Oops I did it again! Sim, eu me matriculei em
mais um curso online. Sim, era um curso online sobre cinema. E sim, era da
Wesleyan University. Acompanhe agora mais um episódio das minhas aventuras como
caçadora de diplomas!
Vendo a sessão sobre
cursos de arte, ainda no mês de março, eu vi um anúncio de um novo curso sobre
cinema chamado “I Do and I Don’t”, que começaria no dia 21 de abril. O assunto:
casamento no cinema. Como os filmes mostraram a vida de casados? Quais as
diferenças entre uma época e outra? Quais os problemas que os casais
cinematográficos enfrentavam? O que constitui um “marriage movie”? Essas eram
as perguntas a serem respondidas pela professora (e responsável pelo rico
acervo da Wesleyan University) Jeanine Basinger. Ela é também autora do livro
que serviu de base para o curso, e sobre o qual eu só ouvi elogios.
Foram cinco semanas de
aula e dez filmes para serem assistidos como exemplo e dever de casa.
Entretanto, vê-los não era obrigatório, de modo que se alguém não conseguisse
encontrar alguns deles, não ficaria prejudicado (talvez só recebesse spoilers).
Os filmes eram mais para exemplificação que para análise, o contrário do que
aconteceu no primeiro MOOC de cinema da Wesleyan, The Language of Hollywood.
Por incrível que pareça,
eu e mais outras pessoas do curso gostamos mais do filme que não era para ser
assistido como exemplo, mas que foi recomendado em uma lição: “Fogo de Outono /
Dodsworth” (1936). Um casal de meia idade, Sam e Fran Dodsworth (Walter Huston
e Ruth Chatterton) vai para a Europa depois que Sam vende sua fábrica de
automóveis. Ambos têm medo da velhice, e cada um a enfrenta de seu jeito:
enquanto Sam quer mostrar-se útil e ativo, Fran prefere paquerar homens mais
novos (!). Excluindo este filme, o melhor é o belo e agridoce “Desencanto /
Brief Encounter” (1945), sobre uma dona de casa simplória (Celia Johnson) que
começa um affair com um médico (Trevor Howard), encontrando-se com ele todas as
quintas-feiras.
Outro escolhido foi “A
costela de Adão / Adam’s Rib” (1949) e, embora seja um bom filme sobre
problemas na vida conjugal, eu acredito que seria melhor ter passado aos alunos
a tarefa de ver “A mulher do dia / Woman of the Year” (1942), com a mesma dupla
Hepburn-Tracy, mas com um enredo no qual a maioria dos casais se identificaria.
E mais um filme excelente indicado foi “Desde que partiste / Since you went
away” (1944), com um elenco esplêndido.
Embora a terceira semana,
sobre os sete problemas que o cinema impunha para transformar em drama a vida
de um casal feliz, tenha sido muito interessante, a minha semana preferida foi
a primeira, sobre “marriage movies” no cinema mudo. Esta semana também me
deixou com excelentes indicações de filmes para procurar, entre eles os muitos
de De Mille com Gloria Swanson. E, para melhorar, a primeira semana também teve
a exibição de “Orquídeas Silvestres / Wild Orchids” (1929), uma espécie de “O
Véu Pintado / The Painted Veil” (1934) em Java estrelando Greta Garbo, Lewis
Stone e o belo e exótico Nils Asther.
Um problema que eu vi
neste curso e não havia visto em nenhum outro foi a quantidade de pessoas
insatisfeitas nos fóruns. Muitas reclamavam que tinham de comprar ou alugar os
filmes para um curso que se dizia gratuito. Outras tantas começaram a levar
para o lado pessoal, dizendo que não gostavam de filmes tristes ou, pior, o que
aconteceu comigo: comecei um tópico sobre “remarriage comedy”, um termo que vi
pela primeira vez em um blog que comentava o filme “Núpcias de Escândalo / The
Philadelphia Story” (1940). “Remarriage comedy” é aquele filme que começa com o
divórcio e toma todo o caminho para mostrar que o casal deve ficar junto no
final. Pois bem, a resposta que eu recebi foi de uma pessoa reclamando sobre
como os participantes do curso se achavam verdadeiros psicólogos, “marriage
consultants”, e ainda essa pessoa começou a dizer como o casamento dela havia
sido horrível! Na próxima sessão de cursos como esse eu sugiro que a plataforma
Coursera proíba comentários anônimos.
Mas, afinal, o que é
“marriage movie”? Segundo Jeanine, é aquele filme que seria completamente
diferente se os personagens não fossem casados. Mas, mais do que isso, eu
aprendi algo muito profundo com esse curso: que o divórcio foi uma das melhores
coisas já inventadas. Ou,
nas palavras de Gloria Swanson:
“I don’t believe in marriage as an
institution. I believe in divorce as an institution”.