} Crítica Retrô: O Ídolo Caído (1948) / The Fallen Idol (1948)

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Saturday, September 25, 2021

O Ídolo Caído (1948) / The Fallen Idol (1948)

 

Quando somos crianças, por vezes vivemos situações que não conseguimos compreender completamente por não termos suficiente maturidade. Mesmo assim, essas situações mudam nossas vidas e nossas mentes. “O Ídolo Caído” é um filme sobre uma criança vivendo uma destas situações. Durante um final de semana, sua percepção sobre o adulto que ele mais admira vai mudar e, quando descer as escadas no final do filme, o garoto não será mais o mesmo.

When we are children, sometimes we live situations that we can't fully understand because we lack maturity. Nevertheless, those situations change our lives and our minds. “The Fallen Idol” is a film about a child going through this kind of situation. Over one weekend, his perception of the adult he admires the most will change and, when he goes down the stairs by the end of the film, the boy will not be the same anymore.

Phillipe (Bobby Henrey) more numa embaixada com seu pai o embaixador, sua mãe – que esteve doente -, o mordomo Baines (Ralph Richardson), a governanta Sra Baines (Sonia Dresdel) e sua cobra de estimação, MacGregor. Phillipe idolatra Baines, e quando seu pai passa um fim de semana fora cuidando da esposa num hospital, o menino se exalta: ele vai passar o fim de semana todo com Baines!

Phillipe (Bobby Henrey) lives in an embassy with his father the ambassador, his mother – who has been ill -, the butler Baines (Ralph Richardson), the governess Mrs Baines (Sonia Dresdel) and his pet snake MacGregor. Phillipe idolizes Baines, and when his father spends a weekend out tending to his mother in a hospital, the boy couldn't be happier: he will spend the whole weekend with Baines!

Baines sai de casa numa tarde e Phillipe o segue. É assim que o garoto encontra Baines com sua amante, Julie (Michèle Morgan). De repente e por acaso, Phillipe se torna cúmplice na traição e logo ele se tornará testemunha de uma morte que pode ou não ter sido um acidente. A situação toda colocará em cheque a lealdade de Phillipe para com Baines.

Baines leaves the house one afternoon and Phillipe follows him. This is how the boy finds Baines with his lover, Julie (Michèle Morgan). Suddenly and by chance, Phillipe becomes an accomplice in the affair and soon he'll become witness of a death that may or may not have been an accident. The whole situation will threaten Phillipe's loyalty to Baines.

O Ídolo Caído” é baseado em um conto do autor Graham Greene, que também escreveu o roteiro, pelo qual ele foi indicado ao Oscar. No ano seguinte Greene iria novamente adaptar uma história sua, “O 3º Homem”, para as telas, de novo sob a direção de Carol Reed. Greene e Reed foram apresentados um ao outro pelo produtor Alexander Korda, que foi quem primeiro se interessou pela história de Greene, “The Basement Room”.

The Fallen Idol” is based on a short story by author Graham Greene, who also wrote the screenplay, for which he was nominated for an Oscar. The following year Greene would also adapt one of his stories, “The Third Man”, for the screen, once again under Carol Reed's direction. Greene and Reed were introducced to each other by producer Alexander Korda, who was the first one to have an interest in Greene's source story, “The Basement Room”.

Alguns ângulos de câmera são ousados e criativos, quase fazendo de “O Ídolo Caído” um exemplo de filme noir. Eu digo “quase” porque o filme tem o visual, mas não os temas, do filme noir: este é um filme sobre uma criança confusa, não sobre femme fatales ou detetives durões. O diretor e produtor Carol Reed tinha experiência no noir – seu filme “Condenado” (1947) é um ótimo e pouco visto noir – e podemos ver seu cuidado com aspectos técnicos, como a iluminação, também aqui. Costuma-se dizer que alguns dos ângulos de câmera estranhos deveriam mostrar como Phillipe vê o mundo adulto, como um quebra-cabeças.

Some camera angles are daring and creative, almost making “The Fallen Idol” an example of film noir. I say “almost” because the movie has the looks, not the themes, of a film noir: this is a film about a confused child, not about femme fatales or hard-boiled detectives. Director and producer Carol Reed was experienced in noir – his “Odd Man Out” (1947) is a great underseen noir – and we can see his care with the technical aspects, such as lightning, here as well. It's said that some of the odd camera angles are supposed to show how Phillipe sees the adult world, as a puzzle.

Costumamos pensar em crianças como criaturas inofensivas e inocentes, e não como pequenos adultos capazes de viver emoções complexas e até mesmo dilemas. O resultado é que muitos filmes usam crianças como acessórios da trama principal dos adultos, e pouquíssimos filmes realmente focam nas ações das crianças. Um destes raros exemplos é “Desejo e Reparação” (2007), filme com uma performance brilhante de Saoirse Ronan, então com 13 anos.

We usually think of kids as innocuous, naïve creatures, not small adults able of living complex emotions and even dilemmas. The result is that many movies use children as accessories to the main plot involving the adults, and very few movies actually focus on a child's actions. One of those rare examples is “Atonement” (2007), a film with a star-making performance by then 13 years old Saoirse Ronan. 

O Ídolo Caído” é outro destes filmes que colocam crianças e suas experiências em destaque. Bobby Henrey, que interpreta Phillipe, nunca tinha atuado antes de fazer este filme e também tinha dificuldade em se concentrar, o que tornou tudo mais difícil no set. Mesmo assim, sua performance foi boa graças à atenção constante do diretor e produtor Carol Reed. Bobby Henrey fez só mais um filme e se tornou capelão em um hospital em Connecticut.

The Fallen Idol” is another of those movies that put children and their experiences in the spotlight. Bobby Henrey, who plays Phillipe, had no acting experience before making the film and also had a very short attention span, which made things difficult on set. Nevertheles, he delivered a good performance because he was always coached by director and producer Carol Reed. Bobby Henrey went on to make only one more film and became a hospital chaplain in Connecticut.

Eu não costumo gostar de filmes “coming of age”, porque eu, como pessoa no espectro autista, tenho dificuldades em me ver nas situações representadas nesses filmes como típicas da infância ou adolescência. “O Ídolo Caído” provavelmente não figura na lista de melhores filmes de “coming of age”, mas deveria estar lá: é um brilhante, tenso e verdadeiro retrato da perda de inocência que todos nós experimentamos de alguma maneira conforme crescemos.

I don't often like coming of age movies, because I, as an autistic person, have a hard time seeing myself in the situations portrayed in these films as part of someone's childhood or teen years. “The Fallen Idol” probably won't make it to the list of best coming of age movies, but it certainly should: it's a brilliant, tense and truthful portrayal of the loss of innocence that we all experience in some way while grouwing up.

This is my contribution to the 8th Annual Rule, Britannia blogathon, hosted by Terence at A Shroud of Thoguhts. 

5 comments:

  1. This is another excellent article; one of your best. Your precise dissection of the movie, of childhood, and the crossing of the theme of coming of age gives much to consider and a deeper appreciation of the film. Well done!

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  2. I saw this movie last year and enjoyed it immensely. It's difficult to make movies where children are the central characters, in part because child actors are so variable. It's a tribute to Bobby Henrey that as a first-time actor, he's so creditable and endearing. You also opened my eyes to the very clever production design and cinematography that portrays a puzzling world from a child's perspective -- great use of screenshots to illustrate the point!

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  3. This is a great post, Lê. I haven't seen The Fallen Idol, but your article really makes me want to. Thank you for taking part in the blogathon!

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  4. I am adding this to my to watch list now, never heard of it and it sounds like a good watch. Thanks!

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  5. I loved your insightful, analytical review, Le. As I was reading it, I thought, "I've GOT to see this one!"

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