} Crítica Retrô: A Caixa Mágica / The Magic Box (1951)

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Sunday, August 3, 2014

A Caixa Mágica / The Magic Box (1951)

Na minha opinião, o melhor cineasta ainda em atividade é Martin Scorsese. Não apenas porque os filmes dele são de excelente qualidade, mas principalmente porque ele ama os filmes antigos. Scorsese é um admirador e apoia as campanhas de conservação de filmes. Ele tem até uma pequena coluna no site do canal TCM. Scorsese é uma pessoa especial. E o filme que o convenceu a tornar-se cineasta tem de ser mais especial ainda: “A Caixa Mágica”.

In my opinion, the best filmmaker still working is Martin Scorsese, not only because his films are usually great, but mainly because he loves old movies. Scorsese is a movie buff and supports film preservation campaigns. He even has a small monthly column at the TCM website. Scorsese is a special person. And the film that made him want to be a filmmaker ought to be even more special: “The Magic Box”. 




Esta é a história do mais desconhecido pioneiro da sétima arte. Qualquer um conhece Méliès, Thomas Edison e os irmãos Lumière, e só os cinéfilos mais dedicados sabem quem foram Segundo de Chomón ou Eadweard Muybridge. Mas o mais obscuro dos pais do cinema ainda é William Friese-Greene (1855 – 1921), que eu mesma desconhecia até ver o filme.

This is the story of the most unknown film pioneer. Any person knows Méliès, Thomas Edison and the Lumière brothers, and only the biggest cinephiles know Segundo de Chomón or Eadweard Muybridge. But the most obscure of all film fathers still is William Friese-Greene (1855-1921), one even I didn't know until I watched his biopic.



William Friese-Greene revive em flashback sua trajetória. Ele se encontra agora em uma convenção de industriais para decidir o futuro do cinema e ele próprio, um pioneiro no negócio, é desconhecido e incompreendido. Em sua juventude, William (Robert Donat) é um jovem fotógrafo cheio de ideias inovadoras que desagradam seu patrão, Maurice Guttenberg (Frederick Valk). Demitido, William começa seu próprio negócio de fotografia com a esposa Helena (Maria Schell). Mas o sonho do fotógrafo sempre foi outro: dar movimento às imagens.

William Friese-Greene tells his story in a flashback. He is now in a industrial convention to decide the future of cinema and he, a film pioneer, is unknown and misunderstood there. In his youth, William (Robert Donat) is a young photographer full of innovative ideas that displease his boss, Maurice Guttenberg (Frederick Valk). Fired, William starts his own photography business with his wife, Helena (Maria Schell). But his real dream was to make moving images. 



Ele passa então a se encontrar com John Arthur Roebuck Rudge e a se interessar pelas lanternas mágicas, que eram as avós do cinema (isso não é mostrado no filme) e usavam fotografias capturadas em chapas de vidro, que impediam a adição de movimento. William queria mais, e tirou dinheiro do próprio bolso para construir uma câmera que, finalmente, colocou imagens em movimento, ainda que fossem apenas 8 fotos por segundo (os filmes de hoje projetam 24 imagens por segundo). Quem assiste a essa primeira exibição histórica sem entender nada é um policial interpretado por Laurence Olivier, em uma participação muito especial (atenção: ele é um dos muitos cameos!). Mas a história nos conta algo diferente: sim, Friese-Greene conseguiu colocar imagens em movimento... em 1889, menos de um ano depois de “Roundhay Garden Scene”, de Le Prince, que contava com 10 a 12 imagens por segundo. Le Prince também “filmou” um homem virando uma esquina em 1887, e os negativos foram organizados em um pequeno filme.

He then starts meeting John Arthur Roebuck Rudge and becomes interested in magical lanterns, the precursors to cinema (something not shown in the film) that used static photographies in glass supports. William wanted more, and used his own savings to build a camera that, finally, put images in movement, even though he could only show 8 pictures per second (the modern films show 24 pictures per second). The only spectator of Friese-Greene's historical first exhibition is a police officer played by Laurence Olivier, who understands nothing that is going on (pay attention: Olivier is only one of the many cameos!). But history tells us something different: yes, Friese-Greene managed to put images in moviment... in 1889, less than a year after “Roundhay Garden Scene”, by Le Prince, that had from 10 to 12 images per second. Le Prince also “filmed” a man walking around a corner in 1887, and the negatives were organized in a small film.


Depois de ganhar um prisma da esposa, William decide que seus próximos esforços serão para adicionar cor às imagens em movimento! Quem conta essas desventuras, também em flashback, é a segunda esposa de William. Na vida real, ele desenvolveu o “Biocolour”, mas não foi adiante devido ao bizarro fato de os inventores ingleses do processo “Kinemacolor” terem patenteado os filmes coloridos... Sendo que eles próprios “roubaram” a ideia do falecido Edward Raymond Turner! Mas William lutou nos tribunais e, em 1914, recebeu o “direito” de usar seu sistema Biocolour, que na década seguinte foi melhor desenvolvido por seu filho Claude.

After he gets a prism from his wife, William decides that his next efforts will be to add color to the images in movement! The person telling these efforts, also in flashback, is William's second wife. In real life, William developed the Biocolour process, but he didn't go ahead because the Englishmen who invented the Kinemacolor process patented color films... And in reality they stole the idea from the deceased Edward Raymond Turner! But William fought in the courts and, in 1914, he received the right to use his Biocolour system, and in the following decade it was better developed by his son Claude.


No filme, William Friese-Greene tem todas as características estereotipadas do grande inventor: ele não se conforma com seu pequeno emprego, briga com o chefe cabeça-dura, é um visionário e um sonhador (o chefe chega a perguntar: “Do you think people really want to see moving pictures?”). Ele gasta tudo em seus inventos, mas não recebe o merecido reconhecimento. E tudo isso por um golpe de azar, tão comum aos pioneiros do cinema: o filme de Friese-Greene de 1889 não existe mais. Entretanto, ele conseguiu repetir o experimento em 1910, em uma disputa legal contra Thomas Edison para decidir quem era o inventor do cinematógrafo. William não apenas filmou e projetou as imagens em movimento, mas também o fez com fitas de celulose.

In the film, William Friese-Greene has all the stereotyped characteristics of a great inventor: he doesn't like his simple small job, fights with a stubborn boss, is a visionary and a dreamer (his boss even asks: “Do you think people really want to see moving pictures?”). He spends everything in his inventions, but does not receive the recognition he deserves. And all that because of the kind of bad luck that strikes many film pioneers: Friese-Greene'd 1889 film doesn't exist anymore. However, he managed to repeat his experiment in 1910, in a legal dispute against Thomas Edison to decide who invented the cinematograph. William not only filmed and exhibited the moving images, but he did that in celulose tapes. 



Mas foi Friese-Greene o real, pioneiro inventor do cinema, como ambos o filme e sua família advogam? Não exatamente. É impossível saber quem teve a ideia primeiro, em especial porque muitos documentos foram perdidos e não havia a rapidez das comunicações que temos hoje. Sim, Le Prince filmou em seu jardim em 1888, Edison (mais empresário que inventor) estava fazendo experiências em 1891, e em 1895 os irmãos Lumière faziam a primeira exibição pública de um filme. A verdade é que o cinema tem muitos pais, mas é imperdoável retirar o nome de William Friese-Greene da certidão de nascimento da sétima arte. 

Was William Friese-Greene the real, the pioneer, the inventor of cinema, as both “The Magic Box” and his family say? Not exactly. It's impossible to know who had the idea first, because many documents were lost and there weren't fast means of communication as the ones we have today. Yes, Le Prince filmed his garden in 1888, Edison (more a businessman than an inventor) was making experiences in 1891 and in 1895 the Lumière brothers made the first public exhibition of a movie. The truth is that cinema has a lot of fathers, but we can't remove William Friese-Greene's name from cinema's birth certificate.


This is my contribution to the British Invaders Blogathon, hosted by Terry Towles Canote from the blog A Shroud of Thoughts. Yes, sir!


11 comments:

Iza said...

Um filme histórico. Adoro filmes que falam sobre a história de algo ou alguém (as biopics). Esse é um filme que com certeza assistirei - adoro saber mais sobre a história do cinema. Esses dias assisti um filme sueco (agora não me lembro o nome) que fala da história da primeira fotógrafa da Suécia.
Beijos <3

carygrantwonteatyou.com said...

This looks like an interesting portrait. It reminds me of The Great Moment (directed by Sturges). Thank you for the recommendation!
Leah

Terence Towles Canote said...

I've always enjoyed The Magic Box, particularly for Robert Donat's performance. And it is so much fun seeing the many cameos! Thank you so much for participating in the blogathon!

Anonymous said...

I knew Scorsese was a classic film lover but I didn't realise this film was where it all started. I haven't seen it for years so I think it's time for a re-watch!

The Metzinger Sisters said...

Oh wow, what a great sounding film! I have heard of the title many times before but always dismissed it, getting it confused with The Magic Bow ( Stewart Granger ). I'll definitely hunt for it now! A great choice for the blogathon and an enjoyable read. Thanks Le!

Aubyn said...

Any film that has Robert Donat and Jack Cardiff is worth watching in my opinion. Martin Scorsese's recommendation is just the icing on the cake. Great post!

Unknown said...

Robert Donat was an excellent actor and this film sounds really interesting. Thanks for your review!

Suzane Weck said...

Ola querida Lê,que bom não ter sido esquecida por ti depois desta longa ausência. Teu espaço continua ponteando os grandes e antigos filmes e sempre na excelência de textos,detalhes e conhecimentos.Para mim é uma grande alegria estar novamente neste precioso blog acompanhando estas ótimas postagens onde muito venho conhecendo para meu acervo cinéfilo .Adorei mesmo estares presente neste meu retorno de aniversário.Grande beijo com grande saudades SU

Carol Caniato said...

Apaixonada por cinema como sou, esse filme já ganhou meu coração! Mais história do cinema nunca é demais!
E sim, também gosto muito do Scorsese! Não assisti muita coisa nova dele - tirando Hugo Cabret que é MARAVILHOSO - mas gosto muito dos filmes mais antigos!
Beijos Lê!
Ah! coloquei você nos sites que acompanho lá no blog! <3

John Hitchcock said...

That does sound like an interesting movie. I'd never heard of it before.

Barry Bradford said...

Thank you for an interesting post about a movie I did not know! I am going to look for it!

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