Bazinga! Ainda não é uma notícia sobre mais um de meus livos!
Se há livros que viraram filme, há também o caminho contrário: livros sobre cinema, a alegria de qualquer cinéfilo que é também rato de biblioteca. Minha mais recente incursão nesse tipo de literatura se deu com “Vocês ainda não ouviram nada – A barulhenta história do cinema mudo”, de Celso Sabadin.
Em muitas ocasiões
erros de digitação e de concordância saltam aos olhos. Não posso reclamar
disso, porque este blog já sofreu deste mal algumas vezes. Confesso que é mais
fácil caçar erros no papel que na tela, ainda mais para uma leitora minuciosa
como eu. No entanto, tenho o direito de reclamar de erros factuais. Mesmo uma
pessoa nem tão versada no cinema mudo, porém não totalmente leiga, pode apontar
os erros. Talvez um especialista encontre mais alguns. Por exemplo, na página
85, há não um, mas dois erros sobre as irmãs Gish. Está escrito que o primeiro
filme delas, An Uneasy Enemy, foi feito em 1912, quando Lillian tinha 16 e
Dorothy, 14 anos. De fato, as irmãs estrearam no cinema em 1912, mas o filme se
chama “An Unseen Enemy”, e na ocasião Lillian Gish tinha 19 anos. Um erro que é
repetido por duas vezes diz respeito à cinebiografia de Charles Chaplin, feita
em 1992. Enquanto o autor insiste que ela se chamou Charlie, na verdade o
título é “Chaplin”. Também relativo ao ator, na página 139 seu filme “Shoulder Arms” (1918) vem com a tradução literal “Ombro Armas”, em alusão ao comando do
exército. No entanto, o título no Brasil é “Carlitos nas Trincheiras”. Senti
falta de alguns nomes importantíssimos, como Mabel Normand, ao mesmo tempo em
que alguns pontos foram citados mais de uma vez. Nem parece que o publicitário
transformado em crítico Celso Sabadin tenha demorado cinco anos pra escrever o
livro. Considerando apenas esta sua obra, eu não frequentaria nem recomendaria
algum de seus cursos sobre cinema mudo, também porque a maioria das informações
importantes está disponível na Internet, inclusive centenas de filmes
sobreviventes do período. Sei que a primeira edição do livro saiu em 1999, mas
o IMDb, a Bíblia dos cinéfilos, existe desde 1990 cheio de informações
impecáveis.
Segundo a Wikipedia,
o livro está em sua terceira edição, publicada pela Summus Editora. Li a
segunda edição, que saiu pela Lemos Editorial, e tem, sugestivamente, uma
imagem de Douglas Fairbanks com um enorme megafone na capa. Espero que a nova
edição tenha corrigido os vários erros. Tirando isso, o livro traz boas
informações e aumenta a lista dos filmes a serem vistos.
Se há livros que viraram filme, há também o caminho contrário: livros sobre cinema, a alegria de qualquer cinéfilo que é também rato de biblioteca. Minha mais recente incursão nesse tipo de literatura se deu com “Vocês ainda não ouviram nada – A barulhenta história do cinema mudo”, de Celso Sabadin.
Alguns pontos bem
interessantes do livro dizem respeito exatamente aos assuntos menos conhecidos,
como, por exemplo, os outros pioneiros do cinema, além dos irmãos Lumière,
Thomas Edison e Georges Méliès; aqueles que tentaram desenvolver, com mais ou
menos sucesso, máquinas que colocassem imagens em movimento. A formação dos
estúdios, incluindo não só os mais conhecidos, mas também os já extintos e os
internacionais, é bastante completa e bem detalhada. A animação, às vezes
negligenciada, também surgiu durante a era muda, para espanto dos leigos e
deleite dos leitores. A produção muda europeia e até mesmo a brasileira têm
capítulos próprios, o que é ideal para que se conheça um assunto tão
menosprezado, se comparado a Hollywood.
Cena de "Cabiria", filme italiano de 1914 |
Em "O Cantor de Jazz", Al Jolson profere a frase "vocês ainda não ouviram nada" |