} Crítica Retrô: O Ladrão de Bagdá / The Thief of Bagdad (1940)

Tradutor / Translator / Traductor / Übersetzer / Traduttore / Traducteur / 翻訳者 / переводчик

Páginas

Friday, July 8, 2011

O Ladrão de Bagdá / The Thief of Bagdad (1940)

Primeira versão sonorizada e em cores do filme estrelado em 1924 por Douglas Fairbanks, O Ladrão de Bagdá é uma história de amizade, malandragem, cobiça, magia e, como não podia deixar de ser, amor.

This is the first sound and color version of the film starred in 1924 by Douglas Fairbanks. “The Thief of Bagdad” is a tale of friendship, mischief, greed, magic and, of course, love.
O estreante John Justin é Ahmad, príncipe que, amaldiçoado pelo rival Jaffar (Conrad Veidt), fica cego e passa a viver como mendigo. Sabu é Abu, o ladrão do título que, ao contrário da versão original, nada quer com a princesa, aqui interpretada por June Duprez, substituindo Vivien Leigh.

Newcomer John Justin plays Ahmad, a prince that was cursed by his rival Jaffar (Conrad Veidt), becomes blind and has to live as a beggar. Sabu plays Abu, the thief referred to in the title. Contrary to the original version, the thief has nothing to do with the princess, played by June Duprez, but a role intended for Vivien Leigh.
Cinco diretores assinam o filme, com destaque para Michael Powell que, através da produtora The Archers e da parceria com Emerich Pressburger, faria grandes filmes como “Os Sapatinhos Vermelhos” (1948) e “Narciso Negro” (1946). A trilha sonora é de Miklós Rósza, contratado após a ideia de usar valsas vienenses ter sido descartada. O filme teve cenas rodadas na Inglaterra e nos Estados Unidos, por isso os cinco diretores. Essa diferença é facilmente notada: nas partes gravadas em solo norte-americano, por conta da censura, as personagens estão mais vestidas e com decotes menores.

Five directors sign the movie. We highlight Michael Powell who, with the production company The Archers and his partner Emeric Pressburger, would still make great movies such as “The Red Shoes” (1948) and “Black Narcissus” (1946). The soundtrack was composed by Miklós Rósza, who was hired after nobody agree with the use of waltzes from Vienna in the soundtrack. The film was shot both in England and in the United States, with the five directors divided on the two continents. This difference is visible: in the scenes shot in the US, due to censorship, the characters show less cleavage and have more clothes on.  
No ano seguinte, o filme levou três prêmios Oscar: melhores fotografia, efeitos especiais e direção de arte. De fato, apesar dos olhos críticos e cínicos do público (notadamente da juventude) atual desdenharem dos efeitos da época, são eles que criam a magia até hoje crível, fazendo da película uma espécie de Alladin do tempo dos nossos avós.

The following year, the movie took home three Oscars: best Cinematography, Special Effects and Art Direction. Indeed, although critical and cynical eyes from the modern viewer usually disdain the dated special effects, it is because of these effects that the film exhales a magic that remains fresh more than 70 years after the original release. “The Thief of Bagdad” becomes, with its special effects, an Alladin from the times of our grandparents. 
Tudo o que vem à nossa mente ao mencionarmos a Arábia e As Mil e Uma Noites pode ser encontrado em O Ladrão de Bagdá. Tapetes voadores, feiticeiros, sultões, dançarinas de véu, cavalos alados, gênios da lâmpada que concedem três pedidos.  E mais algumas mágicas cinematográficas fora do mundo árabe, como uma aranha gigante ou a transformação do menino em cachorro. Um truque usado até hoje foi usado pela primeira vez neste filme: a gravação em fundo azul para depois colocar o cenário colorido durante a edição. Técnicas e Technicolor para criar o melhor clima de ação e aventura possível.

Everything that comes to our minds when we think about the Arab world and the 1001  Nights can be found in “The Thief of Bagdad”. Flying carpets, magicians, sultans, veil dancers, horses with wings, lamp genies that grant three wishes. And also some film magics outside the Arab world, like a giant spider or a boy being transformed in a dog. A trick used until today was created for the film: the chroma key, the scene shot in front of a blue background in order to add the scenario during the editing process. Techniques and Technicolor to create the best mood of action and adventure.

Sabu, carismático ator indiano sempre em papéis exóticos como o luxurioso príncipe de Narciso Negro e o menino lobo Mogli (1942, 25 anos antes de Walt Disney colocá-lo para dançar entre os animais da floresta em desenho animado), é o destaque como o divertido, espirituoso e leal ladrão. Conrad Veidt, o alemão com cara de mau que esteve nos clássicos O Gabinete do Dr. Caligari (1919) e Casablanca (1942), convence como vilão. John e June estão bem como o casal principal, mas infelizmente suas carreiras não progrediram. Não podemos dizer o mesmo das técnicas de efeitos especiais que, embora tenham feito progresso, perderam a real magia que só os sonhos ou os filmes como O Ladrão de Bagdá mantém.

Sabu was a charismatic Indian actor who always played exotic roles such as the luxurious prince from “Black Narcissus” and Mowgli (from the 1942 “The Jungle Book”, made 25 years before Walt Disney put Mowgli to dance amidst the jungle animals in the cartoon). Here Sabu is the scene stealer as the fun, witty and loyal thief. Conrad Veidt, the German with an evil face that was in classics like “The Cabinet of Doctor Caligari” (1919) and “Casablanca” (1942), is great and convincing as the villain. John and June perform well as the main couple, but unfortunately they didn't have much success in their later careers. But we can't say the special effects weren't successful! Although there was great progress in the field through the years, there was a loss of the real magic that only dreams or movies like “The Thief of Bagdad” can have.

10 comments:

  1. Um lindo filme, Lê, e o Conrad Veidt está fabuloso como sempre.

    O Falcão Maltês

    ReplyDelete
  2. Muito legal valorizar o imaginário fantástico.
    Cadinho RoCo

    ReplyDelete
  3. Letícia,
    Obrigado pela visita ao meu finado blogue. Dei uma lida no seu e tive uma boa impressão. Mas o que me impressionou mais é o fato de, na sua pouca idade, você privilegiar os filmes antigos. Ficarei vindo por aqui. Um abraço.

    ReplyDelete
  4. Oi, Lê... Dando uma passadinha... Gosto muito de cinema mas tenho estado BAS-TAN-TE desatualizado... Vi as raridades que vc tem por aqui apesar de sua pouca idade, tens um gosto requintado por filmes antigos, bacana... UM bjão, Edison Eduardo d:-)

    ReplyDelete
  5. Oi, Lê

    Gostei muito do seu blog. Uma paixão levada a sério, com competência.
    Obrigada pela visita.

    ReplyDelete
  6. Esta crítica está espectacular!
    Mesmo muito boa!

    ReplyDelete
  7. Oi, Lê! a recíproca foi a mesma: adorei seu blog também. Parabéns. Continue assim...
    Marcos Malu Massolini - Almanaque do Malu

    ReplyDelete
  8. Gostaria muito de ver a versão muda com o Douglas Fairbanks. Ontem vi UM ROSTO DE MULHER e mais uma vez fiquei impressionado com Conrad Veidt. Ele era ótimo, pena que morreu tão cedo.

    O Falcão Maltês

    ReplyDelete
  9. Lê,
    parabéns pelo Blog.
    Gostei muito das postagens, do conteúdo, das fotos.
    Muito bacana você relembrar O Ladrão de Bagdad!

    ReplyDelete
  10. Excelente filme. O de 1924 também encanta e caminha de outra forma. E como você bem disse, nele também os efeitos especiais aguçam nossa imaginação ao invés de a anular.

    ReplyDelete