} Crítica Retrô: Um Rosto de Mulher (1941) / A Woman's Face (1941)

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Sunday, May 12, 2019

Um Rosto de Mulher (1941) / A Woman's Face (1941)

Durante a Era de Ouro dos estúdios, sempre que um artista tinha liberdade para interpretar um personagem diferente do que estava acostumado – em geral depois de muita insistência e luta – o resultado era quase sempre maravilhoso. Por exemplo: quando a MGM deixou Joan Crawford arriscar e interpretar uma personagem marcada – em vez de mais uma mulher glamourosa – em “Um Rosto de Mulher”, ela nos legou uma performance incrível.

During the Studio Era, whenever a performer was allowed to play against type – usually after a lot of insistence and fighting – the result was almost always wonderful. For instance: when MGM let Joan Crawford take a risk and play a scarred character – instead of another glamorous woman – in “A Woman's Face”, she delivered an outstanding performance.




Em um tribunal em Estocolmo, o julgamento de Anna Holm (Joan Crawford) começa. Anna é acusada de assassinato. As testemunhas são chamadas e contam a história em flashback. Anna e seus “amigos” trabalhavam em um restaurante, mas este trabalho era só de fachada: eles atuavam de verdade no ramo da chantagem.

In a tribunal in Stockholm, the judgment of Anna Holm (Joan Crawford) begins. Anna is accused of murder. The witnesses are called and they tell the story in flashback. Anna and her “friends” worked in a restaurant, but this job was just a disguise: they were really active in the blackmail market.




A vítima de chantagem que vai mudar toda a história é Vera Segert (Osa Massen), cujas cartas de amor para um amante foram parar nas mãos erradas. Enquanto negocia com Vera, Anna conhece o esposo dela, Gustaf (Melvyn Douglas), quese interessa pela grande cicatriz que Anna tem no rosto. Gustav então se oferece para operar Anna e remover a cicatriz. Ao mesmo tempo, Anna se apaixona por Torsten Barring (Conrad Veidt), que a quer para executar seu próprio plano maligno.

The blackmail victim that will change everything is Vera Segert (Osa Massen), whose love letters to a lover ended up in wrong hands. While negotiating with Vera, Anna meets her husband, Gustaf (Melvyn Douglas), who gets interested in the big scar Anna has in her face. Gustav then offers to operate Anna and remove the scar. At the same time, Anna falls in love with Torsten Barring (Conrad Veidt), who wants her for an evil plan of his own.




A cicatriz de Anna é decorrente de um incêndio ao qual ela sobreviveu na infância. Por causa da cicatriz, ela não conseguiu arranjar trabalho quando era adolescente e então se tornou criminosa. Anna lidava com canalhas, e em geral desconfiava de todos – não porque eles eram canalhas, mas porque ela achava que eles estavam sempre zombando de seu rosto. Toda a vida e todas as atitudes de Anna foram pautadas em sua cicatriz.

Anna got her scar after she survived a fire in her childhood. Because of the scar, she couldn't find a job as a teen and turned to crime. Anna was dealing with crooks, and she was often suspicious of everybody – not because they were crooks, but because she thought they were always mocking her appearance. All her life and her actions have been dictated by that scar.



“Um Rosto de Mulher” nos leva a refletir sobre as aparências e sobre como julgamos as pessoas pela aparência. Isso vai além das noções de bonito ou feio: aqui estamos falando de uma pessoa marcada, na mesma situação de pessoas que adquiriram uma deficiência depois de um acidente. Eu pensei muito nas pessoas que lutaram em guerras e ficaram para sempre marcadas ou deficientes porque não havia  tratamento ou cirurgia plástica na época. Estas são as vítimas do fogo, de bombas e de ataques com gás que tiveram de conviver com pessoas que não acreditavam que alguém “diferente” merecia respeito.

A Woman's Face” leads us to think about appearances and how we judge people by their looks. This goes way beyond the notions of beautiful and ugly: here we are talking about someone scarred, in the same situation as people who were left handicapped by some accident. I thought a lot about people who had fought in wars and left permanently scarred or disabled because there was no treatment or plastic surgery in that time. These are the victims of fires, bombs, gas attacks, who then had to live among people who didn't see someone “different” as someone worth respecting.




Hollywood, desde sempre, fez remakes de sucessos internacionais, e neste caso não foi diferente. “Um Rosto de Mulher” é o remake de “A Mulher que Vendeu a Alma”, filme sueco de 1938 que revelou ao mundo uma jovem de 23 anos chamada Ingrid Bergman. Enquanto Crawford está bem no remake, não há comparação com a personagem amarga interpretada por Ingrid no original.

Hollywood, since the beginning, remade international successes, and this case was no exception. “A Woman's Face” is the remake of “En kvinnas ansikte”, a Swedish film from 1938 that introduced to the world a young 23-year-old girl named Ingrid Bergman. While Crawford is good in the remake, there is no comparison to the embittered character played by Ingrid in the original.




Em uma única cena no sótão, Conrad Veidt consegue ser incrivelmente assustador e sombrio – muito diferente de quando ele está dançando com Joan Crawford. Como Vera, Osa Massen ou é uma péssima atriz ou uma ótima atriz interpretando uma personagem insuportável. Alguns coadjuvantes brilham, em especial Marjorie Main e Donald Meek.

In a single scene in an attic, Conrad Veidt manages to be incredibly scary and somber – very different from when he's dancing with Joan Crawford. As Vera, Osa Massen is either a very bad actress or a very good one playing an annoying character. Some supporting players shine, in special Marjorie Main and Donald Meek.




Do ponto de vista técnico, há algumas coisas a se destacar em “Um Rosto de Mulher”. Há uma cena muito interessante com diversos espelhos. Há duas sequências muito tensas e sem música – apenas com os barulhos do ambiente, e esta escolha foi muito eficiente para aumentar o suspense. E, claro, o departamento de maquiagem fez maravilhas não apenas com a criação da cicatriz de Anna, mas também com a maneira como mostram o efeito do fogo no olho dela.

From the technical point of view, there are a few things to point out about “A Woman's Face”. There is a very interesting shot with a lot of mirrors. There are a couple of very tense scenes that have no music – only the noises of the place, and this choice proved to be very effective to increase the suspense. And, of course, the make-up department did wonders not only conceiving Anna's scar, but also showing how the fire also affected her eye.




Antes do doutor Gustaf ver o resultado da cirurgia de Anna, ele diz ter medo de que ela se torne “um belo rosto sem coração”. A mudança no rosto de Anna vem junto com uma mudança no coração, e assim o filme reforça o estereótipo de Hollywood de que tudo que é belo é bondoso. “Um Rosto de Mulher” é um ótimo filme, mas eu gostaria mais dele se a aparência de Anna não tivesse mudado. Afinal, se o Corcunda de Notre Dame podia ser um cara legal mesmo sendo considerado “feio”, por que o mesmo não poderia acontecer com Anna Holm?

Before Dr. Gustaf sees the result of Anna's surgery, he says he's afraid of her ending up having “a beautiful face and no heart”. As Anna's change in her face comes with a change of heart, we see another picture that reinforces the Hollywood stereotype that beautiful equals kind. “A Woman's Face” is a great film, but I'd love it more if the Anna's appearance didn't change. After all, if the Hunchback of Notre Dame could be a great guy even being considered “ugly”, why couldn't Anna Holm be the same?


This is my contribution to the Joan Crawford blogathon, hosted by Pale Writer and Poppity Talks Classic Films.


2 comments:

Erica D. said...

You've given a lovely take on the film, Le! I had no idea that Ingrid had starred in an earlier version but I believe you completely when you say that her performance was incredible. She looked to be much younger than 23 but she was able to pass herself off as a teenager in 'Gaslight'.
I thought Joan portrayed Anna in a very sympathetic fashion and was at first taken aback by her unkind, snappy nature. She had reason to be bitter, though, and her insistence made it possible to cross paths with Gustaf. It definitely would have been interesting to see how the story would have gone if her surgery had turned differently, maybe less "perfect". Gustaf recognised her beauty almost immediately. ��

Many thanks for your contribution and for having participated in our blogathon! ��

FlickChick said...

I caught this film last year and was, as always, wowed by Joan's performance. Many thanks for this great post and the info about the earlier Bergman film. I had no idea.

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