} Crítica Retrô: Peter Sellers: cem personagens, zero Oscars

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Saturday, February 27, 2016

Peter Sellers: cem personagens, zero Oscars

Uma instituição antiga, muito conservadora, envolvida em algumas polêmicas e que não acompanha as mudanças do mundo na mesma velocidade em que elas acontecem. De quem estamos falando? Da Igreja Católica? Não. Da família tradicional? Não. Da classe política? Não. Da sua velha tia do interior? Não. É da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), mais conhecida por ser a instituição que todos os anos escolhe os vencedores do Oscar.
Muito conservadora, a Academia raramente reconhece interpretações em filmes de comédia, ou mesmo grandes performances de comediantes em filmes dramáticos. Peter Sellers, que já foi chamado de “o maior comediante britânico depois de Chaplin”, foi injustiçado três vezes pela Academia, tanto na comédia quanto no drama.
Peter Sellers não apenas criava com perfeição personagens muito diferentes entre si: ele criava com perfeição personagens muito diferentes em um mesmo filme. Em seu mais conhecido esforço, “Doutor Fantástico / Doctor Strangelove or How I Stopped Worrying and Learned to Love the Bomb” (1964), do diretor Stanley Kubrick, Sellers interpreta três personagens: o cientista maluco que dá nome ao filme, o capitão Lionel Mandrake e o presidente Muffley.
Em outro filme igualmente satírico e hilário, porém pouco lembrado, Sellers tem também três papéis. O filme é “O Rato que Ruge / The Mouse that Roared” (1959), em que ele interpreta o soldado Tully, o primeiro-ministro Rupert e a grã-duquesa (!!!) Gloriana XII. Se interpretações cômicas já são pouco reconhecidas, imagine uma interpretação cômica E travestida... Apesar de ser um dos melhores momentos de Peter Sellers e de tratar com muito humor a paranoia das armas nucleares, “O Rato que Ruge” continua pouco conhecido.
No mesmo ano de “O Rato que Ruge”, Sellers foi indicado ao Oscar na categoria de curta-metragem. “The Running Jumping and Standing Still Film” surgiu como uma diversão pessoal de Sellers com sua câmera de 16mm, e foi filmado em Londres em dois dias com um orçamento de 70 libras. O curta-metragem ganhou um prêmio no festival de San Francisco, conquistou os Beatles, mas perdeu o Oscar para o filme francês “Histoire d’um Poisson rouge / The Golden Fish”, dirigido por Jacques Cousteau (sim, o mergulhador).
A segunda indicação, agora como ator, foi exatamente por “Doutor Fantástico / Doctor Strangelove” (1964). Na ocasião o vencedor foi Rex Harrison por “Minha Bela Dama / My Fair Lady”.
A última chance de Peter Sellers ganhar o Oscar foi em 1980, com um papel desafiador e redentor (literalmente). Como o jardineiro Chance em “Muito Além do Jardim / Being There” (1979), Peter provou que era tão genial no drama quanto na comédia. Chance era simplório, conhecia o mundo através apenas da televisão, mas possuía sensibilidade para palpitar sobre o governo, o funcionamento do mundo e também para destruir sem querer o cinismo que o cercava. O vencedor da noite foi Dustin Hoffman, por “Kramer vs Kramer”, filme que levou, aliás, cinco estatuetas. O colega de elenco de Peter, Melvyn Douglas, ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
Peter Sellers seria um forte candidato a um Oscar Honorário se não tivesse morrido repentinamente em 1980. Mesmo assim, ao longo da carreira, Peter colecionou outros prêmios, como um BAFTA por “It’s All Right Jack” (1959) e um Globo de Ouro por “Being There”. Mais do que isso, ele criou um adorável, incomparável e inimitável detetive do cinema: o Inspetor Clouseau. Seu método de composição dos personagens envolvia dedicação, exercícios vocais e inclusive distanciamento da realidade e “ficar no personagem” mesmo longe das câmeras – em suma, um Daniel Day-Lewis da comédia. E é por isso que Peter Sellers merecia, sem dúvida, o reconhecimento da Academia.

This is my contribution to the Oscar Snubs Blogathon, hosted by Constance and Diana Metzinger at Silver Scenes and Quiggy of The Midnite Drive-In.

6 comments:

Pedrita said...

amo amo amo amo. já vi quase tudo. e revejo trechos qd reprisa no telecine cult. beijos, pedrita

Silver Screenings said...

Thanks for the introduction to "The Running Jumping and Standing Still Film". I'd never heard of it before!

It is surprising that Peter Sellers never won an Oscar...but he is in good company. He should have won for "Being There". However, Dustin Hoffman was also really good in "Kramer vs Kramer". That would have been a tough decision for Academy members for sure!

Your post is a wonderful tribute to the marvelous Peter Sellers. :)

Quiggy said...

Thanks for joining in the fun. Hope to see you again my (our) next blogathon. I enjoyed your post on Peter Sellers, a man I consider one of the best comedic actors of all time.

FlickChick said...

This is the film that made me mad for Peter Sellers. He was so wonderful in this - such a good film. Thanks for remembering his great performance(s) her - especially as the Duchess!

Phyl said...

I've only seen him in The Pink Panther but he is just hilarious in it!!!

Consultar o Cio da Terra debulhar o trigo said...

Apoiado. Você que escreveu esse texto muito bem redigido tem toda razão. Sei que nossa voz não conta. Mas quero dar nesse momento MEU OSCAR DE MELHOR ATOR PARA PETER SELLERS.

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