O
que primeiro vem à sua mente quando você pensa na França? Torre
Eiffel? A Marselhesa? Boinas? Napoleão? Escargot? Para mim, há duas
coisas que representam a França: Versalhes e Maurice Chevalier. E
ambos podem ser vistos em “A Viúva Alegre”.
O
conde Danilo (Chevalier) é o guarda mais cobiçado do reino da
Marshovia. Ele poderia ter qualquer mulher que quisesse, mas se
apaixonou justamente por uma inalcançável: a rica viúva Sonia
(Jeanette MacDonald). Sonia também se mostra interessada por Danilo,
mas sua reputação de galanteador a decepciona. Para esquecer
Danilo, Sonia decide dar fim ao seu período de luto e viajar para
Paris.
Quem
não fica nem um pouco feliz com a viagem de Sonia é o rei Achmet
(George Barbier). Como a viúva é a pessoa mais rica da Marshovia,
sua mudança significa dar adeus à maior parte do dinheiro do reino
– e um casamento com um estrangeiro significaria o fim da
Marshovia. Por isso, o rei decide mandar Danilo, que tinha encontros
furtivos com a rainha Dolores (Una Merkel) para Paris para seduzir a
viúva – e até então Danilo não sabe que a tal viúva é sua
amada Sonia.
Danilo
tem muitas amigas em Paris. Ele se mostra o rei do baile, o mais
popular entre as garotas, o favorito de Fifi, Mimi, FruFru e
companhia. Sonia aparece no mesmo baile que Danilo e o reconhece, mas
ele não sabe quem ela é porque nunca a viu sem o véu preto do
luto. Sonia se passa por mais uma das garotas da noite francesa e é
ela quem passa a seduzir Danilo – até ele se mostrar novamente um
galanteador.
O
reino fictício da Marshovia é predominantemente rural, lembrando em
alguns momentos o vilarejo de “Frankenstein” (1931). A mansão de
Sonia, habitada por dezenas de empregadas, é tão luminosa quanto um
clube art
deco
onde dançam Fred Astaire e Ginger Rogers. Mas é quando chegamos em
Paris que nossos olhos se fartam.
Estamos
na belle
époque (a
história se passa em 1885), e o luxo de Paris transborda nos
cenários e figurinos. A vida noturna é agitada, mas
nada se compara ao grande baile do embaixador. O cenário imita
Versalhes, principalmente na cena do baile com os espelhos. São
centenas de dançarinos em um redemoinho tão hipnotizante quanto as
coreografias de caleidoscópio de Busby Berkeley. É este o clímax
do filme, e mil palavras não são suficientes para descrever a
beleza desta festa.
Jeanette
MacDonald e Maurice Chevalier fizeram quatro filmes juntos, e “A
Viúva Alegre” foi o último da dupla. Os dois não se davam muito
bem nos bastidores, e Chevalier não estava nem um pouco contente com
sua mudança de estúdio, da Paramount para a MGM, e com o diretor
Ernst Lubitsch. Mas não são os protagonistas os personagens mais
interessantes da história: com muito humor, a rainha Dolores (Una
Merkel) e o embaixador Popoff (Edward Everett Horton) roubam a cena.
A
opereta “A Viúva Alegre” surgiu em 1905. Foi adaptada para o
cinema pela primeira vez em 1925 e novamente em 1934 e 1953. Em 1925,
dirigido por Erich von Stroheim, estrelado por John Gilbert e Mae
Murray, havia um diferencial: contar o passado da viúva alegre. Quem
era ela antes de viver no luxo? E como ela já conhecia Danilo? Não
há essa história no filme de 1934, e em termos de roteiro ele é
mais pobre, simplista e às vezes sexista, embora seja divertido e ousado com
frases de duplo sentido. É charmoso, mas não é o melhor da
carreira de Lubitsch.
Versão de 1925 |
This
is my contribution to the France on Film blogathon, hosted by Summer
at Serendipitous Anachronisms. Au revoir!
Hi Le- Thank you for your wonderful contribution to the France On Film Blogathon!
ReplyDeleteWe really must have Chevalier and Versailles, mustn't we?
Thank you for such an enjoyable read, this movie is a perfect little bonbon, a little visual delicacy!
-Summer
Great post Le! I know they might not have got along behind the scenes but I never got that feeling from their performances (I know they're professionals but there's something natural in the chemistry). Look forward to watching this again, it's a good Sunday afternoon movie!
ReplyDeleteah, esse eu lembro. beijos, pedrita
ReplyDeleteLovely review, Le. I am very partial to the Chevalier/MacDonald pairing, but I agree this is not their best film. The 1925 version is a feast for the eyes, plus it had the staggeringly awesome Mae Murray - what fun!
ReplyDeleteI had completely forgotten this picture until reading this! In fact as I read, I wasn't entirely sure this was the film I was thinking of until you mentioned Edward Everett Horton. You are so right! He stole the show--as he always does! I know this isn't one of Chevalier's most popular pictures, but I quite like him in this.
ReplyDeleteThank you for the review! You helped me remember this fun film!
Que post incrível, amei completamente seu blog...esse ar vintage maravilhoso!
ReplyDeleteParabéns ....nunca vi viúva alegre, apenas conhecia o nome ,por isso a crítica foi muito útil.
Beijos
ladymoio
Hi Le, this is a wonderful contribution. Although I don't understand Portuguese, and much of the vigor of the writing slipped through google translation (this is the first time I read a translated page!), I could feel the superiority of the observations, and the comparisons with various versions of the play/cinema were great.
ReplyDeleteI will definitely try to watch the film, the way you described it, it would be a crime not to! Cheers!