} Crítica Retrô: O que nossas preferências dizem sobre nós

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Tuesday, November 27, 2012

O que nossas preferências dizem sobre nós


Muito, mas não tudo. Eu adoro filmes de gângster. E torço para que eles sobrevivam ao final. O que isso pode significar sobre minha personalidade?
Bem, isso não vem ao caso aqui ou agora. Não sou atriz clássica para ser analisada, nem sequer investigadora da mente humana. Mas hoje resolvi analisar a intrigante personalidade de meu diretor predileto, de quem não falava já há algum tempo: o magnânimo Orson Welles. E tudo isso baseado em uma simples lista: a de seus 10 filmes preferidos.


1. Luzes da Cidade / City Lights (1931, Charles Chaplin)
2.Ouro e Maldição / Greed (1924, Erich von Stroheim)
3. Intolerância / Intolerance (1916, D.W. Griffith)
4.Nanook, o Esquimó / Nanook of the North (1922, Robert J. Flaherty)
5. Shoeshine (1946, Vittorio De Sica)
6.O Encouraçado Potemkin / Battleship Potemkin (1925, Sergei Eisenstein)
7. The Baker's Wife (1938, Marcel Pagnol)
8. Grand Illusion (1937, Jean Renoir)
9. No Tempo das Diligências / Stagecoach (1939, John Ford)
10. Ninotchka (1939, Ernst Lubitsch)

Welles, Welles… Quanto de você pode ser desvendado por sua lista! Algo que a maioria dos cinéfilos sabe é que Orson fez “Cidadão Kane” (1941) tendo total liberdade criativa. Depois disso, muitos de seus filmes acabaram re-editados pelos estúdios, que cortaram cenas que consideraram supérfluas para diminuir a duração dos filmes, normalmente bem longos após Welles colocar o ponto final. Já analisei este verdadeiro pecado cinematográfico no post “Orson Welles e sua megalomania”, porque para mim não existe adjetivo melhor para esse diretor que megalomaníaco (no bom sentido).
Pois bem: algumas de suas produções preferidas eram também grandes e grandiosas e até mesmo sofreram severos cortes. Segundo Lillian Gish, “Intolerância” também sofreu um imenso corte, indo de oito horas para quase três. Já“Ouro e Maldição” tinha quatro horas na versão final do diretor Erich von Stroheim, mas contava com nove horas no original. Stroheim, aliás, esteve também em “A Grande Ilusão”, desta vez como ator, pois era esta outra característica que ele compartilhava com Welles: ambos eram excelentes em frente e atrás das câmeras.
Welles gostava de contar histórias como todo diretor, mas modificava as suas (lembre-se de seu documentário-mentira de dar um nó na cabeça: “Verdades e Mentiras / F for Fake”, de 1973). Assim também fizeram Robert J. Flaherty com Nanook e Eisenstein com Potemkin. Se o russo verdadeiramente recriou fatos de 1905, Flaherty por sua vez fez uma família de esquimós atuarem no intento de reconstruir as cenas que ele havia perdido ao derrubar cinzas de cigarro em rolos de filme. Orson teve uma tentativa de fazer documentários aqui no Brasil, mas seu “Ė tudo verdade” fracassou.
Um pouco de simplicidade não faz mal a ninguém e Welles gostava de ver filmes com gente simples, como os dois meninos engraxates de “Shoeshine” ou o padeiro que, ao ser abandonado pela mulher, deixa de fazer pão e provoca o caos em uma cidadezinha em “The Baker’s Wife”. Seu raciocínio com certeza ficou ainda mais afiado com “Ninotchcka”, a charmosa e divertida sátira ao comunismo protagonizada por Garbo. E, como bom americano que também sabia inserir ação em seus filmes, Welles adorava aquela que é considerada a obra-prima do western, “No tempo das diligências”.
Por fim, uma pérola que é também uma surpresa: a comédia social “Luzes da Cidade”, tão terna e tão simples, embora ela própria estivesse quebrando regras: era um filme mudo quando o gênero já parecia descansar em paz. Orson e Charlie têm um laço importante e pouco conhecido: foi o criativo obeso que vendeu a história de “Monsieur Verdoux” (1947) a Chaplin, que mais tarde considerou esse seu melhor filme.
Welles inovou, brigou, teve sucessos e muitos fracassos. Apesar disso, entrou para a história do cinema como um dos melhores. Suas preferências mostram um pouco de seu gênio e de sua personalidade. O que seus filmes favoritos dizem sobre você?   

11 comments:

Raquel Stecher said...

Eu gosto muito de Orson Welles! Sua megalomania foi sua forca criativo.

Hugo said...

Ainda não parei para analisar, acho que seria complicado escolher apenas dez filmes e comparar com minha personalidade.

São tantos filmes preferidos que a análise seria muito complexa...rs

Até mais

Michelle Borges said...

Le, do Orson Welles só conheço mesmo "Cidadão Kane", filme obrigatório para qualquer pessoa que se propõe a estudar jornalismo, né? Aliás, preciso assistir novamente, porque o filme é uma verdadeira obra de arte! Gostei bastante do seu post, que me fez lembrar que preciso assistir a alguns clássicos que adiquiri nos últimos anos: "o Encouraçado Potemkin" e "Luzes da Cidade". Meu professor de documentário na faculdade falava bastante do "Nanook", que foi um grande marco, né?

Preciso assistir à esses filmes já! hehe obrigada por me lembrar! Qual filme do Orson Welles você indica para alguém que não conhece quase nada de sua obra?

Beijos,

Michas

http://michasborges.blogspot.com

Michelle said...

Oi, Lê!
Vim retribuir a visita e conhecer seu blog. Como eu nunca tinha vindo aqui antes? Dei uma olhada rápida e gostei muito do que vi. Provavelmente, você vai me ver por aqui mais vezes...

Ah, quanto a descobrir minha personalidade por meio dos meus filmes preferidos, preciso de tempo para pensar. Mas a ideia é bem interessante.

bjo

Marcelo Castro Moraes said...

É engraçado que mesmo ele não tendo tido liberdade criativa na Marca da Maldade, ele fez um otimo filme.

Rubi said...

Gosto do Orson Welles, embora não tenha assistido muitos filmes, Cidadão Kane foi um marco na história do cinema. E bom gosto pra filmes, ele tinha. Que lista fantástica! Adorei o post.

Iza said...

Walles era com certeza um gênio. Luzes na Cidade, verdade? Olha não sabia mesmo que Orson Welles gostava deste filme. Eu não sei o que Titanic, Laranja Mecânica, 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você e Cisne Negro e outros dizem sobre mim, precisaria de uma análise. Beijão <3

Gilberto Carlos said...

Gosto de Orson Wells, mas vou dizer uma coisa que talvez possa até ser a razão minha crucificação: acho ele supervalorizado.

Suzane Weck said...

Ola querida amiga,excelente abordagem para tentar personalizar Orson Welles,que aliás,acho eu,de uma pernonalidade das mais complexas.Como minha preferencia para filmes é nitídamente musical,comédias inteligentes e romantismo,sinto ser uma pessoa de modo geral bem alegre,bem humorada,um pouco desligada mas naturalmente feliz.Será esta a resposta?Uma boa-noite e meu abraço com muito carinho.SU.

Iza said...

Desejo-te uma boa semana, flor!!!
Beijão <3

Unknown said...

Fazer isso comigo seria meio complicado e demorado, mas seria tb interessante, qualquer dia farei esta lista minha tb!

http://monteolimpoblog.blogspot.com.br/

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