} Crítica Retrô: Corredores de Sangue (1958) / Corridors of Blood (1958)

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Thursday, May 20, 2021

Corredores de Sangue (1958) / Corridors of Blood (1958)

 

Quando falamos sobre Sir Christopher Lee, a maioria das pessoas se lembra de seu papel em “O Senhor dos Anéis”. Os fãs de cinema clássico em geral o associam com o gênero terror, pois ele interpretou Drácula em sete filmes. No mesmo ano em que ele interpretou o vampiro pela primeira vez, ele esteve em um filme com Boris Karloff, que interpretou Frankenstein na conhecida versão dos estúdios Universal de 1931. Este é o filme “Corredores de Sangue”: quando Drácula e Frankenstein se encontraram – mas, neste caso, Christopher Lee conseguiu ser mais assustador que Karloff.

When we talk about Sir Christopher Lee, most people think about his role in “The Lord of the Rings”. Classic movie fans often associate him with the horror genre, as he played Dracula in seven films. The same year he played the vampire for the first time, he appeared in a movie alongside Boris Karloff, who had played Frankenstein in the well-known Universal version from 1931. This is “Corridors of Blood”: when Dracula met Frankenstein – but, in this case, Christopher Lee managed to be more somber than Karloff.

Nossa história acontece na Londres de 1840, “antes da descoberta da anestesia”, conforme os dizeres na tela. O anfiteatro onde as cirurgias acontecem está cheio de homens que querem ver o Dr Thomas Bolton (Boris Karloff) amputar um fêmur sem anestesia. Depois da operação e de muitos gritos do paciente, um amigo médico diz que a dor é parte de qualquer cirurgia. Dr Bolton acredita que um dia as cirurgias acontecerão com o mínimo possível de dor.

Our story is set in London in 1840, “before the discovery of anaesthesia”, as a title card tells. The operation theatre is full of gentlemen who want to see Dr Thomas Bolton (Boris Karloff) amputating a femur without anesthesia. After the operation and the many screams from the patient, a doctor friend says that pain is part of any surgery. Dr Bolton believes that one day operations will be performed with minimal pain.

O filho do Dr Bolton, Jonathan (Francis Matthews), acha que as ideias do pai sobre anestesia são bobagem, mas isso não impede que o Dr Bolton faça experiências com gases anestésicos... usando a si mesmo como cobaia. Ele logo descobre o poder do gás hilariante para impedir que as pessoas sintam dor. 

Dr Bolton's son, Jonathan (Francis Matthews), believes his father's talk about anesthesia is foolish, but this doesn't stop Dr Bolton from making experiments with anesthetic gas... experimenting them on himself. He quickly finds the power of the laughing gas to prevent people from feeling pain.

Sua primeira demonstração do gás anestésico é um desastre enorme e ele é vaiado por todos que estão assistindo. Agora o Dr Bolton começa a fazer experiências com ópio – e o resultado é promissor! O problema é que o médico fica sedado, sim, mas também anda pela cidade e acredita que tudo não passou de um sonho quando ele acorda.

His first demonstration 0f the anesthetic gas is an enormous disaster and he's booed by everybody watching. Now Dr Bolton starts experimenting with opium – and it works! The problem is that the doctor is sedated, yes, but he also wanders through the city and believes it was all a dream when he wakes up.

Entre essas experiências – e durante seu transe com ópio – o Dr Bolton frequenta uma estalagem e taverna, onde Resurrection Jose faz seu “trabalho”: seu apelido é completamente irônico, pois seu trabalho consiste em sufocar pessoas bêbadas e doentes que chegam à estalagem, ficando com seus pertences e dividindo os objetos de valor com os donos do local. Sempre que alguém morre, eles chamam o Dr Bolton para assinar a certidão de óbito, e dizem que a pessoa chegou ao lugar com uma tosse estranha para enganar o médico.

In-between these experiences – and during his opium trance – Dr Bolton often goes to an inn/tavern, where Resurrection Joe (Christopher Lee) does his “work”: his nickname is completely ironic, as his job is to suffocate drunk, sick people who arrive at the inn and keep their belongings, sharing the valuable things with the innkeeper. Whenever someone dies, they call Dr Bolton to sign the death certificate, and they say the person had arrived with a strange cough to fool the doctor.

Na estalagem e taverna, confuso com a mistura de gás de ópio, o Dr Bolton é roubado por um garoto, que pega seu precioso caderno cheio de anotações sobre suas experiências. O que o Dr Bolton pode fazer sem suas anotações? Fazer outra experiência com a mistura de gás de ópio para tentar lembrar onde o caderno está, é claro! O plano funciona – e mais uma vez na estalagem e taverna, o Dr Bolton é chantageado pelo proprietário Black Ben (Francis De Wolff), sua esposa Rachel (Adrienne Corri) e Resurrection Joe. E este é apenas o menor dos problemas do Dr Bolton.

In the inn/tavern, inebriated with the opium gas mixture, Dr Bolton is robbed by a boy, who gets his precious notebook full of notes about his experiments. What can Dr Bolton do now without his notes? Experiment again with the opium gas mixture to try to remember where the notebook can be, of course! It works – and once back at the inn/tavern, Dr Bolton is blackmailed by the innkeeper Black Ben (Francis De Wolff), his wife Rachel (Adrienne Corri) and Resurrection Joe. And this is just the beginning of Dr Bolton's problems.

É muito interessante assistir a um filme sobre a história da ciência e da medicina – quando os corredores dos hospitais eram literalmente corredores de sangue. Você pode ver os pacientes imobilizados por cintos para não se contorcerem e atrapalharem a cirurgia. Você também pode ver que as cirurgias tinham de ser feitas rapidamente e que os médicos e assistentes não usavam roupas especiais nem luvas. É óbvio que a anestesia foi uma conquista importante na área médica no século XIX, mas a verdadeira revolução foi a adoção de procedimentos higiênicos simples.

It's so interesting to watch a movie about the history of science and medicine – when the hospital corridors were literal corridors of blood. You can see that the patients were immobilized by belts in order to not contort and screw the surgery. You can also see that the surgeries had to be done quickly and the doctors and assistants use neither special clothes nor gloves. Of course anesthesia was a game-changer in the medical field in the 19th century, but the real revolution was the adoption of simple hygienic procedures. 

Dr Bolton queria provocar um avanço na ciência, mas em sua experiência científica ele poderia – ele deveria – ter usado um observador ou uma cobaia. Ele não deveria ter feito o papel de ambos, o que é bem óbvio... mesmo assim, alguns cientistas famosos usaram a si mesmos comocobaias para suas experiências, e muitos doutores até mesmo operaram a si mesmos para provar algumas hipóteses científicas!

Dr Bolton wanted to advance science, but in his scientific experiment he could – he must – have had an observer or a guinea pig. He shouldn't have been both, which is pretty obvious... even though some famous scientists experimented on themselves, and many doctors even went as far as operating themselves to prove some scientific hypothesis!

O Resurrection Joe de Christopher Lee é um homem alto que só usa preto e que tem uma cicatriz no rosto. Ele é um personagem quieto, o que faz dele ainda mais sinistro. Ele parece desperdiçado na maior parte do filme até que o Dr Bolton é chantageado e ele e o médico se tornam parceiros no crime. É curioso notar que, mesmo que Christopher Lee seja mais conhecido pelos fãs de cinema de terror por ter interpretado Drácula, ele fez quatro papéis que já haviam sido interpretados por Boris Karloff: Lee interpretou Frankenstein um ano antes de “Corredores de Sangue”, interpretou a Múmia um ano depois deste filme, Fu Manchu em cinco filmes nos anos 60 e finalmente Rasputin em 1966.

Christopher Lee's Resurrection Joe is a tall man who only wears black and who has a scar on hir face. He is a quiet character, which makes him even more sinister. He seems underused for most of the film, until Dr Bolton is blackmailed and he and the doctor become partners in crime. It's curious to notice that, even though Christopher Lee is better known for horror movie fans for having played Dracula, he played four characters that had been already played by Boris Karloff: Lee played Frankenstein one year before “Corridors of Blood”, he played the Mummy one year after this film, Fu Manchu in five films in the 1960s and finally Rasputin in 1966.

A trilha sonora é muito assustadora, perfeita para criar um clima sombrio. O compositor, Buxton Orr, curiosamente havia estudado medicina e também compôs a trilha de outro filme sobre médicos e medicina: “De Repente, no Último Verão” (1959). Embora seja em geral a fotografia em preto e branco que crie o clima sombrio em filmes de horror de época, aqui é definitivamente a trilha sonora que se destaca.

The soundtrack is very eerie, perfect to create a somber mood. The composer, Buxton Orr, curiously had studied to be a doctor and also composed the soundtrack for another film about doctors and medicine: “Suddenly, Last Summer” (1959). Although it's often the black and white cinematography that creates the mood for horror period pieces, here it is definitely the soundtrack that is outstanding.

Filmado em 1958 e lançado apenas quatro anos depois, “Corredores de Sangue” é um filme muito bom. Pouco conhecido, curto – com apenas 86 minutos – e muito interessante, aqui os monstros são humanos de verdade – o que os torna muitas vezes mais assustadores que qualquer criatura – e Boris Karloff pode mostrar que tinha muito talento, um talento que a maquiagem de Frankenstein não poderia esconder para sempre.

Shot in 1958 and only released four years later, “Corridors of Blood” is a very good movie. Little known, short – only 86 minutes – and very interesting, here the monsters are real humans – which makes them sometimes more scary than any creature – and Boris Karloff can show that he had a lot of talent, a talent that Frankenstein's make-up and prosthetics couldn't keep hidden forever. 

This is my contribution to the Christopher Lee blogathon, hosted by Gill and Barry at Realweegiemidget Reviews and Cinematic Catharsis.


8 comments:

Realweegiemidget Reviews said...

Thanks for joining our blogathon Le, this was a great post and I loved your descriptions of this eerie double act.

angelman66 said...

Hi Le, have never seen this one, but what a great opportunity to see Lee and Karloff together, indeed after Lee had done all the British versions of some of Karloff’s greatest hits including Frankenstein and the Mummy (which Lee is great in, by the way). I love how Sir Christopher is just as much at home playing supporting roles as leading men. Can’t wait to see his Resurrection Joe!
- Chris

John L. Harmon said...

Intriguing review!
This is another Christopher Lee film I have not seen oh, and I'm not sure why. How did I miss the meeting of karlov and Lee!? I will have to remedy the situation.

Brian Schuck said...

Very nice review! It's been so long since I've seen Corridors of Blood that I completely forgot that Christopher Lee was in it! What I do remember is that it's a pretty effective B movie featuring the common premise of the scientist transgressing society's norms... and of course there's the sinister Burke and Hare-type atmosphere. I can imagine back in the day the title Corridors of Blood selling more than a few tickets, but perhaps also resulting in disappointment on the part of some that there wasn't a "real" monster in it. I see it's available on Prime -- putting it in my queue for another look at it.

Silver Screenings said...

This sounds like a strange and creepy yet mesmerizing film. Would be good to see Boris Karloff and Christopher Lee in a film together!

Fantastic and informative review, Le, as always.

Barry P. said...

Great review! This is one that I missed, but I hope to remedy that. I wonder if there's any connection between Lee's Resurrection Joe and José Mojica Marins' Coffin Joe? Thank you for joining our little blogathon!

MichaelWDenney said...

Very interesting review. I've been slowly working my way through both Karloff's and Lee's films but haven't come across this one yet. I'll have to rectify that soon.

Rebecca Deniston said...

Wow, this is so interesting--it almost looks like a Jekyll and Hyde type of scenario. Gonna have to look for this one.:-)

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