Algumas colaborações
entre ator / atriz e diretor são memoráveis. No cinema clássico japonês o mais
conhecido ator talvez seja Toshiro Mifune, chinês de nascimento e fotógrafo na
Segunda Guerra Mundial, que teve uma parceria rica e fascinante com o diretor Akira
Kurosawa.
Kurosawa visitava o
Toho Studio, o maior estúdio de cinema do Japão na época, quando viu um moço
interpretando uma cena com grande vigor. Na verdade, Akira havia sido
aconselhado a ir ver um jovem talento da companhia, e este era Toshiro. O ator
não conseguiu o papel para o qual fazia o teste, mas conseguiu a profunda
admiração de Kurosawa. Começava aí uma parceria que renderia 16 filmes, alguns
dos melhores do cinema japonês. E não pensem que Kurosawa ajudou Toshiro apenas
na carreira: foi ele também que ajudou a convencer a família de Sachiko
Yoshimine a aceitar o casamento dela com o ator.
Ele e Kurosawa
ajudaram a colocar o Japão no mapa cinematográfico mundial, da mesma maneira
que Kenji Mizoguchi fez. Mifune, aliás, trabalhou com Mizoguchi em 1952.
Voltando a Kurosawa, os dois fizeram juntos o filme “Rashomon”, que rendeu um
prêmio honorário equivalente ao Melhor Filme de Língua Estrangeira, categoria
que só seria criada quatro anos depois. Mesmo assim, o filme não chegou aos
cinemas americanos. Coube a outra produção da dupla a honra de ser o primeiro
filme japonês a ser exibido nos Estados Unidos: “Os Sete Samurais”, que ainda
assim estreou com dois anos de atraso.
Se hoje nós temos uma
visão bem clara do que é e como age um samurai, devemos muito às interpretações
de Toshiro Mifune. O guerreiro hábil, sábio e com atitudes nobres se
contrapunha ao homem com poucas aptidões sociais, como acontece em “Yojimbo”
(1960). Mais tarde o jeito durão desses personagens seria copiado por Clint Eastwood,
que inclusive alcançou fama mundial em “Por um punhado de dólares / A Fistful
of Dollars” (1964), remake western de “Yojimbo”.
Sua carreira não foi
feita só de samurais. Em 1955 ele interpretou um homem com o dobro de sua idade
num filme que tinha tudo a ver com a época: “I Live in Fear” conta a história
de um homem que, apavorado pelos efeitos da radiação, decide se mudar para o
Brasil (!!), onde o ar é fresco, mas sua família considera a ideia dele uma
grande loucura. Também teve destaque em outros dramas e noirs, como “Stray Dog”
(1949), em que interpreta um policial em busca de sua arma roubada, e “Drunken
Angel” (1948), em que vive um mafioso.
Foi o filme “Red
Beard” (1966) que estremeceu as relações entre ator e diretor. A produção
demorou dois anos para ficar pronta e, durante esse tempo, Toshiro não pôde
trabalhar porque o filme exigia que ele não fizesse a barba, e passou por uma
pequena dificuldade financeira, solucionada ao receber os lucros da produção. A
partir daí, Kurosawa alternou sucessos e fracassos, enquanto Mifune fez filmes
no exterior e participou da minissérie “Shogun”, aumentando ainda mais sua
fama.
A colaboração dos
dois, além de produzir obras-primas, foi também essencial para um dos maiores
sucessos do cinema. Em 1958 eles fizeram “The Hidden Fortress”, uma epopeia de
busca que envolvia uma princesa, um protetor e alguns coadjuvantes, a mesma
premissa de “Star Wars”. Nunca o cinema japonês foi tão pop.
This
post is part of the Summer Under the Stars blogathon, hosted by Sittin’ on a Backyard Fence and ScribeHard on Film.
Eles foram figuras centrais do curso de cinema sobre o cinema japones que eu participei esses tempos.
ReplyDeleteQuando se fala sobre cinema japonês, é impossível não citar esses dois ícones. Sem dúvida alguma, uma das melhores e mais famosas duplas da história do cinema. Parabéns por este excelente post, e por nos trazer um pouquinho mais de informação sobre o cinema japonês.
ReplyDeletePor enquanto assisti apenas os últimos filmes da carreira de Kurosawa.
ReplyDeleteGostei de "Rapsódia em Agosto" e "Sonhos", mas ainda preciso conferir os clássicos com Toshiro Mifune e também "Ran".
Até mais.
Não conhecia essa dupla não. Mas conhecia o filme Os Sete Samurais; ainda não assisti. Não conheço quase nada do cinema japonês, mas gostei muito do seu post. Ás vezes é bom sair do clima hollywoodiano, não? Valeu por compartilhar, me abriu a mente. Beijos<3
ReplyDeleteSuper interessante, confesso que não sei nada sobre o cinema japonês! :D
ReplyDeleteBeijão!
izabellaniquito.blogspot.com
Querida amiga
ReplyDeletePenso que viver
é semear com palavras,
imagens e sonhos
palavras que acordem
o belo,
o justo
e o melhor do mundo
em outras vidas.
Que este seja o nosso
compromisso com a vida
Aluísio Cavalcante Jr.
Oi flor, Obrigada pela visita no meu blog, fiquei super feliz e gostei da postagem, eu não conhecia essa dupla, mais adorei em conhecer agora, estou seguindo.
ReplyDeleteBjuus ;*
http://mundo-da-isabella.blogspot.com.br/
Very nice write up...thank you Google Chrome for translation!
ReplyDeleteRashomon foi o primeiro que assisti da dupla. Muito bom!
ReplyDeletejá li muito sobre essa dupla pela internet, mas inacreditavelmente ainda não vi nenhum filme deles, nem mesmo o famoso "Os sete samurais", este que, procuro para assistir mas nunca acho :(
ReplyDeleteVocê trouxe á tona um dos melhores filmes do cinema Japonês. Kurosawa um grande cineasta que conseguiu produzir os primeiros filmes em branco e preto com detalhes nunca vistos. Ran, Os sete Samurais. Todos imperdíveis. Depois veio "Sonhos" (um ícone).
ReplyDeleteTambém foi uma grande produção sob a direção de Kurosawa "Dersu Uzala" filmado na Sibéria.
Toshiro Mifune, grande ator. Lembrei-me de sua atuação com Lee Marvin em "O inferno no pacífico".
Parabéns pela rica postagem
Bjs.
adoreio blog. Espero a sua visita :)
ReplyDeletehttp://larissacanziani.blogspot.com.br
Great piece, Le! And I really love that picture of Mifune smoking. We rarely see a "modern" Mifune.
ReplyDeleteThanks for another great contribution to the blogathon!