Alguns personagens
realmente chamam toda a atenção para si quando aparecem na tela. O caso mais
memorável para mim é de Madame De Farge em “A Queda da Bastilha / A Tale of Two
Cities” (1935) que, histericamente, pede que todos os réus sejam condenados à
guilhotina. Quem a interpreta é a desconhecida atriz Blanche Yurka, mas vez ou
outra surgem intérpretes igualmente inesquecíveis. Quem não se lembra do sempe
divertido Edward Everett Horton? Ou da talentosa coadjuvante Thelma Ritter? Ou
desses dois atores que são o assunto do post?
Walter Brennan foi
ganhador de três Oscars de Melhor Ator Coadjuvante, incluindo na primeira
cerimônia em que esse prêmio foi apresentado, em 1936. Um de seus papéis mais
marcantes é Eddie em “Uma Aventura na Martinica / To Have and Have Not” (1944).
Eddie bebe muito e tem um andar peculiar, que Brennan obteve colocando uma
pedra em um de seus sapatos. Companheiro de Humphrey Bogart, mas de maneira
mais cativante que o pianista Sam de Casablanca, ele tem direito até a uma
divertida frase de efeito: “Você já foi picado por uma abelha morta?” (Was you ever bit by a dead bee?).
Seus personagens são
normalmente tipos peculiares e mais velhos que o ator. Um acidente, em
condições que eu desconheço, deixou-o quase sem dentes e criou marcas em seu
rosto. Sua voz ficou rouca após combater na Primeira Guerra Mundial, quando o
ator ficou exposto a diversas substâncias tóxicas. Ao voltar da guerra, mais
uma tragédia: Walter perdeu quase todo seu dinheiro no início da década de
1920, quando se envolveu com a especulação financeira. Foi neste momento que
ele começou a participar de filmes como extra, roubando a cena sempre que lhe
era permitido.
Mercedes McCambridge
ganhou apenas um Oscar, e no seu filme de estreia, “A Grande Ilusão / All the King's Men” (1949). E
continuou com grandes atuações ao longo da carreira. Mercedes é uma de minhas
atrizes coadjuvantes favoritas e só de ver seu nome na tela eu já me alegro
porque, sem dúvida, verei uma grande atuação.
Em “Johnny Guitar”(1954), ela ganha destaque como Emma, a antagonista invejosa e mal-amada. Este
é meu western favorito, e com certeza Mercedes é fundamental para que eu goste
tanto desse filme. Dentro e fora do filme ela teve uma rivalidade com Joan Crawford,
que não gostou nem um pouco de ter como sua antagonista uma mulher mais jovem.
No ano de 1956 ela
apareceria em poucos minutos do longo épico “Assim caminha a humanidade /Giant”, mas seria de total importância. Como Luz Benedict, a decidida e
fatalmente teimosa irmã de Bick (Rock Hudson), ela está incrível. Implicando
com Elizabeth Taylor e protegendo James Dean, sua presença é curta, mas
fundamental para a história. Por sua atuação ela foi indicada ao Oscar de
Melhor Atriz Coadjuvante, perdendo para Dorothy Malone.
Em 1958 ela maltrata
a pobre Janet Leigh enquanto seu marido Charlton Heston está ocupado com Orson
Welles em “A Marca da Maldade / Touch of Evil”. No ano seguinte ela voltaria a
contracenar com Elizabeth Taylor, desta vez interpretando a mãe da bela moça,
em “De repente, no último verão”.
Em “Cimarron” (1960)
ela é uma mãe de família que vai para o oeste em busca de terras, conhecendo as
personagens de Glenn Ford e Maria Schell. Seu tempo na tela é ínfimo, mas
marcante. E na década seguinte vem o filme que a tornou uma estrela cult: “O
Exorcista” (1973). Tendo sofrido de bronquite a vida toda, Mercedes usou o
problema a seu favor para dublar o demônio (isso mesmo). Ela não foi creditada,
mas posteriormente seu nome foi adicionado aos créditos.
Você não esperava ver isto |
Vinda do famoso
Mercury Theatre, grupo de teatro de Orson Welles que levou muitos talentos ao
cinema, Mercedes teve uma carreira de sucesso no rádio antes de chegar ao
cinema e na década de 1970 voltou aos palcos em uma série de peças, como “A
Ratoeira” e “Gata em teto de zinco quente”. Sempre em papéis secundários,
roubando a cena e fazendo muito sucesso.
This is my contribution for the What a Character! Blogathon, hosted by the three wise girls Paula, Aurora and Kellee at Paula’s Cinema Club, Once Upon A Screen and Outspoken & Freckled.
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Não conhecia esses dois atores. Quer dizer, a Mercedes já havia visto em Assim Caminha a Humanidade - amo este filme, baita clássico. Gostei bastante do post, Lê. Beijão <3
ReplyDeleteBelíssimo post, Lê. Amo os dois. Vejo muitas vezes westerns B ruinzinhos só porque tem Brennan no elenco. Outro coadjuvante que gosto muito é o Thomas Mitchell. Maravilhoso. E a Gale Sondergaard? Lembra dela em !A Carta". Eu não suporto "Johnny Guitar", embora ame Joan, Hayden e Mercedes...
ReplyDeleteBeijão
O Falcão Maltês
Gosto muito desses coadjuvantes que roubam a cena. Mercedes e Walter são incríveis e só de estarem num filme já os fazem mais assistíveis. E como o Falcão falou, também gosto muito do Thomas Mitchell. Bom fim de semana. Bjos!
ReplyDeleteOlá Lê!
ReplyDeleteMais um ótimo Post, Parabéns.
O Primeiro filme que assisti com Brennan foi o faroeste O Galante Aventureiro onde atua ao lado de Cooper. Lá ele não rouba a cena pq é um dos protagonistas mas seu personagem, um bebum pra variar, é ótimo. Recentemente comprei O Segredo do Pântano também com ele e me surpreendi com tamanha qualidade, tanto do filme quanto mais uma vez de sua atuação. Em Uma Aventura na Martinica além dele estar ótimo tbm,é realmente muito divertido, seu andado é marcante, sem dúvidas. Quanto a Mercedes, gosto muito da voz dela, principalmente em Giant com seu sotaque puxado texano. Fora esse só a vi em Johhny Guittar e mais nada.
Grande abraço!
Oi Lê!
ReplyDeleteMuito bom esse post....não conhecia ambos atores, foi legal essa informação!
Valeu por ter curtido os cosplays do Mãos de Tesoura! É bem legal vermos as crianças caracterizadas, não é?
bjs
Lê, você é uma ótima contadora de histórias! Como você descobre coisas como a história por detrás da voz demoníaca de McCambridge, menina?
ReplyDeleteConcordo contigo sobre esse fascínio que geram alguns dos coadjuvantes de Hollywood. Horton e Ritter são dois dos meus favoritos também - pena que esse sucesso não lhes permitiu conquistar espaço como protagonistas.
McCambrigde e Brennan eu confesso que conheço pouco, mas gosto demais do papel do segundo em "Uma aventura na Martinica".
Bjinhos e parabéns
Dani
Thanks so much, Le! What GREAT character actor choices~ Walter Brennan and Mercedes McCambridge. We truly appreciate you joining the fun!..Kellee of OUTSPOKEN & FRECKLED
ReplyDeleteI just started watching Frances Farmer films recently and Brennan was in Come and Get It also. Love it!
ReplyDeleteInteresting tidbit, albeit sad, about how his voice got to be the way it was. And yes, that picture of Mercedes McCambridge was unexpected!
ReplyDeleteI never knew very much about Walter Brennan or what happened to him before his movie career. Johnny Guitar is my favorite Mercedes McCambridge movie as well. Two great choices for the blogathon. Thanks Lê!
ReplyDeleteThis comment has been removed by the author.
ReplyDeleteGreat post! Found your background information on Walter Brennan particularly interesting. Had no idea that he was injured in the war and that he lost all his money. Makes his career even more amazing and impressive! Regarding Mercedes McCambridge, enjoyed her performance in Giant!
ReplyDeleteLe, great post! I love Walter Brennan...when asked what my favorite character actor is, I usually name him.
ReplyDeleteHe had a great voice that was a bit raspy and had a large range of tone, low to high.
I love the way he moves in front of the camera. You mentioned his funny walk in To Have and Have Not but in other films he would kind of shuffle or do something else interesting with his walk and his body language.
He also had great reactions and facial expressions...weather surprise or anger or some other emotion, he was really good at expressing an emotion.
Thanks for posting about one of my favorite actors!
I had never heard of Mercedes McCambridge, but Walter Brennan is one of my favorites, ESPECIALLY in To Have and Have Not. Great post!
ReplyDeleteI love both these actors! Walter B. always makes movies so much better than they normally would have been. And Mercedes M. is utterly fabulous in "All the King's Men". I liked this tribute to both of these wonderful actors.
ReplyDeleteLe, both my husband and I have been trying to get your translator to work. I was able to read the English translation, but when I tried to reply in English, I kept getting error messages and "Try again" responses that didn't work. Eventually I was able to read your blogpost, and I very much enjoyed it! That picture of Mercedes McCambridge was hilarious; she looks cute, like a black bunny! Great post, Le; so glad you've joined in the WHAT A CHARACTER! Blogathon fun!
ReplyDeleteWalter Brennan was always one of my favourite character actors. He was so good at playing characters who were older than himself that it sometimes seems impossible to imagine that he was ever young.
ReplyDeleteMercedes McCambridge was also fantastic. I loved her in Giant and in Suddenly Last Summer.
Both Walter Brennan and Mercedes McCambrige did a good deal of television later on. I remember seeing them in episodes of various shows when I was young. And Walter Brennan had his own show, The Guns of Will Sonnett.
Ambos são excelentes atores. Gosto dos personagens de Walter Brennan (e não sabia de alguns fatos que você citou sobre ele). Mercedes McCambridge dispensa comentários.
ReplyDeleteExcelente post!
Olá, Letícia.
ReplyDeletePoderia falar de outros grandes coadjuvantes, como Walter Huston e Telma Ritter.
Ótima postagem.
Beijos.
I enjoyed reading your post! You chose two actors with very distinct voices. Is that why you paired them?
ReplyDeleteHave you ever caught any of Mercedes McCambridge's old time radio performances? I think you'd like those, too. She was one of Orson Welles's favorite radio actresses.
I enjoyed reading your post! You chose two actors with very distinct voices. Is that why you paired them?
ReplyDeleteHave you ever caught any of Mercedes McCambridge's old time radio performances? I think you'd like those, too. She was one of Orson Welles's favorite radio actresses.