} Crítica Retrô: Papai Noel Conquista os Marcianos (1964) e outras vezes em que o cinema foi a Marte

Tradutor / Translator / Traductor / Übersetzer / Traduttore / Traducteur / 翻訳者 / переводчик

Páginas

Sunday, April 15, 2018

Papai Noel Conquista os Marcianos (1964) e outras vezes em que o cinema foi a Marte


Santa Claus Conquers the Martians (1964) and other film trips to Mars



Um repórter da TV, falando diretamente da oficina do Papai Noel no Polo Norte, onde os ajudantes de Noel acabam de mostrar um boneco de um marciano, diz: “Se há [pessoas em Marte] eu espero que elas tenham alguém lá como você, Noel, para levar alegria e felicidade para todas as crianças marcianas”. Corte para os marcianos. Eles são exatamente como os bonecos e não, eles não têm um Papai Noel, mas têm a capacidade de ver os programas de TV da Terra. E, de acordo com um velho sábio, é a ausência de um Papai Noel – e a ausência de uma infância – que causa a tristeza nas crianças marcianas. Por isso, um grupo de marcianos decide vir à Terra para sequestrar o Papai Noel.

A TV reporter, speaking from Santa’s workshop at the North Pole, where the helpers just presented a Martian doll, says: “If there are [people on Mars] I hope they have someone like you up there, Santa, to bring joy and good cheer to all the Martian children”. Cut to the Martians. They are exactly as the doll predicted, and no, they not have a Santa Claus, but they are able to watch TV programs from Earth. And, according to a wise old man, it’s this lack of a Santa Claus – and the extended lack of a childhood – that is leaving Martian kids sad. So a group of Martians decide to come to Earth and kidnap Santa Claus.
É assim que tem início um marco do cinema ruim. Entre atores cobertos de maquiagem verde horrível, crianças sem expressão, piadas sem graça e o próprio Papai Noel, uma coisa salva “Papai Noel Conquista os Marcianos”: Marte. Não, o cenário não é bonito nem sequer bem elaborado, mas é algo que me fez pensar: por que o cinema é tão fascinado por Marte?

This is how a pinnacle of awful filmmaking unfolds. Among actors wearing horrible green make-up, children giving awful performances, unfunny jokes and Santa Claus himself, one thing kind of saves “Santa Claus Conquers the Martians”: Mars. No, the set is not gorgeous or even elaborate, but it is something that made me think: why is the film world so fascinated with Mars?
A resposta é simples: porque somos fascinados pelo desconhecido. E desde que Marte continue inexplorado, não há limite para a imaginação, e filmes no planeta vermelho podem ter praticamente qualquer coisa – até pílulas como refeição, homens verdes maus e um sistema que permite que os marcianos vejam programas de TV da Terra (por que eles não faziam seus próprios programas de TV?).

The answer is simple: because we are fascinated by the unknown. And as long as it remains unknown, there is no limit to imagination, and films set on Mars can have literally anything – even people who eat pills as meals, evil green men and some kind of system that allows Martians to watch TV shows made on Earth (why didn’t Martians make their own TV shows?).
O primeiro cineasta a ir a Marte, surpreendentemente, não foi Georges Méliès, mas Thomas Edison. Em 1910, Edison produziu “A Trip to Mars”, na qual um homem se torna astronauta após descobrir o pó da ‘gravidade reversa’, e em Marte ele encontra marcianos enormes que podem congelar os terráqueos com um simples sopro. Não há limites entre a ficção científica e o horror puro neste filme de cinco minutos.

The first filmmaker to go to Mars, surprisingly, wasn’t Georges Méliès, but Thomas Edison. In 1910, he produced “A Trip to Mars”, in which a man becomes an astronaut thanks to the discovery of the powder of ‘reverse gravity’ and finds out that Martians are HUGE and can freeze Earth people with only a blow. There is no boundary between science fiction and pure horror in this five-minute film.
Em 1918, um grupo muito criativo de dinamarqueses fez o filme “Viagem a Marte” (ou “Himmelskibet”). Nele, um grupo de cientistas liderados por Avanti Planetaros (Gunnar Tolnaes) desafia todos os céticos e chegam a Marte em seis meses – que é, de fato, o tempo que uma viagem ao planeta vermelho demoraria hoje!

In 1918, a group of very creative Danish people made a film called “A Trip to Mars” (aka “Himmelskibet”). In it, a group of scientists led by Avanti Planetaros (Gunnar Tolnaes) challenges all naysayers and reach Mars in six months – what is, indeed, the time a trip to the Red Planet would take today!
Mas nada poderia prepará-los para o que encontram lá: uma sociedade evoluída, na qual todas as pessoas são vegetarianas e pacifistas, e a guerra e o sofrimento foram abolidos. O líder deles é um homem sábio e ninguém teme a morte. Os marcianos contam que eram como as pessoas da Terra, mas aprenderam a viver em paz. A mesma paz não é compartilhada com o cinema soviético, como podemos ver em “Aelita, Rainha de Marte”, de 1924.

But nothing could prepare them for what they find there: an evolved society, where all people are vegetarians and pacifists, and all war and suffering has been abolished. Their leader is a wise man and nobody fears death. The Martians tell them that they were once like people on Earth, but they learned to live better and in peace. The same peace is not shared with the Soviet cinema, as we can see in the 1924 production “Aelita, Queen of Mars”.
Himmelskibet
Himmelskibet
Aelita
Com a chegada do som, Marte se tornou sinônimo de filme B. Dos anos 30 aos 70, quase todos os filmes sobre expedições a Marte eram seriados ou produções de baixo orçamento. “Fantasias de 1980”, de1930, é um dos mais estranhos de todos. Ele conta a história de um homem chamado J-21 (John Garrick), que, para impressionar a mulher que ama e ganhar o direito de se casar com ela, vai a Marte com um amigo e com um homem que foi morto em 1930 e ressuscitado pela ciência em 1980 (interpretado por El Brendel). Em Marte, eles descobrem uma sociedade em que todos têm um irmão gêmeo (um gêmeo bom e um mau), mas os marcianos são agradáveis, usam pouca roupa, o cenário é lindo e a líder é a rainha Loo Loo (Joyzelle Joyner). Para ser sincera, eu gostaria de visitar esta versão de Marte.

When sound came, Mars became a synonym of cheap movie. From the 1930s until the 1970s, almost all films about expeditions to Mars were serials or low-budget productions. “Just Imagine”, from 1930, is one of the weirdest of them all. Set in the 1980s, it tells the story of a man called J-21 (John Garrick), who, in order to impress his sweetheart and be allowed to marry her, goes to Mars with a friend and a man who was killed in 1930 and resurrected by science in 1980 (played by El Brendel). On Mars, they find a society in which everybody has a twin (one evil and one good), but the Martian people are welcoming, wear few clothes, the set is exquisite and their leader is queen Loo Loo (Joyzelle Joyner). To be sincere, I’d like to visit this version of Mars.
Buster Crabbe, como Flash Gordon, pode ter ido a Marte no seriado de 1938, mas os anos 50 foram a década que trouxe real interesse em viagens espaciais, tanto em filmes quanto em desenhos. Estudos traçam a origem da ideia de que alienígenas são ‘homenzinhos verdes’ até uma lenda contada no século XII, mas foi com as histórias de ficção científica dos anos 1940 e 50 que a ideia se popularizou. Por isso conhecemos Marvin o Marciano em 1948, e ele apareceu em outros desenhos nas décadas seguintes, incluindo o famoso curta “Duck Dodgers in the 24 ½th Century”, de 1953.

Buster-Crabbe-as-Flash-Gordon may have been to Mars in the 1938 serial, but the 1950s were the decade that brought real interest in space travelling, both on feature film and animation. Studies trace the idea of aliens being ‘little green men’ back to a legend told in the 12th century, but it was with science fiction stories from the 1940s and 50s that the idea became popular. No wonder we got Marvin the Martian in 1948, and he appeared in other cartoons the following decades, including the famous “Duck Dodgers in the 24 ½th  Century”, from 1953.
Marvin, 1948: nice skirt
Marvin, 2012: more relatable
Quem mais, além de Pernalonga, já foi a Marte? Ou melhor, quem ainda não foi a Marte? Tom e Jery já foram. Abbott e Costello também. Como vimos, Papai Noel também. Matt Damon esteve lá recentemente – e poderia ter ficado por lá. O que todos esses filmes sobre Marte têm a nos ensinar, não importa quão ridículos ou estúpidos eles sejam?

Who else, besides Bugs Bunny, has been to Mars? I mean, who hasn’t been to Mars? Tom and Jerry have. Abbott and Costello have. As we just saw, Santa Claus had. Matt Damon had been there recently – and he could have been left there. What all those films about Mars teach us, no matter how campy or stupid they are?
Eles nos ensinam que nós amamos o desconhecido e as muitas possibilidades que vêm com ele, mas só até certo ponto. Quando chegam a Marte, todos os personagens, em especial nos filmes mais antigos, encontram seres vivos semelhantes ao homem. Os marcianos podem falar outra língua, usar roupas engraçadas, ser maiores que nós, mas eles sempre se parecem conosco na ficção. Até Marvin tem um cachorro de estimação, o K-9! Explorar pode ser excitante, desde que estejamos no controle. Hoje sabemos que, se há vida em Marte, ela não se parece em nada com os humanos da Terra. Então, talvez, seja mais interessante para nós nos conformarmos com rostos familiares em planetas estranhos – talvez, nesta situação, a ficção científica será mais emocionante que a realidade.

They teach that we love the unknown and its many possibilities, but until a certain point. Once on Mars, almost all characters, especially in older films, find human-like life. Martians may speak a different language, dress funny, be bigger than us, but they always looked like us in fiction. Even Marvin has a dog, K-9, as a pet! Exploring is exciting, as long as we are in control. Today, we know that, if there is life on Mars, it’s nothing like humans on Earth. So, maybe, it’s more interesting for us to conform to familiar faces in strange planets – maybe, in this case, science fiction will be more exciting than reality.

This is my contribution to the Outer Space on Film blogathon, hosted by Debbie from Moon in Gemini.

5 comments:

  1. When I wrote about SANTA CLAUS CONQUERS THE MARTIANS, I had said how disappointed I was that it was less of a battle, as the title implies, than I had hoped. I wanted to see Santa and his army of elves, reindeer, abominable snowmen, polar bears and penguins in a war with martians in giant tripods with friggin' lasers. Somebody has to make that movie!

    ReplyDelete
  2. Ha! I remember watching "Santa Claus Conquers the Martians" in high school during our "Sci-Fi Club". I found it very cute :) I miss the cheap old aluminum foil and tin helmets you used to see in sci-fi B-movies. They were so creative and magical. I think that's why Melies movies are so timeless.

    ReplyDelete
  3. Santa Claus Conquers the Martians is one of those bad movies that I enjoy because of it's badness. I did a tongue-in-cheek review of it myself a couple of years ago. This is a pretty good overview of Mars on film.

    ReplyDelete
  4. I had heard many times that Santa Claus Conquers the Martians is one of the worst films ever made, so I made certain to avoid it.

    And it does beg the question, why have filmmakers been so obsessed with Mars as a topic, that they've come up with so many wacky takes on it? I think it may be because it's the planet humanity is most likely to settle someday in the future.

    But I'm pretty sure Santa will stay on the North Pole, lol.

    Thanks so much for contributing to the blogathon!

    ReplyDelete
  5. Stop the bus.

    There is a film called "Santa Claus Conquers the Martians" and I haven't seen it? Where have I been?

    Regardless, I found a copy online & bookmarked it. This is gonna be great!

    All that aside, I really enjoyed your essay on why Mars appears to filmmakers and, by extension, to all of us. As for myself, if I see "Mars" or "Martian" in the title of a movie, I immediately want to see it. One of the reasons why films about Mars will never be defunct, no?

    ReplyDelete