} Crítica Retrô: Inferno entre Nuvens / The Woman I Love (1937)

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Tuesday, January 20, 2015

Inferno entre Nuvens / The Woman I Love (1937)

O cinema clássico está cheio de tesouros. Tesouros são aqueles filmes, atores, atrizes e diretores que por um motivo ou outro ficaram esquecidos no tempo, e o público atual franze a testa quando eles são citados. Aqui temos dois grandes esquecidos: Miriam Hopkins, loira e sedutora, e o sempre maravilhoso Paul Muni (faça um favor a si mesmo e veja dois grandes filmes de Muni: “Scarface”, de 1932” e “O Fugitivo / I am a Fugitive from a Chain Gang”, de 1933).
O filme é conhecido por dois títulos: "The Woman I Love" e "The Woman Between"
Sabemos que é possível perder o amor da sua vida durante um bombardeio, mas que tal encontrá-lo pela primeira vez numa situação destas? É durante um bombardeio em um teatro que o tenente Jean Herbillion (Louis Hayward) conhece Denise (Miriam Hopkins). Ela até desmaia durante o ataque aéreo, mas logo se recupera e os dois jantam juntos e dançam. Denise é misteriosa, e não quer que Jean a siga até em casa, mas ela vai se despedir quando ele vai para a guerra.
São necessários quase vinte minutos para Paul Muni aparecer com uma barba sexy. Ele é o tenente Claude Maury, metódico, valente e... amaldiçoado. Seus observadores, colegas de missão no avião que ele pilota, morrem como moscas. Ninguém quer lutar com Maury. Ou melhor, ninguém queria lutar com Maury até Herbillion chegar e se tornar amigo do piloto maldito.
Agora melhores amigos, Jean Herbillion e Claude Maury dividem as missões, as alegrias, os desafios, confidências e memórias... E você já deve estar imaginando certo: dividem também a mesma mulher! “Denise” é na verdade Helene Maury, esposa de Claude, que agora está confusa em Paris pensando em seus dois homens: aquele que ela ama (Claude) e aquele por quem está apaixonada (Jean). Sim, vai dar xabu.
Há uma montagem espetacular: dezenas de rostos tristes de mulheres, crianças, velhos e jovens são mostrados conforme parte da estação o trem que está levando os soldados para a guerra. É uma sequência linda e que infelizmente ainda se repete na vida real, mas que no cinema tem sua emoção multiplicada e compartilhada.
O irmão mais novo de Jean, Georges (Wally Albright) rouba todas as cenas em que aparece. Tagarela, inteligente, precoce, ele vive falando com animação sobre a guerra e sobre as proezas do irmão do amigo Philipe, que é soldado. Wally participou da série de curtas-metragens Our Gang e também do filme “Treze Mulheres” (1932).
Jan não se mostra muito surpreso ao descobrir que Denise é Helene. Talvez um ator melhor que Louis Hayward expressasse suas emoções com mais convicção e arte. Não podemos, entretanto, reclamar de Miriam Hopkins, tão sutil em seu sofrimento que é impossível julgá-la como uma leviana, ou de Paul Muni, sempre espetacular. Muni é passivo durante quase todo o filme, e fico imaginando que seria uma boa ideia trocar de personagem com Louis Hayward... ou que tal substituir Hayward por, por exemplo, Fredric March? Aí sim, o filme ficaria fantástico.
Os espectadores de 1937 concordaram comigo, e o filme deu prejuízos ao estúdio RKO. Mas não foi todo mundo que ficou no prejuízo: Miriam Hopkins se casou com o diretor do filme, Anatole Litvak, divorciando-se dois anos depois. Muni não se preocupou com a bilheteria: no início de 1937, ele havia ganhado seu primeiro (e único) Oscar.
Então “Inferno entre Nuvens / The Woman I Love” (1937) é um filme ruim? Muito pelo contrário! É melhor que 99% dos filmes que chegam às telas de cinema atualmente. Paul Muni é a força vital do filme, que pulsa e pensa e age na surdina. Aprecie o belo casal Hopkins e Hayward. Mas preste atenção na genialidade de Muni.

This is my contribution to the Miriam Hopkins blogathon, hosted by Ruth at Silver Screenings and newcomer Maedez at Font and Frock.

15 comments:

Marcia Moreira said...

Menina. Justamente um dos meus atores favoritos é Paul Muni. Suas interpretações são incríveis. Sim, assisti Scarface o O fugitivo. Ainda indico o belíssimo trabalho que fez em The life of Emile Zola. Bjs.

Marcelo Castro Moraes said...

Boa pedida.

Iza said...

Não conhecia a atriz.
Achei ela muito bonita - aliás quase todas antigamente eram, né?
Beijos <3

Letícia Loureiro said...

Me parece um ótimo filme e peguei a dica e vou ver os outros dois também rs. Eu adoro suas indicações <3 são sempre ótimos textos sobre filmes que nem sempre a gente tem acesso, né? Muito obrigada por compartilhar!

Na Garupa da Vespa | Facebook | Instagram

Pedrita said...

não conhecia. beijos, pedrita

Caftan Woman said...

This is a new title to me and you have made me curious about catching up with "The Woman Between".

Silver Screenings said...

I'm another one who hasn't seen this, so I want to thank you in advance for the introduction.

Besides who can resist Paul Muni in a beard?

Thanks for joining our blogathon. You know what I always say, It's not a party until you show up! :)

FlickChick said...

Wow - yet another Miriam Hopkins film I never knew about. Interesting review. I am not much of a Muni fan, but it sounds like he is pretty great here.

Judy said...

I like Anatole Litvak so would be interested to see this - you make it sound really interesting. I didn't really like Mun in 'Scarface', but loved him in 'Chain Gang' - sounds as if he is good in this, and with Miriam of course!

Tsu said...

Oi Lê!
Que filme interessante! O lance das montagens de rosto, com foco em sentimentos das pessoas me pareceu muito atrativo..expressar desamparo e dor é algo dificil para um ator/atriz...é muito legal quando as obras focam nisso!
É, estou tentando voltar com o blog...fazendo algumas sutis mudanças para mantê-lo ativo...agora preciso voltar a fazer divulgação.
Poxa, obrigada por ter curtido meus cosplays! *_* Pretendo postá-los com maior frequência até porque não sei o que farei com a sesão Cosplay do blog, tendo tanto cosplay novo surgindo de determinado personagem. E quanto a fanfic..quando ler, por favor, me deixe sua opinião!
bjs

Tsu said...

Oi Lê!
Que filme interessante! O lance das montagens de rosto, com foco em sentimentos das pessoas me pareceu muito atrativo..expressar desamparo e dor é algo dificil para um ator/atriz...é muito legal quando as obras focam nisso!
É, estou tentando voltar com o blog...fazendo algumas sutis mudanças para mantê-lo ativo...agora preciso voltar a fazer divulgação.
Poxa, obrigada por ter curtido meus cosplays! *_* Pretendo postá-los com maior frequência até porque não sei o que farei com a sesão Cosplay do blog, tendo tanto cosplay novo surgindo de determinado personagem. E quanto a fanfic..quando ler, por favor, me deixe sua opinião!
bjs

Tsu said...

Oi Lê!
É, estou tentando voltar com o blog...fazendo algumas sutis mudanças para mantê-lo ativo...agora preciso voltar a fazer divulgação.
Esse filme atraiu minha atenção quando você menciona o lance das montagens e foco nas expressões dos personagens...a expressão muda, dramática, isso enaltece uma obra.
Poxa, obrigada por ter curtido meus cosplays! *_* Pretendo postá-los com maior frequência até porque não sei o que farei com a sessão Cosplay do blog, tendo tanto cosplay novo surgindo de determinado personagem. E quanto a fanfic..quando ler, por favor, me deixe sua opinião!
bjs

Anonymous said...

I know this is a blogathon about Hopkins, but can I just say - I love Paul Muni. The 1932 version of Scarface is a true classic. I actually haven't seen this film, this blogathon has revealed how much more of Hopkins' career I still have to discover!

Lesley said...

Good review of a title new to me—thanks! Hope to catch up with it soon...

Chip Lary said...

I will have to look for this movie sometime. Thanks.

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