Fãs de carteirinha são os mais fiéis seguidores e admiradores do trabalho de um artista. Alguns conseguem reunir um séquito considerável de tietes mundo afora. Os segredos para tal façanha podem ser carisma, beleza, saber falar com as massas ou satisfazer o ego do público. A fórmula mágica de Woddy Allen, no entanto, não envolve nada disso. Seu segredo é a simplicidade.
Simplicidade que lhe permite fazer um filme por ano, com orçamento relativamente baixo e lucros relativamente altos. Que já lhe fez trabalhar com algumas das maiores estrelas de cada época e eleger uma série de musas memoráveis. Que o fez ganhar três prêmios Oscar, um de diretor (“Annie Hall”) e dois de roteiro (“Annie Hall” e “Hannah e suas Irmãs”). Que fez surgir nas telas filmes tocantes e criativos.
Woody começou aos 15 anos como escritor de colunas para jornais e programas de rádio. Em 1965, já famoso comediante, ele escreveu e estrelou em “Que é que há, gatinha? / What’s new, pussicat?”. No ano seguinte ele dirigiria seu primeiro filme, “O que é que há, tigresa / What’s up, Tiger Lily?”. Mas ainda demoraria para que Woody sentisse o gostinho da fama. Seu maior reconhecimento veio com a simpática comédia “Annie Hall”, em 1977, que conta com Allen e Diane Keaton nos papéis principais. Keaton ganhou o Oscar de Melhor Atriz na ocasião e seu estilo, levado às telas como parte do figurino da personagem, virou moda. E, mais do que isso: este filme inaugurou a história de amor de Woody Allen com Nova York.
A paixão pela Big Apple se viu refletida, mais ou menos explícita, em obras subsequentes, como “Manhattan” (1979), “A Era do Rádio / Radio Days” (1982) e “Hannah e suas Irmãs / Hannah and her Sisters” (1986). Outra marca registrada do diretor é seu alter-ego que se torna personagem. Muitas vezes foi ele mesmo que deu vida ao seu outro eu cinematográfico, um judeu baixinho, neurótico, irônico e com problemas de relacionamentos.
Em minha opinião, entretanto, não são esses filmes tão típicos de Woody Allen os seus melhores. Para mim, as honras cabem a seus dois filmes mais criativos: “Zelig” (1983) e “A Rosa Púrpura do Cairo / The Purple Rose of Cairo” (1985). Zelig, também o nome do personagem principal, é um documentário fictício em preto-e-branco sobre um estranho homem que, sendo muito inseguro, mimetiza a forma física e a personalidade de quem se encontra ao seu redor. “A Rosa Púrpura”, sem Allen atuando, é sobre uma modesta dona-de-casa (Mia Farrow) que tem como único prazer ir ao cinema. Após ver cinco vezes um filme, um personagem sai da tela para conhecê-la. Que cinéfilo não gostaria de estar no lugar dela?
A prova maior da simplicidade de Allen é a maneira como seus filmes são feitos. Os créditos iniciais e finais, ao contrário de outras produções contemporâneas e até mesmo anteriores, são apenas listas de nomes escritos em branco sobre fundos negros, ao som de jazz de primeira qualidade. Ele é, aliás, também clarinetista, apresentando-se com frequência em um clube nova-iorquino.
Woody Allen é um homem de diversas facetas. Combinando todas elas, criou filmes que entraram para a História do cinema, homenageando, em diversos deles, seus cineastas favoritos, como Bergman e Fellini. Simples e criativo, ele continua na ativa, deixando seus fãs sempre ansiosos por seus novos projetos.
14 comments:
LÊ, será que há explicação para o meu caso? Por que Odeio Woody Allen? Não consigo gostar, não consigo entender porque alguem gosta!
Abração a você, aguardo suas visitas, seus comentários são muito importante para meu blog, abração
Allen é quase um operário do cinema, que lança filmes anuais a quase quarenta anos e não precisar de orçamentos gigantescos ou efeitos especiais de ponta para contar suas histórias com qualidade.
Abraço
Jefferson, há uma explicação: minha mãe também detesta Woody Allen. Ela não gosta do tipo de humor dele. Em todo caso, considero alguns dos filmes dele repetitivos ou pouco criativos ("Simplesmente Alice", por exemplo, é uma cópia descarada de "Julieta dos Espíritos", de Fellini). Mesmo assim, considero "Zelig" e "Rosa Púrpura do Cairo" bastante inovadores.
Demais!
Ele é estupendo!
Faço das palavras de Jefferson minhas palavras ... não gosto do Woody Allen. Acho alguns filmes meio repetitivos, como você disse no comentário. Mas de qualquer forma, apesar de não gostar dele, reconheço o trabalho de cada diretor, até porque, acho que não há profissão mais complexa que essa.
Bela homenagem a Woody Allen! Ele é um dos meus cineastas favoritos, simples, intrigante e de humor impecável.
parabéns pelo blog, já estou seguindo!
Viva Allen! Genial até nos desacertos!
O Falcão Maltês
Olá.
Em tempos de tecnologia
em detrimento do talento,
Woody lembra
a força da inspiração
sobre a massificação.
Para cada dia de tua vida
um novo sonho.
Costumo dizer que os piores filmes de Woody Allen são bons. A rosa púrpura do Cairo foio primeiro filme do mestre que assisti e também acho um dos melhores. Mas a paixão mesmo foi assistir Annie Hall num Corujão e ver Diane Keaton linda em seu esplendor. Acho que esse ainda é meu favorito do Allen.
Já assistiu Meia noite em Paris? Biscoito fino Le.
Aliás parabéns pelo teu blog menina. Estava devendo uma visita e um comentário pois um tempao vc deixou um comentário lá no meu. è que somente agoraestou atualizando o B-Cine.
www.b-cine-b-cine.blogspot.com
Um abraço e apareça por lá
"Todos Amam Woody"
deveria ser um título de filme.
Cineasta que merece nossa atenção.
Lê, parabéns pelo seu blog!!
Um dos grandes cineastas americanos, simples, sim, mas sofisticado.
Adoro o estilo deste cara, não canso de apreciar seus filmes. Estou correndo pra assistir o seu último.
Já adicionei nos blogs parceiros. Que 2012 seja repleto de concretizações!
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http://algunsfilmes.blogspot.com/
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