Algumas parcerias entre ator e diretor são mais famosas que os próprios
filmes que delas surgiram. É quase impossível não citá-los juntos: Lillian Gish
e D. W. Griffith, Leonardo Di Caprio e Martin Scorsese, Toshiro Mifune e Akira Kurosawa. Outras parcerias não alcançam o mesmo brilho, mas também criam
excelentes filmes. O post de hoje é sobre um desses casos.
Sydney Irwin Pollack (1934 – 2008) foi ator, produtor e diretor. Quando
criança, ele queria ser médico, mas os palcos o chamaram aos 17 anos. Ex-membro
do Actor’s Studio, ele começou a atuar na televisão e teve como conselheiro
ninguém mais ninguém menos que Burt Lancaster, que o incentivou a começar a
dirigir películas.
Charles Robert Redford Jr. (1936) tem como destaque, além da carreira no
cinema, seu trabalho junto à preservação do meio-ambiente e à difusão dos
filmes independentes. Expulso da faculdade e interessado em pintura, ele também
começou a atuar na televisão e atingiu o status de galã em meados da década de
1960.
Redford ainda era um novato quando fez sua primeira colaboração com Pollack.
O ano era 1962, o filme era “Obsessão de Matar / War Hunt” e ambos estreavam no
cinema como atores. O assunto era a Guerra da Coreia, e o filme recebeu boas
críticas.
O próximo encontro foi na adaptação de uma peça de Tennessee Williams
para o cinema, e dessa vez Sydney estava por trás das câmeras. “Esta mulher é
proibida / This property is condemned” estreou em 1966, traz uma das melhores
atuações de Natalie Wood e também a recém-chegada Mary Badham (a Scout de “O
sol é para todos / To kill a mockingbird”). Natalie é Alva, a moça mais
cobiçada de uma pequena cidade à beira da ferrovia onde Owen (Redford) vai
trabalhar. Os dois se apaixonam, mas a mãe de Alva quer que ela se case com um
homem bem mais velho (Charles Bronson).
Saindo de seu sucesso western “Butch Cassidy and the Sundance Kid”
(1969) e colhendo frutos por sua boa atuação, Redford voltou a trabalhar com
Pollack em “Mais forte que a vingança / Jeremiah Johnson” (1972). Com um papel
que foi recusado por Clint Eastwood, Redford é um veterano da guerra contra o
México que não quer nada além de viver tranquilamente no Oeste, o que, podemos
imaginar, não será fácil de conseguir.
E quem disse que Redford não é romântico? Ele foi o protagonista de
“Nosso amor de ontem / The way we were” (1973), talvez mais conhecido pela música-título,
cantada por Barbra Streisand, que também atua. A história de amor entre opostos
floresce em um reencontro de colegas da faculdade. Enquanto ela é ativista, ele
deseja ser escritor e finalmente consegue trabalho em Hollywood, mas na pior
época possível para seu relacionamento: durante o MacCarthismo.
Se Redford passou por tantos gêneros, por que não se aventurar no
suspense com toques de espionagem? A Guerra Fria caminhava quando foi feito
“Três dias do Condor / Three days of the Condor” (1975), com um elenco de
estrelas que incluía Max von Sydow, Faye Dunaway e Cliff Robertson. Mesmo
assim, a trama é atípica, pois é sobre um agente da CIA que descobre que não
pode confiar em ninguém dentro da organização.
Outra parceira constante de Redford, Jane Fonda, participou com ele de
“O cavaleiro elétrico / The electric horseman” (1979). Jane é a repórter
Hallie, que faz de tudo para conseguir uma boa história enquanto cobre um
rodeio do qual participa o cowboy aposentado Sonny (Redford). Ao perceber que
um cavalo do desfile foi dopado, ele foge com o animal e Hallie o segue. Além
da história comovente e pertinente, o filme vale por Jane andando de salto alto
no deserto e pelas roupas cheias de luzes de Robert.
A obra mais famosa de Pollack também traz Redford como galã. Com ares de
épico, “Entre dois amores / Out of Africa” (1985) foi inspirado em uma história
real contada nos diários de Karen Blixen, interpretada no filme por Meryl Streep. Karen é uma dinamarquesa que se casa com o barão Bron Finecke (Klaus
Maria Brandauer) e vai morar na Africa. Seu único objetivo é fazer prosperar as
plantações de tabaco do marido, que realmente não se importa muito com elas. Nessa
terra estranha ela conhece o aventureiro Dennis (Redford) e os dois começam um
affair.
A colaboração final veio em 1990 com “Havana”, sobre um jogador que vai
à capital cubana em 1958 e se envolve com pessoas que mais tarde fariam a
revolução socialista no país.
Pollack ganhou o Oscar de Melhor Diretor em 1986. Ironicamente, isso foi
depois que Redford conseguiu seu próprio Oscar na mesma categoria em seu filme
de estreia como diretor, “Gente como a gente / Ordinary People”, em 1982.
Quando o diretor faleceu, no final de 2008, Redford deu uma entrevista à revista TIME sobre sua amizade com Pollack. A Sydney seria concedida uma última
honra: a de ser indicado ao Oscar na categoria Melhor Filme como produtor de “O Leitor / The Reader”, sua última produção. Mas talvez sejam as palavras de
Robert a melhor das homenagens.
This is my contribution for the Sydney Pollack Blogathon, hosted by Seetimar - Diary of a Movie Lover.
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3 comments:
Dupla mais que dinâmica. Esses dias quase assisti Leões e Cordeiros do Redford. Adorei o post, Lê! Beijos <3
e só filmão. butch cassidy sem o redford é incomcebível. e entre dois amores, que filme. beijos, pedrita
Vi ontem o último filme em que Sydney Pollack entrou, Padrinho... Mas Pouco: 3*
Um filme divertido, mas previsível.
Cumprimentos, Frederico Daniel.
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