Universal é um dos
poucos estúdios, se não o único, a ter uma visita guiada por seus bastidores. A
Universal também mantém o mais antigo set de filmagem erguido e conservado, mas
infelizmente ele não está aberto à visitação. Trata-se do set de um filme de terror
de 1925, “O Fantasma da Ópera”, protagonizado pelo talentoso e inesquecível
homem de mil faces, Lon Chaney, que faleceu logo depois da chegada do som e
ganhou uma cinebiografia em 1957.
Lon Chaney (James
Cagney), como muitos astros do cinema, começou no vaudeville. Muito de sua vida
pessoal é explorado, uma vez que mesmo antes de ter sucesso nas telas Lon viveu
amores e problemas, foi casado com a cantora Cleva Creighton (Dorothy Malone) e
teve com ela seu filho Craig, que mais tarde adotaria o nome Lon Chaney Jr. Foi
só em 1912 que Lon foi para Hollywood a conselho de seu amigo, que ironicamente
diz no filme que ele “deveria aproveitar a chance. Não sabemos por quanto tempo
os filmes existirão”, mostrando uma crença até comum na época: de que o cinema
era uma moda passageira.
E Chaney fez sucesso
com sua incrível capacidade de se transformar de acordo com o papel que viveria
nas telas. Desde o vaudeville ele desenhava esquemas que o ajudavam na transformação,
e técnicas interessantes de maquiagem e de domínio corporal faziam-no ficar
irreconhecível. Num dos mais impressionantes papéis de sua carreira,
reproduzido com perfeição por Cagney na cinebiografia, Lon interpreta um
gangster (percebe a ironia?) mutilado que precisa se arrastar para se locomover
no filme “The Miracle Man” (1919), que foi baseado numa peça de George M. Cohan
(Cagney interpretou Cohan em “A Canção da Vitória / Yankee Doodle Dandy”. De
repente, tudo se conecta!). Depois da Primeira Guerra Mundial, vários soldados
voltaram para casa mutilados e o cinema logo tratou de retratá-los em dramas ou
mesmo filmes de terror. Uma grande oportunidade para Lon.
Os estúdios são
mostrados como parte importante da vida de Chaney. É interessante observar como
os filmes mudos eram rodados, vários de uma vez e com os cenários montados
muito perto uns dos outros, música ao vivo para criar o clima e diretores dando
as ordens aos atores enquanto a cena era rodada. Do lado de uma cena dramática
e romântica, um western era filmado e muitas flechas atiradas.
Outra representação
maravilhosa do estúdio é a do set de “O Corcunda de Notre Dame” (1923). Além da
construção precisa e grandiosa, a maquiagem é impecável e o discurso de Irving
Thalberg (Robert J. Evans) define bem a atuação de Lon: ele pôs neste filme
toda sua experiência pessoal, quando criança soube bem o que é ser discriminado
por ser diferente, uma vez que seus pais eram surdos-mudos e ele se comunicava
com eles através da língua de sinais. No filme sua esposa Cleva fica
horrorizada ao descobrir que seus sogros são deficientes, temendo pelo filho
que nascerá. Na realidade, Cleva já sabia que os pais de Chaney eram
surdos-mudos antes de se casar com ele.
A cinebiografia é uma
bela homenagem a Lon Chaney. Cagney revive com perfeição os momentos cruciais
na vida do ator. Rodar os filmes com certeza foi uma tarefa árdua e dispendiosa
para o próprio Chaney, imaginem para um ator que tem que recriar todas as
imagens dos bastidores. Dorothy Malone está perfeita como a decadente Cleva e
Jane Greer não poderia ser mais doce em sua interpretação de Hazel, segunda
esposa de Chaney. E ainda há o fato de ser um dos melhores filmes sobre os
bastidores de Hollywood, e sem dúvida aquele que melhor retratou os sets de um
estúdio.
This is my second
entry to the Universal Backlot Blogathon, hosted by the awesome Kristen at
Journeys in Classic Films.
Oi Lê!
ReplyDeleteQuero assistir esse filme agora! Deve ser muito ótimo, traz tudo que eu gosto. Cinebiografia, Cagney, Gângster, bastidores... enfim...
Acho que não tem em dvd né?
Ótimo Post,
Grande Abraço!
Ótimo post, Rê. Fiquei instigado para ver esse filme. Amo Chaney e Cagney. Dois dos grandes de Hollywood.
ReplyDeleteO Falcão Maltês
No lo conocía pero ya lo he apuntado, lo voy a ver, me interesan ambos, Cagney y Lon Chaney, así indirectamente además conozco sobre los filmes del segundo que no le he dado cabida como se debe. Un beso.
ReplyDeleteNão conhecia este filme, na verdade, acho que o título eu reconheço sim. Mas vou dar uma pesquisada nas locadoras, gostei da sinopse. Respondendo sua pergunta: não sei tocar piano, mas fiz aulas de violão, mas digamos, não tenho muito talento rsrsrs. Beijos <3
ReplyDeleteAtualmente existe uma verdadeira caça ao tesouro para encontrar Londres Depois da Meia noite, que é um dos primeiros filmes americanos sobre vampiros mas que se perdeu com o tempo. Atualmente existe somente um filme que faz uma remontagem da historia através de fotos. Lon Chaney,está assustador como um falso vampiro e muitos se perguntam como ele ficaria como Drácula.
ReplyDeleteLe, your English is waaaay better than my Portuguese. I never realized all the connections between Chaney and Cagney. Thanks for this :)
ReplyDeleteGreat piece, Le! I first saw this film a while back because of my love for James Cagney. Since then I have seen several Lon Chaney movies and must really see it again to see how well Cagney gets the spirit of the other actor. I do remember it as an amazing and powerful Cagney performance, one of the best of his later films. It is available on DVD in the UK and I have a copy - a great print but sadly no extras.
ReplyDeleteNossa, você citou a Dorothy Malone e eu adoro ela. Recentemente, revi Instinto Selvagem. Para minha surpresa, lá estava ela, já um pouco velha. Valeu pela lembrança.
ReplyDeleteSou fã do Lon Chaney; acho que já assisti todos os filmes dele. Inclusive, o meu preferido é West of Zanzibar (depois de O Fantasma da Ópera, claro). E eu havia lido sobre sua cinebiografia, mas até então não tive tempo de assistir. Foi ótimo você ter me lembrado!
ReplyDeleteBeijos.
Boa Tarde Cinéfilos!
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Ola querida amiga,sensacional teu post.Tua narração em filmes,textos e bastidores de cinema é perfeita .E sempre escolhes a dedo o tema de tuas postagens.Um ótimo fim de semana e meu grande abraço.SU
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Hoje com 63 anos me transportei ao ano de 1966 quando assisti pela primeira vez um filme deste ator adorado por meu pai. E tantos anos depois me lembro de detalhes deste e de outros filmes de James Cagney. O trabalho perfeito e que ficou em minha memória.
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