} Crítica Retrô: Quem vai ficar com Ty?

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Saturday, December 21, 2013

Quem vai ficar com Ty?

Um dos atores mais bonitos e cobiçados dos anos 40 é disputado por duas das maiores estrelas da época, igualmente lindas e desejadas. Tudo isso em meio a intrigas, fama, sangue e areia. E em Technicolor!
Em “Sangue e Areia” (1941), Tyrone Power é Juan Gallardo, um famoso toureiro espanhol que abraçou a profissão do pai, morto na arena dos touros. Ele decide seguir essa carreira após ouvir o crítico Natalio Curro (Laird Cregar) dizer que seu pai não tinha talento. Juan prova que o sangue de toureiro corre em suas veias e alcança o sucesso em Madrid, voltando à sua cidadezinha para casar-se com seu amor de infância, Carmen Espinosa (Linda Darnell) e dar uma vida mais confortável para a mãe (Alla Nazimova) e a irmã (Lynn Bari).
Toureiro em dúvida
Se por um lado a simplicidade de sua cidade natal e de Carmen são importantes para ele, por outro há a excitação da nova vida que abre as portas apenas para os mais famosos toureiros, com a pompa e circunstância das festas e das casas de arquitetura ultrapassada. Quem personifica este estilo de vida é Doña Sol des Muires (Rita Hayworth), linda ruiva que um dia se encanta com Juan em uma tourada e decide fazer dele seu novo “boy toy”.
O filme foi um ponto decisivo na carreira das mulheres envolvidas. Foi a primeira vez em que Linda Darnell recebeu um número realmente expressivo de críticas positivas, embora ela mesma acreditasse que esse era o momento em que o público se cansava de suas heroínas sofredoras e boazinhas. “Sangue e Areia” foi o primeiro filme em cores de Rita Hayworth, que pela primeira vez interpreta a mulher que enlouquece (literalmente) um homem, em um prelúdio do que ela faria mais tarde em “Gilda” (1946). Alla Nazimova, que já havia perdido há tempos seu status de protagonista, faz uma de suas últimas participações.  
E como a vida imita a arte, Tyrone Power teve seus momentos de Juan Gallardo. Mas antes de prosseguir vamos estudar o nome do personagem criado por Vicente Blasco Ibáñez em seu romance “Sangre y Arena”, publicado em 1909. Juan lembra-nos imediatamente de Don Juan, o famoso conquistador. E Gallardo, apesar de significar “valente” em espanhol, é muito próximo do português “galhardo”. Segundo o dicionário, “galhardia” é a qualidade de quem é elegante e cortês. Por aí já descobrimos um pouco sobre o personagem: ele é um conquistador nobre.
Voltando a Tyrone Power: ele também seguiu a carreira do pai, também chamado Tyrone Power, que morreu enquanto trabalhava. Power Sr. teve um ataque cardíaco no teatro em 1931 e faleceu nos braços do filho, que em cinco anos seria uma estrela mundialmente conhecida. Ao deixar sua marca no cimento em frente ao Grauman’s Chinese Theater em 1937, ele fez questão de escrever que estava “seguindo os passos de meu pai”. Ty também foi um homem de muitas mulheres. Foram três casamentos e vários affairs, nem todos comprovados, que agitaram sua vida pessoal.
E a corrente continuou para as atrizes, que em outros filmes também duelaram por um homem. Linda Darnell batalha com Jeanne Crain pelo amor de um francês em “Noites de Verão / Centennial Summer” (1946), e Jeanne, por sua vez, havia lutado com Gene Tierney em “Amar foi a minha ruína / Leave her to Heaven” um ano antes... Mas continuemos antes que a corrente vá longe demais.
Em 1916, o próprio autor Ibáñez decidiu ser cineasta e filmar a história de seu livro. Seis anos depois, em 1922, o material foi usado por quem realmente entendia de cinema e o filme hollywoodiano “Sangue e Areia” teve Rudolph Valentino como Juan, Lila Lee interpretando Carmen e Nita Naldi no papel de Doña Sol. Em 1932 houve a proposta de fazer uma nova versão com Cary Grant e Talullah Bankhead. Uma pena que o projeto nunca se concretizou. Quem não adoraria ver Cary Grant vestido de toureiro?    
O diretor Rouben Mamoulian sempre esteve à frente de projetos ousados e inovadores, embora hoje não esteja na lista dos grandes de Hollywood. Mais uma vez ele dirige um filme espetacular, e muito desse espetáculo vem das cores, inspiradas em pinturas de Goya, El Greco e Velázquez. Em muitas ocasiões, Mamoulian andava pelo set com sprays de tinta e, ao invés de modificar a iluminação para criar uma determinada sombra, ele mesmo pintava parte do cenário para criar o efeito desejado.
Outra atração é um jovem Anthony Quinn no papel do “outro toureiro”. Quinn voltaria a antagonizar com Tyrone Power no ano seguinte, em “Cisne Negro”. E por falar em juventude, é em Technicolor que Linda Darnell surpreende: ela tinha APENAS 18 anos quando o filme foi rodado. E, de fato, com tantas cores e, surpreendentemente, pouco sangue nas touradas (o próprio Tyrone se sentiu mal ao ver uma tourada de verdade), “Sangue e Areia” merece ser visto em toda sua beleza.   


This is my contribution for the 3rd Annual Dueling Divas Blogathon, hosting by Lara, a diva herself, at Backlots. Fasten your seatbelts!

11 comments:

Pedrita said...

bonitão mesmo. e os personagens eram muito envolventes. beijos, pedrita

Silver Screenings said...

Ah yes, a version of this film with Cary Grant would have been very interesting indeed!

I've never seen this film, but have heard lots about it. I can't believe Linda Darnell was only 18!

Thanks for this review, and for providing some background to this film, too.

Anonymous said...

To echo Silver Screenings: I would've loved to see Cary Grant as a bullfighter! I really should watch the Mamoulian version, since the Coursea course I've become quite a convert!

Great post as always Le!

Fritzi Kramer said...

Cary and Tallulah? Oh my! That is a marvelous what-if to think about. Thanks for the great review!

Iza said...

Ele era lindo, mesmo, hein, um verdadeiro galã. Comecei a assistir a série Mildred Pierce - depois de assistir a metade do filme original. com a Joan. Estou adorando. Já assistiu?
Beijos e um Feliz Natal, cheio de doces e presentes <3

Ruby said...

Esse baixinho era galã nas telas e fora dela. Pena que teve vida curta.

ClassicBecky said...

Hello, Le! It's been a while for me, but I'm back again and looking forward to following more wonderful articles by you. I just adore Tyrone Power, and Blood and Sand is one of his best. I didn't know the circumstances of his father's death -- very sad, of course, but in a strange way also beautiful for Tyrone to be with his Dad like that. Thanks for a very good post, and Happy New Year!

Iza said...

Querida Lê, te desejo um feliz ano novo, cheio de good vibes <3
Beijão <3

Unknown said...

Um ótimo 2014 !

Filmelixo

Tsu said...

Oi Lê!
Opa taí um filme que nunca tinha ouvido falar..mas realmente o ator é muito bonito.
Sim, Rurouni Kenshin é uma obra onde o autor sobre criar algo fictício usando pano de fundo real e em nenhum momento a trama fica maçante. É super recomendado, aprendi várias coisas legais sobre a história do Japão nessa obra.
bjs

Unknown said...

Tyrone Power foi o homem mais lindo que já vi.

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