Se eu
fosse julgar o filme “Anjos Rebeldes”, dirigido por Ida Lupino, apenas pela
sequência de abertura animada, a nota dada seria de cinco estrelas. Créditos
animados estavam na moda nos anos 60 – quem pode se esquecer de certa pantera
cor de rosa que apareceu nos créditos de certo filme? – e a animação no começo
de “Anjos Rebeldes” é uma lição perfeita sobre a arte de contar histórias.
If I was to
judge the Ida Lupino-directed film “The Trouble with Angels” for its animated
credits sequence, I'd give it a five star rating. Animated credits were in
vogue in the 1960s – who could forget of a certain pink panther that appeared
in the credits of a certain film? - and the animation work in the beginning of
“The Trouble with Angels” is a perfect storytelling lesson.
A partir
dos créditos já sabemos que se trata de um filme sobre uma escola comandada por
uma severa freira interpretada por Rosalind Russell. Também ficamos sabendo que
a garota mais travessa da escola é interpretada pela superestrela adolescente
Hayley Mills. De fato, Mary Clancy (Mills) chega à Academia São Francisco e
logo diz que seu nome verdadeiro é Kim Novak. Depois disso, ela fuma no
banheiro, leva as outras garotas para um passeio pelos aposentos da Madre
Superiora e foge das aulas de natação na educação física.
From the
credits we know the film is about a school run a by a strict nun played by
Rosalind Russell. We also know that the naughtiest girl in that school is
played by teen superstar Hayley Mills. Indeed, Mary Clancy (Mills) starts her
attendance of the St. Francis Academy by saying her real name is Kim Novak.
Next up she smokes in the bathroom, takes the other girls on tour to see the
Mother Superior's room and escapes the swimming lessons in physical education
class.
Quem sempre está junto com Mary é
Rachel Devery (June Harding), uma garota atrapalhada cuja meta é conseguir que
o diretor de sua antiga escola a resgate daquele local horrível. Rachel tem uma
quedinha pelo diretor, Sr. Petrie (Jim Hutton), que ela descreve como uma
versão mais nova de Jack Lemmon. Rachel segue as ideias incrivelmente
brilhantes de Mary – que em geral não são nem um pouco brilhantes – e as duas
são constantemente castigadas por causa de suas travessuras.
Alongside
Mary there is always Rachel Devery (June Harding), a clumsy girl whose goal is
to have the director of her former school rescue her from that horrible place.
Rachel has a crush on the director, Mr. Petrie (Jim Hutton), who she describes
as a younger Jack Lemmon. Rachel follows Mary's scathingly brilliant ideas –
that are often not brilliant at all – and the two are constantly grounded because
of their missbehaving.
Acompanhamos Mary, Rachel e as outras
garotas – entre elas há Charlotte, que está sempre prestes a desmaiar – durante
três anos na Academia São Francisco. Durante este tempo, elas têm divertidas
aulas de matemática com uma criativa freira, têm lições de dança e postura com
a peculiar Sra. Phipps (Gypsy Rose Lee) e se juntam à banda numa competição
para ganhar um prêmio em dinheiro com o objetivo de comprar um novo aquecedor
para a escola.
We follow
Mary, Rachel and the other girls – among them there is Charlotte, who is always
about to faint – during their three years at St. Francis. During this time,
they have fun math lessons with a creative nun, have dance and posture lessons
with the unique Mrs Phipps (Gypsy Rose Lee) and join the band in a competition
to win money to give the school a new boiler.
Hayley Mills, filha do ator britânico
John Mills e da escritora Mary Hayley Bell, foi provavelmente a maior estrela
juvenil dos anos 60. Na Disney, ela fez clássicos infantis como “Poliana”
(1960) e “O Grande Amor de Nossas Vidas” (1961). Fora da Disney, ela trabalhou
em filmes mais sérios como “Corações Feridos” (1964). “Anjos Rebeldes” se
parece mais com seus primeiros trabalhos, mais leves, só que com um toque de
rebeldia. E, bem, eu sempre achei que Hayley e Jane Fonda poderiam ter
interpretado irmãs em um filme nos anos 60.
Hayley Mills,
the daughter of British thespian John Mills and novelist Mary Hayley Bell, was
arguably the biggest young star of the 1960s. Working for Disney, she made
childhood classics like “Pollyanna” (1960) and “The Parent Trap” (1961).
Outside Disney, she worked in more serious movies, like The Chalk Garden”
(1964). “The Trouble with Angels” is more like her earlier light roles, but
with a little rebel side. And, well, I always thought that Hayley and Jane
Fonda could have played sisters in a 1960’s film.
À primeira vista, a freira
interpretada por Rosalind Russell nos parece uma personagem antipática, pois
ela está sempre dando bronca nas protagonistas. Entretanto, ela tem compaixão,
se importa muito com cada uma das meninas, não importa quão rebelde, e entende
que domar um espírito rebelde não é o mesmo que destruí-lo. Ela também se vê em
Mary, e nem ela nem as meninas tratam Mary diferente por ser órfã, algo raro de
se ver em um filme.
At first,
Rosalind Russell's Reverend Mother is an unsympathetic character, as she is
always grounding our heroines. However, she is compassionate, really cares
about each one of the girls, no matter how rebel they are, and understands that
to tame a rebel spirit is not the same to break it. She also sees herself in
Mary, and neither she nor any of the girls treat the fact that Mary is an
orphan as a big deal, something quite surprising in a film.
Mais de 25 anos antes de “Anjos
Rebeldes”, Rosalind Russell fez “As Mulheres” (1939), um filme com um elenco
100% feminino e que era totalmente centrado nos homens. As mulheres só pensavam
e falavam em homens, e não havia amizade entre a maioria das personagens.
Felizmente, as coisas mudaram um pouco com o tempo, e foi preciso uma diretora
como Ida Lupino para fazer um filme como “Anjos Rebeldes”, mostrando uma
amizade verdadeira – não uma amizade sem problemas, mas cheia de afeição.
More than 25
years before “The Trouble with Angels”, Rosalind Russell appeared in “The
Women” (1939), a film with an all-female cast that couldn't be more
male-centric. All women thought and talked about was men, and there was no
friendship between most of the female characters. Thankfully, things changed a
bit with time, and it took a female director like Ida Lupino to make a film
like “The Trouble with Angels”, showcasing a true female friendship – not one
without problems, but one full of love.
Eu amo Ida Lupino e a maneira como
ela injeta consciência social em todos os seus filmes – mesmo em uma comédia
como “Anjos Rebeldes”. Aqui, em uma cena que se passa em uma festa de Natal de
caridade, Mary ouve senhorinhas falando e reclamando de suas vidas. Elas
tiveram muitas dificuldades: casamento, perda de patrimônio, viuvez, o abandono
dos filhos. Estes são problemas que em geral afetam, em porcentagem e em
impacto psicológico, mais mulheres do que homens, e mesmo assim muitas mulheres
– como as da Academia São Francisco – estão sendo preparadas para este futuro
horrível de dependência financeira e para cuidarem de uma família que pode não
estar lá quando ela precisar deles.
I love Ida
Lupino and the social conscience she injects in all her movies – even in a
light comedy like “The Trouble with Angels”. Here, in a scene in a charity
Christmas party, Mary hears old ladies talking and complaining about their
lives. They had many struggles: marriage, loss of money, becoming widowed,
being forgotten by their kids. These are troubles that often affect, in percentage
and in psychological toll, more women than men, and yet many women – like the
women from the St. Francis Academy – are being prepared for this horrible
future of financil dependence and taking care of a family that may not be there
when you need them.
Embora eu tenha gostado de “Anjos
Rebeldes”, havia muito mais para ver, considerando as histórias e personagens
que apareceram aqui e ali. Eu gostaria de ver uma comparação e conflito entre
os métodos de ensino das freiras e do Sr. Petrie – talvez até com um concurso
de soletração entre as escolas, porque eu amo concursos de soletração. Eu
adoraria ver a Rachel toda atrapalhada e apaixonada interagindo com o Sr.
Petrie. Eu adoraria ver as garotas na excursão ao museu, e reagindo com maior
profundidade à história de vida da Irmã Ursula.
Although I
liked “The Trouble with Angels”, there was so much more I'd like to see,
considering the storylines and characters that appeared here and there. I'd
like to see a comparison and a conflict between the Reverend Mother's methods
of teaching and Mr Petrie's – maybe even with a spelling bee competition between
the schools, as I'm a sucker for spelling bees. I'd love to see Rachel being
clumsy and infatuated interacting with Mr Petrie. I'd love to see the girls out
in the field trip to the museum, and reacting more deeply to Sister Ursula's
life story.
Eu estudei em uma escola de freiras
dos cinco aos dez anos. Era tudo bem diferente de “Anjos Rebeldes” - algo
óbvio, pois minha experiência como aluna aconteceu mais de 30 anos após a
estreia do filme. Os alunos não eram internos como Mary e Rachel, mas havia
algumas freiras severas como Rosalind Russell. E, infelizmente, eu não vivi
nenhuma amizade intensa como a de Mary e Rachel.
I studied at
a nun's school from ages 5 to 10. It was very different from the one in “The
Trouble with Angels” - of course, because I was studying there more than 30
years after the film was released. The students were not interns like Mary and
Rachel, but there were some more strict nuns like Rosalind Russell there. And,
unfortunately, I haven't found such intense friendship there like Mary and
Rachel did.
This is my
contribution to the Rosalind Russell blogathon, hosted by Crystal at In the God
Old Days of Classic Hollywood.
You wrote a grand piece on a movie that always fills me with fond nostalgia. I enjoyed the sequel, but not as much as this unique original. I am surprised that of all the movies that inspired television programs that The Trouble With Angels was not among them. I needed more time with the girls as well.
ReplyDeleteWell, now I'm sad we never got a '60s comedy with Hayley Mills and Jane Fonda!
ReplyDeleteI really like this film. Mills is so much fun and Russell is just the best. I love their fashion when they're out of school, too. Really good review!