} Crítica Retrô: Quo Vadis (1951)

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Monday, August 1, 2011

Quo Vadis (1951)

O ano é 64 d. C. Nero governa o império romano, que vive seus últimos suspiros de glória. Em meio ao luxo dos palácios, há a miséria e o regime de escravidão em que vivem aqueles que trabalham para sustentar Roma. Atraídos pelo conceito de igualdade, eles se convertem e se organizam na religião católica. Para controlar as massas, há um poderoso exército e leões famintos no porão do Coliseu.
Nesse contexto surge um amor proibido quase shakespeariano entre o general Marcus Vinicius (Robert Taylor) e a plebeia Lygia (Deborah Kerr), o que desagrada o desequilibrado Nero (Peter Ustinov, insuperável). Durante quase três horas de projeção, o casal frequenta cerimônias religiosas então banidas, conhecendo São Pedro (Finlay Currie), enfrentando o imperador, escapando de um incêndio e ficando muito perto de virar comida de leões.
O projeto foi concebido para ser estrelado por Elizabeth Taylor e Gregory Peck em 1949. Ele acabou sendo deixado de lado por dois anos até que fosse realizado. Com os dois astros indisponíveis, Clark Gable foi procurado para o papel principal. Aos 50 anos, Gable recusou-o por considerar ridícula a sainha do uniforme de soldado romano. Elizabeth Taylor foi chamada para fazer uma ponta como extra. Outra figurante famosa no filme é Sophia Loren, ainda no início da carreira. Por ser uma longa produção com cenários gigantescos e 30000 extras, é quase impossível identificar as duas mulheres em meio à multidão, o que causa controvérsia sobre quando e mesmo se elas realmente participaram do filme.
A recusa de Gable foi de extrema sorte para Robert Taylor, galã que viu sua carreira renascer das cinzas após “Quo Vadis” e hoje, infelizmente, está um pouco esquecido. Par romântico de mulheres talentosíssimas como Greta Garbo em “A Dama das Camélias / Camille” (1936) e Vivien Leigh em “A Ponte de Waterloo / Waterloo Bridge” (1940), ele normalmente era ofuscado por suas parceiras ou coadjuvantes. Aqui, quem rouba a cena é o polivalente Peter Ustinov, interpretando com perfeição o louco imperador megalomaníaco.
Nero entediado

O título em latim vem da frase de São Pedro: “Quo Vadis, Domine?” (“Aonde vai, Senhor?”). Trata-se, acima de tudo, de um filme bíblico que mostra como os cristãos resistiram bravamente às perseguições durante o Império Romano. É de impressionante beleza a sequência de torturas mortais aos quais, sadicamente, os grupos de cristãos são submetidos e, inevitavelmente, a eles sucumbem: lutas com leões, crucificação, queima na fogueira. Ao mesmo tempo em que nos comovem, essas cenas fazem o espectador mais sagaz lembrar o que, séculos mais tarde, os próprios cristãos, aqui vítimas, fariam com os hereges durante a Inquisição.
Com direção de Mervin LeRoy, substituindo John Huston, e música de Miklós Rózsa, “Quo Vadis” é puro entretenimento em tons vibrantes de Technicolor, que deixam a cena do incêndio ainda mais grandiosa (sinceramente, não tem graça filmar um incêndio em preto-e-branco). O compositor assinou as trilhas de outros grandes épicos, a exemplo de “Rei dos Reis / King of Kings” (1963) e “Ben-Hur” (1959). Mais um grande nome é Walter Pidgeon, responsável pela narração. E é nisso que poderia dar uma reunião de tantas estrelas: um grande filme (em todos os sentidos).

2 comments:

Netto de Deus said...

Lê, que vitória de amantes do cinemão como eu, aos 55 anos, ver uma garota de 18 destrinchando Filmes Clássicos. Uma beleza seu blog.
Sou João de Deus Netto - designer gráfico, caricaturista e blogueiro do PICINEZ e do CINEMASCOPE Blogs.
Um abraço e vá em frente porque a tecnologia Cinemascope tem muito mais tela.. quááá!!!
Sucesso!

ANTONIO NAHUD said...

Lê, vc acredita que encontrei hoje num camelô o QUO VADIS de 1924, alemão, com o Emil Jannings? Quase pulei de alegria. Vou assistir hoje mesmo. Adoro Nero.

O Falcão Maltês

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