“Sem
Wilson Grey, eu acho que nem existiria cinema brasileiro” - José Lewgoy
No
cinema brasileiro, Wilson Grey está por toda parte. Ele é inconfundível: muito
magro, cabelos pretos com brilhantina, cara chupada e quase sempre um bigode.
Era o tipo perfeito para interpretar vilões ou capangas, malandros e mendigos.
Ele costumava dizer que fazia de tudo no cinema, “menos beijar a mocinha no
final”. Wilson Grey é a prova de que não é preciso ser protagonista para ser
memorável – e deixar sua marca para sempre na história do cinema.
Wilson
Chaves nasceu no Rio de Janeiro em 1923. Quando criança, ele gostava de imitar
as vozes dos atores do rádio, mas uma tragédia interrompeu a infância feliz:
seu pai faleceu quando Wilson tinha nove anos, e o menino teve de trabalhar
para ajudar nas despesas da família. Um começo difícil, como muitos outros.
O Rei do Movimento (1954)
Seu
sobrenome artístico foi inspirado em Nan Grey, companheira do teatro por quem
Wilson era apaixonado na década de 40. Durante seis anos, ele tentou ingressar
no cinema, sem sucesso (diziam que Wilson era muito feio para ser ator de
cinema). Mas como na maioria das grandes histórias dos astros da sétima arte,
um papel como extra foi o suficiente para engrenar a carreira de Grey, em 1948.
Três anos depois abandonou o emprego em uma perfumaria para se dedicar de corpo
e alma ao cinema. Seus dias de intérprete do “soldado sem fala” em Hamlet no
teatro tinham terminado.
Amei um Bicheiro (1952)
A
primeira vez em que vi Wilson Grey foi também a primeira vez em que vi uma
“chanchada”, filme típico do Brasil da década de 1950, que misturava comédia e
musical, geralmente com muito samba. Em “Quem roubou meu samba?” (1959), Wilson
Grey rouba a cena interpretando o doente do leito 34, internado em um hospital,
mas com muita fome.
O
jornal Última Hora e a revista Jornal de Cinema realizaram um concurso para
eleger o mais importante ator coadjuvante do cinema brasileiro em 1969.
Adivinhe quem ganhou? Sim, Wilson Grey.
Na Corda Bamba (1958)
Os
colegas de trabalho, atores e diretores, definiam Wilson Grey como um homem
bem-humorado que usava toda sua experiência de vida para compor seus
personagens – mesmo que fosse gravar uma só cena por filme. O diretor Hugo
Carvana confessou que escrevia seus filmes já reservando um papel especialmente
para Wilson Grey.
Apesar
de pouco lembrado, Wilson Grey trabalhou com todos os grandes nomes do cinema brasileiro do século XX: Ankito, Grande Otelo, Costinha, Carlos Manga, Júlio
Bressane. Só lhe escapou Glauber Rocha. Ou será que foi Wilson que escapou de
Glauber? Em todo caso, pior para Glauber.
A Rainha Diaba (1974)
Além do
teatro e do cinema, Wilson Grey também fez televisão. Seus papéis mais
conhecidos foram como o Jeca Tatu na versão do Sítio do Pica-pau Amarelo de
1977 e como Linguiça, companheiro do vigarista Azambuja, interpretado por Chico
Anysio.
Wilson
Grey viveu apenas 69 anos, mas foi o suficiente para participar em 250 filmes
ao longo de 45 anos de carreira. O diretor Ivan Cardoso chamava-o de “Boris
Karloff do Brasil”, tão vasta era sua filmografia (Karloff já havia feito 80
filmes antes de se tornar estrela do terror em “Frankenstein”, de 1931). Na
década de 1970, tempos antes de ser criado o website-referência IMDb, havia uma
disputa em relação ao ator que fez mais filmes. John Wayne liderava a lista, já
tendo feito aquele que seria seu último filme, “O Último Pistoleiro / The
Shootist” (1976). Wilson Grey vinha logo em seguida. Ao ver um grupo de
estudantes universitários de cinema filmando um curta-metragem, Grey se
infiltrou na multidão. A cena mostrava os espectadores de uma corrida de
cavalo. Os estudantes reconheceram Wilson Grey, como ele imaginava, e o
focalizaram. Grey improvisou uma comemoração, como se seu cavalo tivesse
ganhado a corrida. Terminada a cena, Grey comemorou: tinha agora 251 créditos,
contra 250 de John Wayne. Wilson Grey entrou no Guinness Book. Hoje, o IMDb nos
dá números diferentes, mas mantém a vantagem de Wilson: 179 créditos para John
Wayne, e 197 para Wilson Grey.
Os Três Cangaceiros (1959)
Assim
como muitos artistas, Wilson Grey morreu pobre, em 1993. Foi homenageado por
ocasião do décimo aniversário da sua morte durante um festival de cinema em
2003 no Rio de Janeiro. Teve uma história de superação e de muitos sucessos.
Versátil, dedicado e apaixonado pela profissão, Wilson Grey se tornou o mais
inesquecível ator do cinema brasileiro.
Saudações Lê! tudo bom? acho que você não lembra de mim, sou o criador do Blog 9 do Espaço Sideral! lembra? fico feliz que você ainda está firme com o blog! parabéns! tanto tempo!
eu re-ativei o meu! desde 2010 não quero jogar tudo fora! estou upando tudo do 0 e fiz um designer novo! da uma visitada! Abração! ;****
- BLOG 9 DO ESPAÇO SIDERAL - www.blog9doespacosideral.blogspot.com.br
6 comments:
I am so pleased that you introduced me to this interesting fellow, Wilson Grey.
eu adoro esse ator. bela homenagem. beijos, pedrita
Ótima homenagem.
Wilson Grey é um nome que merece sempre ser lembrado pela sua extensa carreira no cinema brasileira.
Bjos
251 film credits! What a busy man!
It sounds like he had a lot of talent. It's not every day screenwriters write parts with character actors in mind!
Thanks for introducing us to the versatile Wilson Grey.
He sounds like quite a character! Great post Le - I'll look out for his films in the future.
Saudações Lê! tudo bom? acho que você não lembra de mim, sou o criador do Blog 9 do Espaço Sideral! lembra? fico feliz que você ainda está firme com o blog! parabéns! tanto tempo!
eu re-ativei o meu! desde 2010 não quero jogar tudo fora! estou upando tudo do 0 e fiz um designer novo! da uma visitada!
Abração! ;****
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