Are
you
ready to say so
long,
farewell, auf Wiedersehen, goodbye
to 2020? I certainly am. And there is no better way to say goodbye to
a year than to start planning for the next year, so here it is
something to look forward to in the beginning of 2021: our Luso World
Cinema Blogathon is back!
The
Luso World Cinema Blogathon was held for the first time in 2019,
hosted by me here at Crítica Retrô and by Beth at Spellbound by
Movies. We were more
than thrilled
when the blogathon won the award for Best Classic Film Event of the
year, tied with the equally amazing 4th
Alfred Hitchcock blogathon, hosted by Maddy at Maddy Loves Her Classic
Films. Hooray!
The
Luso World Cinema Blogathon once again accepts posts about films made
in Lusophone countries, that is, countries that speak Portuguese –
see the list below –, and film stars with Luso heritage, that
means, film stars of Portuguese descent. This list includes natives
like Carmen Miranda, Rodrigo Santoro, Sônia
Braga (recently named one of the 25 best actors of the 21stcentury!), Raul Roulien, Maria de Medeiros and also Keanu Reeves,
Mary Astor, Louise Fazenda, Tom Hanks, Joe DeRita, James Franco,
Daniel Brühl, Auli'i Cravalho (the voice of Disney's Moana!), Nestor
Paiva, Amy Poehler, Dorothy DeBorba and many more you can find
listed HERE. You can write an overview of those people's lives
or careers
or focus on a specific film or TV show they made.
Here
are a few lists of movies from Lusophone countries:
Marcel Perez. Robinet. Marcel Fabre. Michel
Fabre. Fernandea Perez. Tweedledum. Twede Dan. Tweedy. Todos estes nomes se
referem à mesma pessoa: o comediante Marcel Perez. Você pode não ter ouvido
falar dele, mas Marcel já foi uma superestrela. Você já deve ter ouvido que Max
Linder foi a primeira estrela de cinema internacional, e Chaplin foi a segunda.
Entre eles, houve o quase esquecido Marcel Perez, um artista espanhol que foi
bem-sucedido nos muitos países em que trabalhou.
Marcel Perez. Robinet. Marcel Fabre. Michel
Fabre. Fernandea Perez. Tweedledum. Twede Dan. Tweedy. All those names refer to
the same person: comedian Marcel Perez. You may not have heard
about him, but once Marcel was a superstar. You may have heard that Max Linder
was the first international film star, and Chaplin was the second. In the
middle of them, there was the nearly forgotten Marcel Perez, a Spanish
performer who found success in the many countries he worked in.
Nascido na Espanha em 1884 como Marcel Fernández
Perez, ele começou sua carreira no show business como palhaço de circo. Seu
mais antigo – e muito ousado – filme de que se tem notícia é de 1907: o
curta-metragem metragem francês “The Short-Sighted Cyclist” (ou “The
Near-Sighted Cyclist”), embora haja evidências de que ele já estivesse
trabalhando no cinema desde 1900 para companhias como Pathé e Gaumont.
Born in Spain in 1884 as
Marcel Fernández Perez, he started his show business career in as a circus
clown. His earliest – and one his most daring – known screen appearance dates
from 1907, in the French film “The Short-Sighted Cyclist” (or “The Near-Sighted
Cyclist”), although there is evidence that he had been in films since 1900,
working for companies such as Pathé and Gaumont.
Em 1910, ele se mudou para a Itália e rapidamente
fez enorme sucesso interpretando o personagem Robinet para os estúdios
Ambrosio. Em mais de 100 filmes de meio rolo – de cerca de cinco minutos de
duração – feitos em um período de cinco anos, Robinet, por vezes com sua esposa
Robinette (Nilde Baracchi), vive pequenas aventuras que iam desde um ataque de
ciúmes com consequências doloridas, passando pela tentativa de aprender a dirigir
mesmo sendo extremamente míope, até várias tentativas de manter limpo seu
novíssimo terno branco. Nos EUA, o personagem Robinet era conhecido como
Tweedledum.
In 1910, he moved to
Italy and quickly found enormous success playing the character Robinet at the
Ambrosio studios. In over a hundred split-reel shorts - about five minutes long
- made in a period of five years, Robinet, sometimes paired with his wife Robinette
(Nilde Baracchi), lives little adventures that could consist in a bout of
jealousy with painful consequences, learning how to drive a car despite being extremely
nearsighted or several attempts to keep
his brand new white suit clean. In the USA, the character Robinet was known as
Tweedledum.
Já que estamos falando de aventuras, o
longa-metragem “Viagens Maravilhosas de Saturnino Fanrandola” (1913) traz
Marcel Perez em oito aventuras diferentes contadas em menos de 60 minutos.
Resgatado quando criança de um naufrágio, Saturnino foi criado por macacos,
resgatado novamente por marinheiros e lutou contra piratas, cientistas,
gorilas, leões e vilões ambiciosos. É um filme estranho, incrível e bastante
surpreendente.
Since we’re talking about
adventures, the feature “The Extraordinary Adventures of Saturnino Farandola”
(1913) brings Marcel Perez in eight different adventures told in less than 60
minutes. Rescued from a sinking ship as a baby, Saturnino was raised by
monkeys, rescued again by sailors and fought pirates, scientists, gorillas,
lions and greedy villains. It’s
a weird, amazing and extremely surprising film.
Em 1915, com a Primeira Guerra Mundial impactando
a indústria do cinema na Itália, Perez mudou-se para os Estados Unidos. Em sua
breve passagem por Jacksonville, Flórida, ele trabalhou nos estúdios Vim e fez quatro
curtas-metragens como o personagem Bungles, contracenando com Oliver Hardy,
então creditado como Babe Hardy. Perez dirigiu os quatro filmes e foi
creditado, enquanto ator, como Fernandea Perez. Enquanto diretor, ele
sempre foi creditado como Marcel Perez.
In 1915, with World War
One impacting the film industry in Italy, Perez moved to the United States. In
his brief passage to Jacksonville, Florida, he worked at the local Vim studios
and made four short films as the character Bungles, with co-star Oliver Hardy,
then billed Babe Hardy. Perez directed the four films and was billed, as an
actor, Fernandea Perez. As a director,
he was always billed Marcel Perez.
Nos EUA, ele trabalhou tanto como ator quanto
como diretor para os estúdios e companhias Vim, Eagle, Jester, Reelcraft e Sanford.
Um dos destaques de sua carreira norte-americana é “A Busy Night” (1916), em
que ele interpreta todos os 16 personagens – e ainda dirige o filme! Esta é
também a primeira vez que Perez dirige um curta de dois rolos – cerca de 25 minutos
– como nota o historiador e pianista Ben Model.
While in the USA, he
worked as both actor and director for studios and companies Vim, Eagle, Jester,
Reelcraft and Sanford. One of the highlights of his American career is “A Busy
Night” (1916), in which he plays all sixteen characters – and also directs!
It’s also Perez’s first time directing a two-reel film – about 25 minutes long
– as film historian and accompanist Ben Model notices.
"Some Hero" (1916)
Em 1920 Perez se casou com a atriz Dorothy Earle,
com quem trabalhava frequentemente, e eles tiveram um filho, Marcel Perez Jr. Antes
de conhecer Dorothy, a protagonista feminina dos filmes de Perez ainda era
Nilde Baracchi, que também emigrou da Europa. Nos filmes feitos para a
companhia Eagle, Nilde era creditada como Babette Perez, e nos filmes para a
companhia Jester, como Nilde Babette. Dorothy Earle, cujo nome verdadeiro era Esther
Lucille Elmendorf, após se casar com Perez ela chegou a assinar o nome como Esther
Perez. Ufa! Viu como tudo pode ser bem confuso?
In 1920 Perez married his
frequent co-star Dorothy Earle and they had a son, Marcel Perez Jr. Before
meeting Dorothy, Perez’s female co-star was still Nilde Baracchi, who also
emigrated from Europe. In films made for the Eagle company, Nilde was billed
Babette Perez, and in films for the Jester company, she was billed Nilde
Babette. Dorothy Earle,
whose real name was Esther Lucille Elmendorf, after marrying Perez often used
the name Esther Perez. Wow! See how confusing things can get?
Nilde Baracchi and Marcel Perez in "what a Day!" (1918)
Em meados dos anos 20, Perez foi diagnosticado
com câncer e teve de amputar sua perna esquerda, fazendo sua última aparição no
cinema em “Lash of the Law” de 1926, como um aleijado. Então ele passou a
trabalhar apenas por trás das câmeras. Ele dirigiu curtas para o produtor e
ator ocasional Joe Rock. Infelizmente, Marcel Perez faleceu em 1919, com apenas
44 anos.
In the mid-1920s, Perez
was diagnosed with cancer and had to amputate his left leg, making his last
film appearance in 1926's “Lash of the Law”, as an amputee. Then he switched
entirely to behind-the-camera work. He directed short films for producer and
occasional actor Joe Rock. Unfortunately, Marcel Perez passed away in 1929, at
only 44.
"The Tenderfoot" (1919)
Sim, este homem morreu há mais de 90 anos e nós
ainda estamos – ou talvez finalmente estamos – falando sobre ele hoje, porque
ele definitivamente merece todos os elogios. Marcel Perez era incrivelmente
talentoso, criativo e atlético. Algumas de suas gags desafiam qualquer tipo de lógica, enquanto outras demandam
muito fisicamente. Suas expressões faciais e gestos são sempre uma alegria para
nossos olhos. Como diretor, ele mostra ser inventivo e sofisticado no uso de técnicas
cinematográficas como a split screen.
Entre os filmes que estão disponíveis, o mais criativo é “Amor Pedestre” (1914),
uma história de amor contada apenas com os pés dos personagens. Você jamais poderia
imaginar que pés podem demonstrar tanta emoção, tensão e até erotismo!
Yes, this man died over
90 years ago and we are still – or maybe finally – talking about him today, because
he definitely deserves all the praise. Marcel Perez was incredibly talented,
inventive and athletic. Some of his gags defy all kinds of logic, while others
are very physically demanding. His facial expressions and gestures are always a
delight to watch. As a director, he shows inventiveness and sophistication in
his use of film techniques such as the split screen. His most creative film,
out of the ones available now, is “Amor Pedestre” (1914), a love story told
only with the characters’ feet. You could never imagine that feet can show so
much emotion, tension and even eroticism!
O ano de 2020 foi
difícil para mim e certamente também foi para muitos de vocês que estão lendo o
blog. Mas foi o ano em que descobri Marcel Perez, e isso fez de 2020 um pouco
melhor. Foi através da Silent Comedy Watch Party, um evento semanal de exibição
ao vivo de comédias mudas, apresentado por Ben Model e pelo historiador de
cinema Steve Massa. O evento exibiu, até agora, quatro filmes de Perez ─ na
verdade, foi através deste evento que eu fui apresentada a Marcel Perez e não
poderia estar mais grata. Antes de criar a Silent Comedy Watch Party, Ben &
Steve trabalharam no lançamento de dois DVDs com filmes de Perez, e Steve
escreveu um livro sobre o ator e diretor. Com este projeto de resgate, Ben
& Steve inclusive conseguiram exibir os filmes para os netos de Marcel
Perez e de Dorothy Earle, que até então nunca haviam visto seus avós na tela!
This year of 2020 was
difficult for me and certainly also for many of you reading this blog. But it
was the year I discovered Marcel Perez, and that made 2020 a little better. It
was through the Silent Comedy Watch Party, a weekly live-stream of silent
shorts hosted by Ben Model and film historian Steve Massa. The Party has showed
four of Perez’s films so far ─ actually, it was through the Party that I was
introduced to Marcel Perez and I couldn’t be more grateful. Before creating the
Party, Ben & Steve worked on the release of two DVDs of Perez’s films, and
Steve wrote a book about the actor-director. With this rescue project, Ben
& Steve even managed to show the films for Marcel Perez’s and Dorothy
Earle’s grandchildren, who until then had never seen their grandparents on
screen!
Assim como o terno
branco de Robinet não conseguiu ficar limpo por muito tempo, eu sei que no
final da pandemia não serei a mesma que era no começo. Mas terei certeza de que
Marcel Perez foi uma das pessoas que me ajudaram a passar por este momento.
Marcel ficou fora dos holofotes por muito tempo. Fico feliz por agora ele
receber os elogios que merece, e estou grata porque mais e mais de seus filmes
estão sendo (re)descobertos e exibidos. Rir é, de fato, o melhor remédio.
Like Robinet’s white suit
couldn’t be kept clean for long, I know I’ll not end the pandemic being the
same I was before. But I’ll be sure that Marcel Perez was one of the people who
helped me get through this moment. Marcel Perez was kept out of the limelight
for too long. I’m happy he’s getting the praise he deserves now, and I’m
grateful more and more of his films are being (re)discovered and made available.
Laughter is, indeed, the best medicine.