} Crítica Retrô: Cabaret (1972)

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Monday, September 26, 2022

Cabaret (1972)

 

Você sabe quando uma flor aparece no meio do concreto? O mesmo pode acontecer com as artes: no meio do caos, às vezes a arte - arte bem feita, até mesmo obras-primas - floresce. E então as pessoas são felizes e livres... até que a tragédia acontece. Isso aconteceu na República de Weimar (1918-1933), uma época que viu o Expressionismo Alemão e o Kammerspiel no cinema, a cultura dos cabarés e a liberdade de ser quem você realmente é. O perigo estava se aproximando, mesmo assim: incapazes de verem os outros felizes, os nazistas surgiram e se espalharam, prontos para recobrar o controle da vida das pessoas em nome da “moral”. Sim, esta é uma lição que devemos aprender - para cada conquista de grupos minoritários haverá uma reação das pessoas que não suportam ver seus privilégios sendo retirados -  mas é também algo mais para prestarmos atenção: a arte espetacular feita sobre estes raros períodos de liberdade. Um destes filmes espetaculares está completando 50 anos este ano: “Cabaret”, de Bob Fosse.

Do you know when a flower appears in the middle of concrete? The same can happen to the arts: in the middle of chaos, sometimes art – good art, even great art – flourishes. And then people are happy, and free... until tragedy strikes. This happened in the Weimar Republic (1918-1933), a time that saw the German Expressionism and the Kammerspiel in cinema, the culture of cabarets and the freedom of being who you truly were. The danger was looming, nevertheless: unable to see others being happy, Nazis appeared and spread, ready to reclaim control of people's lives over the excuse of “morality”. Yes, this is a lesson from us to learn - for every conquest of minority groups there will be a reaction from people who can’t stand seeing their privileges being taken away - but it’s also something else to look out for: great art made about these rare periods of freedom. One of those great movies is turning 50 this year: Bob Fosse’s “Cabaret”.

Sally Bowles (Liza Minnelli) é uma dançarina no Kit Kat Club, um cabaré que apresenta alguns números elaborados e outros nem tão elaborados. Sally fica amiga do acadêmico e professor de inglês Brian (Michael York), que vai morar na mesma pensão em que Sally mora. Sally também fica conhecendo uma das alunas de Brian, a judia Natalia Landauer (Marisa Berenson). Natalia está apaixonada por Fritz (Fritz Wepper), um judeu que mente que é protestante.

Sally Bowles (Liza Minnelli) is a dancer at the Kit Kat Club, a cabaret for some elaborate numbers and some not-so-elaborate ones as well. Sally befriends the academic and English teacher Brian (Michael York), who comes to live in the same boarding house as she does. Sally also gets to know one of Brian’s students, Jewish Natalia Landauer (Marisa Berenson). Natalia is in love with Fritz (Fritz Wepper), a Jew who lies saying he’s a Protestant.

Um dia na lavanderia, enquanto tenta s comunicar usando seu pequeno conhecimento do alemão, Sally recebe ajuda de Maximilian (Helmut Griem), um homem muito rico - e casado. Em vez de um triângulo amoroso, Sally, Brian e Maximilian rapidamente se transformam em um trio. O nazismo está à espreita enquanto eles vivem, amam e se divertem, mas Sally tem problemas mais importantes para resolver.

One day at the laundry, while trying to communicate using her weak German, Sally is helped by Maximilian (Helmut Griem), a very rich - and married - man. Instead of a love triangle, quickly Sally, Brian and Maximilian become a trio. Nazism is lurking while they live, love and laugh, but Sally has more important problems.

Sally quer ser uma atriz na Alemanha - como Lya de Putti, ela diz. O cinema alemão estava indo muito bem nos anos 1920 e 1930. O país fez filmes incríveis e exportou diretores - como F.W. Murnau - e atores - como Emil Jannings, o primeiríssimo ganhador do Oscar de Melhor Ator, e a própria Lya de Putti, inspiração de Sally - para Hollywood. Isso significa que Sally tinha razão em se inspirar em atores alemães da época e tinha uma chance de alcançar seu sonho de se tornar uma grande estrela.

Sally wants to be an actress in Germany - like Lya de Putti, she says. German cinema was doing very well in the 1920s and early 1930s. The country made stunning films and exported directors - like F.W. Murnau - and actors - like Emil Jannings, the first-ever Best Actor Oscar winner, and even Lya de Putti, Sally’s inspiration - to Hollywood. This means that Sally was right about being inspired by German actors of the period and had a chance in her dreaming to make it big.

Ao passarem perto do corpo de um homem assassinado pelos nazistas, um motorista diz: “deixe que eles se livrem dos comunistas, depois nós podemos controlá-los”. Quando Brian pergunta quem são “nós”, o motorista responde “a Alemanha, é claro”. Como ele estava errado - e como estão erradas algumas pessoas ainda hoje! Para manter uma sociedade tolerante, é preciso ter tolerância zero com a intolerância. Discurso de ódio deve ser eliminado no começo, para que não se torne ataques de ódio. Se você não pode destruir ativamente a intolerância, você ainda pode se opor em silêncio - como um senhor de idade que permanece sentado quando um menino nazista canta “Tomorrow Belongs to Me” - ou, o que é mais esperto, ir embora como Brian e Maximilian fazem.

While passing by the body of a man murdered by Nazis, a chauffeur says: “let them get rid of the communists, later we can control them”. When Brian asks who’s “we”, the chauffeur says “Germany, of course”. How wrong he was then - and how wrong are some people now! To maintain a tolerant society, we must have zero tolerance for intolerance. Hate speech must be stopped in the beginning, so it won’t become hate acts. If you can’t actively destroy intolerance, you can silently oppose - like the older man who keeps seated when a Nazi boy starts singing “Tomorrow Belongs to Me” - or, which is wiser, flee like Brian and Maximilian do.

Os números musicais acontecem dentro do cabaré e Sally é a grande estrela, mas não podemos nos esquecer de mencionar a performance de Joel Grey como o Mestre de Cerimônias. O vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, Grey já havia ganhado um prêmio Tony por interpretar o Mestre de Cerimônias na Broadway, onde “Cabaret” teve mais de mil apresentações entre 1966 e 1967.

The musical numbers happen inside of the cabaret and Sally is the big star, but we must not forget to mention Joel Grey’s performance as the Master of Ceremonies. The winner of the Oscar for Best Actor in a Supporting Role, Grey had already won a Tony Award for playing the Master of Ceremonies on Broadway, where “Cabaret” ran from more than a thousand performances between 1966 and 1967.  

O filme foi rodado em locação na Berlim Ocidental, usando muitos dos cenários usados anteriormente em “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (1971). Sally Bowles foi inspirada por uma cantora de cabaré e aspirante a estrela de cinema real - mas não muito talentosa: Jean Ross. Jean foi membro do partido Comunista em Berlim e se tornou correspondente na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

The movie was filmed on location in West Berlin, in many of the same sets used for “Willy Wonka & the Chocolate Factory” (1971). Sally Bowles was inspired by a real - yet not very talented - cabaret singer and movie star-wannabe, Jean Ross. Jean was a member of the Communist party in Berlin and became a correspondent in the Spanish Civil War (1936-1939).

Eu tenho uma confissão a fazer: eu nunca tinha assistido a “Cabaret”. Gostei muito do filme, mas não amei. É um bom “slice of life”, e Liza é realmente mágica como Sally - um Oscar merecido! As músicas são tão icônicas que eu já as conhecia e pude cantar junto. “Cabaret” é mais que um filme: é uma experiência cinematográfica. Das boas.

 I have a confession to make: I had never watched “Cabaret” before. I really liked it, but didn’t love it. It’s a good “slice of life” movie, and Liza is indeed magical as Sally - well deserved Oscar win! The songs are so iconic that I already knew all of them beforehand and could sing along. “Cabaret” is more than a movie: it’s a cinematographic experience - a great one.

This is my contribution to the Fifth Broadway Bound blogathon, hosted by Rebecca at Taking Up Room.

2 comments:

Rebecca Deniston said...

I'm with you about this movie--I tried to watch it but couldn't get through it. Weird. It might be interesting just to look for the Willy Wonka sets, though. Thanks again for joining the blogathon--this was a great review! :-)

Sally Silverscreen said...

Really good review! I've never seen 'Cabaret'. In fact, I had no idea it took place in the 1930s until I read your article. Now that I've read your review, it has raised my interest in checking out 'Cabaret'! I not only participated in the Fifth Broadway Bound Blogathon, I'm also hosting a blogathon! I'll provide the links to those articles:

https://18cinemalane.com/2022/09/24/redwood-curtain-from-stage-to-screen/
https://18cinemalane.com/2022/09/25/take-3-anna-and-the-king-review/
https://18cinemalane.com/2022/09/01/coming-to-a-tv-near-you-the-world-television-day-blogathon/

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