No que você pensa quando pensa em férias? Folga, descanso, diversão,
praia? Pois bem, se existe um filme que combina perfeitamente com férias na
praia, é “Mulher de Verdade / The Palm Beach Story”, uma deliciosa screwball comedy de Preston Sturges, o
mesmo gênio que levou para as telas “As Três Noites de Eva / The Lady Eve” em
1941.
A sequência inicial é uma das melhores da história do cinema. Porque
sequer o casamento de Gerry (Claudette Colbert) e Tom (Joel McCrea) começou do
modo convencional. Conforme passam os créditos, vemos a excitação do noivo, a
fuga da noiva trancada em um armário (??), os dois sustos que a empregada leva
e finalmente o casamento, tudo no frenético ritmo das comédias do cinema mudo.
Cinco anos se passam, e eles não estão vivendo felizes para sempre. Tudo
recomeça quando o casal está para ser despejado, mas Gerry recebe a ajuda
inusitada de um velho rico e surdo, o Rei das Salsichas (“Wienie King”,
interpretado por Robert Dudley), que lhe dá mais do que o suficiente para pagar
o aluguel e se divertir um pouco.
Mas isso foi demais para Tom. Ele briga com a esposa e, mesmo depois de
se beijarem e tudo parecer bem de novo, Gerry decide que está atrapalhando o
marido e resolve se separar. A conselho de um taxista, em vez de ir buscar os
papéis do divórcio em Reno, ela parte para Palm Beach.
No trem, ela conhece o rico J.D. Hackensacker (Rudy Vallee,
interpretando um personagem que poderia ter sido batizado por Groucho Marx) e
ele compra roupas novas para ela, já que as roupas de Gerry haviam ficado em um
vagão cheio de homens bêbados. E logo J.D. está apaixonado, e ele leva Gerry
para Palm Beach em seu iate. Lá eles encontram a irmã dele, a Princesa
Centimilla, ou melhor, Maud (Mary Astor), que está com seu novo namorado, o
estrangeiro bobo Totó (Sig Arno). E ela abandona Totó quando conhece Tom, que é
apresentado como o irmão de Gerry, e não o marido dela.
Sim, esta é provavelmente a sinopse mais confusa de todos os tempos.
Porque Preston Sturges não brincava em serviço. O filme tem apenas 83 minutos,
mas é acelerado, frenético, até mesmo vertiginoso. E ainda assim temos a
sensação de que ele poderia durar mais, muito mais. É uma screwball comedy
da melhor qualidade, com Claudette Colbert sedutora (em um papel concebido para
Carole Lombard), Joel McCrea adorável e confuso, dois excelentes coadjuvantes
cômicos que roubam a cena (Totó e o Sr. Hinch) e a deliciosa personagem de Mary
Astor, falante, desmiolada e muito, muito divertida.
E ainda houve alguns problemas neste filme quase perfeito: Mary Astor
teve dificuldade de se adaptar ao estilo perfeccionista de comédia que Sturges
queria, mas isso nunca fica aparente no filme pronto.
Preston Sturges mergulha no mundo dos ricos e excêntricos com
conhecimento de causa. Sua segunda esposa foi Eleanor Hutton, uma moça rica que
fugiu para se casar com Preston em 1930. Durante dois anos ele frequentou o
curioso mundo dos milionários (incluindo Palm Beach), até que Eleanor pediu a
anulação do casamento em 1932, pois Preston ainda não havia se divorciado da
primeira esposa quando se casou com Eleanor.
A praia de Palm Beach sequer é vista no filme, mas o porto e o iate são
dois importantes cenários – embora percam muito comparados com os interiores
maravilhosamente decorados. Mas os cenários não são a atração principal: com
uma ação rápida e falas divertidas, há pouco tempo para se prestar atenção nos
detalhes.
Embora Claudette Colbert esteja bem, Joel McCrea fica um pouco apagado,
e com certeza seria completamente engolido se a protagonista feminina fosse
interpretada pela brilhante Carole Lombard. O destaque fica para Sig Arno, que
arranca risadas a cada cena, e a surpreendente Mary Astor, brilhando como nunca
na comédia.
Depois de 83 minutos que passam muito, muito rápido, ficamos com vontade
de ver mais. Imagine se a história de Gerry e Tom tivesse uma continuação (a
Hollywood moderna não perderia tempo)! Mas Preston Sturges, roteirista, diretor
e produtor, decidiu terminar no auge, com uma sequência final ainda mais engraçada
que a inicial... e mais deliciosa que qualquer festa na praia.
This is my contribution to the Beach Party
Blogathon, hosted by Ruth at Silver Screenings and Kristina at Speakeasy.
Aloha!
11 comments:
nossa, férias. ah, acho que não vi. falei de um filme clássico essa semana. beijos, pedrita
I love this film, and I'm so glad you chose it for the Beach Party Blogathon. I completely agree about the dialogue is fast and witty, so much so that you don't really pay attention to details. (Set design? There are sets in this film?)
Thanks so much for joining us with this gem, Le!
I love this movie, such a nice choice for the blogathon and great writing from you as usual. Thanks!
How Preston Sturges discovered that singer Rudy Vallee would be the perfect actor in so many of his movies is a wonderful mystery to me, but the combination works beautifully.
ferias to precisando rsrs,
ainda noa tinha visto esse ele ate esta na minha lista mas
sabe quando você tem tantos títulos bons que nem sabe por onde começar.
Amei a dica Lê como sempre manda bem .
Beijos
http://cherrycriis.blogspot.com
This sounds like a fun watch. I'm a big Colbert fan so I'll be sure to make some time for this. The premise (a 'friendly' divorce and a bank-rolling lover) sounds exactly like Sturges, I can almost imagine how uproarious the dialogue will be!
Great blogathon entry Le
I have sent a Liebster Award your way. Have fun with it, if you like. Details at CaftanWoman.
It's been years since I saw this movie. Thanks for the reminder of it! ☺
Great choice for the Beach Party Blogathon.
Quase não assisti a filmes mais antigos de comédia, acredita? A sinopse me conquistou, mas o cartaz principalmente! Bonito demais!
:*
The Palm Beach Story is my all time favourite Preston Sturges film. It is so funny, and there are so many great lines that one doesn't catch all of them until watching it several times. It also feature Mary Astor in my all time favourite role she ever played.
Nossa, que alucinação! Klkkk Fiquei com vontade de assistir o filme.
Bjs
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