} Crítica Retrô: Glória e Poder / The Power and the Glory (1933)

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Saturday, August 19, 2017

Glória e Poder / The Power and the Glory (1933)

O filme começa em um funeral. Então, a história de vida de um magnata é contada em flashback, começando com um episódio de sua infância. O filme é “Cidadão Kane” (1941), certo? ERRADO. É na realidade “Glória e Poder”, um filme feito oito anos antes de Kane e com Spencer Tracy como um magnata das ferrovias.

The movie starts at a funeral. Then, the life story of a mogul is told in flashback, starting with a glimpse of his childhood. The movie is “Citizen Kane” (1941), right? WRONG. It’s actually “The Power and the Glory”, a film made eight years before Kane and with Spencer Tracy as a railway mogul.
Thomas 'Tom' Garner (Tracy) não frequentou a escola, e aos 20 anos era ainda analfabeto. Mas ele era determinado, e por causa de seu amigo de infância Henry (Ralph Morgan), ele vai aprender com a professorinha local, Sally (Colleen Moore). Tom e Sally se casam, e ela o transforma: de fiscal de trilhos ele se torna engenheiro – com muito sacrifício por parte dela, é claro.

Thomas ‘Tom’ Garner (Tracy) didn’t go to school, and at age 20 he couldn’t read or write. But he was brave, and because of his childhood friend Henry (Ralph Morgan) he starts having lessons with the local schoolteacher, Sally (Colleen Moore). Tom and Sally get married, and she turns him from a track walker into an engineer – with a lot of her sacrifice, of course.
Mas o que glória e poder podem fazer com um homem? Tom se torna ambicioso graças a Sally, e consegue cada vez mais poder dentro da companhia ferroviária. Ele se torna o presidente da companhia, um magnata multimilionário, com um filho mimado e uma amante – bem ao estilo Kane, não?

But what can the power and the glory do to a man? Tom becomes ambitious thanks to Sally, and gets more and more power in the railway company. He becomes the president of the company, a multimillionaire mogul, with a spoiled young son and a mistress – very Kane-ish, ain’t it?
É difícil acreditar de Ralph Morgan é mais novo que Spencer Tracy – Morgan era quase 17 anos mais velho que ele, e percebe-se. Talvez seja o bigode de Morgan, né? Com o intuito de fazer ambos parecerem mais velhos, tanto Spencer Tracy quanto Colleen Moore, nas cenas que representam a máxima riqueza de Tom, têm cabelos grisalhos e murchos. Ambos tinham pouco mais de 30 anos, mas interpretavam personagens com cerca de 50. O resultado é um Spencer Tracy estranho aos nossos olhos... e platinado!

It’s hard to believe that Ralph Morgan is younger than Spencer Tracy – Morgan was almost 17 years older than him, and it showed. Maybe it’s Morgan’s moustache, right? In order to make them appear older, both Spencer Tracy and Colleen Moore, in the scenes featuring Tom’s maximum wealth, had their hairs painted gray and styled differently. Both were in their early 30s, but playing characters who were about 50. The result is that we have an odd-looking platinum blonde Spencer Tracy!
Não há muito acontecendo com os funcionários da rodovia – nós vemos apenas o drama do magnata, e o único funcionário que está sempre lá é Henry, que trabalha como secretário de Tom. Nós não vemos como de fato o ambiente de trabalho da ferrovia é – desculpe, não há grandes festas como as dadas por Charles Foster Kane. Os maiores problemas para quem trabalha nos trilhos são as greves e os perigos.

There is not much happening to the employees of the railway – we only see the mogul’s drama, and the only employee always there is Henry, who works as Tom's secretary. We don’t really see how the workplace of the railway is – sorry, there are no big wild parties like the ones Charles Foster Kane threw. The biggest troubles for those who work on the rails are the strikes and the dangers.
Bad mood
Good mood
Henry é o narrador da história, e os momentos com sua narração sobreposta às cenas e diálogos – como o pedido de casamento – são muito bons. O estúdio batizou esta técnica de narração como “narratage”. É incrível ver os momentos indo e voltando no tempo durante a narrativa, sem seguir a ordem esperada. Os eventos seguem a ordem da memória – e são contados conforme são lembrados por Henry e sua esposa.

Henry narrates the story, and the moments with voiceover narration over scenes and dialogues – like the wedding proposal – are very good. The studio named this voiceover narration technique “the narratage”. It’s great to see that the moments come back and forth in the narrative, not following an ordinary order. The events follow the order of memory – they are told as they are remembered by Henry and his wife.
Spencer e Colleen brilham mesmo estando em momentos muito diferentes da carreira. Tracy estava só começando, e sua carreira duraria mais 34 anos. Colleen estava terminando sua carreira: ela se aposentou em 1934, apenas um ano após fazer “Glória e Poder”. No filme, ambos são ótimos e têm atuações poderosas – mas eu atrevo a dizer que Colleen é a melhor em cena. Mas ela própria discordou de mim: ela disse que Tracy foi o melhor e mais talentoso ator com quem contracenou.

Spencer and Colleen are the ones who shine, even though they are in very different moments of their careers. Tracy was just beginning his career, one that would last for 34 more years. Colleen was ending hers: she retired in 1934, only one year after “The Power and the Glory” was made. In the movie, they are amazing and deliver powerful performances – but I dare saying that Colleen was the best in the movie. But the girl herself disagreed with me: she said Tracy was the best and most talented male co-star she ever had.
De onde veio uma história tão boa? Se havia Orson Welles por trás de “Cidadão Kane”, a grande mente por trás de “Glória e Poder” era ninguém mais ninguém menos que Preston Sturges, que recebeu pelo roteiro incríveis 17500 dólares (equivalente a mais de 320 mil dólares hoje). Jesse L. Lasky, um dos fundadores dos estúdios Paramount – originalmente chamados Famous Players-Lasky – foi mandado embora de seu estúdio e então contratado pela Fox. Lasky gostou tanto do roteiro de Sturges que exigiu que ele fosse filmado pelo diretor William K. Howard sem nenhuma modificação – e graças a Deus ele fez esta exigência.

Where did such a great story came from? If there was Orson Welles behind “Citizen Kane”, the great mind behind “The Power and the Glory” was no other than Preston Sturges, who received for the script amazing 17,500 dollars (more than 320,000 dollars, adjusted to inflation). Jesse L. Lasky, one of the founders of Paramount Studios – originally called Famous Players-Lasky – was kicked out of his studio and then hired by Fox. Lasky liked Sturges’s script so much that he demanded it to be filmed by director William K. Howard without any changes – and thank God he did.
Preston Sturges
Orson Welles viu “Glória e Poder”? O filme estreou quando ele tinha 18 anos, então há uma chance de que ele tenha visto. Welles pode ter ganhado o Oscar de Melhor Roteiro Original quando fez Kane, mas precisamos notar que sua maior conquista com sua obra-prima foi uma conquista técnica. Ironicamente, Welles ganhou o prêmio no ano seguinte à vitória de Sturges – aquele que foi o primeiro a contar uma história emocionante de glória, poder, infelicidade e ruína.

Did Orson Welles see “The Power and the Glory”? The film was released when Welles was 18, so there is a good chance he did. Welles might have won the Best Original Screenplay Oscar when he did Kane, but we have to agree that his biggest accomplishment with his masterpiece was a technical one. Ironically, Welles won the award right after Sturges – who was the first one to tell a moving story of power, glory, unhappiness and decay.

This is my contribution to the Workplace in Film and TV Blogathon, hosted by Debra at Moon in Gemini.

3 comments:

Caftan Woman said...

I saw this film once, years ago on public television, and was very impressed. I knew Preston Sturges comedies at that time, and was completely under the spell of this dramatic story. I agree with you about Colleen Moore. She was wonderful in this film, and not just because her character was smart and sympathetic, but because she made her that way.

Silver Screenings said...

For all the wonderful things I've heard about Colleen Moore, it's embarrassing that I've not seen many of her films. She sounds fabulous in "The Power and the Glory", and paired with Spencer Tracy to boot! I must make this a priority. When I do, I'll be back to compare notes.

Debbie Vega said...

Thanks for adding this movie to the blogathon! Had no idea it was written by Preston Sturges. Definitely added to my watch list.

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