} Crítica Retrô: Duelo ao Sol (1946) / Duel in the Sun (1946)

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Sunday, October 1, 2017

Duelo ao Sol (1946) / Duel in the Sun (1946)

Eu amo a velha Hollywood. Eu amo cinema clássico. Eu fico animada ao ler, nos créditos iniciais, nomes como Joseph Cotten, Jennifer Jones, Gregory Peck, Lillian Gish, Herbert Marshall, Lionel Barrymore e Butterfly McQueen. Mas graças a Deus eu também sou uma mulher moderna, ilustrada e progressista e sou capaz de ver um filme clássico não com viés de nostalgia e um senso de que aquela é uma obra intocável, e assim eu posso perceber quando um filme clássico pisa na bola. 

I love old Hollywood. I love classic film. I get goosebumps reading, in the opening credits, names like Joseph Cotten, Jennifer Jones, Gregory Peck, Lillian Gish, Herbert Marshall, Lionel Barrymore and Butterfly McQueen. But thanks God I'm also a modern, woke, progressive woman and I'm able to look at classic film not with nostalgia and a sense of flawlessness, but with criticism, and then I can see when a classic film screws up.


Pearl Chavez (Jennifer Jones) é uma mestiça, filha de pai branco e mãe índia. Numa noite, a mãe dela está dançando em um bar e deixa o local com um homem após um breve jogo de sedução. O pai de Pearl (Herbert Marshall) os segue e os mata a tiros. Ele se declara culpado pelo assassinato, e diz que o primeiro crime que cometeu foi se envolver com uma índia. Ele é enforcado e envia Pearl para viver com a prima de segundo grau, Laura Belle (Lillian Gish).

Pearl Chavez (Jennifer Jones) is a half-breed, that is, the daughter of a white father and an Indian mother. One night, her mother is dancing at a bar and leaves the place with a man who she had seduced. Pearl's father (Herbert Marshall) follows them and shoots them. He pleads guilty for murder, and says that the first guilty thing he did was getting involved with an Indian. He is hung and sends Pearl to live with his second cousin, Laura Belle (Lillian Gish).


O marido de Laura Belle é chamado por todos – inclusive pela própria Laura – de Senador McCanles (Lionel Barrymore). Laura tem também dois filhos: o mais velho e sensato Jesse (Joseph Cotten) e o mais novo e mulherengo Lewton (Gregory Peck). O mais recente problema na imensa propriedade dos McCanles no Texas é a chegada de uma ferrovia, que trará aquilo que o Senador considera pior que uma praga: IMIGRANTES!

Laura Belle has a husband, who everybody – including herself – calls senator McCanles (Lionel Barrymore) and two sons: eldest and sensible Jesse (Joseph Cotten) and younger and womanizer Lewton (Gregory Peck). The latest problem in the mammoth property the McCanles family has in Texas is the arrival of a railway, that will bring something the senator considers worse than a plague: IMMIGRANTS!


Além da questão da ferrovia, a chegada de Pearl aumenta a rivalidade entre os irmãos. Num primeiro momento, Pearl gosta mais de Jesse, porque ele a trata melhor, e Lewton vê esta preferência como um desafio – Lewton tentará conquistá-la com brutalidade, mesmo não querendo nada sério com ela.

Besides the railroad problem, Pearl's arrival makes the rivalry between the brothers more intense. At first, Pearl likes Jesse better, because he's a more polite man, and Lewton sees her preference as a challenge – Lewton will try to conquer her with brutality, even if he doesn't want anything serious with her.



Não é nenhum segredo que Selznick queria fazer um filme ainda mais grandioso que “E o Vento Levou…”. E este foi seu erro: ao seguir à risca a fórmula de “E o Vento Levou...”, as comparações foram inevitáveis. Você tem um triângulo amoroso, uma história que se passa no passado, um ótimo elenco de coadjuvantes e até mesmo a paleta de cores é semelhante. Selznick inclusive repetiu os problemas dos bastidores e contratou seis diretores diferentes para seu novo épico! Mas “Duelo ao Sol” perde feito na comparação.

It's no secret that Selznick wanted to make a film that would be bigger and better than “Gone with the Wind”. And this was his mistake: by following the GWTW formula verbatim, the comparisons were unavoidable. You have a love triangle, a story set in the past, a great supporting cast and even the color palette is similar. Selznick even mimicked his on-set troubles and hired six different directors for his new epic! But “Duel in the Sun” pales in comparison.



Pearl não é uma heroína tão marcante quanto Scarlett O’Hara. O primeiro erro de Selznick com a personagem foi escolher uma atriz branca para interpretar uma mestiça... com um sutil Brownface. Obviamente, a velha Hollywood nunca permitiria que uma índia autêntica fosse protagonista – e eu imagino que a Hollywood moderna também não faria isso. Além deste fato, Pearl não é complexa como Scarlett. Ela não é decidida, esforçada, corajosa e não algo pelo que lutar, como Scarlett tem Tara. Pearl age por luxúria e um estranho senso de moralidade – algo que pode ser interpretado como uma característica de sua origem mestiça.

Pearl is not as bold a heroine as Scarlett O'Hara. The first way Selznick screwed up with her character was by allowing a white woman to play a half-Indian… in brownface. Of course, classic Hollywood would never have an authentic Indian as a leading lady – and I imagine modern Hollywood wouldn't as well. Besides this, Pearl is not as complex as Scarlett. She isn't industrious and brave and she doesn't have something to fight for like Scarlett has with Tara. Pearl is moved by lust and a weird sense of morality – something that can be interpreted as a characteristic of her ‘half-breed’ origin.



Gregory Peck não é nenhum Clark Gable. Claro, Peck ainda estava no começa da carreira, e se pensarmos em seus papéis posteriores, é estranho vê-lo como vilão. Mas Peck convence como Lewton – eu o odiei para valer em muitos momentos. Lillian Gish e Lionel Barrymore estão simplesmente fantásticos, em especial na última cena juntos. Butterfly McQueen interpreta Vashti, o mesmo tipo de criada pouco esperta e de voz esganiçada que ela interpretou em “E o Vento Levou...”. Laura Belle inclusive diz que Vashti não pode ser treinada – sim, treinada como um cão.

Gregory Peck is no Clark Gable. Sure, Peck was still in the beginning of his career, and if we think about his later roles, it's weird to see him as a villain. But Peck is very convincing as Lewton – I truly hated him in many moments. Lillian Gish and Lionel Barrymore are simply outstanding, especially in their last scene together. Butterfly McQueen plays Vashti, the usual kind of empty-headed, high-pitched maid she played in “Gone with the Wind”. Laura Belle even says that Vashti can't be “trained” - yes, trained like a dog.


1939
1946
A fotografia é sem dúvida o melhor elemento do filme, mesmo que muitas cenas com silhuetas pareçam copiadas de “E o Vento Levou...”. As cenas exteriores são em geral fotografadas em tons de vermelho, o que me fez pensar em “Legião Invencível”, de 1949, de Jon Ford – com a diferença que o filme de Selznick foi filmado no Texas, e o de Ford no Arizona.

The cinematography is without a doubt the best thing in the movie, even though many scenes with silhouettes look like copies of “Gone with the Wind”. The exteriors are mostly photographed in red tones, something that made me think of John Ford's “She Wore a Yellow Ribbon”, from 1949 – with the difference that Selznick's movie was filmed in Texas, and Ford's in Arizona.


Como faroeste, “Duelo ao Sol” funciona bem. Temos dois duelos perto do fim, e o mais inesperado é o melhor deles. O filme não é um épico como “E o Vento Levou...”, e é mais datado que o predecessor feito em 1939, especialmente na caracterização da criada Vashti e na visão muito, muito errada acerca da miscigenação.

As a western, “Duel in the Sun” works well. We have actually two duels near the end, and the most unexpected is the best one. It's no epic like “Gone with the Wind”, and it is more dated than the Civil War era movie made in 1939, especially in the portrayal of maid Vashti and the very, very wrong take on miscegenation.

This is my contribution to the Texas Blogathon, hosted by The Midnight Drive-In.

6 comments:

  1. Gregory Peck as a bad boy? Ye gods! Those pictures of Jennifer Jones entice me even more than the ide of Peck as a villain, however. Good review. Thanks for joining.

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  2. I've long thought about rewatching this movie I haven't seen in years. I even recorded its recent screening on TCM. However, I have since erased it because I just can't sit through all that mess again. Even for Miss Gish! Thank you for backing up my instincts.

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  3. Great review of a flawed classic, you have perfectly articulated both the drawbacks and the attributes of Duel in the Sun.
    Even though it is far from perfect, you have made me want to see it again! What a cast....
    - Chris

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  4. Ah...this movie... Gregory Peck must be about the baddest bad boy you can get. Like you, there are times I truly hate him but at the same time, there's just something about him...

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  5. Duel in the Sun is one hot melodramatic mess. I think part of my problem with it is that I just can't get interested in Jennifer Jones.

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  6. I saw this once, years ago, and disliked it so much that not even the presence of Joseph Cotten and Gregory Peck could entice me to watch it again. Like you said, it's dated and flawed and frankly quite unpalatable to me. But I hadn't noticed how similar it is to GWTW -- very interesting!

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