} Crítica Retrô: September 2022

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Wednesday, September 28, 2022

As Finanças do Grão-Duque (1924) / The Finances of the Grand Duke (1924)

 

Quantas obras-primas podem ser feitas numa vida? E quantas obras-primas podem ser feitas por alguém cuja carreira durou apenas 12 anos, produzindo 21 filmes? Este alguém é Friedrich Wilhelm Murnau, ou F.W. Murnau. Suas três obras-primas mais conhecidas são “Nosferatu” (1922), “A Última Gargalhada” (1924) e “Aurora” (1927), com uma possível obra-prima no atualmente perdido “Os Quatro Diabos” (1928). Trabalhando sem parar, Murnau fez outros filmes, não tão perfeitos quanto suas obras-primas, mas filmes que merecem ser vistos de qualquer maneira - devemos nos lembrar de que apenas 12 dos filmes de Murnau estão atualmente disponíveis. No mesmo ano em que Murnau fez “A Última Gargalhada”, ele fez outro filme ambicioso, “As Finanças do Grão-Duque”.


How many masterpieces can be made in a lifetime? And how many masterpieces can be made by someone whose career lasted for only 12 years and 21 films? This someone is Friedrich Wilhelm Murnau, or F.W. Murnau. His three best known masterpieces are “Nosferatu” (1922), “The Last Laugh” (1924) and “Sunrise” (1931), with a possible masterpiece in the currently lost “4 Devils” (1928). Working steadily, Murnau delivered other movies to the world, not as perfect as his masterpieces, but movies that deserved to be seen anyway - we should be reminded that only 12 of Murnau’s films are currently available. The same year Murnau made “The Last Laugh”, he made another ambitious film, “The Finances of the Grand Duke”.

As coisas não vão bem para Ramon XII, o Grão-Duque de Abacco (Harry Liedtke). Ele tem uma dívida enorme para com Marcowitz (Guido Herzfeld) e precisa pagar tudo em três dias, ou o Grão-Ducado de Abacco não mais pertencerá a ele. Uma solução cai do céu com uma carta da Princesa Olga da Rússia (Mady Christians), que deseja se casar com o Grão-Duque apesar das circunstâncias financeiras.


Things are not going well for Ramon XII, the Grand Duke of Abacco (Harry Liedtke). He has an enormous debt with Marcowitz (Guido Herzfeld) and needs to pay everything in three days, or the Grand Dukedom of Abacco will no longer belong to the Grand Duke. A solution falls from heaven as a letter from Princess Olga of Russia (Mady Christians), who wants to marry the Grand Duke despite his financial situation.

Mas há muito mais. O homem de negócios Bekker (Hermann Vallentin) está interessado em comprar Hermosa Point, parte do território de Abacco, para explorar as reservas de enxofre. O Grão-Duque não aceita a proposta de cinco milhões de Bekker em troca de Hermosa Point. Incapaz de ouvir um “não” como resposta, Bekker descobre quatro desajustados e se oferece para patrocinar o golpe que eles querem dar no Grã-Duque. Mais personagens aparecem, como o aventureiro Philipp Collins (Alfred Abel), que terá um papel de destaque na história.


 But there is much more. Businessman Bekker (Hermann Vallentin) is interested in buying Hermosa Point, part of Abacco’s territory, to explore the sulfur reservations. The Grand Duke doesn’t accept Bekker’s five million in exchange of Hermosa Point. Unable to hear “no” as an answer, Bekker finds four misfits and offers to fund their coup against the Grand Duke. More characters appear, like the adventurer Philipp Collins (Alfred Abel), who will have a role in the story.

Os 77 minutos de projeção são divididos em seis capítulos. A pessoa responsável pelo roteiro é ninguém menos que Thea von Harbou, então já casada com Fritz Lang. É curioso notar que Von Harbou escolhe Marcowitz - um homem com sobrenome judeu - como a fonte primária de problemas para o Grão-Duque. Todos nós sabemos que Von Harbou não fugiu da Alemanha com a ascensão do nazismo e era inclusive simpática ao partido. É sempre “interessante” observar pedacinhos de antissemitismo em seu trabalho anterior a 1933.


The 77 minutes of the film are divided in six chapters. The person responsible for the script is none other than Thea von Harbou, then already Fritz Lang’s wife. It’s curious to notice that Von Harbou chooses Marcowitz - a man with a Jewish last name - as the first source of problems for the Grand Duke. We all know that Von Harbou didn’t leave Germany with the rise of the Nazis and was even sympathetic to the party. It’s always “interesting” to notice bits of anti-Semitism in her early work.

Alguns rostos familiares do cinema mudo alemão, como Alfred Abel, que interpreta Philipp Collins, aparecem aqui e ali. Outro rosto familiar é mais difícil de distinguir: Max Schreck, que interpretou o papel-título em “Nosferatu”, é um dos revolucionários. O personagem de Schreck é simplesmente chamado de “o sinistro”.


Some familiar faces of German silent film, like Alfred Abel, who plays Philipp Collins, pop up here and there. Another familiar face is harder to distinguish: Max Schreck, who played the title role in “Nosferatu”, is one of the insurrectionists. Schreck’s character is simply named “the sinister one”.

A história é muito complexa, com muitos personagens e situações entrelaçadas, por vezes fica um pouco complicado seguir o andamento dos fatos.  Felizmente, no começo de cada capítulo há uma descrição da ação, algo que ajuda muito. Vale mencionar que a história não foi inventada pot Thea von Harbou: “As Finanças do Grão-Duque” foi baseado num livro de Frank Heller, escritor sueco.


The story is very complex, with many characters and intertwined situations, and sometimes it becomes a bit hard to follow. Luckily, in the beginning of each chapter there is a description of the action, something that comes in handy. It’s worth mentioning that the story wasn’t invented by Thea von Harbou: “The Finances of the Grand Duke” was based in a book by Frank Heller, a Swedish writer.

Algumas fontes dizem que este filme é uma comédia - aliás, a única comédia de Murnau. Pode não ser um filme cheio d humor, pois “As Finanças do Grão-Duque” é mais uma farça, dependendo de identidades falsas que só são reveladas no último minuto. Há muito absurdo non filme, mas ele não deixa de ser agradável e divertido. Vendo mais um dos bons filmes de Murnau, continuamos esperando e tendo esperança de que mais filmes dele sejam encontrados e redescobertos pelas plateias modernas.


 Some sources say that this film is a comedy - Murnau’s only comedy, by the way. It may not be very humorous, as “The Finances of the Grand Duke” is more of a farce, relying heavily on fake identities not revealed until the last minute. There is a lot of absurd in the movie, but it is enjoyable and entertaining. As we watch another of Murnau’s good movies, we keep waiting and hoping that more of his movies are found and rediscovered by modern audiences.

This is my contribution to the Silent Movie Day blogathon, hosted by Lea and Crystal at Silent-ology and In the Good Old Days of Classic Hollywood


Monday, September 26, 2022

Cabaret (1972)

 

Você sabe quando uma flor aparece no meio do concreto? O mesmo pode acontecer com as artes: no meio do caos, às vezes a arte - arte bem feita, até mesmo obras-primas - floresce. E então as pessoas são felizes e livres... até que a tragédia acontece. Isso aconteceu na República de Weimar (1918-1933), uma época que viu o Expressionismo Alemão e o Kammerspiel no cinema, a cultura dos cabarés e a liberdade de ser quem você realmente é. O perigo estava se aproximando, mesmo assim: incapazes de verem os outros felizes, os nazistas surgiram e se espalharam, prontos para recobrar o controle da vida das pessoas em nome da “moral”. Sim, esta é uma lição que devemos aprender - para cada conquista de grupos minoritários haverá uma reação das pessoas que não suportam ver seus privilégios sendo retirados -  mas é também algo mais para prestarmos atenção: a arte espetacular feita sobre estes raros períodos de liberdade. Um destes filmes espetaculares está completando 50 anos este ano: “Cabaret”, de Bob Fosse.

Do you know when a flower appears in the middle of concrete? The same can happen to the arts: in the middle of chaos, sometimes art – good art, even great art – flourishes. And then people are happy, and free... until tragedy strikes. This happened in the Weimar Republic (1918-1933), a time that saw the German Expressionism and the Kammerspiel in cinema, the culture of cabarets and the freedom of being who you truly were. The danger was looming, nevertheless: unable to see others being happy, Nazis appeared and spread, ready to reclaim control of people's lives over the excuse of “morality”. Yes, this is a lesson from us to learn - for every conquest of minority groups there will be a reaction from people who can’t stand seeing their privileges being taken away - but it’s also something else to look out for: great art made about these rare periods of freedom. One of those great movies is turning 50 this year: Bob Fosse’s “Cabaret”.

Sally Bowles (Liza Minnelli) é uma dançarina no Kit Kat Club, um cabaré que apresenta alguns números elaborados e outros nem tão elaborados. Sally fica amiga do acadêmico e professor de inglês Brian (Michael York), que vai morar na mesma pensão em que Sally mora. Sally também fica conhecendo uma das alunas de Brian, a judia Natalia Landauer (Marisa Berenson). Natalia está apaixonada por Fritz (Fritz Wepper), um judeu que mente que é protestante.

Sally Bowles (Liza Minnelli) is a dancer at the Kit Kat Club, a cabaret for some elaborate numbers and some not-so-elaborate ones as well. Sally befriends the academic and English teacher Brian (Michael York), who comes to live in the same boarding house as she does. Sally also gets to know one of Brian’s students, Jewish Natalia Landauer (Marisa Berenson). Natalia is in love with Fritz (Fritz Wepper), a Jew who lies saying he’s a Protestant.

Um dia na lavanderia, enquanto tenta s comunicar usando seu pequeno conhecimento do alemão, Sally recebe ajuda de Maximilian (Helmut Griem), um homem muito rico - e casado. Em vez de um triângulo amoroso, Sally, Brian e Maximilian rapidamente se transformam em um trio. O nazismo está à espreita enquanto eles vivem, amam e se divertem, mas Sally tem problemas mais importantes para resolver.

One day at the laundry, while trying to communicate using her weak German, Sally is helped by Maximilian (Helmut Griem), a very rich - and married - man. Instead of a love triangle, quickly Sally, Brian and Maximilian become a trio. Nazism is lurking while they live, love and laugh, but Sally has more important problems.

Sally quer ser uma atriz na Alemanha - como Lya de Putti, ela diz. O cinema alemão estava indo muito bem nos anos 1920 e 1930. O país fez filmes incríveis e exportou diretores - como F.W. Murnau - e atores - como Emil Jannings, o primeiríssimo ganhador do Oscar de Melhor Ator, e a própria Lya de Putti, inspiração de Sally - para Hollywood. Isso significa que Sally tinha razão em se inspirar em atores alemães da época e tinha uma chance de alcançar seu sonho de se tornar uma grande estrela.

Sally wants to be an actress in Germany - like Lya de Putti, she says. German cinema was doing very well in the 1920s and early 1930s. The country made stunning films and exported directors - like F.W. Murnau - and actors - like Emil Jannings, the first-ever Best Actor Oscar winner, and even Lya de Putti, Sally’s inspiration - to Hollywood. This means that Sally was right about being inspired by German actors of the period and had a chance in her dreaming to make it big.

Ao passarem perto do corpo de um homem assassinado pelos nazistas, um motorista diz: “deixe que eles se livrem dos comunistas, depois nós podemos controlá-los”. Quando Brian pergunta quem são “nós”, o motorista responde “a Alemanha, é claro”. Como ele estava errado - e como estão erradas algumas pessoas ainda hoje! Para manter uma sociedade tolerante, é preciso ter tolerância zero com a intolerância. Discurso de ódio deve ser eliminado no começo, para que não se torne ataques de ódio. Se você não pode destruir ativamente a intolerância, você ainda pode se opor em silêncio - como um senhor de idade que permanece sentado quando um menino nazista canta “Tomorrow Belongs to Me” - ou, o que é mais esperto, ir embora como Brian e Maximilian fazem.

While passing by the body of a man murdered by Nazis, a chauffeur says: “let them get rid of the communists, later we can control them”. When Brian asks who’s “we”, the chauffeur says “Germany, of course”. How wrong he was then - and how wrong are some people now! To maintain a tolerant society, we must have zero tolerance for intolerance. Hate speech must be stopped in the beginning, so it won’t become hate acts. If you can’t actively destroy intolerance, you can silently oppose - like the older man who keeps seated when a Nazi boy starts singing “Tomorrow Belongs to Me” - or, which is wiser, flee like Brian and Maximilian do.

Os números musicais acontecem dentro do cabaré e Sally é a grande estrela, mas não podemos nos esquecer de mencionar a performance de Joel Grey como o Mestre de Cerimônias. O vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, Grey já havia ganhado um prêmio Tony por interpretar o Mestre de Cerimônias na Broadway, onde “Cabaret” teve mais de mil apresentações entre 1966 e 1967.

The musical numbers happen inside of the cabaret and Sally is the big star, but we must not forget to mention Joel Grey’s performance as the Master of Ceremonies. The winner of the Oscar for Best Actor in a Supporting Role, Grey had already won a Tony Award for playing the Master of Ceremonies on Broadway, where “Cabaret” ran from more than a thousand performances between 1966 and 1967.  

O filme foi rodado em locação na Berlim Ocidental, usando muitos dos cenários usados anteriormente em “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (1971). Sally Bowles foi inspirada por uma cantora de cabaré e aspirante a estrela de cinema real - mas não muito talentosa: Jean Ross. Jean foi membro do partido Comunista em Berlim e se tornou correspondente na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

The movie was filmed on location in West Berlin, in many of the same sets used for “Willy Wonka & the Chocolate Factory” (1971). Sally Bowles was inspired by a real - yet not very talented - cabaret singer and movie star-wannabe, Jean Ross. Jean was a member of the Communist party in Berlin and became a correspondent in the Spanish Civil War (1936-1939).

Eu tenho uma confissão a fazer: eu nunca tinha assistido a “Cabaret”. Gostei muito do filme, mas não amei. É um bom “slice of life”, e Liza é realmente mágica como Sally - um Oscar merecido! As músicas são tão icônicas que eu já as conhecia e pude cantar junto. “Cabaret” é mais que um filme: é uma experiência cinematográfica. Das boas.

 I have a confession to make: I had never watched “Cabaret” before. I really liked it, but didn’t love it. It’s a good “slice of life” movie, and Liza is indeed magical as Sally - well deserved Oscar win! The songs are so iconic that I already knew all of them beforehand and could sing along. “Cabaret” is more than a movie: it’s a cinematographic experience - a great one.

This is my contribution to the Fifth Broadway Bound blogathon, hosted by Rebecca at Taking Up Room.

Saturday, September 24, 2022

As Aventuras Cinematográficas de Huckleberry Finn

The Cinematic Adventures of Huckleberry Finn

De acordo com o IMDb, a novela de Mark Twain “As Aventuras de Huckleberry Finn” já foi adaptada para o cinema e a TV mais de 20 vezes, começando com “Huck and Tom” – com Jack Pickford como Tom Sawyer – em 1918. Eu escolhi assistir e resenhar três destas adaptações, todas feitas antes de 1940, e comparar com o livro, que eu li há alguns anos. Por isso este post também é por si só, uma aventura – literária e cinematográfica.

According to IMDb, Mark Twain’ novel “The Adventures of Huckleberry Finn” has been adapted to movies and TV shows, so far, more than 20 times, starting with “Huck and Tom” – that had Jack Pickford as Tom Sawyer – in 1918. I chose to watch and review three of those adaptations, all made before 1940, and compare with the book that I have read a few years ago. That’s why this post is, in itself, an adventure – a literary and cinematographic adventure, that is.

O livro, publicado em 1884, conta as muitas aventuras de Huckleberry Finn, camarada de Tom Sawyer, junto ao escravo em fuga Jim ao longo do rio Mississippi. Antes que a aventura comece, Huck é sequestrado pelo pai, um alcoólatra, que quer o dinheiro que Huck ganhou no livro anterior. Todas as versões que eu vi seguem esta história.

The book, published in 1884, tells the many adventures of Huckleberry Finn, Tom Sawyer’s comrade, alongside the runaway slave Jim through the Mississippi River. Before the adventures start, Huck is kidnapped by his alcoholic father, who wants the money Huck got in the previous book. All versions I’ve watched follow this plot.

Encontrei no Internet Archive apenas a primeira metade da versão de 1920, um filme dirigido por William Desmond Taylor que se destaca por ter sido a primeira adaptação do livro solo para o cinema. Aqui, Huck é interpretado por Lewis Sargent, Tom por Gordon Griffith e Jim por George Reed. Esta primeira metade mostra como Huck foi sequestrado por seu pai alcoólatra e como escapou do cativeiro, e termina quando ele encontra Jim, que havia sido vendido para um homem mau e também escapou. Um ponto importante é que a senhora Watson maltrata Jim, se transformando ela própria em um tipo de vilã.

I could find on the Internet Archive only the first half of the 1920 version, a film directed by William Desmond Taylor that was important for being the very first adaptation exclusively of the novel to the big screen. Huck here is played by Lewis Sargent, Tom by Gordon Griffith and Jim by George Reed. This first half shows how Huck was kidnapped by his alcoholic father and escaped captivity, and it ends when he meets Jim, who had been sold to a bad man and also escaped. Something that calls the attention is how harsh Mrs Watson treats Jim, becoming a villainess in her own right.

A versão de 1931 da Paramount, intitulada no Brasil “Mocidade Feliz”, tem Jackie Coogan como Tom Sawyer, Junior Durkin como Huck e Clarence Muse como Jim. Dirigida por Norman Taurog, esta versão toma um bom tempo mostrando as desventuras de Huck na escola antes do sequestro. Jim e Tom resgatam Huck e os três partem para viver aventuras – afinal, não dava para desperdiçar o poder do nome de Jackie Coogan, ainda um grande astro 10 anos após ser descoberto por Chaplin em “O Garoto”. Coogan, Durkin e a maioria do elenco repetem os papéis que interpretaram em “Aventuras de Tom Sawyer” em 1930. Já que Tom é parte da aventura, muitas mudanças foram feitas na história do livro, e apenas uma história é contada: dois homens que dizem ser um Duque e um Rei fingem ser os tios estrangeiros de duas garotas órfãs. Mesmo assim, esta versão conta com um bom elenco, com Coogan, Durkin (que tragicamente morreu poucos anos depois em um acidente de carro), Jane Darwell e Eugene Pallette.

The 1931 version, from Paramount Pictures, has Jackie Coogan as Tom Sawyer, Junior Durkin as Huck and Clarence Muse as Jim. Directed by Norman Taurog, this version takes a good time showing us Huck’s misadventures at school before his kidnapping. Jim and Tom rescue Huck and the three go on to live adventures - after all, you can’t waste Jackie Coogan’s star power, still strong 10 years after his discovery in Chaplin’s “The Kid”. Coogan, Durkin and most of the cast are repeating the roles they played in “Tom Sawyer” in 1930. Since Tom is part of the whole adventure, a lot of changes were made from the book, and only one story is told: two men who say they are a Duke and a King pose as the foreign uncles for two orphaned girls. Nevertheless, this version brings a good cast, with Coogan, Durkin (who tragically died only a few years later in a car crash), Jane Darwell and Eugene Pallette.

E em 1939 a MGM tinha o astro perfeito para ser o protagonista de “As Aventuras de Huck”: Mickey Rooney. Com Rex Ingram como Jim e nada de Tom Sawyer à vista, Rooney é brilhante como o menino-herói. Nesta versão, Huck não é sequestrado pelo pai, mas aceita ir com ele pois Huck está prestes a desapontar a viúva Douglass (Elizabeth Risdon) e a senhorita Wtason (Clara Blandick), que estavam tomando conta dele. Quando Huck deixa o pai, Jim é falsamente acusado de assassinar o garoto, e os dois descem o Mississippi, até que encontram o Rei e o Duque, que primeiro fazem um show e depois fingem ser os tios das órfãs. Este filme tem algumas escolhas estranhas – se vistas com os olhos de hoje – como mostrar como algo positivo o fato de Huck fumar cachimbo e todo um discurso de Huck sobre Jim ser escravo porque foi esse o destino dado a ele por Deus. Há também dois momentos em que Mickey Rooney se veste de menina.

And in 1939 MGM had the perfect star to be the lead of “The Adventures of Huckleberry Finn”: Mickey Rooney. With Rex Ingram as Jim and no Tom Sawyer in sight, Rooney is outstanding as the boy-hero. In this version, Huck isn’t kidnapped by his father, but agrees to go with him as he’s about to disappoint the Widow Douglass (Elizabeth Risdon) and Miss Watson (Clara Blandick), who had been taking care of him. When Huck escapes his father, Jim is falsely accused of murdering the boy, and the two go down the Mississippi, until they meet the King and the Duke, who first put on a show and later impersonate the orphans’ uncles. This movie has some odd choices – as seen nowadays – like showing Huck smoking a pipe as something nice and a whole speech by Huck about Jim being a slave because this was what God intended for him. There are also two moments in which Mickey Rooney dresses in drag.

Houve uma adaptação da história para o programa de TV Climax em 1955, na qual Jim foi completamente apagado. E então, no final dos anos 50, um cão azul andarilho que cantava Querida Clementina foi criado, e batizado de Dom Pixote – Huckleberry Hound no original. William Hanna e Joseph Barbera quase batizaram Zé Colmeia de Huckleberry Bear, mas mudaram de ideia no último minuto. Além do estilo de vida aventureiro, Dom Pixote tem pouco em comum com Huckleberry Finn.

There was an adaptation of the story for the TV show Climax in 1955, in which Jim was completely erased. And then, in the late 1950s, a blue dog wandering and singing Oh My Darling Clementine was created, and baptized Huckleberry Hound. William Hanna and Joseph Barbera almosted baptized Yogi Bear as Huckleberry Bear, but changed their minds in the last minute. Other than his lifestyle, Huckleberry Hound has little in common with Huckleberry Finn.

E então outras adaptações foram feitas. Houve uma em 1960 dirigida por Michael Curtiz (abaixo), com Buster Keaton em um pequeno papel. J. Lee Thompson dirigiu uma versão em 1974 para a tela grande  e no ano seguinte uma adaptação foi feita para a TV, com Ron Howard como Huck. A versão mais recente da história é um curta-metragem de 2020, mas uma nova adaptação para o cinema já está em pré-produção!

And then other adaptations were made. There was one in 1960 directed by Michael Curtiz (below), with Buster Keaton in a small role. J. Lee Thompson directed a version in 1974 for the big screen and the next year a version was made for the small screen, with Ron Howard as Huck. The most recent version of the story is a short film from 2020 and there is another adaptation in the works!

O relacionamento e a camaradagem entre Huck e Jim é uma das coisas mais importantes no livro, e foi traduzida para as telas de maneiras diferentes. Não houve momentos suficientes de Huck-e-Jim no fragmento de 1920 para que eu pudesse ver como os dois personagens interagiam. Na versão de 1931, a presença de Tom Sawyer por todo o filme eclipsou a relacão de Jim e Huck. Há uma verdadeira amizade retratada no filme de 1939, mesmo que o roteiro reforce que Jim não é uma pessoa muito esperta, sendo inclusive infantil algumas vezes.

The rapport and the camaraderie between Huck and Jim is one of the most important things in the book, and it was translated to the screen in different ways. There wasn’t enough of Huck-and-Jim moments in the 1920 fragment for us to see how the two characters interacted. In the 1931 version, the presence of Tom Sawyer all through the movie eclipsed Jim and Huck’s relationship. There is a true friendship portrayed in the 1939 film, even though they reinforce that Jim is a not-so-bright person, even childish at times.

Eu entendo que “As Aventuras de Huckleberry Finn” é um clássico norte-americano e leitura obrigatória em muitas escolas  - mesmo o livro tendo sido envolvido em polêmicas e até mesmo banido em alguns lugares! Eu li o livro já adulta, tentando agigantar meus horizontes quando o assunto é literatura mundial. Eu gostei muito do livro e agora, dando o veredicto sobre as duas adaptações e meia que vi, tenho que dizer que a versão de 1939 com Mickey Rooney é a melhor delas. E a MGM faz magia novamente!

I understand that “The Adventures of Huckleberry Finn” is an American classic and mandatory reading in many schools – even though the book has been involved in polemics and even banned in some places! I read the novel when I was already an adult, broadening my understanding of world literature. I really enjoyed the novel and now, giving the verdict about the two-and-a-half adataptations I watched, I have to say that the 1939 version with Mickey Rooney is the best of them. MGM does it again, folks!

This is my contribution to the Classic Literature in Film blogathon, hosted by Paul at Silver Screen Classics.