI saw this once, years ago, and disliked it so much that not even the presence of Joseph Cotten and Gregory Peck could entice me to watch it again. Like you said, it's dated and flawed and frankly quite unpalatable to me. But I hadn't noticed how similar it is to GWTW -- very interesting!
ReplyDelete