} Crítica Retrô: Becket, o favorito do rei (1964) / Becket (1964)

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Wednesday, December 5, 2018

Becket, o favorito do rei (1964) / Becket (1964)


Se você não cresceu na Inglaterra, a coisa mais importante que você aprendeu sobre a história inglesa – isto é, se você prestou atenção às aulas de história – foi sobre Henrique VIII e como ele rompeu sua aliança com a Igreja Católica e se tornou incrivelmente poderoso ao estabelecer uma nova religião. Este episódio foi tema de muitos filmes, como “Ana dos Mil Dias” (1969) – outro filme com o grande Richard Burton.

If you are not from England, the most important thing you learned in English history – that is, if you paid attention to history classes – was about Henry VIII and how he broke his alliance with the Catholic Church and became an über-powerful king by establishing a new religion. This episode was in the center of many films, like “Ann of the Thousand Days” (1969) – another film with the great Richard Burton.


Mas há muitos outros episódios e personagens interessantes na história da Inglaterra. Dois destes personagens são o rei Henrique II e Tomas Becket, que viveram no século XII. A história deles é contada no filme “Becket – O favorito do rei”, adaptado de uma peça, e eles são interpretados respectivamente por Peter O’Toole e Richard Burton. O filme nos dá a rara chance de saber mais sobre um período anterior da história inglesa – e nos dá a chance ainda mais rara de ver estes dois atores incrivelmente talentosos usando leggings justas.

But there are many other interesting episodes and characters in the history of England. Two of these characters are King Henry II and Thomas Becket, who lived in the 12th century. Their story is told in the film “Becket”, adapted from a play, and they are played respectively by Peter O'Toole and Richard Burton. The film gives us the rare chance to know more about an earlier period in English history – and it gives us the even rarer chance to see these two incredibly talented actors in tight leggings.


Thomas Becket (Burton) é o melhor amigo, confidente e conselheiro do egoísta, inconsequente e infantil rei Henrique II (O’Toole). Becket está sempre consertando os passos em falso dados por Henrique e evitando problemas – Becket faz coisas como impedir que dois homens se esfaqueiem durante uma guerra de comida em um banquete no palácio. É por isso que Henrique faz de seu amigo Becket um nobre, e então chanceler – e é por isso que eles conversam enquanto Henry está seminu na frente de uma tapeçaria com um leão que se parece com Groucho Marx.

Thomas Becket (Burton) is the best friend, confident and advisor to the egoist, inconsequent and childish king Henry II (O'Toole). Becket is always fixing the wrongs Henry makes and avoiding trouble – Becket does things like stopping men from stabbing each other during a food fight in a banquet at the palace. That's why Henry turns his friend Becket into a noble, then into a chancellor – and that's why they chat while Henry is half naked in front of a tapestry with a lion that looks like Groucho Marx.


Henrique está mais interessado em dormir com garotas bonitas do que se envolver em assuntos políticos. Mas às vezes ele tem de fazer isso, e Becket, que não pode dizer não ao amigo, obedece às suas ordens. É assim que Becket perde o amor de sua vida. E é assim também que Becket se torna Arcebispo de Canterbury da noite para o dia – Henrique II precisava de um aliado em Canterbury.

Henry is more interested in sleeping with hot girls than in political issues. But he sometimes has to deal with politics, and Becket, unable to say no to his friend, obeys his absurd orders. That's how Becket loses the love of his life. And that's also how Becket becomes the Archbishop of Canterbury overnight - Henry nominates him Archbishop because he needed an ally in Canterbury.


Becket é um homem dividio. Ele está dividido entre sua amizade com o rei e sua missão com a Igreja Católica, entre o prazer e a fé, entre sua origem saxônica e seu chefe normando. Quando ele precisa escolher de qual lado ficar, ele corre o risco de enfurecer o rei.

Becket is a divided man. He is divided between his friendship with the king and his duty to the Catholic Church, between pleasure and faith, between his Saxon origin and his Norman boss. When he has to choose which side he really supports, he risks infuriating the king.


Saber quem eram os saxões e os normandos é importante para compreender melhor o filme. Os saxões eram um povo germânico que migraram para várias partes da Europa com a queda do Império Romano do Ocidente no século V. No século XI, outras tribos invadiram a Inglaterra – ainda não unificada – lideradas pelo Duque William I da Normandia – William seria o bisavô de Henrique II. Isso significa que os melhores amigos Henrique e Becket eram de origens diferentes, inclusive rivais... mas só na peça e no filme: Becket era na verdade normando.    ¯\_()_/¯

Learning about who were the Saxons and the Normans is important to better understand the film. The Saxons were a Germanic people that migrated to various parts of Europe with the fall of the Western Roman Empire in the 5th century. In the 11th century, other tribes invaded Britain – not yet unified – led by Duke William I of Normandy – William would be Henry II’s great-grandfather. This means that BFFs Henry and Becket were from different – even rival – origins… but only in the play and movie: Becket was actually a Norman.   ¯\_()_/¯


Tanto Peter O’Toole quanto Richard Burton estão fantásticos em seus papéis contrastantes. O Henrique II de O’Toole é histriônico e mimado – uma versão anterior perfeita para o mesmo Henrique II que ele interpretaria em “O Leão no Inverno” (1968). O Becket de Burton é verdadeiramente a única pessoa santa em uma Igreja Católica envolvida em corrupção e jogos de poderes. No pequeno papel de Gwendolen, uma mulher desejada por ambos, está Siân Phillips, uma atriz galesa e esposa de O’Toole.

Both Peter O’Toole and Richard Burton are outstanding in their contrasting roles. O’Toole’s Henry II is histrionic and spoiled – a perfect earlier version of the same Henry II he would play in the superb “Lion in Winter” (1968). Burton’s Becket is truly the only holy person in a Catholic church involved in corruption and games of power. In the minor role of Gwendolen, a woman fancied by both, is Siân Phillips, Welsh actress and O’Toole’s wife.


O filme foi baseado em uma peça que estreou em 1959 em Paris e em 1960 na Broadway com Anthony Quinn como Henrique II e Laurence Olivier como Becket – também uma dupla e tanto! O’Toole iria interpretar Henrique II na produção de Londres da peça, mas teve de recusar por causa das longas filmagens de “Lawrence da Arábia” (1962) – ele foi substituído por (surpresa!) Christopher Plummer.

The film was based on a play that opened in 1959 in Paris and in 1960 on Broadway with Anthony Quinn as Henry II and Laurence Olivier as Becket – quite a duo, too! O’Toole was set to star as Henry II in the London production, but had to decline because of the long shootings of “Lawrence of Arabia” (1962) – he was replaced by (surprise!) Christopher Plummer.
 
Elizabeth Taylor and Burton backstage
A fotografia é fabulosa, e “Becket – O favorito do rei” foi indicado ao Oscar e Melhor Fotografia e em outras 11 categorias, incluindo Ator Coadjuvante para John Gielgud como o rei da França e duas indicações a Melhor Ator para O’Toole e Burton. O filme ganhou apenas o prêmio de Melhor Roteiro.

The cinematography is fabulous, and “Becket” was nominated for Oscars for best Cinematography and other 11 categories, including Supporting Actor for John Gielgud as the King of France and dual Best Actor nominations for O’Toole and Burton. The film only won the Best Screenplay award.


Com uma história contada em flashback, “Becket – O favorite do rei” é um filme fascinante, um deleite para os olhos – com cenas filmadas em locação e imensos cenários construídos em estúdio, como uma cópia da Catedral de Canterbury – e para o cérebro. Inteligente, provocador, emocionante, “Becket – O favorito do rei” é um filme sobre honra que não tem um único minuto de enrolação.

With a story told in flashback, “Becket” is a fascinating movie, a feast for the eyes – with both location sets and huge sets built in studio, like a copy of the Canterbury Cathedral – and for the brain. Smart, provocative, thrilling, “Becket” is a film about honor without one single boring minute.

This is my contribution to the Regaling about Richard Burton blogathon, hosted by Gill and Realweegiemidget Reviews.


4 comments:

  1. It was fun to read your article. I particularly liked your comment about the tapestry lion looking like Groucho and about there being not one boring moment in the movie. I think Becket will surprise people who think of historical dramas as long and boring.

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  2. Thanks for adding this post to my blogathon, loved your fun comments and the interesting back story. Thanks for joining the fun, your post out in another post this evening.

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  3. Hi Le— nice article on one of Burton and OToole’s best...you are right, both are outstanding, have great legs to show off their period costumes, and we get some history along with the charisma and chemistry of the two stars. You can tell they had a good time making this one together!
    - Chris

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