Comédia
psicodélica dos anos 60 à vista! Começam os créditos e já somos surpreendidos
pelo tipo de animação que ficou famosa naquela década com os filmes da Pantera
Cor-de-rosa. Uma caricatura de Tony Curtis persegue uma caricatura de Natalie
Wood. Símbolos masculinos e femininos nos apresentam também Henry Fonda, Lauren
Bacall e Mel Ferrer. Vem coisa boa por aí? Hum, não exatamente.
A psicóloga
PhD Helen Brown (Natalie Wood) acaba de escrever um best-seller intitulado “Sex and the S1ngle Girl”, o que rendeu
muita notoriedade para ela e para o instituto onde ela trabalha. Mas a revista
sensacionalista STOP publicou uma matéria desacreditando a autora, pois a
“acusavam” de ser virgem, e, portanto, não ter nenhuma experiência para
escrever tal livro. Por trás deste plano maligno está o repórter Bob Weston
(Tony Curtis), ele próprio com muita experiência prática sobre o assunto.
Como a
médica se recusa a dar uma entrevista para a revista STOP, Bob tira proveito do
drama conjugal de seu amigo e vizinho Frank (Henry Fonda), um vendedor de meias
que sofre com o ciúme da mulher, Sylvia (Lauren Bacall). Bob finge que é Frank
para se consultar com a doutora Helen. Você já imagina o que vai acontecer, não
é? Amor à primeira consulta.
Tony Curtis
e Natalie Wood têm mais tempo em cena. Em seguida vem Henry Fonda, com uma boa
sequência na excêntrica fábrica de meias, cena que poderia ter sido até mais
longa. Do quinteto principal (Mel Ferrer interpreta o psiquiatra Rudy), quem
tem menos destaque é Lauren Bacall. A moça já havia provado que sabia fazer
comédia em “Como Agarrar um Milionário / How to Marry a Millionaire” (1953).
Talvez fosse toda a aura séria e sedutora que Lauren tinha desde sua estreia no
cinema, aos 20 anos. Talvez seja um problema mais grave: em 1964 Lauren Bacall
completou 40 anos, e são poucas as oportunidades para mulheres desta idade em
uma indústria sexista como Hollywood quase sempre foi. Mesmo com Fonda
admitindo que este era o filme que ele menos gostou de fazer, ele brilha e
diverte, mesmo sub-aproveitado. Mas a verdade é que Lauren desempenha bem seu
papel. Ela tem química com Henry Fonda, e dá vontade de ver os dois juntos em
mais filmes (e dançando o twist, se possível - veja o vídeo:).
Falando em
sub-aproveitado, temos também Edward Everett Horton, coadjuvante sempre
delicioso de se ver, como o chefe de Bob na revista STOP. Edward, já no final
da carreira, tem apenas duas cenas. Outro importante comediante que faz uma
breve participação como um policial é Larry Storch.
O passeio no
zoológico de Helen e Bob é uma metáfora dos instintos primitivos aflorando, o
que fica ainda mais evidente com os gestos de mímica de Tony Curtis em frente à
jaula dos macacos. E é assim que o sexo é tratado no filme todo: podíamos estar
às vésperas da grande revolução sexual, mas Hollywood ainda não estava
totalmente preparada para lidar com o assunto abertamente. Tony Curtis usa o
termo “inadequado” para dizer que não conseguia satisfazer a esposa fictícia.
Ao final, o filme não é responsável por nenhum grande avanço no tratamento do
sexo no cinema, e é provável que desagrade às feministas. Pensando bem, o filme
funcionaria perfeitamente se fosse protagonizado por Rock Hudson e Doris Day!
“Sex and the
Single Girl” é o título de um best-seller
verdadeiro, escrito por, sim, Helen Gurley Brown. Helen foi editora da revista
Cosmopolitan, e vendeu os direitos de seu livro e de seu nome por 200 mil
dólares para a Warner Bros. O filme nada tem a ver com o livro, apenas utiliza
seu título, mas qualquer um ficaria feliz em receber 200 mil para ser
interpretado pela linda Natalie Wood nas telas, não?
Os últimos
quinze minutos são dignos de uma screwball comedy, com uma divertida
perseguição e várias infrações de trânsito. Este é sem dúvida o ponto alto do filme, embora uma sequência anterior
também arranque muitas risadas: vestindo um roupão florido, Tony Curtis é
comparado, mais de uma vez, “àquele ator, Jack Lemmon” (Lemmon e Curtis se
vestiram de mulher no clássico “Quanto Mais Quente Melhor / Some Like It Hot”,
de 1959).
O sensacionalismo do título, a crítica inteligente à imprensa dentro da
revista STOP, a comédia leve e maluca, o grande elenco: tudo isso rendeu 4
milhões de dólares nas bilheterias. Foi um sucesso, mas visto em 2015 pode ser
considerado muito conservador. É um filme bom, mas poderia ser muito melhor.
This is my contribution to the Lauren Bacall Blogathon, hosted by Crystal at In the Good Old Days of Classic Hollywood.
nossa, não me lembro desse filme. se vi faz muitos anos. beijos, pedrita
ReplyDeleteNicely done look at a movie had a lot of good ingredients that didn't quite come together to make a tasty dish.
ReplyDeleteI can only imagine how many eyebrows this film raised, yet it likely seems quaint now. I've not seen this film, and I don't know why not with this fabulous cast. Thanks for recommending this, Le! :)
ReplyDeleteSuch a fun post, and even with its flaws, I'll probably try and track down a copy of this film. I do like the comedies of the 60s most of the time, even when they're too silly for words. And, well, you won me over with Edward Everett Horton. Love that guy!
ReplyDeleteHi Lê - I have never seen this movie. I have always been a fan of Natalie Wood. I look forward to seeing Henry Fonda and Lauren Bacall working together. Each one was usually good at sharing the screen with other performers. Good review.
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ReplyDeleteI saw this on tv a few years back, I forgot Lauren Bacall was in this film, it really is cute and a lot of fun! Good pick! Nicely done!
Ciao!
Summer | Serendipitousanachronisms.wordpress.com | Twitter @kitschmeonce
Thanks so much for participating in the blogathon Le. I enjoyed reading your article. Very well done.
ReplyDeleteDon't forget to check out my contribution. The link is below
https://crystalkalyana.wordpress.com/2015/09/17/lauren-bacall-a-family-remembrance-2/
I agree, this sounds more like a Rock Hudson/Doris Day sex comedy.
ReplyDeleteI'd love to check it out. I love the 60's and the cast of this movie.
Really enjoyed reading your article.
Completely forgot that Bacall was in this! I'm always quite disappointed by this film. It had the potential to be smart and challenging but it gave that up in favour of easy laughs and true love. I guess they are bigger box office draws (although I'm not sure how successful this was?!)
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