} Crítica Retrô: No Teatro da Vida (1937) / Stage Door (1937)

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Sunday, December 3, 2017

No Teatro da Vida (1937) / Stage Door (1937)

Sair de casa para ir em busca dos seus sonhos nunca é fácil. Nçao que eu já tenha feito isso – embora já tenha chegado perto – mas os filmes me fazem pensar que não é fácil. E “No Teatro da Vida”, em particular, me causou esta impressão.

Leaving home in order to pursue your dreams in never easy. Not that I have done this myself – I only came close – but movies make me think that it is not easy. And “Stage Door” in particular gives me this feeling.
A mais nova moradora do pensionato da Sra. Orcutt é Terry Randall (Katharine Hepburn), uma moça elegante e educada. Isso nçao significa que ela não saiba se defender das outras moças, todas muito diferentes dela. Tery é fluente em sarcasmo, e o usa com perfeição em uma batalha de boas tiradas contra sua nova colega de quarto, Jean Maitland (Ginger Rogers).

The newest arrival in Mrs. Orcutt's boarding house for young and aspiring actresses is Terry Randall (Katharine Hepburn), a fancy and polite lady. This doesn't mean that she can't defend herself against the other girls, who are very different from her. Terry is fluent in sarcasm, and uses it perfectly in a battle of wits with her new roommate, Jean Maitland (Ginger Rogers).
Jean também não se dá bem com a esnobe Linda Shaw (Gail Patrick), que está saindo com o empresário Anthony Powell (Adolphe Menjou). Powell é a última esperança para outra garota do pensionato, Kay Hamilton (Andrea Leeds, em uma ótima performance), que não consegue trabalho há mais de um ano e está passando fome para ter dinheiro para pagar o aluguel.

Jean is also not very friendly with snobbish Linda Shaw (Gail Patrick), who is going out with manager Anthony Powell (Adolphe Menjou). Powell is the last hope for another girl in the boarding house, Kay Hamilton (Andrea Leeds, in a great performance), who hasn't worked in over a year and has been starving in order to be able to pay the rent.
As garotas dependem da vontade de um homem para se tornarem estrelas e continuarem no topo. Devemos perceber os paralelos do filme com o recente caso Weinstein, que sacudiu Hollywood. No entretenimento, as mulheres ainda são reféns das vontades – e dos desejos sexuais – dos homens para alcançarem a fama. O show business é o mesmo, 80 anos depois.

The girls rely on a man's wish to become stars and maintain their fame. We must see the parallel between this and the recent Weinstein case – Weinsteingate, maybe? - that shrieked Hollywood. In entertainment, women are still held hostage of man's wishes – often sexual wishes – if they want to have a career. Show business is the same, 80 years later.
Quando Terry entra no escritório de Powell para confrontá-lo – logo depois de Kay ter desmaiado ao ser informada de que Powell não a receberia – ele diz muitas, muitas coisas sexistas para ela, como “a maioria das mulheres deveria ir lavar a louça e cuidar das crianças em vez de tentar uma carreira no teatro”. É enfurecedor. E é ainda pior se nos lembrarmos de que, mesmo sendo chique e popular, o ator Adolphe Menjou era assim na vida real: um conservador feroz que foi como VOLUNTÁRIO depor - e destruir algumas vidas - no Comitê de Atividades Antiamericanas.

When Terry enters Powell's office to confront him – right after Kay fainted outside the office when she was told that Powell wouldn't see her – he says many, many sexist things to her, like “most women should wash dishes and have a family instead of trying a career at the theatre”. It's infuriating. And it's even worse if we remember that, even being popular and dapper, actor Adolphe Menjou was like this in real life: a staunch conservative who appeared in the HUAC hearing VOLUNTARILY to name names and destroy lives..
Claro, sendo assim, Powell nunca fica muito tempo com a mesma garota. Ele troca Linda por Jean, e no primeiro encontro na casa dele Jean fica bêbada e emotiva, acreditando em todas as suas mentiras. Depois de Jean, é a vez de Terry visitar Powell, e ela faz isso de maneira bárbara: ela o confronta e não aceita seus elogios e hipocrisias. Terry está ali para fazer negócios de igual para igual, não para se submeter a um empresário.

Of course, being this way, Powell never keeps a girl for too long. He trades Linda for Jean, and in their first date in his house Jean gets drunk and emotional, believing all his lies. After Jean, it's Terry's time to visit Powell, and she does it in a badass way: she confronts him and doesn't accept his compliments or hypocrisies. Terry is there to make business between equals, not to submit herself to a manager.
#badass
Também temos no pensionato Eve Arden como Eve, a dona de um gato, uma Ann Miller muito jovem, Constance Collier como uma mentora obcecada pelas glórias do passado e Lucille Ball como Judith, a amiga cínica e sarcástica de que todas as atrizes precisavam – um papel semelhante ao que ela interpretou em “A Vida é uma Dança” (1940). De certa maneira, este é um papel semelhante aos que Joan Blondell interpretou em muitos pre-Codes. É bacana ver Lucy, de cabelo escuro e com apenas 26 anos, sendo um pouco pessimista e tendo frases de efeito.

We also have in the boarding house Eve Arden as Eve, the lanky owner of a cat, a very young Ann Miller, Constance Collier as an older mentor obsessed with her bygone fame, and Lucille Ball as Judith, the street-wise, cynical and sarcastic friend all theater girls need – a role similar to the one she played in “Dance, Girl, Dance” (1940). In a sense, this is a role similar to those Joan Blondell played many times in pre-Codes. It's nice to see Lucy, with darker hair and at only 26 years old, being a little pessimistic and delivering one-liners. 
Eu entendo que as garotas que vivem no pensionato são jovens, no final da adolescência ou com vinte e poucos anos, mas elas estão quase sempre discutindo e implicando umas com as outras. OK, Kay é amada por todas, e ama todas também, mas as outras garotas ainda têm “panelinhas” como em uma escola infestada de bullying. É mais um filme que quer provar que não há amizade entre as mulheres sem que haja muita rivalidade antes.

I understand all the girls living in the boarding house are young, in their late teens or early twenties, but they are usually bickering and discussing. All right, Kay is loved by them all, and loves them all, but all the other girls still have their “cliques” like in a bullying-full high school. It's another film that wants to prove that there can't be friendship among females if there is not rivalry before.  
No Teatro da Vida” foi uma peça de sucesso escrita por Edna Ferber. Para a adaptação para o cinema, muito foi alterado e o roteiro parece às vezes demasiado difuso – e comete o crime de criar o personagem do empresário, que não existia na peça, para ser o centro do filme e da discussão, como você deve ter percebido nesta crítica. No final das contas, “No Teatro da Vida” é um filme com falhas, mas que mostra que a vida no show business é, acima de tudo, um implacável ciclo.

Stage Door” was a successful stage play written by Edna Ferber. For the movie version, a lot was altered and  the screenplay seems too diffuse at times – and it commits the crime to create a male manager character, who didn't exist in the play, that becomes the center of the movie and the discussion, as you may have noticed in this review. In the end, “Stage Door” is a film with flaws, but one that shows how life in the show business is, above all, a ruthless cycle.


This is my contribution to the Lucy & Desi blogathon, hosted by Michaela at Love Letters to Old Hollywood.

2 comments:

Michaela said...

I love this movie. It has some imperfections, as you've pointed out, but the cast is simply stunning and the screenplay is very witty and at times moving. All of the women are just so fabulous. Thanks for bringing this wonderful film to my blogathon!

Caftan Woman said...

I think I want to watch Stage Door again now. It has been too long. A great showcase for many of the actresses under contract to RKO at the time. It is particularly pleasant to note that Lucy and Eve Arden sustained their friendship through the years with Desilu producing her hit TV series Our Miss Brooks, and Desi in charge of The Mothers-in-Law.

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