Quem não gosta de uma
retrospectiva? Bem, a da televisão pode estar perdendo a popularidade a cada
dia, mas na internet (e na vida) sempre vale a pena olhar para trás e fazer uma
avaliação do ano que acaba. No meu caso, o balanço gerou uma lista dos 14
melhores filmes que vi em 2014. Como você deve imaginar, nenhum deles é muito
recente...
Janeiro: O Grande Desfile / The Big Parade (1925)
Você sabe que está em um relacionamento sério com um filme quando compra
a versão em DVD com 30 minutos inéditos. Este épico silencioso leva John
Gilbert ao campo de batalha da Primeira Guerra Mundial para lutar, fazer amigos
e se apaixonar pela francesinha Renée Adorée. É um filme maravilhoso: nada mais
pode descrevê-lo.
Fevereiro: O Presidente / (1919)
Este é o primeiro longa-metragem de Carl Theodor Dreyer, e é melhor que
qualquer outro filme de 1919 (inclusive os seus, Mr. D. W. Griffith). Victor
promete ao seu pai no leito de morte que jamais se casará com uma mulher pobre.
Ele até se envolve com uma moça pobre, mas a abandona. Anos depois, trabalhando
como juiz, Victor descobre que tem uma filha ilegítima e que essa moça está
prestes a ser condenada à morte. Confie em mim: veja esta obra-prima.
Março: O Relógio Verde / The
Big Clock (1948)
Ray Milland está alucinado, mas não é por causa do álcool. Ele interpreta
George, um workaholic que faz um
favor ao chefe e depois se vê como o suspeito principal de um assassinato. Pode
esperar muitos momentos de tirar o fôlego neste pérola que mais gente deveria
ver.
Abril: A Carne e o Diabo /
Flesh and the Devil (1926)
A estreia de Greta Garbo no cinema americano é de tirar o fôlego. Ela
está deslumbrante em todas as cenas, e não é de se espantar que John Gilbert
tenha se apaixonado por ela instantaneamente (algumas fontes dizem que esse
“amor à primeira vista” foi capturado pelas câmeras, porque Gilbert não teria
conhecido Garbo até a cena inicial deles).
Os
Dez Mandamentos / The Ten Commandments (1956)
Como eu vivi 20 anos sem ver esta obra-prima? Sim, há momentos cheios de
pieguice e de humor não-proposital, mas Cecil B. DeMille foi muito bem-sucedido
em sua adaptação da macro-história bíblica. Um épico maravilhoso de se ver, com
milhares de extras e cenas que vão assombrar (no bom sentido) sua memória por
muitos anos.
Maio: Fogo de Outono / Dodswortth (1936)
Da série “filmes para amar a década de 30”. O medo de envelhecer assombra
o casal Fran (Ruth Chatterton) e Sam Dodsworth (Walter Huston). Após vender a
fábrica de automóveis, o casal vai para a Europa. Fran tenta se manter jovem
flertando com homens mais novos, enquanto Sam continua a aprender coisas novas
para se sentir útil. E Sam inclusive aprende o que é amor verdadeiro.
Junho: A incrível Suzana /
The Major and the Minor (1942)
Em um mês recheado de Billy Wilder, esta deliciosa comédia foi o melhor
filme. Suzana (Ginger Rogers), desiludida com a vida em Nova York, decide
voltar para o interior, mas não tem dinheiro para a passagem de trem. Seu
dinheiro é suficiente para comprar uma passagem de criança, e ela não tem
dúvida: se disfarça como uma menina de 12 anos (e ela parece novinha mesmo). O
problema é quando Suzana se apaixona por um major que está prestes a se
casar... É um daqueles filmes que só poderiam ser feitos na época de ouro de
Hollywood, com tanta simplicidade e leveza.
O
grupo / The Group (1966)
Era uma maratona dos
files de Sidney Lumet na televisão. Eu queria mutio ver “Vidas em Fuga / The
Fugitive Kind” (1960), com Marlon Brando e Anna Magnani. Resolvi ver o filme
que passou antes, “O Grupo”, e fiquei impressionada. Mesmo com mais de duas
horas e meia de duração, o filme prende a atenção. No começo dos anos 30, oito
meninas recém-formadas em uma escola só para mulheres são acompanhadas em seus
dramas, descobertas e complicadas relações.
Julho: Blancanieves (2012)
Um filme mudo moderno
em que Branca de Neve é toureira: impossível não ser sensacional! O
renascimento do cinema mudo não terminou com “O Artista”, e você pode saber
mais sobre “Blancanieves” clicando AQUI.
Agosto: O Pagador de Promessas (aka The Given Word) (1962)
Finalmente eu entendi o que um filme precisa ter para fazer sucesso além
das fronteiras de seu país de origem: um tema universal. A história de “Zé do
Burro” poderia se passar em qualquer país do mundo (eu pude visualizá-la tendo
como cenário uma região bem religiosa da Itália), e as questões levantadas
sobre religião, polêmica, o poder do jornalismo e a reação em cadeia de um povo
sofrido podem ser entendidas no mundo todo. Merecidamente, o ganhador da Palma
de Ouro em Cannes e o melhor filme brasileiro de todos os tempos.
Setembro: A Imperatriz Vermelha
/ The Scarlet Empress (1934)
Este é o tour de
force de Marlene Dietrich e a obra-prima gerada pela parceria entre a atriz
e o diretor Josef von Sternberg. De jovem ingênua forçada a se casar com um
príncipe idiota até se tornar uma poderosa e perigosa imperatriz russa, a
personagem não poderia ser mais perfeita.
Outubro: O Pássaro Azul / The
Blue Bird (1918)
Lindo de se ver, com efeitos especiais de tirar o fôlego e mais de 90
anos de idade: “O Pássaro Azul” me fez agradecer a Deus, a Méliès e aos irmãos
Lumière pela existência do cinema. Saiba mais sobre este espetacular filme mudo
neste post.
Novembro: Mãe por Acaso /
Bachelor Mother (1939)
Este é o filme favorito da minha amiga Raquel do blog Out of the Past.
Quando ela descobriu que eu nunca havia visto este filme, ela me fez uma
deliciosa surpresa e me presenteou com o DVD! Essa ótima comédia se passa
durante as festas de fim de ano, e Ginger Rogers, recém-demitida, arruma uma
grande confusão quando um bebê “aparece” em sua casa e seu patrão desconfia que
o menininho é neto dele. Difícil de entender? Veja o filme.
Dezembro: Mary Poppins (1964)
Foi difícil escolher um filme em destaque no mês de dezembro (quase
escolhi “Sangue Negro / There Will Be Blood”, que é surpreendente e tem a
melhor atuação de Daniel Day-Lewis). Mas por que “Mary Poppins” foi o melhor
filme do mês? Porque me transportou para um mundo mágico, em que tudo pode
acontecer, me fez desejar ver toda a mágica do filme na tela grande e confirmou
que a Disney é a melhor porta de entrada para qualquer cinéfilo.