} Crítica Retrô: Muito além de Rosebud: descobrindo Marion Davies

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Wednesday, March 9, 2016

Muito além de Rosebud: descobrindo Marion Davies

Beyond Rosebud: discovering Marion Davies

É sabido que “Cidadão Kane” (1941) foi inspirado na vida do magnata das comunicações William Randolph Hearst. Em certo ponto do filme, Kane toma como amante a cantora sem talento Susan Alexander (Dorothy Comingore), e decide fazer dela uma estrela. Para a posteridade, ficou a impressão de que foi isso que Hearst fez com sua amante, a atriz Marion Davies (cujo órgão sexual era chamado por Hearst exatamente de Rosebud, segundo boatos). Marion era, entretanto, uma talentosa comediante que teve, sim, sua carreira auxiliada por Hearst, mas que com certeza teria sucesso também sem ele.

It’s widely known that “Citizen Kane” (1941) was inspired in William Randolph Hearst’s, the mogul of comunications, life. At a certain point of the film, Kane takes untalented singer Susan Alexander (Dorothy Comingore) as his lover and decides to turn her into a star. That’s why so many people think Hearst did the same with his lover, actress Marion Davies (whose sexual parts were called exactly Rosebud by Hearst, according to gossips). Marion was, however, a talented comedienne who indeed had her career molded by Hearst, but there is no doubt that she would have succeeded even without him.


Marion Cecelia Douras nasceu no Brooklyn e seguiu os passos da irmã mais velha, tornando-se dançarina na adolescência. Logo ela se tornou uma Ziegfeld Girl, e o cinema era seu próximo passo. O filme de estreia, “Runaway, Romany” (1917) foi também escrito por Marion. Apesar de não ter feito muito sucesso com esta primeira empreitada, ela continuou atuando, e “Cecilia of the Pink Roses” (1918) foi o filme que chamou a atenção de Hearst.

Marion Cecelia Douras was born in Brooklyn and followed her older sister’s footsteps, becoming a dancer as a teenager. Soon she became a Ziegfeld Girl, and the movies were her next natural step. Her debut movie, “Runaway, Romany” (1917) was also written by her. This wasn’t a big hit, but Marion kept on acting, and it was the film “Cecilia of the Pink Roses” (1918) the one who called Hearst’s attention. 


Como qualquer magnata apaixonado, Hearst decidiu construir um estúdio de cinema só para Marion. A Cosmopolitan Productions surgiu em 1918, teve seu auge nos anos 20 e se diversificou nos anos 30, quando até John Ford trabalhou lá. Até 1923 a sede dos estúdios era em Nova York e os sócios de Hearst no empreendimento eram os estúdios Paramount. Entre 1924 e 1934 Hearst se associou à MGM para distribuir os filmes da Cosmopolitan Productions, e a partir de 1934 o novo distribuidor foi a Warner Brothers.

Like any mogul in love would do, Hearst decided to build a movie Studio for Marion. Cosmopolitan Productions was created in 1918, had its heyday in the 1920s and became a more diverse studio in the 1930s, when even John Ford worked there. Until 1923 the headquarters were in New York and the movies were distributed in Hollywood by Paramount. Between 1924 and 1934 MGM was the distributor of the Cosmopolitan Productions, and from 1934 onwards the distributor was Warner Brothers.


E foi na Cosmopolitan que Marion se aventurou no drama épico pela primeira vez. Seu grande sucesso no gênero veio com “When Knighthood was in Flower” (1922), em que ela interpreta a princesa Mary Tudor, apaixonada por um simples soldado mas atormentada pela sede de poder do irmão, o rei Henrique VIII (Lyn Harding), que insiste em casá-la com o esquelético rei da França. As expressões de Marion em alguns close-ups são preciosas, e a pompa da produção impressiona: são grandes cenários, vistosos figurinos, milhares de extras e uma bela luta de espadas.

And it was at Cosmopolitan that Marion worked in an epic drama for the first time. Her big hit in this genre came with “When Knighthood was in Flower” (1922). In this film she plays Princess Mary Tudor, who is in love with a simple soldier. She is bothered by her brother’s, King Henry VII’s (Lyn Harding), obsession with power: he insists in marrying her to the skinny king of France. Marion’s expressions in some close-ups are precious, and the fancy production is impressive: there are huge sets, big dresses, thousands of extras and an exciting sword fight.


Sem dúvida, o melhor filme de Marion Davies, o primeiro que eu vi com ela e aquele que todos deveriam ver é “Fazendo Fita / Show People” (1928). Nele, Marion interpreta a singela Peggy Pepper, uma moça do interior que vai para Hollywood para se transformar em uma grande atriz dramática. O único emprego que ela consegue, por intermédio de Billy Boone (William Haines) é em uma comédia slapstick ao melhor estilo Keystone Cops. Billy diz que é necessário levar alguns reveses na comédia antes de ter sua grande chance no drama. Não demora para que Peggy seja notada por um grande estúdio, mas quando realiza seu sonho (justamente em um épico ao estilo dos que trouxeram elogios a Marion Davies), ela esquece seus amigos dos velhos tempos da comédia.

Without a doubt, Marion’s best film, the first I’ve seen her in and the one that everybody must see is “Show People” (1928). Marion plays Peggy Pepper, a girl who goes to Hollywood to become a successful drama actress. The only job she gets, thanks to Billy Brone (William Haines), is in a slapstick comedy, very similar to the Keystone Kops. Billy says it is necessary to take some pies in the face in comedy movies in order to have a chance at doing drama. It’s not long until Peggy calls the attention of a big studio, but when she fulfills her dream (in an epic movie like the ones that brought fame to Marion Davies), she forgets her old friends from comedy. 


Gosto de pensar que a Marion Davies da vida real se assemelhava muito com sua personagem em “Show People”: determinada, vivaz, ótima no drama mas absolutamente fantástica na comédia (todo mundo precisa ver as imitações que Marion faz de outras atrizes do cinema mudo em “Filhinha Querida / The Patsy”, de 1928). Tanto é que foi a esta que ela dedicou sua breve carreira no cinema falado.

I like to think that, in real life, Marion Davies was a lot like her character from “Show People”: bold, charming, good in drama but absolutely fantastic in comedy (everybody must see Marion’s imitations of other silent film actresses in “The Patsy”, from 1928). Indeed, when talkies came she focused in comedies.

Em “Cain e Mabel” (1936), Marion é Mabel, uma garçonete transformada em estrela de teatro por um publicitário. Para alavancar ainda mais a carreira de Mabel, ele decide inventar um romance da moça com o pugilista em ascensão Larry Cain (Clark Gable, sem bigode). A primeira interação entre os dois não foi nem um pouco amigável, mas eles precisam continuar se vendo para que o esquema publicitário funcione. Você já sabe o que vai acontecer, não é?

In “Cain and Mabel” (1936), Marion plays Mabel, a waitress who becomes a theater star thanks to a publicist. To make her even more famous, he decides to tell the tabloids that she is dating the up and coming boxer Larry Cain (Clark Gabel, sans moustache). Their first meeting is not pleasant at all, but they must go on with the farse to make the story believable. You already know what happens next, don’t you?  


O último filme de Marion, “Desde os Tempos de Eva / Ever Since Eve” (1937) tem uma premissa ridícula: Marge (Marion) não consegue um emprego fixo porque é muito bonita e é sempre assediada por seus chefes. Assim, ela prefere se demitir a lutar contra os vermes que a assediam. Quando o escritor Freddy Matthews (Robert Montgomery) anuncia que precisa de uma datilógrafa ghostwriter para ajudá-lo a terminar seu livro, Marge se candidata à vaga, mas vai trabalhar disfarçada para que seu “problema” não se repita. O filme, apesar de tudo, ainda consegue ter bons momentos, em especial as cenas em um restaurante praiano. A comédia sobre dupla identidade funciona bem, apenas o motivo que começa tudo é antiquado e envelheceu mal.

Marion’s last movie, “Ever Since Eve” (1937), has a ridiculous plot: Marge (Marion) can’t keep a job because she is too beautiful and she’s often harassed by her bosses. So, she prefers to quit and not fight against the rotten men harassing her. When writer Freddy Matthews (Robert Montgomery) is looking for a ghostwriter typist to help him finish his book, Marge applies for the job, but dresses as an ugly woman so her “problem” won’t happen again. The film, despite everything, still has funny moments, like the scenes in the beach restaurant. The double identity comedy works well, only the reason to start it all is odd.


Surpreendentemente, acredita-se que apenas um de seus filmes estja perdido: “The Cinema Murder” (1919). No entanto, relativamente poucos dos 49 títulos de sua filmografia estão disponíveis para o público em DVD ou streaming. É uma lástima que seja tão difícil conhecer os trabalhos desta grande atriz, injustiçada por um mito do cinema, mas que merece toda a admiração dos cinéfilos.

Surprisingly, it looks like there is only one of her films lost: “The Cinema Murder” (1919). However, relatively few of her 49 films are available on DVD or via streaming. It’s too bad that this great actress can’t be seen by more people. She was the victim of a cinematic injustice, and deserves all the cinephiles’ admiration.


This is my contribution to the Marathon Stars Blogathon, hosted by my friends Virginie and Crystal at The Wonderful World of Cinema and In the Good Old Days of Classic Hollywood.

7 comments:

Virginie Pronovost said...

Wow, that was fast Le! :) I really enjoyed your article. I have to see more Marion Davies' film. The only one I saw was Cain and Mabel. I really liked her in it so I'm sure I'd like her in other films. Thanks for all those suggestions! :)

Will add you to the roster!

Marcia Moreira said...

Em uma coisa concordo. Que a Marion Davis faria sucesso com ou sem o sr. Hearst.

Amanda Garrett said...

A great choice for this blogathon. Even though I revere Citizen Kane, I think it's sad that it tarnished her reputation. She is a fine actress, especially in comedies.

Sensei said...

Very enjoyable and informative post! -BNoirDetour

Flapper Dame 16 said...

Cool post! I have not seen any Marion Davies films but Now I will Have to! There are so many great stars out there- Love the great info you provided! -Emily

Judy said...

Must confess I haven't seen any of Marion Davies' films either, but will make sure I do. Enjoyed your piece!

Cinema Crossroads said...

Great post! Thank you for the introduction to Marion Davies; I'll have to check out her films :)

-Julia

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