“Quando a lenda se torna fato, imprima a lenda”
“When
the legend becomes fact, print the legend”
A frase acima é do filme “O Homem que matou o Facínora / The Man who
Shot Liberty Valance” (1962), mas se aplica perfeitamente ao caso de Rodolfo
Valentino. O amante latino estava no auge da fama quando morreu de repente, aos
31 anos, em 1926, e sua morte causou histeria e comoção internacionais. Ele foi
o primeiro de uma longa lista de personalidades que morreram muito jovens, mas
(talvez por causa da morte prematura) influenciaram muitas gerações. Elvis
Presley, Marilyn Monroe, James Dean, Janis Joplin: o fascínio atravessou
décadas e não foi apenas pela suposição de “o que poderia ter sido se eles não
tivessem ido embora tão jovens”. A morte os eternizou, mas a vida atribulada,
desregrada e cercada de mistérios continua impressionando quem toma contato com
essas personalidades.
E muitas vezes a polêmica e os boatos se tornam mais importantes que as
obras do artista. Afinal, quem quer conhecer os filmes de Marilyn se é muito
mais divertido discutir quantos abortos ela teria feito? Quem não ama romances
atribulados e proibidos das estrelas do passado? E as supostas relações homossexuais,
então: são perfeitas para atrair curiosos. E com esses ingredientes foram
feitos muitos filmes sobre a vida de Valentino.
A maioria das pessoas que conheceram Valentino ainda estavam vivas em
1951, incluindo sua ex-mulher Natacha Rambova. Isso gerou uma onda de protestos
e processos por difamação, e o estúdio foi obrigado a adaptar a história
ocultando nomes e fatos. No final, o que temos é o bailarino Valentino (Anthony
Dexter, parecidíssimo), que se torna um ator muito popular do dia para a noite,
e precisa enfrentar muitos problemas com a mulher que ama, que pode atender
pelos nomes Joan Carlisle ou Sarah Gray, dependendo do momento da carreira em
que está (ela é interpretada por Eleanor Parker). Assim como na cinebiografia
“O Palhaço que Não Ri / The Buster Keaton Story”, de 1951, o filme tem de
tudo... menos verdade.
Uma cinebiografia melhor, também denominada “Valentino”, foi feita em
1977 e parte do funeral do astro para apresentar a vida dele em flashback,
incluindo as muitas mulheres que se apaixonavam por ele. Alla Nazimova (Leslie
Caron) é uma delas, e aparece no funeral vestida de rainha tarântula. Não é, de
maneira alguma, um retrato lisonjeiro de Nazimova. Quem interpreta Valentino é
o dançarino russo Rudolf Nureyev, que em nada se parecia com o astro dos anos
20, mas dançava lindamente e surpreende como ator.
De acordo com o filme, Valentino atraiu a atenção da roteirista June Mathis
durante uma festa particular de Fatty Arbuckle, na qual Valentino teria
enfurecido o comediante. Arbuckle é retratado como uma pessoa muito, muito
desagradável, sempre arrancando risadas à custa da humilhação de outras
pessoas. Jesse L. Lasky, um dos fundadores da Paramount, só pensa em lucros...
e mantém um macaco de estimação preso em uma jaula.
Quase sempre colocada de lado pelas obras que se referem a Valentino, a
esposa Natacha Rambova ganha muita importância aqui: ela é mostrada como a força
motriz ambiciosa por trás da carreira de Valentino, é demasiado controladora e
deseja ser responsável por todos os aspectos dos filmes do marido: figurino,
cenário, roteiro, direção e produção. Não é de se espantar que ela não goste de dividir Rudy com as
milhões de fãs histéricas.
Apesar das falhas, há muitas coisas boas: é impagável a cena em que
Valentino exige escolher os roteiros que quer filmar. Repare bem e você verá
que há todo um western clichê sendo gravado ao fundo da cena! E a sequência de
abertura, com manchetes de jornal e a canção “There is a new star in Heaven
tonight”, é o convite perfeito para que entremos na vida de Valentino.
Em 1975, Franco Nero interpretou Valentino em um filme feito para a TV.
Em 1977, Gene Wilder parodiou a imagem do amante latino no filme “O Maior
Amante do Mundo / The World’s Greatest Lover”. No quase desconhecido “Return to
Babylon”, de 2013, Valentino aparece brevemente. Mais um filme sobre ele, “Silent Life”, já tem até pôster no IMDb e pode ser lançado em 2015, mas há constantes
atrasos em sua produção.
Quem poderia interpretar Valentino em um filme feito hoje? Robert
Pattinson? Mario Lopez? Um talento ainda não descoberto? Definitivamente, ainda
não foi feita uma cinebiografia de Valentino que agradasse a todos. Talvez
porque seja impossível transportar para as telas, mais uma vez, todo o fascínio
que Rodolfo Valentino sempre gerou.
This is
my contribution to the Rudolph Valentino blogathon, hosted by Timeless Hollywood.
eu adoro ver filmes e trechos de filmes com ele. simplesmente maravilhoso. adorei o post. beijos, pedrita
ReplyDeleteI haven't seen any Valentino biopics, but you make several of these sound very interesting!
ReplyDeleteJustamente outro dia eu estava pesquisando a biografia do Rodolfo. Amei o post <3
ReplyDeleteBeijos, Pri
VINTAGEPRI