} Crítica Retrô: Scaramouche (1923)

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Saturday, September 7, 2019

Scaramouche (1923)


Podia acontecer de tudo durante a Revolução Francesa – e, de fato, todos os tipos de coisas que pareciam impossíveis aconteceram durante a Revolução Francesa. O povo primeiro tomou a Bastilha, depois o Palácio das Tulherias, depois as ruas. O rei e a rainha perderam suas cabeças. Então o terror tomou conta, e a guilhotina trabalhou noite e dia. Enquanto tudo isso acontecia, as pessoas continuaram vivendo e amando, buscando vingança, justiça e procurando pela verdade. Em “Sacaramouche”, uma aventura ambientada durante a Revolução Francesa, nosso herói faz tudo isso que eu descrevi – mais do que muitas pessoas fazem durante a vida toda.

Everything could happen during the French Revolution – and, indeed, all kinds of things that seemed impossible did happen during the French Revolution. The people first took the Bastille, then took the Tuileries, then took the streets. A king and a queen lost their heads.  Then terror took over, and the guillotine worked night and day. While all this was happening, people kept on living and loving, seeking revenge, justice and looking for the truth. In “Scaramouche”, an adventure set during the French Revolution, our hero does all those things I’ve just described – more than many people do in a lifetime.  


No vale de Gavrillac, os melhores amigos André-Louis Moreau (Ramon Novarro) e Philippe de Vilmorin (Otto Matiesen) veem a pobreza, a fome e a morte infligidas no povo por um nobre local, o Marquês de La Tour D’Azyr (Lewis Stone). O eloquente Philippe desafia o Marquês e é morto em uma luta de esgrima. André promete vingança, usando a eloquência como sua arma contra o Marquês.

In the valley of Gavrillac, best friends André-Louis Moreau (Ramon Novarro) and Philippe de Vilmorin (Otto Matiesen) see the poverty, starvation and death that are inflicted upon the locals by a nearby nobleman, the Marquis de La Tour D’Azyr (Lewis Stone). The eloquent Philippe defies the Marquis and is killed in a sword fight. André vows to seek revenge, using eloquence as his weapon against the Marquis.


O padrinho de André, Quintin de Kercadiou (Lloyd Ingraham), tenta dissuadi-lo da busca por justiça contra o Marquês – na verdade, Quintin espera que o Marquês se case com sua filha, Aline (Alice Terry). Agora tudo ficou ainda mais pessoal para André, pois ele também está apaixonado por Aline.

André's godfather, Quintin de Kercadiou (Lloyd Ingraham), tries to dissuade him from seeking justice against the Marquis – in fact, Quintin hopes that the Marquis marries his daughter, Aline (Alice Terry). Now things get even more personal to André, as he, too, is in love with Aline.


A Revolução Francesa está acontecendo, e tudo está mudando muito rápido. André carrega consigo a cópia da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que Philippe levava sempre. André nunca perde uma oportunidade de fazer um discurso sobre a Declaração e sobre como a nobreza não pode mais oprimir o povo.

The French Revolution is underway, and things are changing fast. André carries with him the copy of the Declaration of the Rights of the Man and of the Citizen that Philippe used to carry. André never wastes an opportunity to make a speech about this Declaration and how the nobility can no longer oppress the people.


Agora perseguido pelos soldados do rei, André se junta a um grupo de artistas itinerantes como dramaturgo, depois de mostrar a todos sua eloquência e sabedoria. Agora chamado simplesmente de Monsieur X, André está com o grupo há um ano quando ele termina de escrever a ousada peça “Figaro – Scaramouche”. A peça estreia em um enorme teatro de Paris, e o próprio André interpreta Scaramouche, mas seu rosto é ocultado por uma máscara com um longo nariz.

Now being persecuted by the King's soldiers, André joins a group of travelling artists as a playwright, after he shows all his eloquence and wit. Now called simply Monsieur X, André has been with the group for a year when he finishes writing the daring play “Figaro – Scaramouche”. The play premieres in a huge theater in Paris, and André himself plays Scaramouche, but his face is hidden from the public by a mask with a long nose.


Tanto Aline quanto o Marquês de La Tour estão na estreia da peça, mas apenas Aline reconhece André. Acreditando que os dois estão juntos, André decide se casar com a atriz Climène (Edith Allen)... mas ela também é seduzida pelo Marquês! Mais sofrimento para André.

Both Aline and the Marquis de La Tour attend the premiere of the play, but only Aline recognizes André. Believing they are together, André decides to marry a fellow actress, Climène (Edith Allen)... but she is seduced by the Marquis as well! Heartache follows.


Mas e a Revolução Francesa? Agora a Assembleia Nacional está reunida, e a nobreza desesperada pode apenas usar sua habilidade com a espada para desafiar deputados do povo. Por isso, Danton (George Siegman) convida André – não mais artista, mas agora assistente de um professor de esgrima – para fazer parte da Assembleia. Então, haverá lutas de espada, reviravoltas na trama e um monte de pessoas nas ruas de Paris, incluindo esta mulher muito exaltada:

But the French Revolution was underway, wasn't it? Now the National Assembly is reunited, and the desperate nobility can only use their ability with the sword to fight deputies who speak for freedom. So, Danton (George Siegman) invites André – no longer an artist, but a fencing teaching assistant – to take part in the Assembly. Then, there will be sword fights, plot twists and a lot of fed up people on the streets of Paris, including this overly excited woman:
 
GIF via Movies, Silently
Feito pela Metro Pictures um ano antes da fusão que a transformou em MGM, “Scaramouche” é baseado num livro de 1921 escrito por Rafael Sabatini. O diretor Rex Ingram escolheu seus colaboradores frequentes Novarro, Stone e Alice Terry para os três papéis principais – e é interessante ver Lewis Stone como vilão, considerando que anos depois ele interpretaria o afável Juiz Hardy, pai de Andy Hardy em uma série de filmes.

Made by Metro Pictures one year before it merged to become MGM, “Scaramouche” is based on a 1921 novel written by Rafael Sabatini. Director Rex Ingram chose his usual collaborators Novarro, Stone and Alice Terry for the three main roles – and it’s interesting to see Lewis Stone as a villain, considering that years later he would play the affable Judge Hardy, Andy Hardy’s father in a series of movies.


Ramon Novarro, embora tenha seus olhos brilhantes capturados pela câmera de Ingram, infelizmente não está tão bonito como estaria dois anos depois em “Ben-Hur” (1925). Alice Terry, por outro lado, não tem uma personagem com muitas camadas para interpretar, mas está charmosa em todos os seus momentos em cena.

Ramon Novarro, although with glowing eyes captured by Ingram’s camera, unfortunately, is not as handsome here as he would be two years later in “Ben-Hur” (1925). Alice Terry, on the other hand, doesn’t have a character with many layers to play, but is charming every time she’s on screen.


“Scaramouche” é um filme com muitas cartelas de texto, o que é compreensível: uma história tão complexa não poderia ser contada com poucas cartelas. A história é tão complexa e cheia de reviravoltas que em alguns momentos ela se torna enfadonha – e todos sabemos que filmes mudos NÃO são chatos, tomando como exemplo o conto pacifista de 1919 “Eu Acuso!”. Como bônus, o filme é muito fiel ao livro, ao contrário do remake colorido de 1952.

“Scaramouche” is a film with lots of intertitles, which is understandable: such a complex story couldn't be told with only a few title cards. The tale is so complex and so full of twists that sometimes the film gets a bit boring – and we all know that silent films are NOT boring, take for instance the 1919 pacifistic tale “J’Accuse!”. As a bonus point, the film is very faithful to the novel, unlike the 1952 color remake.


Assim como em todos os dramas históricos, “Scaramouche” também tem muitos cenários lindamente decorados e incríveis figurinos, cabelos e maquiagens – detalhe: todo mundo tem uma pinta no rosto, algumas delas desenhadas em forma de coração ou estrela! Mas o destaque é para a reconstituição perfeita da Assembleia Nacional.

As it happens to most historical films, “Scaramouche” also has many beautifully decorated sets and amazing costumes, hair and make-up – detail: everybody has a beauty mark, some of them are drawn as hearts or stars! But the highlight is the perfect reconstitution of the National Assembly.


Com poucas lutas de espada emocionantes e alguns momentos chocantes – uma participação histórica especial te surpreenderá – “Scaramouche” é um filme que mostra como o cinema mudo podia ser visualmente belo. Na época, eles não precisavam de diálogos, eles tinham rostos – e cenários e figurinos para impressionar qualquer um.

With few exciting sword fights and a few shocks – one historical cameo will surprise you – “Scaramouche” is a film that shows how visually beautiful silent films can be. At the time, they didn’t need dialogue, they had faces – and sets, and costumes to amaze anyone.

This is my contribution to the Costume Drama blogathon, hosted by Debbie at Moon in Gemini.



3 comments:

  1. A perfect film to review for the blogathon. Although it did drag in parts ultimately I found this version of Scaramouche very much to my liking. Filmmaking in this era continually impresses me.

    MGM company man Lewis Stone also appeared in the 1952 version of Scaramouche as the father of the doomed freedom fighter who sets off the round of vengeance. It's a small world!

    PS: I am looking forward very much to your Luso Blogathon. Not having any background with the films, I know that I will learn a lot.

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  2. This film looks so beautiful – the people, the costumes, the sets. It's hard to believe it's nearly 100 years old!

    Lewis Stone as a villain?! This I've got to see. Thanks for putting it on my radar.

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  3. I probably saw a truncated version of this film when I was in film school but need to see it again, if only for Ramon Navarro, one of my all-time faves.

    Thank you so much for contributing this to the blogathon!

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